Autores:
Luíza Ingrid Cavalcante de Araújo1, Beni Ramon Lima de Oliveira 2, Rafael Pinheiro da Silva 3, Raquel Fernanda Nascimento Cabral 4, Nicole Coimbra Simonetti de Souza 5, Denilson da Silva Veras 6.
1,2,3,4,5,Acadêmica Finalista do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Manaus – FAMETRO.
2Fisioterapeuta Especialista; Docente do Centro Universitário de Manaus – FAMETRO.
RESUMO
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho pode ser definido como um mal funcionamento das estruturas articulares como músculos, nervos, tendões e ossos, causados por um desequilíbrio através de agentes estressores encontrados no ambiente de trabalho, variáveis individuais tem grandes influência negativas ou positivas. Os sintomas álgicos servem como alarme, como as dores na coluna lombar, cervical, joelhos, nos quais os motoristas profissionais podem estar sujeitos. Objetivo: Analisar quais fatores causais estão relacionados aos desenvolvimentos de DORT e a prevalência dos sintomas entre os motoristas profissionais. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, onde utilizou-se artigos científicos em bases de dados eletrônicos (LILACS, SCIELO, PUBMED), no período de 2011 a 2021 e adotando critérios de inclusão e exclusão. Resultados e Discussão: Foram selecionados 30 artigos e somente 9 foram incluídos, abrangendo motoristas profissionais de caminhão, ônibus, automóveis e ambulância. Fatores como a organização do trabalho, condições ergonômicas, IMC foram citados. Prevalências de sintomas principalmente na coluna lombar entre todas as categorias de condutores. Conclusão: Foi constatado alta prevalência de dores lombar entre os motoristas e fatores como a organização do trabalho com jornadas longas, ausência de pausas, sedentarismo, IMC, desconforto do assento, veículo antigo, falta de treinamento e vibração de corpo inteiro foram associados ao desfecho.
Palavras-chave: DORT, Motoristas, Fatores.
ABSTRACT
Work-Related Musculoskeletal Disorders can be defined as a malfunction of structures such as muscles, nerves, tendons and bones, caused by an imbalance through stressors found in the work environment, individual variables have great negative or positive influences. Pain symptoms serve as alarms, such as pain in the lumbar spine, cervical, knees, which professional drivers may be subject to. Objective: To analyze which causal factors are related to the development of WMSD and the prevalence of symptoms among professional drivers. Methodology: This is a literature review, which used scientific articles in electronic databases (LILACS, SCIELO, PUBMED), from 2011 to 2021 and adopting inclusion and exclusion criteria. Results and Discussion: 30 articles were selected and only 9 were included, covering professional truck, bus, car and ambulance drivers. Factors such as work organization, ergonomic conditions, BMI were mentioned. Prevalence of symptoms mainly in the lumbar spine among all categories of drivers. Conclusion: A high prevalence of low back pain was found among drivers and factors such as the organization of work with long hours, absence of breaks, sedentary lifestyle, BMI, seat discomfort, old vehicle, lack of training and whole body vibration were associated with the outcome.
Keywords: DORT, Drivers, Factors.
INTRODUÇÃO
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, segundo Rugbeer, Neveling e Sandla (2016) pode ser definido como prejuízo da função de várias estruturas musculares, tendões, nervos e ossos em que resultam em padrões posturais ruins, estresse por longos períodos e desgaste.
De acordo com o Ministério da Saúde (2018), as doenças ocupacionais, como DORT e LER (Lesões por Esforços Repetitivos), afetam de forma crescente os trabalhadores, registrado entre o período de 2007 a 2016 um aumento significativo de 184% de casos, com incidência maior nos estados do Amazonas, Mato Grosso do Sul e São Paulo
As causas são multifatoriais que de acordo Morales, Basilio e Yovera (2021), pode envolver desde fatores individuais aos biomecânicos, esforços prejudiciais, condições de saúde, organizacionais e psicossociais. Ainda, segundo Kumar, Sakthivel e Shankar (2020) os fatores de risco que influenciam no desenvolvimento de DORT em motoristas profissionais são as condições internas do veículo, como assentos desconfortáveis, a exposição prolongada de vibrações do corpo inteiro, horas totais de trabalho, turno e variáveis significativas como idade e IMC.
