FARMACÊUTICO CLÍNICO INTENSIVISTA: UMA PERSPECTIVA DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202412302301


Matheus A. Moreira1
Kattia M. B. da Cunha2


RESUMO

Objetivo: Avaliar a percepção de equipes multiprofissionais de cinco hospitais da rede de saúde do Distrito Federal sobre o farmacêutico clínico e seu impacto no cuidado ao paciente crítico. Métodos: Estudo transversal e descritivo realizado em UTIs de cinco hospitais integrantes do PRMTI-SESDF, de março a maio de 2024. A pesquisa constituiu-se de sete especialidades profissionais, dentre eles, enfermeiros, fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, odontólogos, psicólogos e técnicos em enfermagem. Os dados foram coletados por meio de questionário eletrônico online e foram analisados mediante cálculo de frequência e percentual (objetivos) e por categorização e frequência dos conceitos centrais (subjetivos). Resultados: Responderam ao questionário 32 profissionais. 81,3% possuíam mais de um ano de experiência em UTI. Do total, 15,6% são enfermeiros e nutricionistas. Todos consideraram o farmacêutico clínico importante membro da equipe multiprofissional e 71,9% estão muito satisfeitos com sua atuação. 93,8% julgaram as intervenções farmacêuticas importantes durante os rounds e 78,1%, consideraram muito relevante. A maioria também acredita que o farmacêutico contribui para redução de custos na UTI (90,6%). Conclusões: A pesquisa trouxe dados preciosos sobre a percepção da equipe multidisciplinar intensivista acerca do farmacêutico. Perceberam que o farmacêutico clínico é um membro importante da equipe multidisciplinar, contribuindo para o cuidado ao paciente crítico na prevenção de erros de medicação, na prevenção e manejo de eventos adversos relacionados a fármacos e, ainda, que contribui para o trabalho de toda equipe. 

Descritores: Farmacêutico; Equipe multiprofissional; Percepção; UTI; Paciente crítico

ABSTRACT

Objective: To evaluate the perception of multidisciplinary teams from five hospitals in the health network of the Distrito Federal regarding the clinical pharmacists and their impact on critical patient care. Methods: Cross-sectional and descriptive study carried out in ICUs of five hospitals that are members of the PRMTI-SESDF, from March to May 2024. The research consisted of seven professional specialties, including nurses, physiotherapists, physicians, nutritionists, dentists, psychologists, and nursing technicians. Data were collected through an online electronic questionnaire and were analyzed by calculating frequency and percentage (objective) and by categorization and frequency of central concepts (subjective). Results: Thirty-two professionals responded to the questionnaire. 81.3% had more than one year of experience in ICU. Of the total, 15.6% are nurses and nutritionists. All considered clinical pharmacists to be an important member of the multidisciplinary team and 71.9% are very satisfied with their performance. 93.8% considered pharmaceutical interventions important during rounds and 78.1% considered them very relevant. The majority also believed that pharmacists contribute to cost reduction in the ICU (90.6%). Conclusions: The survey provided valuable data on the perception of the multidisciplinary intensive care team regarding pharmacists. They perceived that the clinical pharmacist is an important member of the multidisciplinary team, contributing to the care of critically ill patients in the prevention of medication errors, in the prevention and management of adverse events related to drugs, and also contributing to the work of the entire team.

Keywords: Pharmacist; Multidisciplinary team; Perception; UTI; Critical patient

Introdução

A profissão farmacêutica passou por importantes transformações na sua história, especialmente com a produção em larga escala de medicamentos, resultando no distanciamento do farmacêutico com o paciente. A consequência disso foi a perda de sua identidade de referência na área da saúde e do seu reconhecimento tanto pela sociedade1, quanto pela equipe de saúde, no que tange às contribuições e finalidade do farmacêutico no cuidado em saúde2:este passou a ser visto como um mero “entregador de caixinhas”3.

No entanto, em 1960, um grupo de estudantes e professores da Universidade de São Francisco, nos Estados Unidos, iniciaram um movimento denominado de Farmácia Clínica. Este, buscava resgatar a participação do farmacêutico na equipe de saúde3,4, trazendo-o para beira leito e iniciando uma prática orientada para o paciente. Apesar disso, ainda são atribuídos aos farmacêuticos hospitalares principalmente atividades relacionadas à logística, deixando-o distante dos demais membros da equipe e sem tempo para desenvolver atividades clínicas5,6, gerando-lhes insatisfação5.

Em ambientes de alta complexidade, que envolve o uso de diferentes recursos tecnológicos (dentre eles, o medicamento), como é o caso de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o farmacêutico torna-se um membro essencial da equipe multiprofissional7,8, sendo, inclusive, recomendado pela Society of Critical Care Medicine (SCCM) sua integração à equipe9.

