EXPLORANDO A COMUNICAÇÃO SIMBÓLICA E AS ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS DE MILTON H.  ERICKSON: UMA ANÁLISE MULTINÍVEL DOS FUNDAMENTOS DA HIPNOTERAPIA ERICKSONIANA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8273587


Victor Lawrence Bernardes Santana¹ 


Resumo: Este artigo examina de forma aprofundada os fundamentos da hipnoterapia  ericksoniana, com um foco específico na comunicação simbólica e nas estratégias  terapêuticas empregadas por Milton H. Erickson. Através de uma abordagem de análise  multinível, a pesquisa investiga a interseção entre a comunicação, o simbolismo e a  terapia hipnótica, com base na vasta obra de Erickson. Utilizando uma metodologia que  incluiu a busca sistemática por fontes relevantes e a realização de análise de clusters, a  pesquisa explora como Erickson aplicou a comunicação indireta, o simbolismo e outras  técnicas para facilitar transformações terapêuticas profundas. Por meio dessa análise, a  pesquisa identifica construtos centrais que sustentam a prática da hipnoterapia  ericksoniana, incluindo a importância da comunicação no estado de transe, técnicas  fundamentais da hipnoterapia e abordagens de casos clínicos. Além disso, a pesquisa  examina como as estratégias de Erickson podem ser integradas às práticas  contemporâneas de psicoterapia. Este estudo oferece uma compreensão abrangente dos  princípios subjacentes à hipnoterapia ericksoniana, ressaltando a relevância das estratégias simbólicas na transformação terapêutica. 

Palavras-chave: Hipnoterapia ericksoniana; Comunicação simbólica; Terapia hipnótica; Milton H. Erickson; Análise multinível. 

O artigo em questão empreende uma investigação aprofundada da abordagem  terapêutica da hipnoterapia ericksoniana, com especial ênfase na interseção entre  comunicação simbólica e processos terapêuticos. A pesquisa explora a rica contribuição  de Milton H. Erickson para o campo da psicologia clínica, buscando examinar as nuances  da comunicação indireta, simbólica e multissensorial característica da abordagem pioneira  do terapeuta. Através de uma análise multinível, a pesquisa conduziu uma busca  sistemática por trabalhos de Erickson que discutem comunicação, simbolismo e outros  aspectos centrais da hipnoterapia. Os resultados obtidos fornecem uma visão detalhada  da abordagem terapêutica de Erickson, destacando a importância da comunicação  simbólica e explorando a aplicação prática desses princípios na hipnoterapia.  Adicionalmente, por meio de análise de clusters, as inter-relações e padrões emergentes  dos conceitos abordados são minuciosamente examinados, oferecendo uma compreensão  mais profunda das complexas interações entre os elementos fundamentais da hipnoterapia  ericksoniana. Essa abordagem metodológica promove insights de valor tanto para  profissionais atuantes no campo quanto para pesquisadores e estudantes interessados em  compreender integralmente e aplicar clinicamente a hipnoterapia ericksoniana. 

O conceito de comunicação abrange a compreensão de que cada ato comunicativo  é composto por múltiplos elementos, formando uma totalidade ou gestalt. Os principais  componentes incluem comportamento específico, sentimento associado e pensamento  subjacente, manifestados através de palavras e não verbais. O contexto é um dos  elementos adicionais, estabelecendo a unicidade e irrepetibilidade de cada comunicação  em um momento e local específicos. Ademais, toda comunicação contém uma mensagem  sobre a relação entre os comunicadores, podendo ser complementar ou simétrica,  indicando posições hierárquicas distintas ou igualdade entre as partes. Outro fator  complexificador é a atitude de cada indivíduo em relação à comunicação original,  expressa simultaneamente com o comportamento, sentimento e pensamento iniciais,  podendo ser positiva, negativa ou neutra em relação aos elementos principais. Além disso,  aspectos qualitativos como duração e intensidade variam de acordo com a forma da  transmissão da mensagem. A comunicação é intrinsecamente ambígua, nunca totalmente  especificada, sendo a utilização de símbolos responsável por essa ambiguidade, visto que  representam conceitos e objetos com múltiplos significados possíveis. Compreender a  interdependência desses elementos é fundamental para uma análise aprofundada e  abrangente dos processos comunicativos e suas implicações nas interações humanas  (Erickson & Zeig, 1977). Na figura abaixo é demonstrado os níveis da comunicação de  acordo com Erickson & Zeig (1977): 