Os sinais e sintomas são variados, que segundo Santos, Raposo e Melo (2021) são definidos como sensação de peso, dores, desconforto, parestesia, limitações nos movimentos articulares e a fadiga. Podendo se apresentar de forma não alarmante, ocorre simultaneamente e evolui rapidamente caso as condições causais não sejam modificadas no ambiente de trabalho.
Trabalhar com a direção é considerado uma das atividades sedentárias com alto nível de estresse, quando comparada às outras ela se destaca, além da insalubridade, que segundo Kumar, Sakthivel e Shankar (2020) quando se trata de um motorista profissional, o mesmo deve exercer a direção defensiva, as leis de trânsito e todo o cuidado que envolva o veículo, os passageiros e o cumprimentos de normas da empresa em que está empregado.
Motoristas de aplicativos, de caminhão, de transporte público, de serviços de atendimento móvel de urgência, todos possuem fatores internos individuais relacionados ao tipo de automóvel e diretrizes, se o mesmo for vinculado a alguma empresa, todos estão expostos à agentes estressores de trânsito e o cuidado com a carga, passageiros ou pacientes, intensificando de forma variada em turnos, horas, possibilidade de pausas, condições da rua, sono adequado, experiência na atividade de direção, segundo Zack, et al. (2018) a exposição comum à todos seria a vibração do corpo todo, em que o mesmo estudo afirma que a mesma está associada ao surgimento de episódios de dor lombar.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de revisão de literatura, utilizando artigos em português, inglês e espanhol publicados entre os anos de 2011 a 2021. As questões clínicas de interesse foram identificar evidências que demonstram a relação do trabalho com a atividade de direção ao desenvolvimento de Distúrbios Ostemusculares e a sua prevalência. Foram pesquisadas as bases de dados SCIELO Org (Scientific Eletronic Library Online), PUBMED, LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde), no período de março a outubro de 2021. Utilizando a combinação dos seguintes descritores: “Ergonomia”, “DORT”, “Transtornos do membro superior relacionados ao trabalho (WRULD)’’. Para a pesquisa nas bases de dados Pubmed e Scielo, foram utilizados descritores na língua inglesa “Overuse Syndrome” “Automobile’’ e “Drivers’’. Os termos foram combinados entre si através do operador boleano “AND”.
O levantamento de dados foi de 30 artigos, utilizados para o desenvolvimento do estudo, em que resultou: 12 artigos no PUBMED, 4 artigos no LILACS, 14 artigos no SCIELO. O critério de seleção adotado foram artigos que puderam demonstrar as relações dos distúrbios relacionados ao trabalho com as atividades em sedestação, direção e atividades repetitivas, também os que citaram as prevenções, causas e sintomatologia, excluídos os que não atenderam a esse critério e aos que estavam indisponíveis na íntegra ou aqueles publicados antes do ano 2011.
RESULTADOS e DISCUSSÃO
Segundo Kumar et al., (2020) apresentou um estudo com 301 motoristas de ônibus de tempo integral, onde foi colhida informações de relatos de sintomas de dor nos últimos 7 dias a 12 meses, apenas 9,63% obtiveram bons resultados sem sintomas de DORT, nos últimos 7 dias as taxas maiores foram nas regiões superior das costas 11,6%, inferior das costas 21,59% e joelhos com 23,9% e nos últimos 12 meses observou-se prevalência nos membros inferiores, como em joelhos, região superior e inferior das costas, sendo aquela predominante. Os fatores associados foram idade, IMC, assentos reguláveis, possíveis pausas e a condição de saúde atual. Em concordância, Lopes, et al. (2021), apontou fatores associados aos sintomas osteomusculares nos indivíduos que trabalham sentados e nesse estudo, o risco foi aumentado para aqueles que fizeram uso de medicamentos para dor no último ano, aos que foram classificados na categoria de risco, através da circunferência da cintura, os inativos fisicamente e o índice de capacidade para o trabalho baixo e moderado.