A presença do farmacêutico na UTI contribui para prevenção de eventos adversos a medicamentos10-12, na otimização do tratamento13,14, na redução de interações medicamentosas clinicamente relevantes15 e, consequentemente, na redução de custos13,16-18, justificando sua presença neste ambiente. Todavia, alguns profissionais ainda podem confundir as atividades desenvolvidas pelo farmacêutico clínico-hospitalar com as atividades desenvolvidas pelo farmacêutico hospitalar. Uma revisão de literatura19 evidenciou que alguns profissionais relataram não ser familiares a atividades clínicas desenvolvidas pelo farmacêutico, como otimização da prescrição e do uso de medicamentos, mas sim, que seu papel estava mais relacionado ao controle de estoque dos medicamentos. Isso pode ser traduzido quando a equipe não aceita que o farmacêutico desempenha atividades clínicas6 pelo simples desconhecimento de suas funções, levando a sua subutilização20

A falta de clareza em relação às atribuições dos diferentes profissionais21 já foi descrita como um dos fatores que dificulta o trabalho em equipe, sendo crucial a compreensão das responsabilidades de cada profissional no cuidado centrado no paciente22.

Considerando o fato de, historicamente o farmacêutico ter enfrentado uma crise de identidade e a falta de reconhecimento da sociedade e dos demais profissionais de saúde, é importante que a equipe multidisciplinar esteja conscientizada acerca das funções e responsabilidades do farmacêutico clínico, especialmente quando se trata de pacientes críticos. Dessa forma, este trabalho teve por objetivo avaliar a percepção de equipes multiprofissionais de cinco hospitais da rede de saúde do Distrito Federal, Brasil, sobre o farmacêutico clínico e seu impacto no cuidado ao paciente crítico, considerando perspectivas sobre as atividades desempenhadas, atuação durante os rounds multidisciplinares, bem como seu papel na terapia intensiva e no cuidado de pacientes de alta complexidade.

Métodos

Trata-se de um estudo transversal e descritivo. A coleta de dados foi realizada, de março a maio de 2024, por meio de um formulário eletrônico online, autoaplicável e utilizando a ferramenta Formulários Google®. O formulário foi divulgado em grupos de WhatsApp® das equipes multiprofissionais e de residência, além de cartazes disponibilizados nas UTIs dos hospitais participantes. Os respondentes que aceitaram participar da pesquisa, acessaram o link do formulário onde recebiam as informações sobre a pesquisa, os objetivos e, também, sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

O questionário continha 15 questões, sendo 13 objetivas e 2 subjetivas. Para uma das questões subjetivas, o participante só era direcionado a depender da resposta da questão anterior. As perguntas fechadas incluíam perguntas a respeito da perspectiva dos participantes em relação a diferentes contextos em que o farmacêutico clínico está inserido, sua participação nos rounds multiprofissionais, tempo de permanência necessário na UTI e, ainda, se os participantes acreditam que o farmacêutico clínico pode reduzir custos na UTI. Além disso, indagou-se quais atividades esse profissional desempenha no cuidado ao paciente crítico, dentre outras. Já as questões abertas abordaram o que “vem à mente” do profissional quando se fala do farmacêutico clínico e, caso julgassem suas ponderações nos rounds multiprofissionais como “pouco importante”, o motivo dessa escolha.

O questionário foi validado visando evitar contratempos durante sua aplicação e, assim, possíveis transtornos. Para tanto, um grupo de profissionais com atuação prévia ou atual no momento da aplicação, em UTI, foram convidados. Houve um total de 5 questionários respondidos, sendo 2 por fisioterapeutas, 2 por enfermeiros e 1 por um médico.

A amostra constituía-se de nove especialidades profissionais: enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, nutricionistas, odontólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais (incluindo-se residentes, preceptores e staffs dessas profissões) e técnicos em enfermagem, de cinco hospitais integrantes do Programa de Residência Multiprofissional em Terapia Intensiva da Secretaria de Saúde do Distrito Federal – PRMTI-SESDF. Os hospitais foram o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), Hospital Regional de Ceilândia (HRC), Hospital da Região Leste (HRL), Hospital Regional de Samambaia (HRSam) e Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Considerou-se como critérios de inclusão aqueles que aceitaram participar da pesquisa (concordância com o TCLE) e se declararam como atuantes em UTIs dos cenários participantes. Foram excluídos residentes de outros programas de residência, especialidades profissionais que não as descritas acima e profissionais que não atuam em UTIs dos hospitais participantes.

