REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10719021
Ana Cláudia Tozzo,
Emilly Deganutti Casarin,
Orientador: Dra. Alcione de Oliveira dos Santos
RESUMO
Contexto: Uma das recomendações não farmacológicas para pacientes diagnosticados com hipertensão arterial sistêmica é a realização de exercícios físicos. A quarentena imposta pela pandemia da Covid-19 levou a redução de hábitos saudáveis e ao sedentarismo. Diante disso, foi objetivo dessa pesquisa analisar os fatores associados a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a prática de exercício físico no período da pandemia da Covid-19. Método: Revisão integrativa da literatura, com buscas nas bases de dados PubMed, Medline e LILACS de artigos entre os anos de 2021 a 2023, a partir dos descritores em saúde Covid-19, Hypertension e Physical exercise, combinados pelos operadores booleanos AND e OR. Resultados: Foram incluídos 07 artigos nesta revisão. Os resultados apontam que a diminuição drástica da prática de exercícios físico no período da pandemia, teve impacto na saúde de inúmeros indivíduos, uma vez que tanto influenciou negativamente na saúde de pessoas com hipertensão, quanto aumentou a possibilidade de desenvolvimento de transtornos mentais, como a depressão. Conclusão: A prática continuada de exercício é indicada para a prevenção e auxílio em agravos de saúde como a Covid-19 e a hipertensão, bem como, auxiliando na qualidade da saúde mental.
Palavras-chave: COVID-19. Exercício físico. Hipertensão.
1 INTRODUÇÃO
Em 2010, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) foi classificada como o principal fator de risco para a população global, afetando indivíduos tanto em países economicamente desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. As recentes diretrizes em saúde definiram a hipertensão como uma pressão arterial sistólica sustentada superior a 130 mm Hg, abrangendo quase metade da população adulta hipertensa (NORLANDER et al., 2018).
A OPAS aponta que grande parte das doenças cardiovasculares podem ser prevenidas por meio da eliminação de alguns fatores comportamentais de risco, quais sejam, uso de tabaco e do álcool em excesso, adesão a dietas saudáveis para redução da obesidade, além da prática de atividades físicas (OPAS, 2017).
O exercício, após praticado, traz uma sensação agradável de prazer e relaxamento, além de benefícios como melhora do perfil lipídico, cardiovascular, psicológico, etc. Sendo a qualidade de vida a capacidade de viver sem doenças superando os percalços do envelhecimento, a falta de atividade ou sedentarismos estão relacionados diretamente com o surgimento ou agravamento de doenças ou alterações cardiovasculares, declínios metabólicos, entre outros (MORENO et al., 2013; SILVA et al., 2010).
Estudos revelam que devido à falta de uma vida saudável e da inatividade física, houve um grande aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Em contrapartida, indica-se também o aumento de praticantes de atividades e exercícios físicos, tanto entre os jovens quanto entre os idosos, verificando-se que os motivos pelos quais se inicia uma atividade física variam desde fins terapêuticos ou estéticos, até a necessidade de socialização (SILVA et al., 2010; SILVA, 2012).
Sobre o risco cardiovascular, este pode ser agravado pelo sedentarismo, umas das principais características de pessoas que não praticam atividade física. Tais doenças são a principal causa de morte no mundo, segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que estimou que em 2015, 17,7 milhões de pessoas morreram por doenças cardiovasculares em 2015, representando 31% de todas as mortes no mundo. Desses óbitos, avalia-se que 7,4 milhões ocorrem devido às doenças cardiovasculares e 6,7 milhões devido a acidentes vasculares cerebrais (AVCs) (OPAS, 2017).
Considerando a relação da hipertensão arterial com a Covid-19, as caminhadas, natação e o ciclismo, são atividades físicas consideradas aeróbicas, fazendo uma ótima correlação com o hormônio irisina, liberado pelos músculos durante a prática de atividades físicas, podendo ter efeito terapêutico em casos da Covid-19 (RIBEIRO JÚNIOR; FERNANDES, 2020).
Nesse sentido, percebe-se que o exercício físico é fundamental para uma vida saudável e, em caso de pessoas que apresentam alguma cardiopatia, deve sempre haver prescrição médica, isto porque para que um programa de reabilitação cardíaca seja benéfico, os exercícios físicos devem ser prescritos seguindo critérios corretos que incluam componentes de exercícios aeróbicos e fortalecimento muscular. Diante disso, é pertinente a realização de pesquisas que relacionam a prática de exercícios físicos com a hipertensão, com vistas a perceber os benefícios deste para os problemas cardiovasculares, sobretudo em períodos de exceção como da pandemia de Covid-19.