De acordo com Neto e Silva (2012), os motoristas de ônibus possuem riscos altos para o desenvolvimento de problemas de saúde devido as características do ambiente de trabalho e o sedentarismo, ¾ dos motoristas estavam acima do peso. O predomínio dos sintomas osteomusculares foi nas regiões lombar, torácica, pescoço e ombros. Segundo Viester, et al. (2013), há concordância no estudo em relação a associação do IMC alto como um fator que amplia a prevalência de sintomas musculoesqueléticos, assim como influencia negativamente na recuperação.
Segundo Assunção e Silva (2013), através do estudo de prevalência de Transtornos Mentais Comuns em motoristas e cobradores, verificaram que as condições do trabalho, exposição à ruídos, vibrações e condições ergonômicas inadequadas, a busca de uma renda maior e a falta de segurança obtiveram forte associação ao desfecho. Concordando com as alterações na saúde mental e física, Carrasco e Bustos (2017), correlacionaram o estresse como produto da atividade repetitiva que tem como necessidade um nível alto de concentração, sendo imprescindível a orientação para a realização da atividade com o máximo conforto possível, como por exemplo, ajustando de forma correta o assento.
Conforme Morales, Basilio e Yovera (2021), o estudo visou apresentar os transtornos musculoesqueléticos (TME), cuja prevalência foi maior na região lombar e dorsal dos motoristas de ônibus, já os níveis de estresse, para a maioria (65,6%) foram baixos, porém a outra porcentagem obtiveram níveis altos e uma maior prevalência de TME. Os motoristas de ônibus relataram maiores problemas comparado aos de caminhão e vale acentuar que a TME pareceu ser diferente entre os de ônibus e caminhão, atribuíram às diferenças do chassi, assentos e conforto. Discorda-se quando o ponto de vista é a organização do trabalho, pois segundo Narciso e Mello (2017), os motoristas de caminhão brasileiro possuem um índice alto e negativo relacionado a sonolência e qualidade de vida, 68,8% viajam mais de 10 horas sem realizar pausas e lutam contra a fadiga ingerindo drogas ilícitas e álcool, contudo a jornada irregular exaustiva afeta o ciclo do sono e vigília, ou seja, a recuperação é ineficiente, como consequência o desempenho psicológico e motor são mínimos.
De acordo com Rugbeer, Neveling e Sandla (2016), no estudo transversal com motoristas de ônibus de longa distância, o distúrbio osteomuscular com maior prevalência foi a dor lombar, a maioria estava acima do peso influenciando na postura sentada inadequada e não tinha ciência de que os sintomas estavam relacionados ao DORT, evitando que procurassem ajuda médica, talvez justificando os poucos 22% que relataram as dores como resultado da atividade de direção. Consentindo, Carrasco e Bustos (2017), em seu estudo afirmam a alta tensão pela postura adotada durante a jornada de trabalho dos motoristas e como as vibrações podem afetar a pressão dos discos intervertebrais podendo acarretar hérnias de disco, dores e lombalgia nessa população.