Pelo Portal InfoSaúde (https://info.saude.df.gov.br) da SESDF, estimou-se um total de 197 participantes. No entanto, havia a possibilidade de que nem todos estariam em atuação no período da pesquisa. Logo, apesar desta estimativa inicial, a amostragem foi definida por conveniência, posto que o link foi enviado a grupos de WhatsApp® específicos. Considerando o total de membros (excluindo-se o/a preceptor e o/a residente de farmácia) de cinco grupos de WhatsApp® (um grupo por hospital), totalizaram 57 pessoas. Como teve a participação de 4 médicos e 2 técnicos em enfermagem (vide Tabela 1), foi utilizado como n o total de 63 pessoas. Este recurso foi utilizado, uma vez que foram pessoas que, efetivamente, tiveram acesso ao link da pesquisa. Considerou-se que os participantes médicos e técnicos em enfermagem tiveram acesso a pesquisa ou por meio dos cartazes disponibilizados nas UTIs ou por divulgação entre os próprios integrantes da equipe multidisciplinar.

Os dados coletados foram exportados para o Planilhas Google® e analisados por essa mesma ferramenta. A análise descritiva dos dados objetivos foi realizada por meio de cálculo de frequência e percentual, sendo expressos como frequências absoluta e relativa e apresentados na forma de gráficos e tabelas. Para a análise das perguntas subjetivas, foi realizada a categorização e a frequência dos conceitos centrais.

O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (FEPECS), sob o CAAE n° 75694923.0.0000.5553.

Resultados

Dentre os 63 participantes convidados, 32 (50,8%) responderam ao questionário. Desses, 15,6% (5) foram enfermeiros e nutricionistas, 12,5% (4) médicos e residentes de nutrição, 6,3% (2) fisioterapeutas, odontólogos, técnicos em enfermagem e residentes de enfermagem, fisioterapia e odontologia e, por fim, 3,1% (1) psicólogos e residentes de psicologia. Não houve a participação de fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, nem  de residentes médicos, de fonoaudiologia e terapia ocupacional; 81,3% (26) possuíam mais de um ano de experiência em UTI, 15,6% (5) menos que seis meses e 3,1% (1) entre seis meses e um ano. Dos 32 participantes, 31 (96,9%) relataram ter ao menos um farmacêutico clínico integrando a equipe multiprofissional e 1 (3,1%) não soube responder (Tabela 1).

Quando questionados quais as atividades acreditam que o farmacêutico desempenha no cuidado ao paciente crítico, as principais foram: análise técnica de prescrições e orientações em relação à administração, reconstituição e diluição de medicamentos (96,9%, 31), conciliação de medicamentos (93,8%, 30), sugestão de adaptação de forma de farmacêutica, participação em visitas/rounds multiprofissionais e elaboração e participação no desenvolvimento de diretrizes e protocolos assistenciais (90,6%, 29), seguidas de sugestão de adição, substituição, ajuste ou suspensão de medicamento(s) (87,5%, 28), promoção de ações de Farmacovigilância e Tecnovigilância e avaliação do aprazamento dos medicamentos para otimização da farmacoterapia (78,1%, 25), solicitação, interpretação e avaliação de exames laboratoriais para fins de acompanhamento farmacoterapêutico (71,9%, 23), desenvolvimento de Procedimentos Operacionais Padrão (POP) relacionados à logística de medicamentos (68,8%, 22), checagem dos “kits” (medicamentos enviados da farmácia para o paciente internado) de acordo com a prescrição vigente, e seleção, programação, aquisição, armazenamento e distribuição de medicamentos e/ou materiais médico-hospitalares (40,6%, 13), dispensação de medicamentos e/ou materiais médico-hospitalares e gestão de auxiliares e técnicos em farmácia (34,4%, 11) (Tabela 2).

Também foram perguntados com que frequência solicitam informações ao farmacêutico clínico: muito frequentemente (28,1%, 9), frequentemente (25%, 8), ocasionalmente (25%, 8), raramente (12,5%, 4) e nunca (9,4%, 3). As principais informações solicitadas foram:      indicação e contraindicação de medicamentos (56,3%, 18), identificação e manejo de reação adversa a medicamentos (53,1%, 17), interação fármaco-nutriente, fármaco-fármaco e/ou fármaco-equipo e sobre a administração de medicamentos em relação a reconstituição, diluição e infusão (50%, 16), administração de medicamentos por sondas enterais (37,5%, 12), estoque de medicamentos e/ou materiais médico-hospitalares, sugestão de proposta farmacoterapêutica alternativa, estabilidade do medicamento após reconstituição e/ou diluição (34,4%, 11), histórico medicamentoso do paciente (31,3%, 10), adequação de forma farmacêutica (28,1%, 9), orientação em relação a desmame de medicamentos (25%, 8), orientação em relação a terapia sequencial (switch therapy) (12,5%, 4) e 9,4% (3) relataram que não foi necessário solicitar alguma informação ao farmacêutico clínico (Tabela 3).