Assim, foi objetivo dessa pesquisa analisar os fatores associados a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a prática de exercício físico como forma de controle no período da pandemia da Covid-19, através de revisão integrativa da literatura que reúne informações acerca dos efeitos da atividade física em indivíduos hipertensos.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Doenças do coração
Segundo apontam os dados da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), vinculada ao governo brasileiro, mais de 289 mil pessoas morreram de doenças cardiovasculares em 2019. A OMS também aponta as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte no mundo, considerando que, em levantamentos realizados no ano de 2015, o total de mortes envolvendo essas enfermidades chegou a 17,7 milhões, representando 31% das mortes registradas em âmbito global. Para reduzir esse número, as recomendações são aliar dieta alimentar adequada à prática de exercícios físicos, iniciando com uma simples caminhada (EBC, 2019).
A OPAS Brasil (2017) ainda apontou que mais de três quartos das mortes por doenças cardiovasculares ocorrem em países de baixa e média renda. Essas doenças cardiovasculares podem atingir o coração e os vasos sanguíneos, quais sejam, doença coronariana, doença cerebrovascular, doença arterial periférica, doença cardíaca reumática e cardiopatia congênita. Ainda é possível falar em cardiopatias ou doenças que acometem o coração, quais sejam:
-Cardiopatia congênita: defeitos cardíacos presentes desde o nascimento que, em casos mais graves, costuma ser percebida logo depois que o bebê nasce;
-Doenças no miocárdio: deformidades no músculo do coração, onde o órgão não consegue bombear o sangue adequadamente;
-Cardiopatia de válvulas: danos nas válvulas do coração que causam tal doença; Cardiopatia hipertensiva: consequência da pressão arterial alta, que pode sobrecarregar o coração e os vasos sanguíneos, causando a doença.
-Cardiopatia isquêmica: causada pelo estreitamento das artérias do coração pelo acúmulo de gordura, levando à diminuição da oferta de sangue para o órgão, podendo gerar anginas e até infarto.
Um dos exemplos de cardiopatia é a hipertensão arterial que, de acordo com a literatura, está relacionada com a elevação dos níveis considerados normais da pressão arterial. A OPAS (2017, p. 14) adverte: “A pressão arterial é uma medida da força exercida pelo sangue em circulação contra as paredes das principais artérias”.
A hipertensão causa danos às estruturas das artérias que fornecem sangue ao coração, ao cérebro, aos rins e a outros órgãos, sendo, em geral, assintomática. Dados da organização aponta que pelo menos 600 milhões de hipertensos no mundo e que a incidência dessa doença gera 7,1 milhões de óbitos ou um total de 13%.
A hipertensão arterial frequentemente coexiste com obesidade, distúrbios do metabolismo lipídico, envelhecimento e resistência à insulina e, portanto, é frequentemente considerada como parte de um fenótipo metabólico complexo que possui inúmeras manifestações. A lesão de órgãos-alvo como rins, coração, cérebro e o sistema vascular é uma manifestação importante dessa doença. Assim, aqueles que sofrem de hipertensão são mais propensos a desenvolver aterosclerose, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, doença renal crônica e demência (FERREIRA et al., 2019).
A 7º Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial aponta dois métodos terapêuticos que seriam o tratamento não medicamentoso, e o tratamento medicamentoso. Dessa forma, o tratamento não medicamentoso visa a orientação, objetivando a mudança do estilo de vida, seja por meio de medidas nutricionais, prática de atividades físicas, cessação do tabagismo, controle de estresse, entre outros. Já o tratamento medicamentoso orienta o paciente sobre a importância da utilização contínua do medicamento, bem como a possibilidade do aparecimento de efeitos adversos. O tratamento da HAS tem como objetivo diminuir a morbimortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).