ANO | AUTOR | OBJETIVO | TIPO DE ESTUDO | RESULTADO |
2021 | Santos, Raposo e Melo, | Observar o predomínio de dor musculoesquelética em profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e os agentes como fatores associados. | Estudo de corte transversal | A prevalência de dor musculoesquelética dos condutores socorristas atingiu 55,6%, sendo o mais acometido o técnico de enfermagem e menos, o médico. As regiões mais acometidas foram a coluna lombar com 53,5%, os joelhos com 32,6% e a coluna cervical com 30,5%. (P=0,024) |
*2021 | Morales, Basilio e Yovera | Determinar a regularidade dos Distúrbios Musculoesqueléticos e associar à graus de estresse em trabalhadores do serviço de transporte público. | Descritivo Transversal | Detectados nos últimos 12 meses sintomas principalmente na região da coluna lombar 58,2%, dorsal 35,7% e quadril 34,4%, sendo os mesmos responsáveis como fator limitante das AVD’s e trabalho, destacando a lombar como um dos sintomas com maior frequência nos últimos 7 dias com 49,4%. Motoristas com TME em ombros e punhos apresentaram maior nível de estresse (P= <0,05) |
2020 | Kumar, Sakthivel e Shankar | Avaliar o predomínio de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) e os fatores associadas em motoristas de ônibus do estado de Karnataka. | Estudo de corte transversal | Apenas 9,3% dos motoristas tiveram um bom histórico, sem DORT. Nos últimos 7 dias as regiões mais acometidas foram os joelhos, parte inferior das costas e parte superior das costas, com 23,9%, 21,59%, 11,6% respectivamente. Nos últimos 12 meses os maiores desconfortos foram em joelhos 13,9%, ombro 13,2% e tornozelo/pé 10,6%. As ocorrências são maiores em motoristas com 11 a 15 anos de experiência. |
2018 | Zack O., et al., | Avaliar o impacto da atividade de direção no desencadeamento de episódios de dor lombar entre jovens motoristas profissionais. | Estudo de Coorte | Os novos casos para lombalgia foram maiores no setor administrativo, seguindo motoristas de automóveis e por último, motoristas de caminhão, com taxas de 0,65%, 0,7% e 0,34% respectivamente. Indivíduos com achados clínicos e histórico de dor lombar possuem um risco relativo para aumento dos sintomas graves de 3,8% (P=0,01). |
2016 | Rugbeer N, et al., | Determinar quais Distúrbios Musculoesqueléticos Relacionados ao Trabalho (DORT) prevalecem em motoristas de ônibus de longa distância. | Estudo transversal. | Todos os motoristas que participaram do estudo estavam acima do peso ideal. 67% dos 89, relataram sofrerem com dores de DORT como resultado da atividade de direção. As maiores taxas de níveis de dor foram na parte superior das costas, inferior das costas, pescoço, ombro e punho/mão respectivamente. |
2016 | Moraes G, et al., | Revisão Sistemática afim de realizar uma associação entre vibração de corpo inteiro e desordem musculoesqueléticas em motoristas profissionais de caminhão. | Revisão Sistemática | Nos nove estudos, as desordens musculoesqueléticas aparentam estar associadas a vibração de corpo inteiro desses motoristas quando expostos. Dois estudos de coorte relataram a Vibração de corpo inteiro como fator de risco para MED. |
2014 | Lemos, Marqueze e Moreno. | Estimar estatisticamente o predomínio e fatores associados à dor musculoesquelética na coluna vertebral nos últimos 12 meses em motoristas de caminhão. | Estudo Transversal | A prevalência das dores musculoesqueléticas foi de 53,5%, em que as mais relatadas foram na coluna vertebra com 38,5% e na coluna lombar com 28%. Alguns dos fatores associados foram o sono inadequado, medo (assalto, acidentes, adoecer) e desconforto ao dirigir (fadiga, tensão e estresse). |
2013 | Assunção e Silva | Descrever e associar a prevalência de Transtornos Mentais Comuns (TMC) em Motoristas de Belo Horizonte com o estado do trânsito e o ambiente interno do ônibus. | Estudo transversal | A prevalência das condições negativas do ambiente interno do ônibus ficou em 60% de relato de vibrações, 74% de desconforto térmico e 33% de desconforto luminoso. Os fatores associados ao desfecho de TMC foram as condições de trabalho, maior renda e falta segurança. |
2012 | Neto e Silva | Descrever o estado do ambiente de trabalho, saúde e as condições de vida dos trabalhadores do transporte coletivo da cidade de Pelotas. | Estudo Epidemiológico transversal. | As regiões com maior prevalência de dor foram a lombar, torácica, pescoço e ombros e 9,0% exibiram sinais de Transtornos Psiquiátricos Menores (TPM). Os motoristas apresentaram além do alto índice de inatividade física, o risco elevado para complicações metabólicas. |
Conforme Lemos, Marqueze e Moreno (2014), realizaram um estudo transversal com 460 motoristas de caminhão e obtiveram prevalências maiores de DORT em coluna vertebral com 38,5% e coluna lombar com 28%, a lombalgia foi associada a fatores como o sono de má qualidade, medo, fadiga relacionada ao desconforto, estresse e à organização do trabalho em que inclui as horas de trabalho e ausência de pausas para descansar. Corconda-se, segundo Bouffard, et al. (2018) que a fadiga, como um dos agentes estressores em um trabalho repetitivo é precursora para o desenvolvimento de um DORT.