Em relação aos rounds multidisciplinares, 78,1% (28) julgaram a atuação do farmacêutico clínico como muito relevante e 21,9% (7) como relevante, sendo que 93,8% (30) consideram as ponderações do farmacêutico clínico durante os rounds como importante e 6,3% (2) não souberam julgar (Tabela 4).

 Acerca da otimização de custos, 90,6% (29) dos participantes acreditam que o farmacêutico clínico contribui para redução de custos no âmbito da terapia intensiva, 6,3% (2) acreditam que talvez e 3,1% (1) acreditam que o farmacêutico clínico não contribui para a redução de custos na UTI (Gráfico 1). No cuidado ao paciente crítico, 96,9% (31) dos participantes julgaram que o farmacêutico clínico contribui revisando a farmacoterapia prescrita, 93,8% (30) na participação de discussão do caso com a equipe multidisciplinar, 90,6% (29) na prevenção de erros de medicação e na orientação de aprazamento, reconstituição, diluição e estabilidade do fármaco após reconstituição/diluição, 87,5% (28) na prevenção e manejo de eventos adversos relacionados a medicamentos, 75% (24) na garantia da disponibilidade do medicamento em estoque e na supervisão e orientação de medicamentos administrados por sondas enterais, 53,1% (17) na correta identificação dos medicamentos, 40,6% (13) na sugestão de substituição de dispositivos invasivos e/ou troca por dispositivos menos invasivos, se pertinente, e 37,5% (12) no cumprimento da administração do medicamento no horário correto (Tabela 5).

Todos os participantes consideraram o farmacêutico clínico como um importante membro da equipe multiprofissional (100%, 32), dos quais 71,9% (23) estão muito satisfeitos com sua atuação, 25% (8) estão satisfeitos e 3,1% (1) são indiferentes (nem satisfeito, nem insatisfeito) (Gráfico 2). Além disso, 56,3% (18) julgaram que o farmacêutico clínico precisa estar presente em tempo integral e dentro da UTI, 37,5% (12) que o ele precisa estar presente em tempo integral, mas sem a necessidade de estar dentro da UTI e 6,3% (2) que a permanência do farmacêutico clínico na UTI só é necessária durante os rounds multiprofissionais (Gráfico 3).

Por fim, a análise qualitativa da resposta à pergunta subjetiva está apresentada no Quadro 1. Ressalta-se que não houve resposta à uma das perguntas subjetivas devido ao fato de, no questionário, ela estar relacionada à pergunta antecedente, ou seja, só seria respondida se o participante escolhesse uma das opções que o direcionasse à essa pergunta, o que não ocorreu.

Discussão

O farmacêutico clínico foi considerado como um membro importante por todos os participantes e 71,9% deles estão muito satisfeitos com sua atuação. De fato, o farmacêutico clínico é considerado como um membro essencial7,23 e com grau C de recomendação para integração na equipe multidisciplinar9. Inclusive, a satisfação com seus serviços já foi demonstrada tanto no âmbito hospitalar14,24,25, quanto na atenção primária26, embora ainda há locais com baixo nível de satisfação, por parte da equipe, em relação ao farmacêutico desempenhar atividades clínicas, tais como aconselhamento de alta e assistência à equipe de enfermagem em relação a medicamentos27. Sua atuação em UTI foi julgada como muito relevante (78,1%), assim como suas ponderações durante os rounds multiprofissionais (93,8% consideraram como muito importantes). Certamente, as intervenções do farmacêutico durante os rounds podem contribuir em tempo real na tomada de decisão19 e, por conseguinte, na farmacoterapia do paciente20, permitindo que os demais membros da equipe concentrem-se em suas próprias responsabilidades28. Todavia, ainda há UTIs em que o farmacêutico não é membro regular da equipe durante os rounds29.

A análise técnica de prescrições, orientações em relação a administração, reconstituição e diluição de medicamentos, conciliação medicamentosa, participação em visitas multiprofissionais e da elaboração de protocolos, bem como sugestão de adaptação de forma farmacêutica, foram as principais atividades desempenhadas por farmacêuticos clínicos, segundo os participantes; enquanto a revisão da farmacoterapia, a orientação de aprazamento, diluição, reconstituição e estabilidade, e prevenção de erros de medicação foram consideradas as principais ações que contribuem para o cuidado farmacêutico ao paciente crítico. Com efeito, durante a análise técnica da prescrição e da revisão da farmacoterapia, o farmacêutico consegue identificar possíveis Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM) e intervir, junto ao prescritor (ou enfermeiro, como na orientação de aprazamento e preparo do medicamento), para que o ajuste possa ser feito. Isso pode evitar Eventos Adversos relacionados a Medicamentos (EAM), o que melhora desfechos clínicos12 e reduz custos13,18,30 relacionados a medicamentos, corroborando com 90,6% dos participantes que acreditam que o farmacêutico pode contribuir para diminuição de custos na UTI.