As abordagens tradicionais da psicologia frequentemente concentram-se em aspectos específicos da comunicação, excluindo outros elementos. Por exemplo, a terapia comportamental enfatiza a modificação do comportamento, enquanto a terapia rogeriana e gestalt se concentram nas emoções e expressões emocionais. A escola analítica prioriza o pensamento e conteúdo cognitivo, enquanto a psicoterapia kaiseriana e a terapia
experiencial de Carl Whitaker dão ênfase à dimensão relacional entre terapeuta e paciente.
Na prática psicoterapêutica, há uma tendência em ajudar o paciente a compreender os significados subjacentes ou simbólicos de suas palavras. Na análise transacional, o terapeuta interpreta os reais significados em termos do roteiro de vida ou padrões comportamentais do paciente, enquanto na terapia gestalt, enfatiza-se a análise dos gestalt inacabados, ou seja, aspectos emocionais não resolvidos (Erickson & Zeig, 1977).
Erickson lidou bastante com os aspectos da qualidade e ambiguidade da comunicação a partir do uso da comunicação em múltiplos níveis e da comunicação indireta. Utilizando uma comunicação indireta ele permitia uma exploração interna nos pacientes, conhecida como “busca transderivativa”. Reconhecendo que os pacientes frequentemente expressavam uma coisa, enquanto implicavam muitas outras, Erickson defendia que os terapeutas utilizassem comunicações em vários níveis para alcançar impacto direcionado a algo terapeutico. Diferente das abordagens convencionais, concretas, racionais e lógicas, ele percebia que os problemas dos pacientes não eram puramente racionais ou lógicos, o que tornaria uma linguagem racional e lógica inadequada para a intervenção. A comunicação terapêutica de Erickson era baseada em símbolos, especialmente símbolos direcionados a algo terapêutico (Erickson & Zeig, 1977).
Em contraste com Jung, que utilizava símbolos para explorar o inconsciente do paciente e seus sonhos, o objetivo principal de Erickson era promover mudanças efetivas ao invés de simplesmente buscar compreensão. Ele usava símbolos e comunicação indireta para criar interações em múltiplos níveis que pudessem guiar o paciente terapeuticamente. Os pacientes poderiam enfocar diferentes níveis de comunicação ao descrever seus sintomas, como comportamento ou sentimentos, tais níveis seria onde haveria mais resistência a mudança. Assim o princípio ericksoniano de intervenção seria “periférico” iniciando mudanças em outros níveis do sintoma, por exemplo na atitude, qualidade, ambiguidade ou simbólico, que seriam menos resistentes, o que causava um efeito cascata em todo o sistema de comunicação (Erickson & Zeig, 1977).

