FARMACOVIGILÂNCIA EM FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS

PHARMACOVIGILANCE IN COMMUNITY PHARMACIES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8022961


Lucas Daniel Santos1; Thalita Alves da Silva1; Flávia Gonçalves Vasconcelos2


Resumo

A farmacovigilância se refere a uma ciência de saúde que colabora com notificações quanto a fármacos comercializados junto a sociedade em geral, e assim podendo identificar fatores colaboráveis e importantes. As farmácias comunitárias são parte integrante deste sistema, colaborando positivamente na comunicação do risco e na segurança dos medicamentos por parte dos doentes. Dessa forma, visa-se por meio deste estudo realizar levantamento bibliográfico para evidenciar a importância e benefícios quanto a farmacovigilância em farmácias comunitárias. A metodologia de pesquisa escolhida é de revisão da literatura integrativa, com o intuito de sintetizar resultados de obras diversas de maneira integrativa, ordenada e abrangente. Através do estudo realizado, pode-se concluir que a farmacovigilância em farmácias comunitárias demonstra ser ponto estratégico em atenção e assistência farmacêutica, que colabora em identificar, avaliar e monitorar a ocorrência dos eventos adversos relacionados a medicamentos utilizados pela população que procura esses estabelecimentos. Além disso, visa garantir que os benefícios relacionados ao uso dos medicamentos adquiridos pelos clientes sejam maiores do que os riscos por eles causados, praticando a atenção farmacêutica. Por meio do estudo realizado, visa-se então esclarecer quanto a importância das farmácias comunitárias em termos de notificações de problemas relacionados à medicamentos.

Palavras-chaves: Medicamentos. Monitoramento. Reações Adversas. notificações.

1 Introdução

A prática farmacêutica tem evoluído muito desde o início de suas atividades, era das boticas, quando se tinha a forma magistral de composições sendo utilizadas no tratamento de patologias e até mesmo cuidados pessoais (SEVERO; MAFRA; VALE, 2018).

Neste processo de desenvolvimento, o farmacêutico ampliou sua atuação em farmácias, indústria, na atenção primária de saúde, ampliou o contato direto com paciente, inseriu-se no processo de prescrição farmacológica, e neste contexto, tornou-se fundamental aprofundar o conhecimento quanto a fármacos e composições (SEVERO; MAFRA; VALE, 2018).

Assim, as ciências da saúde que envolvem os cuidados em saúde farmacêutica vêm se modernizando nos últimos anos e ganhando diversas especialidades. Isso para que o serviço seja prestado de forma cada vez específica, e, portanto, com melhor qualidade para a promoção da saúde dos indivíduos. Uma das tendências no ramo de atuação em farmácia está a farmacovigilância (BARSI; BORJA, 2019).

A farmacovigilância consiste em uma ferramenta da atenção farmacêutica que atua em indústrias farmacêuticas, ações do órgão regular sanitário Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), assim como instituições acadêmicas, laboratórios, centros de pesquisas, e também em farmácias e drogarias (MELO, 2022).

Assim sendo, é importante considerar que as Farmácias comunitárias são estabelecimentos de saúde de fácil acesso e por isso, a aplicação da farmacovigilância nestes locais garante maior segurança ao usuário de medicamentos. Muitas pessoas procuram esses estabelecimentos, independentemente da classe social, uma vez que na urgência por um medicamento, sempre recorrem às farmácias mais próximas de suas casas (FAROQ; AMIN, 2019).

É importante reiterar que a farmacovigilância é importante então para o uso seguro e eficiente de medicamentos. A farmacovigilância não é apenas um indicador, é uma disciplina para detectar e relatar Reações Adversas a Medicamentos (RAMs) (FAROQ; AMIN, 2019).

A Lei nº 3021/2014 traz como atribuição do profissional farmacêutico, no exercício de suas atividades, a responsabilidade de notificar profissionais de saúde e órgãos sanitários competentes sobre possíveis efeitos colaterais, reações adversas e intoxicações farmacodependência, dentre outros aspectos, estando, portanto, respaldando a aplicação da farmacovigilância (FEDALTO et al., 2022).