A sugestão do ajuste de dose, seja aumento ou redução, é uma das principais intervenções realizadas por farmacêuticos clínicos31,32 durante a análise técnica da prescrição, assim como a adaptação de forma farmacêutica32,33. Frequentemente, pacientes críticos necessitam de medicamentos que não possuem formulação parenteral ou que possuem alternativa ao sólido oral (como soluções e suspensões), evitando a manipulação de comprimidos e/ou cápsulas no posto de enfermagem para administração via sonda enteral. Entretanto, apenas 28,1% relataram solicitar informações sobre adequação de forma farmacêutica e 37,5% sobre administração de medicamentos por sondas enterais, contrapondo a 75% que relataram que a supervisão e orientação de medicamentos administrados por sondas é uma ação do farmacêutico que contribui para o cuidado ao paciente crítico. Tais atividades são, inclusive, atribuições regulamentadas pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) no que tange às atribuições do farmacêutico clínico na UTI34.

Os participantes relataram solicitar informações ao farmacêutico clínico muito frequentemente (28,1%), sendo a principal delas a indicação e contraindicação de medicamentos, evidenciando que este é um profissional que possui demanda não só com os pacientes, mas também com a equipe. Isso leva a um dado relevante: 56,3% julgaram que o farmacêutico tem que estar em tempo integral e dentro da UTI. Reis et al.31 relataram que a presença do farmacêutico dentro da unidade permitiu identificar PRMs que só foram percebidos porque ele estava presente nas atividades diárias da unidade. No entanto, Chant et al.35 concluíram que, apesar dos benefícios que o farmacêutico clínico traz aos pacientes e à equipe, não são todas as UTIs que possuem esse profissional e, as que possuem, ele não está presente em tempo integral. Há relato de que um round multidisciplinar foi iniciado sem que o farmacêutico da unidade soubesse, pois a equipe esqueceu de avisá-lo36. Além disso, o desconhecimento de quem era o farmacêutico já foi evidenciado como uma barreira em estabelecer sua relação com a equipe multiprofissional37. Essas situações poderiam ser evitadas se o farmacêutico estivesse em tempo integral e dentro da UTI, como toda a equipe, visto que a exposição dos médicos38, e porque não de toda a equipe, ao farmacêutico melhora a aceitação de seus serviços.

Um resultado esperado foi a atribuição de atividades técnico-gerenciais ao farmacêutico clínico: 68,8% responderam que o farmacêutico clínico desenvolve POPs relacionados a logística de medicamentos, 40,6% que ele checa os kits de medicamentos e desenvolve atividades do ciclo da assistência farmacêutica (seleção, programação e etc), e 34,4% que ele gere a equipe de técnicos em farmácia e dispensa medicamentos (34,4% também relataram que solicita informações ao farmacêutico clínico sobre estoque de medicamentos e/ou materiais médico-hospitalares). Isso reforça os dados encontrados na literatura19,20 de que a equipe multiprofissional ainda desconhece as funções do farmacêutico clínico, atribuindo-o às atividades de logística de medicamentos. Cabe ressaltar que o farmacêutico clínico deve integrar a UTI à farmácia hospitalar34, mas sendo uma ponte entre esses dois serviços e não desenvolvendo atividades cujo foco é o medicamento. Logo, não cabe a ele garantir a disponibilidade do medicamento em estoque, como 75% dos participantes relataram.

Curiosamente, 40,6% dos participantes acreditam que o farmacêutico clínico pode contribuir no cuidado ao paciente crítico sugerindo a substituição e/ou a desinvasão, quando pertinente, de dispositivos, tais como cateter venoso central (CVC) e sonda vesical de demora (SVD), dois dispositivos invasivos que estão relacionados a um maior risco de infecção39. Fato é que a troca ou retirada destes dispositivos não é atribuição do farmacêutico, mas a sugestão de troca/desinvasão é uma intervenção que pode ser realizada durante os rounds ou durante a rotina da unidade, a partir de dados clínicos do paciente. Um estudo realizado em Oman40 mostrou que um dos impactos clínicos mais comuns das intervenções farmacêuticas foi a prevenção de exposição desnecessária a antimicrobianos. E, apesar de não ter sido relatado este tipo de intervenção no trabalho supracitado, é um fator que pode evitar que o paciente receba antimicrobianos sem indicação clínica.