2.2 Prática de atividade física
Abordagens como a de Monteiro e Sobral Filho (2004) apontam que exercício físico se trata de uma atividade realizada com repetições sistemáticas de movimentos orientados, aumentando o consumo de oxigênio devido à solicitação muscular e gerando trabalho. Trata-se ainda de subgrupo de atividade física planejada com o intuito de manutenção do condicionamento. Ademais, pode também ser entendido como qualquer atividade muscular que gere força e interrompa a homeostase. Esses autores assim complementam a definição:
O exercício físico provoca uma série de respostas fisiológicas nos sistemas corporais e, em especial, no sistema cardiovascular. Com o objetivo de manter a homeostasia celular em face do aumento das demandas metabólicas, alguns mecanismos são acionados. Esses mecanismos funcionam sob a forma de arcos reflexos constituídos de receptores, vias aferentes, centros integradores, vias eferentes e efetores; muitas etapas desses mecanismos ainda não foram completamente elucidadas. (MONTEIRO; SOBRAL FILHO, 2004, p. 513).
Os efeitos fisiológicos supracitados, podem ser compreendidos como as benesses causadas pelo exercício físico no corpo humano, em pessoas com e sem enfermidades como as cardiopatias. Esses efeitos fisiológicos podem ser classificados em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos. Para os efeitos agudos, também chamados de respostas, temos que são os que ocorrem em associação direta com a sessão de exercício. Já os efeitos agudos imediatos ocorrem no período imediatamente antes e depois, como a elevação da frequência cardíaca, ventilação pulmonar e sudorese.
Os efeitos agudos tardios acontecem ao longo das primeiras 24 ou 48 horas depois da sessão de exercício e, por fim, os efeitos crônicos, também denominados adaptações, resultam da exposição frequente e regular às sessões de exercícios e representam aspectos morfofuncionais que diferenciam um indivíduo fisicamente treinado de outro sedentário, como no caso da hipertrofia muscular.
Em síntese, é perceptível que no período de realização de um exercício, o corpo humano sofre adaptações cardiovasculares e respiratórias a fim de atender às demandas aumentadas dos músculos ativos e, à medida que essas adaptações são repetidas, ocorrem modificações nesses músculos, permitindo que o organismo melhore o seu desempenho. Entram em ação processos fisiológicos e metabólicos, otimizando a distribuição de oxigênio pelos tecidos em atividade. Portanto, os mecanismos que norteiam a queda pressórica pós-treinamento físico estão relacionados a fatores hemodinâmicos, humorais e neurais (ZAMAI, 2009).
2.3 COVID-19 e o exercício físico
O isolamento imposto pela pandemia do COVID afetou negativamente a qualidade e quantidade de musculatura de grande parte da população mundial. A parcela daqueles que tiveram equipamentos, disponibilidade, assessoramento e saúde para continuar suas práticas esportivas indoor, durante o isolamento, não correspondeu à totalidade dos indivíduos que eram ativos antes da pandemia (RAHMATIAHMADABAD; HOSSEINI, 2020; ZBINDEN-FONCEA, 2020).
A perda de capacidade cardiovascular, perda de força, redução da musculatura, aumento de adiposidade, descompensação de comorbidades são algumas das consequências da inatividade física provocada pela pandemia do COVID. A prática regular de atividades físicas é fundamental para a prevenção e tratamento da HAS. E a descompensação da pressão arterial (PA) é um dos fatores de aumento do agravamento dos quadros de COVID em hipertensos contaminados (BRITO, 2020).
Metabolicamente, a prática regular de atividade física aeróbica é capaz de modular a resposta inflamatória em indivíduos contaminados pelo SARS-CoV-2. As citocinas pró inflamatórias apresentam-se em níveis elevados, durante a infecção do COVID. O mecanismo que desencadeia a cascata inflamatória inicia-se com a ligação do vírus SARS-CoV-2 ao receptor de ECA2. Com a ocupação desses sítios, parte da angiotensina II não é convertida a angiotensina I. A angiotensina I tem efeito protetor contra hipertensão arterial (ETTEHAD et al, 2016).
A prática regular de exercícios aeróbicos pode reduzir grande quantidade de inflamassomas. A primeira correlação estaria relacionada ao aumento no número de citocinas anti-inflamatórias, como a interleucina -10 (IL10). Que por sua vez é antagonista do receptor das interleucinas pró-inflamatórias 1 e 6 (IL-1 e IL-6) (ZBINDEN-FONSEA, 2020).
São inegáveis os achados sobre os benefícios da atividade física resistida nos grupos acometidos por HAS. Destacando-se, sobremaneira, as evidências que levam as conclusões referentes ao controle da pressão arterial. Por isso, o treinamento de força, juntamente com a atividade física aeróbica, são ferramentas não medicamentosas amplamente utilizadas no manejo clínico com pacientes portadores de HAS (MEDINA et al, 2010).