Nesse sentido, a farmacovigilância vai ao encontro dessa necessidade, sendo uma possibilidade de minimizar esses eventos adversos pelo uso de medicamentos pela comunidade. Assim, considera-se essa temática relevante tanto do ponto de vista acadêmico/científico, quanto do ponto de vista social, visto que pode contribuir com informações relevantes, que promova reflexões nos dois campos (BARSI; BORJA, 2019).

Além do que, através de tais notificações, a ANVISA passa a ter um controle mais assertivo sobre a eficácia ou ineficácia dos medicamentos comercializados, vez que obtém dados gerais de todo o território nacional (MOTA; VIGO; KUCHENBECKER, 2018).

Desse modo, este estudo tem como objetivo realizar levantamento bibliográfico para evidenciar a importância e benefícios quanto a farmacovigilância em farmácias comunitárias, ressaltando a farmacovigilância como ferramenta da atenção farmacêutica, suas atribuições e importância na área de saúde e mais especificamente na farmácia comunitária.

2 Desenvolvimento

2.1 A Atenção Farmacêutica

A estruturação da Assistência Farmacêutica (AF) atinge diretamente o desenvolvimento da Atenção Farmacêutica (AtenFar), no momento em que o poder executivo passa a gerenciar e regulamentar todo o mercado de medicamento a fim de sanar problemas recorrentes tais como falsificação de medicamentos, irregularidades de patentes, erros na entrada e no registro dos mesmos, dentre outras dificuldades (FERREIRA; TERRA JUNIOR, 2018).

Os serviços de atenção farmacêutica têm sido reconhecidos como o modelo de prática farmacêutica profissional mais conceituado que permite a identificação, intervenção e resolução de problemas relacionados a medicamentos. Assim, os farmacêuticos comunitários podem otimizar a qualidade geral do atendimento. Já que os medicamentos estão se tornando mais complexos e o seu gerenciamento é fundamental para a otimização dos resultados (FEDALTO et al. 2022).

Neste sentido, a atenção farmacêutica é parte importante dos sistemas universais de saúde no que diz respeito à garantia do uso racional de medicamentos, bem como pode vir a colaborar quanto à possível identificação de reações adversas, ou ocorrência de problemas relacionados a medicamentos. Portanto, a atenção farmacêutica é um fator fundamental para garantir os objetivos de farmacovigilância (MOTA; VIGO; KUCHENBECKER, 2018).

2.2 A Farmacovigilância

A farmacovigilância refere-se a atividades que visam estudar possíveis efeitos indesejados ou reações adversas ocasionadas pelos medicamentos, sendo este o objetivo principal, mas também tendo como enfoque prevenir tais ocorrências e buscar mais segurança relacionada com medicamentos (OMS, 2011).

Assim, Silva e colaboradores (2021) reiteram que a farmacovigilância demonstra ser uma metodologia eficaz de monitorização ativa que contribui para ter noção quanto a RAMs associadas a uso de medicamentos, principalmente quando ocorre de forma indiscriminada e sem orientação médica.

Silva (2018) enfatiza que a farmacovigilância deve estar inserida nas políticas públicas de saúde, no campo da atenção farmacêutica, onde colabora com dados que demostram eficácia e segurança dos medicamentos.

Mota, Vigo e Kuchenbecker (2021) observaram que os formulários de notificações do Sistema Nacional de Farmacovigilância (SINAF), que consiste em ferramenta informatizada e online de monitoramento quanto à incidência de eventos adversos a medicamentos. Este sistema, regulado pela ANVISA, viabiliza o processo de avaliação da casualidade das PRM, colabora para a identificação da gravidade de algumas notificações, podendo-se intervir de forma mais eficaz.