Na análise da pergunta “Em poucas palavras, o que vem a sua mente quando se fala em “Farmacêutico clínico” no âmbito da terapia intensiva?” e, ao compilar as respostas, um conceito pode ser formado: “Profissional que atua integrado a uma equipe multiprofissional, promovendo a segurança do paciente no uso de medicamentos, por meio da análise da prescrição.”. Segundo o American College of Clinical Pharmacy (ACCP)41, a farmácia clínica é “a área da farmácia preocupada com a ciência e a prática do uso racional de medicamentos”, ou ainda “a ciência da saúde em que o farmacêutico fornece cuidado ao paciente, otimizando sua farmacoterapia e promovendo a saúde, o bem-estar e a prevenção de doenças”. Esta última é a mesma definição adotada pelo CFF na RDC n° 585/2013, a qual regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico42. Logo, a perspectiva dos participantes desse trabalho vai em direção a definição do ACCP e do CFF, permitindo a inferência de que possuem um visão mais atual no contexto do farmacêutico e de sua atuação. Ao mesmo tempo, ainda demonstraram uma concepção enviesada pelo passado recente da profissão farmacêutica, onde além de desenvolver atividades clínicas, ele também é responsável por atividades logísticas.

Ressalta-se a importância da clareza das atividades desempenhadas por cada profissional dentro da equipe multidisciplinar. É de suma importância que todos saibam o que esperar de cada um36 e, assim, evitar a falta de respeito entre os integrantes por desconhecimento do fazer de cada profissional43. A falta de clareza das funções exercidas por cada membro da equipe, especialmente no âmbito hospitalar, é considerada um fator que prejudica o trabalho em equipe, especialmente em profissões emergentes21, como é o caso da farmácia clínica. Uma das respostas à pergunta aberta (não mostrada no Quadro 1) foi “Acha que é médico”, convergindo com a importância de conhecer o que o colega faz. Uma equipe consciente das habilidades, conhecimentos e da função que cada membro exerce, promove um cuidado de alta qualidade aos pacientes críticos44, proporciona troca de experiências, informações e conhecimentos45 e aprimora os rounds multiprofissionais46.

Não houve a participação de fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, assim como residentes dessas profissões e residentes médicos. Uma possível explicação é que a fonoaudiologia e a terapia ocupacional não fazem parte do PRMTI, bem como a residência médica, que é uniprofissional. Ademais, esses profissionais, especialmente fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais, podem não ficar a maior parte do tempo dentro da UTI e, como a divulgação da pesquisa foi de forma passiva, podem não ter tido ciência do estudo em andamento. A maioria (96,9%) relatou a presença de pelo menos um farmacêutico clínico integrando a equipe multiprofissional, resultado esperado, uma vez que a farmácia possui residência em UTI e, portanto, a equipe de saúde tem contato com os residentes e seus preceptores e/ou staffs.

A principal limitação deste estudo foi a amostragem não aleatória, ou seja, por conveniência. Primeiro, porque, há que se considerar o número de profissionais em exercício no período estudado. Alguns profissionais poderiam estar ausentes por motivo de férias, licenças ou outros. Segundo, porque a participação foi voluntária. Ou seja, embora os profissionais possam ter recebido o link do questionário, não havia a obrigatoriedade da resposta. Cunha47 descreve que, apesar de o questionário possibilitar maior alcance geográfico e, consequentemente, atingir um maior número de pessoas, uma de suas principais desvantagens é a taxa de retorno ser quase sempre baixa, o que prejudica a confiabilidade da amostragem. Diferentemente, o método de entrevista poderia ser uma forma de contornar esse baixo retorno de respostas, uma vez que, ainda de acordo com Cunha47, permite o contato face-a-face com o entrevistado. Gil48 ainda considera que, utilizando-se a técnica de entrevista, obtém-se um maior número de respostas quando comparada à técnica de coleta de dados por questionário, já que é mais fácil não responder um questionário à negar-se a ser entrevistado.

A divulgação da pesquisa se deu de forma passiva, enviando-se o link através de grupos específicos de WhatsApp® e por meio de cartazes em áreas de convívio social das UTIs. Esses grupos possuíam apenas especialidades integrantes do PRMTI, não contando com fonoaudiólogos, médicos, terapeutas ocupacionais e técnicos em enfermagem. Assim, estes profissionais tiveram acesso à pesquisa por meio dos cartazes e/ou divulgação face-a-face. Nesse sentido, o alcance dos profissionais também foi uma limitação da pesquisa, em que pese terem sido alcançados uma diversidade de profissionais da equipe multidisciplinar. Novos estudos que consigam abarcar a maioria dos profissionais podem ser relevantes para ampliação desse conhecimento como contribuição para a ciência e a atuação multiprofissional.