É importante destacar que todas as escolas de psicoterapia apresentam resultados positivos, uma vez que a comunicação engloba inerentemente todos os elementos e opera como um sistema integrado e interativo. Os símbolos desempenharam um papel fundamental na hipnoterapia e na psicoterapia, pois as pessoas naturalmente respondem a eles sem muita resistência. Erickson efetivamente diluiu as fronteiras entre pré-indução, indução, aprofundamento, intervenção e término do transe, engajando-se em terapia contínua ao longo de todo o processo. A manipulação de símbolos durante a fase da indução da hipnose permitia ao psicoterapeuta criar paralelos com os problemas do paciente e sugerir novas soluções enquanto o paciente estava menos resistente a intervenção (Erickson & Zeig, 1977).
O uso de símbolos por Erickson estendia-se além da hipnose, sendo incorporado a técnicas naturalistas de psicoterapia. Os símbolos serviam como uma forma de desviar sentimentos negativos e diagnosticar questões não expressas. Além disso, eles ajudavam os pacientes a reconhecer a si mesmos por meio de representações simbólicas, tornando a experiência terapêutica memorável e impactante. Erickson utilizava os símbolos para fortalecer o ego do paciente e transmitir mensagens ou temas mais profundos, como por exemplo, na indução do “aprender a ficar de pé”, que trás o tema do aprendizado gradual e o papel dos erros no processo de aprendizagem. Ao habilmente entrelaçar símbolos, Erickson rompia as barreiras entre a hipnose e a psicoterapia, guiando associações para promover mudanças simbólicas na comunicação e personalidade dos pacientes, resultando em transformações em todo o sistema (Erickson & Zeig, 1977).
A comunicação hipnótica, utilizada por Erickson é caracterizada por uma abordagem sutil e eficaz que busca acessar os processos inconscientes na mente do paciente. Por meio de sugestões indiretas, como histórias, metáforas, paradoxos e ambiguidades, o terapeuta ativa processos mentais autônomos e inconscientes, visando influenciar comportamentos, crenças e percepções de forma discreta (Erickson, Rossi, & Rossi, 1976). Ele considerava a hipnose como uma forma valiosa de acessar experiências e fenômenos mentais que são difíceis de serem explorados durante um estado de vigília (Erickson M. H., 1980; Erickson M. H., 1943). Ela é técnica terapêutica valiosa na busca por mudanças significativas e eficazes (Rossi, 1973). As sugestões simbólicas, muitas vezes apresentadas por meio de narrativas metafóricas, têm o propósito de contornar as resistências conscientes do indivíduo, tornando-o mais receptivo às intervenções terapêuticas. Essa abordagem não apenas aumenta a eficácia das sugestões, mas também proporciona a exploração de diversas possibilidades de resposta hipnótica por parte do paciente (Erickson, Rossi, & Rossi, Hypnotic realities: The induction of clinical hypnosis and forms of indirect suggestion, 1976). Através desse cuidadoso uso de linguagem e símbolos, Erickson estabeleceu uma conexão empática com o paciente, permitindo que ele alcance um estado de confiança e conexão conhecido como “rapport”. Nesse estado, o paciente responde preferencialmente ao hipnoterapeuta, tendendo a direcionar toda a sua atenção e consciência para as sugestões feitas durante a comunicação hipnótica (Erickson M. H., 1943).
Erickson utilizava sugestões indiretas, que possibilitavam os pacientes a encontrar soluções para seus problemas de forma autônoma. Elas devem ser cuidadosamente elaboradas para instigar os pacientes a realizar algo por si mesmos (Erickson M. H., 1954). Ele empregava uma abordagem simbólica que encorajava o paciente a se tornar mais confiante e autônomo em relação ao seu próprio processo terapêutico (Erickson M. H., 1973). Por exemplo, ao atender um casal com queixa de enurese noturna Erickson encorajou o casal a intencionalmente molhar a cama todas as noites por duas semanas, aproveitando-se do poder da sugestão hipnótica indireta para estimular o inconsciente a assumir a responsabilidade por seu próprio comportamento (Erickson M. H., 1954). Ela permite ao paciente explorar questões emocionais, medos e ansiedades de forma mais profunda. Estabelecendo uma relação terapêutica intensa entre psicoterapeuta e paciente, o que resulta em mudanças psicossomáticas significativas e redirecionamento construtivo de padrões de ajuste à vida (Erickson M. H., 1943). Essa abordagem peculiar e cuidadosamente planejada permitiu que o casal enfrentasse a situação conjuntamente, promovendo uma maior compreensão de sua enurese noturna e culminando em uma resolução positiva e duradoura do problema (Erickson M. H., 1954). A aplicação da hipnose oferece aos pacientes uma oportunidade ímpar para o desenvolvimento de insights e uma reeducação positiva, promovendo um ajuste mais saudável à vida e uma integração harmoniosa da personalidade (Erickson M. H., 1943).
Ao envolver os pacientes na terapia através do uso de sugestões indiretas, Erickson incentivou-os a assumir responsabilidade por seu próprio comportamento e a se comprometerem com o tratamento proposto. As sugestões e instruções não foram impostas de forma direta e autoritária, mas sim apresentadas de maneira a despertar o interesse e a cooperação dos pacientes. Essa abordagem permitiu que os pacientes participassem ativamente do processo terapêutico, tomando decisões e ações conscientes, embora com base em sugestões hipnóticas indiretas. (Erickson M. H., 1954). Nesse contexto, a comunicação hipnótica, marcada pelas sugestões indiretas, como histórias, metáforas e paradoxos, assume um papel relevante ao acessar processos mentais inconscientes, possibilitando uma comunicação mais profunda e impactante no contexto terapêutico. As sugestões indiretas, de forma não literal e ambígua, permitem ao terapeuta contornar as resistências conscientes do paciente e alcançar seu inconsciente. Essa abordagem criativa estabelece uma conexão simbólica entre o terapeuta e o paciente, evocando imagens e significados profundos na mente do indivíduo. Através do uso de histórias e metáforas, o terapeuta cria uma ponte de compreensão, levando o paciente a explorar suas questões internas de maneira única e pessoal (Erickson, Rossi, & Rossi, Hypnotic realities: The induction of clinical hypnosis and forms of indirect suggestion, 1976).