No SINAF tem-se alguns itens essenciais para compor a notificação de PRM, como informações do paciente, sexo idade, possível gravidez, alergia a algum composto do fármaco, informações da reação adversa, reiterando sinais e sintomas, bem como evolução do paciente. Quanto aos fármacos são questionados dados como uso de mais medicamentos de forma concomitante, doses utilizadas, início e término do medicamento; assim como dados de fabricação como número de lote, validade, e também solicita dados do notificador. A resposta a estes itens, contribui como fator de explicação alternativo, o que viabiliza o processo de avaliação da casualidade das PRM, colabora para a identificação da gravidade de algumas notificações, podendo-se intervir de forma mais eficaz (BRASIL, 2022).

Pepe e Novaes (2020) descrevem que o SINAF tem como enfoque principal garantir uso adequado dos medicamentos, e que tem tido registro acelerado. No entanto, tal volume de dados tem dificultado a avaliação da eficácia e segurança de novas substâncias, dificultando a produção e disseminação de informações para a sociedade, sendo fundamental que busque aprimorar a captação e qualidade das notificações.

No Brasil, o sistema de Monitoramento pós mercado, descrito como Notivista, traz boletim quanto aos números de notificações, no caso, da farmacovigilância estando relacionado a medicamentos, vacinas e imunobiológico, porém, tendo diversos campos de motivações de diferentes áreas como Nutrivigilância, Cosmetovigilância, Tecnovigilância dentre outros. No caso da farmacovigilância no ano de 2021 teve-se intoxicações notificadas de 91.883 e relacionados a medicamentos sendo 74.123, representando uma fatia de 79,7% (BRASIL, 2022). Melo (2022) já citou que no ano de 2021, teve-se em torno de 40,8 / 10000 de notificações.

Dessa forma, Mota, Vigo e Kuchenbecker (2019) apontam que o Notivisa pode ser descrito como recurso importante quanto a obtenção de alertas e hipóteses sobre segurança de medicamentos que têm sido comercializados no Brasil, mesmo ainda apresentando taxa de notificação inferior a comparada a outros países como Portugal. Além disso, podem trazer colaboração para a informações a grupo populacional mais vulnerável e suscetível a eventos adversos referente a medicamentos, e, portanto, sendo fontes importantes de dados e informações na saúde.

Melo (2022) ainda descreveu que eventos adversos e PRMs são um problema relevante de saúde pública, com números anuais de altas taxas de morbimortalidade, e tendo bastante números de notificações no site Notivisa. E, podendo realizar tais notificações profissionais de drogarias e farmácias; de empresas detentoras de registro como fabricantes e importadores, assim como também cidadãos – pacientes, familiares, acompanhantes, cuidadores e outros.

Portanto, o sistema de farmacovigilância do Brasil tem demonstrado ser um importante recurso de avaliação quanto a aspectos de saúde pública, porém requer aspectos estruturais e funcionais para que os dados sejam fomentados na plataforma, tendo facilidade de acesso e de notificação, e somente assim, favorecer para levantamento de dados quanto a RAMs (MOTA, VIGO E KUCHENBECKER, 2020).

Melo et al (2021) observaram que PRMs sempre foram preocupações no cenário da saúde pública do Brasil, porém, teve-se mais enfoque durante o cenário da pandemia, onde entre o período de 01 de março a 15 de agosto de 2020, teve-se notificação de 631 RAMs relacionados a medicamentos no tratamento da COVID-19, como hidroxicloroquina com 59,5%, azitromicina (9,8%) e a cloroquina (5,2%). Os efeitos adversos foram relacionados ao sistema cardíaco, gastrintestinal, tecido cutâneo e hepático. Tais dados reforçam a importância da farmacovigilância para a segurança do paciente.

Ademais, como, as RAMs podem causar sérias complicações de saúde, o farmacêutico desempenha um papel único no monitoramento para diminuir os riscos, distinguindo, relatando e avaliando quaisquer RAMs. De forma que torna-se altamente recomendável introduzir a farmacovigilância treinar profissionais e futuros farmacêuticos com conhecimento adequado de RAMs e aspectos relacionados (FEDALTO et al. 2022).