Conclusão

A pesquisa trouxe dados preciosos sobre a percepção da equipe multidisciplinar intensivista acerca do farmacêutico. Perceberam que o farmacêutico clínico é um membro importante da equipe multidisciplinar, contribuindo para o cuidado ao paciente crítico na prevenção de erros de medicação, na prevenção e manejo de eventos adversos relacionados a fármacos e, ainda, que contribui para o trabalho de toda equipe.


Tabela 1. Especialidade profissional, tempo de experiência em UTI e existência (ou não) de farmacêutico clínico na equipe multiprofissional das UTIs dos hospitais participantes.

 Frequência absoluta (n)Frequência relativa (%)
Especialidade profissional  
Enfermeiro/a515,6
Residente de Enfermagem26,3
Fisioterapeuta26,3
Residente de Fisioterapia26,3
Fonoaudiólogo/a00,0
Residente de Fonoaudiologia00,0
Médico/a412,5
Residente Médico00,0
Nutricionista515,6
Residente de Nutrição412,5
Odontólogo26,3
Residente de Odontologia26,3
Psicólogo/a13,1
Residente de Psicologia13,1
Residente de Terapia Ocupacional00,0
Técnico/a em Enfermagem26,3
Tempo de experiência em UTI
Menor que 6 meses515,6
Entre 6 meses e 1 ano13,1
Maior que 1 ano2681,3
Existência de farmacêutico clínico na equipe multidisciplinar
Sim3196,9
Não00,0
Não sei responder13,1

Tabela 2. Atividades desempenhadas pelo farmacêutico clínico, segundo os participantes.

AtividadesFrequência absoluta (n)Frequência relativa (%)
análise técnica de prescrições3196,9
conciliação de medicamentos3093,8
sugestão de adaptação de forma de farmacêutica2990,6
participação em visitas/rounds multiprofissionais2990,6
dispensação de medicamentos e/ou materiais médico-hospitalares1134,4
seleção, programação, aquisição, armazenamento e distribuição de medicamentos e/ou materiais médico-hospitalares1340,6
solicitação, interpretação e avaliação de exames laboratoriais para fins de acompanhamento farmacoterapêutico2371,9
orientações em relação à administração, reconstituição e diluição de medicamentos3196,9
promoção de ações de Farmacovigilância e Tecnovigilância2578,1
sugestão de adição, substituição, ajuste ou suspensão de medicamento(s)2887,5
análise de terapia nutricional (parenteral e enteral)1031,3
desenvolvimento de Procedimentos Operacionais Padrão (POP) relacionados à logística de medicamentos2268,8
checagem dos “kits” (medicamentos enviados da farmácia para o paciente internado) de acordo com a prescrição vigente1340,6
gestão de pessoas (auxiliares e técnicos em farmácia)1134,4
elaboração e participação no desenvolvimento de diretrizes e protocolos assistenciais2990,6
avaliação do aprazamento dos medicamentos para otimização da farmacoterapia2578,1

Tabela 3. Informações e frequência de solicitação de informações ao farmacêutico clínico, segundo os participantes.

 Frequência absoluta (n)Frequência relativa (%)
Frequência de solicitação de informações  
Muito frequentemente928,1
Frequentemente825
Ocasionalmente825
Raramente412,5
Nunca39,4
Informações
informações sobre administração de medicamentos: reconstituição, diluição e infusão1650,0
informações sobre histórico medicamentoso do paciente1031,3
informações sobre identificação e manejo de reação adversa a medicamentos1753,1
informações sobre administração de medicamentos por sondas enterais1237,5
informações sobre interação fármaco-nutriente, fármaco-fármaco e/ou fármaco-equipo1650,0
até o momento, não foi necessário solicitar alguma informação ao farmacêutico clínico39,4
informações sobre indicação e contraindicação de medicamentos1856,3
informações sobre adequação de forma farmacêutica928,1
informações sobre estoque de medicamentos e/ou materiais médico-hospitalares1134,4
sugestão de proposta farmacoterapêutica alternativa1134,4
informações sobre estabilidade do medicamento após reconstituição e/ou diluição1134,4
orientação em relação ao desmame de medicamentos825,0
orientação em relação a terapia sequencial (switch therapy)412,5

Tabela 4. Perspectivas dos participantes sobre a atuação do farmacêutico clínico e de suas ponderações nos rounds multiprofissionais

 Frequência absoluta (n)Frequência relativa (%)
Atuação do farmacêutico clínico
Muito relevante2578,1
Relevante721,9
Pouco relevante00,0
Não sei00,0
Ponderações do farmacêutico clínico
Importante3093,8
Pouco importante00,0
Não sei dizer26,3

Tabela 5. Ações desempenhadas pelo farmacêutico clínico que contribuem para o cuidado ao paciente crítico, segundo os participantes.