As pesquisas sobre o tema ressaltam, contudo, que a prática de exercícios físicos resistidos com intensidade leve a moderada, é mais seguro para pacientes hipertensos que atividades resistidas de intensidades elevadas. Além disso, a combinação de exercícios físicos aeróbicos e de força proporcionaram melhores reduções da pressão arterial quando comparado a terapias medicamentosas de forma isolada, o que concorda com as recomendações da VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial e com o JNC-8 (POLITO, 2010 e ABEL, 2015).
3 METODOLOGIA
Para a realização da pesquisa foi utilizado o método revisão integrativa da literatura, tipo de revisão permite a inclusão tanto de estudos experimentais, quanto não-experimentais para que o pesquisador possa obter uma compreensão mais completa do fenômeno estudado (ERCOLE et al., 2014).
Para a construção, foi necessário o estabelecimento de etapas, quais sejam: 1) Definição do tema para discussão e da questão norteadora; 2) Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão; 3) Seleção dos estudos científicos encontrados que atendessem o objetivo da pesquisa; 4) Avaliação dos artigos a partir do objetivo central destes; 5) Realização da leitura dos trabalhos selecionados na íntegra; 6) Sintetização e categorização das informações obtidas.
Assim, a questão que norteia a construção dessa revisão é: no período de isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, a realização de exercícios físicos por indivíduos hipertensos teve efeitos positivos nessa doença cardiovascular?
Foram incluídas pesquisas sobre a relação entre a prática de exercícios físicos e a hipertensão arterial no período da pandemia de Covid-19, disponíveis para download de forma gratuita, entre os anos de 2021 e 2023, estudos teóricos, estudos de caso, experimentais, randomizados. Os critérios de exclusão foram artigos indexados repetidamente, artigos que não atendiam ao objetivo da pesquisa, artigos de opinião e editoriais.
O levantamento bibliográfico realizou-se nas bases de dados em saúde PubMed, Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências de Saúde (LILACS), contidas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e na biblioteca digital SciELO. Assim, além das bases de dados de publicações científicas indexadas, explorou-se a literatura cinzenta, que veicula literatura não publicada como resumos de congresso e trabalhos de conclusão de curso.
As buscas se deram entre agosto e setembro de 2023, a partir dos descritores em saúde: “Covid-19”, “Hipertensão” e “Exercício físico” e seus equivalentes em inglês Covid-19, Hypertension e Physical exercise, combinados por meio dos operadores booleanos AND e OR. Essas expressões também foram utilizadas para verificar o título, o resumo ou o assunto, a depender da base de dados.
Após a identificação, realizou-se a seleção dos estudos primários, de acordo com a questão norteadora e os critérios de inclusão previamente definidos. Todos os estudos identificados por meio da estratégia de busca foram inicialmente avaliados por meio da análise dos títulos e resumos. Nos casos em que os títulos e os resumos não se mostraram suficientes para definir a seleção inicial, procedeu-se à leitura da íntegra da publicação, como demonstrado pelo fluxograma (Figura 1) a seguir, que se baseia no checklist PRISMA:
Figura 1 – Fluxograma baseado no checklist PRISMA para revisões sistemáticas
Fonte: Elaborado pelas autoras (2023)
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente foram identificados 859 artigos (MEDLINE: 64; LILACS: 2; PubMed: 439; SciELO: 354) nas fontes consultadas. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, restaram 12 publicações. Em seguida, com a leitura do texto completo, os que não correspondiam aos critérios de elegibilidade foram retirados e 07 estudos foram selecionados para compor esta revisão.