Reforçando que por meio das notificações inseridas no SINAF é que se faz gestão do risco sanitário, podendo identificar, avaliar e atuar na minimização de agravos decorrentes ao uso inadequado de medicamentos, alcançando meios de melhorar a segurança no contexto nacional quanto ao uso de medicamentos (MELO, 2022).

2.3 Farmacovigilância em farmácias comunitárias

As farmácias comunitárias fazem parte dos serviços farmacêuticos disponibilizados à população, sendo definidas como estabelecimentos comerciais, localizados em bairros, e que são destinados à comercialização, aquisição e à dispensação de medicamentos. Portanto, esses estabelecimentos de saúde, são locais onde de forma essencial desenvolve-se as funções do farmacêutico e assistência farmacêutica (FAROQ; AMIN, 2019).

Os farmacêuticos comunitários estão numa posição privilegiada para prestar apoio e aconselhamento ao público em geral em comparação com outros profissionais de saúde. A combinação de localização e acessibilidade significa que a maioria dos consumidores tem pronto acesso a uma farmácia onde o aconselhamento profissional de saúde está disponível sob demanda (FERREIRA; TERRA JUNIOR, 2018).

Essa atividade de farmacovigilância no âmbito farmacêutico, tem a sua relevância principalmente no que diz respeito a prevenção das reações adversas de medicamentos, uma vez que este é um dos principais problemas de saúde pública no país, e que envolve muito o trabalho não somente da atenção farmacêutica direta com o paciente, mas também a vigilância burocrática que envolve a comercialização e consumo dos medicamentos (MOTA; VIGO; KUCHENBECKER, 2018).

Observa-se mediante a estes objetivos, que o trabalho da farmacovigilância pode ser considerado amplo, uma vez que não se limita apenas às notificações para a ANVISA, mas também a ações educativas, avaliativas e de melhoria na atenção ao usuário do sistema de saúde. Assim, a farmacovigilância representa uma interface importante entre a prática clínica e a regulação de medicamentos, sendo o seguimento farmacoterapêutico uma importante porta de entrada para o sistema de farmacovigilância (MOTA; VIGO; KUCHENBECKER, 2018).

A responsabilidade profissional do farmacêutico comunitário é muito mais do que apenas preparar e dispensar medicamentos. O farmacêutico pode desempenhar um papel centrado no paciente, garantindo a segurança dos medicamentos por meio da farmacovigilância (FAROQ; AMIN, 2019).

Ferreira e Terra Júnior (2018) ressaltaram a importância do papel do profissional farmacêutico quanto a informações e cuidados necessários referentes à medicação. Enquanto, Melo (2022) acrescenta que farmacêuticos comunitários são os profissionais de saúde mais acessíveis, posicionados num contato mais direto junto a sociedade em geral. Já que, no Brasil, é comum a procura pelos estabelecimentos de farmácia por parte da população quanto a orientação de terapias medicamentosas, diante de sintomas ou agravos de saúde.

Nessa perspectiva, a farmacovigilância em farmácias comunitárias versa sobre os eventos que o profissional pode observar, principalmente quanto a intercorrências que ocorrem em seu campo de trabalho, mediante as realidades do local e no atendimento que é realizado com os pacientes.

Dados específicos sobre a farmacovigilância em farmácias comunitárias ainda são pouco abundantes. No presente estudo, foram analisados 72 artigos, publicados nas bases de dados, Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), porém também foram utilizados artigos de outras plataformas como PubMed (Biblioteca nacional de medicina), obtendo obras entre 2018 e 2023, cujos temas abordados contemplavam o objetivo deste estudo. Após a seleção prévia, 18 artigos atendiam à delimitação de tema de farmacovigilância com aplicação para farmácias comunitárias e estes artigos foram sumarizados e descritos na Tabela 1.

Tabela 1: Resumo das amostras escolhidas na construção da revisão de literatura.