AçõesFrequência absoluta (n)Frequência relativa (%)
prevenção de erros de medicação2990,6
garantia da disponibilidade do medicamento em estoque2475,0
revisão da farmacoterapia prescrita3196,9
supervisão e orientação de medicamentos administrados por sondas enterais2475,0
prevenção e manejo de eventos adversos relacionados a medicamentos2887,5
cumprimento da administração do medicamento no horário correto1237,5
orientação de aprazamento, reconstituição e diluição apropriadas, bem como a estabilidade do fármaco após reconstituição/diluição2990,6
participação de discussão de caso com a equipe multidisciplinar3093,8
correta identificação dos medicamentos1753,1
sugestão de substituição de dispositivos invasivos e/ou troca por dispositivos menos invasivos, se pertinente1340,6

Gráfico 1. Contribuição do farmacêutico clínico para otimização de custos na UTI, segundo os participantes.

Gráfico 2. Nível de satisfação dos participantes com a atuação do farmacêutico clínico na UTI, sendo 5 “muito satisfeito”, 4 “satisfeito” e 3 “nem satisfeito, nem insatisfeito”.

Gráfico gerado a partir de pergunta em formato de escala linear, sendo “1 muito insatisfeito” e “5 muito satisfeito”.  Não houve respostas para “1 muito satisfeito”, nem “2 satisfeito”.

Gráfico 3. Tempo de permanência do farmacêutico clínico na UTI, segundo os participantes.

Quadro 1. Análise qualitativa da questão subjetiva apresentada no questionário “Farmacêutico clínico intensivista: uma perspectiva da equipe multiprofissional”

PerguntaIdeia central (n° de ocorrências)Expressões chave
Em poucas palavras, o que vem a sua mente quando se fala em “Farmacêutico clínico” no âmbito da terapia intensiva?Análise de medicamentos e/ou prescrição (15)“Analise de medicamentos”
“(…) proporciona uma análise mais específica dos medicamentos (…)” “Análise das prescrições” “Avaliação/adequação das prescrições de medicamentos” “Correção de doses, medicamentos e verificação de prescrição” “Profissional que analisa as medicações (…)” “Profissional responsável por averiguar e ajustar junto ao médico a melhor terapia medicamentosa (…)” “Um profissional que vai avaliar as prescrições (…)”
“(…) auxílio para orientar prescrição (…)” “Acompanhamento do paciente, da prescrição medicamentosa e sugestão de prescrição (…)” “Ajuste de dose (…)” “Propõe e indica medicações (…)” “Ajuste de medicação (…)” “Coordenação e orientação para as prescrições medicas (…)” “Intervenções farmacêuticas (…)”
Antimicrobianos (2)“Mudança de antibiótico” “Antibioticoterapia, acompanhamento de culturas de bacterias multirresistentes”
Atuação em equipe multiprofissional (4)“(…) atuação clínica integrada com equipe e próxima aos pacientes” “(…) interação multidisciplinar” “Um profissional que está inserido na equipe da UTI (…)” “(…) e faz acompanhamento junto a equipe (…)”
Interações medicamentosas (7)“Profissional que cuida das internações medicamentosas (…)” “(…) entre eles, a interação (…)”
“(…) controle de interações medicamentosas (…)”
“(…) evitando interações entre medicamentos (…)”
“(…). Conhecimento sobre (…) interações medicamentosas (…)” “(…) avaliação de interação medicamentosa (…)”
“Interação medicamentosa”
Segurança do paciente e no uso de medicamentos (3)“(…) vigilância medicamentosa” “Farmaceutico clínico: (…) menor chance de erros e menor risco ao paciente”
“(…) que garantam a segurança (…)”
“Segurança na prescrição aprazamento e administração de medicamentos”
Uso de medicamentos (3)“Ajuda nas condutas medicamentosas da uti”
“(…) dando suporte (…) quanto na administração dos medicamentos” “Profissional em maior competência em relação a como é quando usar medicamentos.”
Logística de medicamentos (1)“Análise de disponibilidade de medicamentos”

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1Programa de Residência Multiprofissional em Rede: Terapia Intensiva, Escola Superior de Ciências da Saúde, Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Brasília, 70710-907, Brasil. ORCID ID: https://orcid.org/0009-0004-1975-2461
2Hospital Regional da Asa Norte, Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Brasília, 70.710-905, Brasil. ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-8287-5243