Os artigos analisados foram separados conforme autoria/ano de publicação, tipo de estudo, objetivo e principais resultados, conforme o Quadro 1:
Quadro 1 – Sistematização dos artigos incluídos na revisão integrativa
Autoria/ano | Tipo de estudo | Objetivo | Principais resultados |
Almeida et al. (2021) | Revisão integrativa da Literatura | Correlaciona a ação da irisina e os efeitos benéficos da prática regular de atividades físicas aeróbicas e resistidas em indivíduos hipertensos. Relacionando a redução das chances de agravamento do quadro de saúde de portadores de HAS, quando acometidos pela COVID-19. | Os benefícios da associação entre a produção do hormônio irisina a partir da prática regular de exercícios físicos dos tipos aeróbio e resistido em indivíduos hipertensos já possui bases sólidas, sendo um achado de extrema valia para o controle do agravo de pacientes portadores de HAS quando acometidos por COVID-19. |
Pereira (2021) | Estudo observacional | Relaciona o isolamento social e a prática de exercícios físicos em indivíduos hipertensos durante Pandemia COVID-19. | Não foi possível estabelecer uma relação significativa, sendo o tamanho da amostra uma limitação do estudo, mas conclui-se que a pandemia Covid-19 levou a maioria da população estudada a ajustar seus hábitos diários de exercícios, visando à melhora na saúde e qualidade de vida. |
Souza et al. (2021) | Revisão de literatura | Analisa os efeitos do exercício físico na saúde mental e cardiovascular de pacientes com hipertensão | Os principais mecanismos moleculares de influência do exercício físico na infecção por SARS-CoV-2 e na saúde geral ocorrem através da ativação da via PGC-1α/FNDC5/Irisina e do eixo ACE2/Ang 1-7. |
DURUKAN et al. (2022) | Estudo transversal prospectivo | Investiga o nível de atividade física, o comportamento sedentário, a saúde mental saudável em pacientes com hipertensão e comparar com indivíduos saudáveis. | Os pacientes hipertensos apresentam níveis mais baixos de atividade física e pior qualidade de vida do que os saudáveis durante a pandemia. Também, a presença de depressão é mais comum entre pacientes hipertensos. |
Wieteska- Miłek et al. (2022) | Estudo transversal prospectivo | Analisa o grau de atividade física de pacientes com HAS, verificando se fatores mentais podem ter potencial impacto negativo durante a pandemia de COVID- 19. | Não houve correlação entre atividade física em pacientes com hipertensão e fatores mentais. |
Fernandez et al. (2023) | Estudo randomizado | Determina o impacto do exercício físico supervisionado em pacientes hipertensos com COVID-19 durante a hospitalização. | Um programa de exercício físico supervisionado intra-hospitalar reduziu a taxa de mortalidade entre pacientes com hipertensão que sofrem de COVID-19 durante a hospitalização. |
Ju; Kim; Lee (2023) | Estudo transversal | Investiga a associação entre sintomas depressivos e alterações na atividade física de pacientes com hipertensão durante o surto de COVID-19. | A diminuição da atividade física devido a pandemia foi sentida por um número significativo de pacientes com HAS e foi associada ao aumento da probabilidade de sintomas depressivos. |
Esta revisão integrativa da literatura demonstrou que existiu uma relação positiva entre a prática de exercícios físicos por indivíduos hipertensos no período do isolamento social causado pela pandemia de Covid-19.
Em Almeida et al. (2021), que correlacionaram a ação da irisina com a prática de exercícios físicos, houve a percepção de que a recomendação não medicamentosa de se exercitar é uma medida eficaz, uma vez que a irisina, hormônio liberado pelos músculos durante a prática dessas atividades, pode ter efeito terapêutico em casos de covid-19, na medida em que possui efeito anti-inflamatório. Na medida em que se praticas exercícios regularmente, tal hormônio é mantido em níveis satisfatórios, modulando uma resposta imunológica do organismo frente a uma infecção viral aguda, o que auxilia os indivíduos hipertensos, uma vez que já sofrem com problemas cardíacos.
Essas informações também foram analisadas por Souza et al. (2021) que, além de verificarem os efeitos positivos do exercício físico em indivíduos hipertensos, observaram a eficácia com relação a manutenção de uma boa saúde mental. Os principais mecanismos moleculares de influência do exercício físico na infecção por SARS-CoV-2 e na saúde cardiovascular e mental ocorrem através da ativação da via PGC-1α/FNDC5/Irisina e do eixo ACE2/Ang 1-7, mais uma vez demonstrando os benefícios do hormônio produzido na prática de atividade física.
Os dois estudos acima foram revisões de literatura que reuniram informações acerca da temática em estudo, demonstrando que as pesquisas recentes apontam que levar uma vida ativa e não sedentária possui mais efeitos benéficos do que aqueles já noticiados. Entretanto, faz-se importante a realização de pesquisas constantes, tanto para corroborar quanto retificar certos resultados.