AnoAutorObjetivosResultados
2018Ferreira e Terra JuniorMostrar o papel do farmacêutico na prática da automedicação e como a sua atuação pode influenciar na correta utilização dos medicamentosO farmacêutico tem papel de orientar paciente quanto a utilização correta e segura de medicamentos.
2018Mota, Vigo e KuchenbeckerDescrever e caracterizar o sistema de farmacovigilância do Brasil (SINAF) e averiguar o atendimento aos requisitos mínimos propostos pela ONU.Aspectos estruturais e funcionais podem comprometer a obtenção e análise de dados do SINAF
2018bMota, Vigo e KuchenbeckerAnalisar a preferência digital na variável idade da base de dados de casos de eventos adversos a medicamentos notificados entre 2008 e 2013As notificações apresentam bom desempenho na coleta de dados e informações relacionado a variável idade
2018Severo, Mafra e ValeAnalisar responsabilidades do Farmacêutico na prescrição FarmacêuticaA legislação vigente restringe a atribuição do farmacêutico à prática da indicação farmacêutica no interior da farmácia privada ou pública, bem como, a prescrição farmacêutica nos ambientes de saúde
2018SilvaProblematizar o papel da farmacovigilância como uma estratégia do governo da vida humana.A farmacovigilância é uma importante estratégia de política pública de saúde
2018Souza et al.Descrever a prevalência e fatores associados a eventos adversos a medicamentos, referidos por usuários de medicamento no BrasilOs EAM mais relatados são referente a fluoxetina, diclofenaco e amitripltilina.
2019Barsi e BorjaEnfatizar a importância da farmacovigilância no BrasilA farmacovigilância é definida como sendo um conjunto de atividades relativas à detecção, avaliação, compreensão e prevenção de qualquer evento adverso relacionado ao uso de medicamentos.
2019Farooq; AminDescrever papel do farmacêutico comunitário na farmacovigilância
O conhecimento da farmacovigilância pode fortalecer o papel do farmacêutico comunitário de forma produtiva. 
2019Mota, Vigo e KuchenbeckerAnalisar suspeitas de reações adversas a medicamentos notificados no sistema de farmacovigilância do Brasil entre 2008 e 2013Observou notificação de 26.554 de reações adversas a medicamentos.
2020Mota, Vigo e KuchenbeckerAvaliar o desempenho do sistema Brasileiro de Notificação de Vigilância SanitáriaObservou-se 63512 registros no Notivisa entre 2008 e 2013
2021Mota, Vigo e KuchenbeckerAvaliar formulários de notificações de suspeitas de reações adversas a medicamentosFormulários são adequados e é composto de itens essenciais para compor notificação de RAM
2020Pepe e NovaesAnalisar por meio da aplicação de indicadores propostos pela Organização Mundial da SaúdeSINAF ainda tem desafio para aprimorar a capitação e qualidade das notificações
2021Silva et alRessaltar papel da farmacovigilânciaA sua colaboração é fundamental para garantir que as suspeitas de RAM que ocorrem nas suas instituições chegam às URF respetivas com o maior detalhe clínico e tão rápido quanto possível
2021Melo et al.Avaliar as reações adversas a medicamentos nos pacientes com COVID-19.Foram identificados 631 RAMs. Medicamentos envolvidos hidroxicloroquina, azitromicina e a cloroquina.
2021Melo, Duarte e ArraisApontar notificações de eventos adversos de medicamentos no BrasilÉ importante planejamento de ações em vista ao fortalecimento da farmacovigilância de RAM no Brasil.
2022Fedalto et alInterrogar a prática dos farmacêuticos em relação às atividades de farmacovigilância, e identificar dificuldades e possíveis estímulos para o aprimoramento dessas atividades em farmácias e drogariasOs farmacêuticos têm dados importantes para alimentar os sistemas de farmacovigilância, reconhecem suas responsabilidades e estão dispostos a contribuir, mas ainda demonstram baixa adesão.
2022MeloDescrever o perfil da notificação e dos participantes do Sistema Nacional de Farmacovigilância (SINAF), e analisa os fatores associados à subnotificação, à gravidade e aos óbitos em pacientes com EAMA taxa de notificação de EAM no Notivisa foi de 40,8/1 milhão de habitantes, tendo como os fármacos que mais causaram EAM, os que agem no sistema nervoso, os antineoplásicos e imunomoduladores.
2022BRASILFornecer boletim informativo quanto aos dados sobre eventos adversosDados sobre eventos adversos
Fonte: pesquisadores autores (2023).