De acordo com Zack, et al. (2018), no estudo de coorte realizado com 80.000 jovens recrutas militares no intuito de saber a relação entre sintomas de dor lombar e a atividade de direção, dentre os três grupos com funções diferentes, dois deles são de motoristas profissionais, um de automóveis e o outro de caminhão, todos receberam treinamento. Estes, obtiveram resultados menores de novos casos de sintomas de lombalgia em comparação aos dois outros grupos e os fatores de risco foram sintomas passados de lombalgia e sintomas ao começar a jornada de trabalho, podendo agravar-se nos indivíduos que já tinham um grau leve de dor e os com achados clínicos. Em concordância, segundo Pinto e Souza (2015) a falta de treinamento e qualificação para a atividade pode ter grande influência na prevenção de acidentes e na saúde em motoristas de ambulância, em que obtiverem sintomas osteomusculares principalmente na coluna e lombar.
Segundo Moraes, et al. (2016), em sua revisão sistemática cujo objetivo foi verificar a vibração de corpo inteiro e a sua relação com o desencadeamento de distúrbios musculoesqueléticos em motoristas de caminhão, apontaram como variáveis significantes com influência negativas as condições do veículo, se novo ou antigo, peso do condutor e a organização do trabalho, enfatizando a lombalgia com maior intensidade nesta população que pode estar associada às posturas inadequadas juntamente com a exposição a vibração. Concorda-se que postura associada às vibrações geram impactos na coluna vertebral, que segundo Carrasco e Bustos (2017), constante tensão adotada somada aos fatores ergonômicos, como as vibrações, desencadeiam sintomas como a lombalgia.
De acordo com Santos, Raposo e Melo (2021), no estudo transversal com profissionais do SAMU, com intenção de obter a prevalências de sintomas álgicos musculoesqueléticos, 71,5% relataram a dor, dentre os profissionais, os condutores com 55,6% ficaram em terceiro lugar dos mais acometidos, sendo os médicos com a menor posição, os locais mais referidos foram a lombar, joelhos e cervical, associaram às condições da atividade e pela perspectiva dos profissionais não darem importância ao desconforto e priorizarem salvar vidas. Em concordância, Pinto e Souza (2015), relatam a inadequação dos equipamentos na ambulância e o despreparo da equipe principalmente no deslocamento do paciente e as posturas que adotam no atendimento de urgência, sinalizando novamente o acometimento da lombar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, analisamos os fatores associados ao desencadeamento de sintomas musculoesqueléticos e a prevalência desses distúrbios entre os condutores profissionais de ônibus, caminhão, automóveis e ambulância. Ficou evidenciado as características particulares de cada um, como o tempo de jornada de trabalho, tamanho do veículo, conforto, exigências específicas da organização do trabalho.
Foram apontados os fatores de vibração de corpo inteiro, variáveis como IMC e sedentarismo, jornadas de trabalho exaustiva, ausência de pausas, falta de treinamento para a execução da atividade, más posturas adotadas, assentos e particularidades internas do veículo.
Tais diferenças podem explicar as controvérsias dos resultados das prevalências dos estudos citados neste artigo se fizermos comparações, como entre motoristas de ônibus e caminhão, um estudo apontou uma maior intensidade da sintomatologia nos condutores de caminhão, enquanto outro relata maior prevalência nos condutores de ônibus. Todavia, entre todos os condutores analisados, as maiores queixas recorrentes foram na coluna vertebral, principalmente na coluna lombar e nos joelhos.
Ao refletir sobre a pesquisa, nota-se a importância da promoção de saúde destes trabalhadores, como um controle anual de exames médicos, treinamentos, incentivo a atividades físicas, reformas dos veículos priorizando as condições ergonômicas e assim o conforto do motorista, pois a eficiência esperada pelas empresas parte de um trabalhador com saúde e não doente.
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