Em Durukan et al. (2022), que investigaram o nível de atividade física, o comportamento sedentário e a saúde mental em pacientes com hipertensão em comparar com indivíduos saudáveis durante a pandemia, viu-se que os indivíduos hipertensos tinham baixo nível de atividade física durante esse período, assim como pior qualidade de vida e depressão frequente. Isto está associado ao sedentarismo, mas também se relaciona com o impacto das regras rigorosas de isolamento social, como também ao medo de contrair a infecção. Em conclusão, não somente o sedentarismo relacionado aos indivíduos hipertensos, mas a mudança no estilo de vida dessas pessoas que já possuem uma condição de saúde delicada, interfere sobremaneira em sua saúde mental.
Achados similares foram verificados em Ju, Kim e Lee (2023). O objetivo do estudo dos pesquisadores coreanos foi investigar a associação entre sintomas depressivos e alterações na atividade física de pacientes com hipertensão durante o surto de COVID-19, por meio da Pesquisa de Saúde Comunitária da Coreia, que verifica variáveis sociodemográficas, econômicas e relacionadas à saúde. Foram 55.203 respondentes, dos quais 39% responderam ter diminuído a atividade física durante a pandemia, apresentando maior probabilidade de sintomas depressivos, tendência mais forte em pacientes que não receberam tratamento para hipertensão. Isto demonstra uma relação entre falta de atividade física e surgimento de depressão, o que pode levar ao aumento do comprometimento funcional e à perda de produtividade, que é conhecido por impactar negativamente o curso de doenças crônicas como a hipertensão.
Em Fernandez et al. (2023), estes pesquisadores propuseram determinar o impacto do exercício físico supervisionado em pacientes hipertensos com COVID-19 durante a hospitalização, em uma amostra de 1508 indivíduos portadores de hipertensão e divididos em dois grupos, os que praticavam atividade supervisionada e um grupo de controle. Em uma análise dos resultados, relataram que a intervenção foi capaz de melhorar as taxas de sobrevivência entre pacientes com hipertensão controlada com COVID-19 durante a hospitalização quando comparado com o grupo controle. Isto porque o exercício auxilia na resposta imunológica, reduzindo o stress oxidativo relacionado com marcadores pró-inflamatórios, como nos estudos supramencionados.
Resultados adversos foram encontrados em duas pesquisas. Em Pereira (2021), que investigou por meio de questionário online a relação entre o isolamento social e a prática de exercícios físicos em indivíduos hipertensos durante a pandemia de COVID-19, não foi possível estabelecer correlação ou diferença significativa entre o que se observou e o que se esperava. Isto se deve, como relatou a pesquisadora, principalmente ao número reduzido de participantes, o que compromete o estabelecimento de variáveis para comparação.
Também em Wieteska-Miłek et al. (2022) não foi possível estabelecer correlação entre atividade física em pacientes com hipertensão e fatores mentais. Foram 40 participantes avaliados a partir de seu nível de atividade durante quatro semanas. Os pesquisadores apontaram que uma das limitações do estudo foi a amostra reduzida, o que pode comprometer os resultados pela dificuldade de estabelecer comparações significativas.
Assim, fica perceptível que nesses dois estudos em que os efeitos dos mais variados exercícios físicos em indivíduos hipertensos não puderam ser relacionados, estão mais associados a uma fragilidade metodológica, do que propriamente no que diz respeito aos efeitos da atividade no corpo.
Desse modo, os resultados dessa revisão apontam para uma diminuição drástica da prática de exercícios físico no período da pandemia, justamente por conta do isolamento social que não permitia o acesso a tais atividades. Isto teve impacto na saúde de inúmeros indivíduos, uma vez que tanto influenciou negativamente na saúde de pessoas com hipertensão, quanto aumentou a possibilidade de desenvolvimento de transtornos mentais, como a depressão.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diversas evidências apontam para a recomendação de exercício físico como terapia não medicamentosa para pacientes cardiopatas, sobretudo aqueles com hipertensão. Ficou perceptível que a prática continuada de exercício é indicada para a prevenção e auxílio em agravos de saúde como a Covid-19 e a hipertensão, bem como, auxiliando na qualidade da saúde mental.
As limitações dessa pesquisa dizem respeito ao pouco número de estudos encontrados, recomendando-se para pesquisas futuras a realização de estudos de campo que verifiquem na prática a relação entre exercício físico, hipertensão e covid19 em um grande número de participantes.
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