Os artigos selecionados e apresentados na Tabela 1 demostram que seus benefícios incluem a fiscalização e regulação do mercado farmacêutico, a avaliação da segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, bem como a promoção do uso adequado de tecnologias em saúde.

Além disso, observa-se que farmacêuticos comunitários podem garantir o uso seguro e eficaz de medicamentos e prevenção de RAMs, o que em parte engloba então atividades de farmacovigilância.

Com isso, ratifica-se que a farmacovigilância pode ser considerada uma ferramenta da Atenção Farmacêutica, que visa identificar Problemas Relacionados a Medicamentos. No entanto, a falta de conhecimento, habilidade e atitude em farmacovigilância contribui para o agravamento da morbimortalidade relacionada a medicamentos e prejudica a avaliação da causalidade da RAM.

3 Conclusão

Pode-se concluir que a prática da farmacovigilância é parte integrante do processo de monitoramento e obtenção de notificações quanto a eventos adversos relacionados a medicamentos. E que farmacêuticos, sendo especialistas em medicamentos e guardiões do uso seguro e eficaz de medicamentos, têm um papel importante não apenas na detecção, notificação e monitoramento de RAMs, mas também na prevenção de RAMs.

Envolver os farmacêuticos comunitários na notificação de RAM, colabora positivamente na diminuição de taxas de notificação de RAM, já que estão numa posição privilegiada para prestar apoio e aconselhamento ao público em geral em comparação com outros profissionais de saúde. 

Assim, por meio desse estudo ressalta-se que é importante a conscientização quanto ao processo de notificação, buscando que se expanda com mais serviços e usuários cadastrados, aumentando o número de notificações e com isso reforçando a farmacovigilância nacional.

Porém vale reiterar que a notificação de suspeita de RAM pode ser melhorada, se for mais divulgada junto a profissionais de saúde e também à população, para que tais dados sejam usados no desenvolvimento de práticas e políticas de farmacovigilância, incentivando ações regulatórias e fomentando o uso seguro de medicamentos.

PHARMACOVIGILANCE IN COMMUNITY PHARMACIES

Abstract

Pharmacovigilance refers to a health science that collaborates with notifications about drugs marketed to society in general, and thus can identify important collaborative factors. Community pharmacies are an integral part of this system, collaborating positively in patient risk communication and medication safety. Thus, this study aims to conduct a bibliographic survey to highlight the importance and benefits of pharmacovigilance in community pharmacies. The chosen research methodology is an integrative literature review, with the intention of synthesizing results from diverse works in an integrative, orderly, and comprehensive manner. Through this study, it can be concluded that pharmacovigilance in community pharmacies proves to be a strategic point in pharmaceutical care and assistance, which collaborates in identifying, evaluating, and monitoring the occurrence of adverse events related to drugs used by the population that seeks these establishments. In addition, it aims to ensure that the benefits related to the use of the medications purchased by the customers are greater than the risks caused by them, practicing pharmaceutical care. Through this study, the aim is to clarify the importance of community pharmacies in terms of the reporting of drug-related problems.

Keywords: Pharmacovigilance; pharmacies; drugstores; notifications.

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1Discentes do Curso de Farmácia – Universidade Evangélica de Goiás.
E-mail: lucasdanielsantos2009@hotmail.com / thalitatata20092009@hotmail.com

2Docente do Curso de Farmácia – Universidade Evangélica de Goiás.
E-mail: flaviavilleneuve@hotmail.com