As sugestões indiretas, além de acessarem processos mentais inconscientes, têm o poder de evocar memórias, emoções e associações que podem ser aproveitadas para promover mudanças terapêuticas profundas. Ao utilizar símbolos relevantes, o terapeuta pode conduzir o paciente a explorar suas questões internas de forma mais significativa, criando um espaço seguro e empático para a transformação pessoal. A comunicação não verbal desempenha um papel crucial nesse contexto, permitindo uma conexão mais profunda e transcendendo as limitações da linguagem literal (Erickson, Rossi, & Rossi, 1976).
Erickson habilmente empregou a comunicação indireta e simbólica para transmitir sugestões e orientações ao paciente, influenciando positivamente suas crenças e percepções. Ao induzir um transe leve e destacar sua importância para a consciência e o inconsciente do paciente, o terapeuta cria um contexto simbólico propício à reorganização de percepções e comportamentos. A utilização estratégica de sugestões pós-hipnóticas
também é notável, permitindo que o paciente continue respondendo positivamente ao tratamento mesmo após sair do estado hipnótico (Erickson M. H., 1973).
Outra característica da abordagem indireta de Erickson foi sua habilidade em acrescentar algo novo à situação terapêutica, fascinando o paciente ao relacionar-se com suas motivações centrais. Ao aceitar a realidade imediata do paciente e suas referências, o terapeuta estabelece uma forte aliança com diversos aspectos e níveis dentro do indivíduo, criando uma terapia altamente personalizada e adaptada à individualidade de cada paciente (Erickson & Rossi, 1975). A habilidade de Erickson em ler e interpretar a linguagem corporal dos pacientes permitiu que ele identificasse sinais de desconforto, ansiedade ou resistência, possibilitando ajustar suas abordagens de acordo com as necessidades individuais de cada pessoa, maximizando a eficácia da hipnoterapia breve (Erickson M. H., 1954).
Outra forma indireta de se comunicar que Erickson utilizava eram as metáforas.
Ele empregava símbolos e metáforas para criar comunicações indiretas que acessavam o inconsciente do paciente de maneira profunda e transformadora. Essa abordagem simbólica facilita o processamento de informações e conceitos de forma mais aberta e receptiva, possibilitando a reestruturação cognitiva e emocional que favorece a resolução de questões específicas (Erickson, 1973).
As metáforas e paradoxos são ferramentas poderosas na comunicação hipnótica, permitindo que o terapeuta se expresse de forma simbólica e evocativa. Essas metáforas criativas e cuidadosamente elaboradas atuam como pontes para a compreensão dos problemas do paciente e suas possíveis soluções, ampliando a percepção do indivíduo sobre si mesmo e suas experiências. Ao contornar as resistências conscientes, as metáforas alcançam camadas mais profundas da mente, acessando o potencial terapêutico do inconsciente. Ao utilizar metáforas e símbolos, o terapeuta estabelece uma conexão simbólica com o paciente, promovendo uma comunicação mais profunda e significativa.
Através dessas narrativas simbólicas, o terapeuta pode desencadear insights e compreensões emocionais que ressoam no inconsciente do paciente. Essa abordagem criativa e simbólica permite que o paciente explore suas questões internas de maneira única e pessoal, favorecendo a transformação e o crescimento. Assim, as metáforas na hipnose clínica desempenham um papel relevante ao proporcionar uma forma sutil e eficaz de comunicação com o paciente, permitindo a exploração de seu mundo interno e facilitando o processo de mudança e crescimento terapêutico (Erickson, Rossi, & Rossi, Hypnotic realities: The induction of clinical hypnosis and forms of indirect suggestion, 1976). A aplicação terapêutica da hipnose demonstra sua potência como uma forma de
comunicação simbólica, em que o uso de símbolos e metáforas facilita o acesso ao inconsciente do paciente e promove mudanças significativas em suas experiências e percepções (Erickson M. H., 1980). A utilização de símbolos e metáforas a partir dos princípios ericksonianos é uma abordagem valiosa e efetiva para influenciar positivamente a mente inconsciente do paciente, promovendo mudanças comportamentais e emocionais significativas (Erickson M. H., 1973).
O duplo vínculo foi outra ferramenta indireta que Erickson utilizava. Se trata de um conceito psicológico que descreve uma situação na qual uma pessoa recebe duas mensagens contraditórias ou opostas. Tradicionalmente essa contradição pode gerar uma sensação de confusão e impotência na pessoa, porém Erickson utilizava como uma estratégia singular no contexto da terapia. Promovendo mudanças comportamentais positivas e escolhas ao paciente que estimulam a reflexão e a tomada de decisões autônomas. Essa técnica permite que o paciente exerça seu livre arbítrio, fomentando um senso de controle pessoal e autonomia, essenciais para a motivação em buscar mudanças comportamentais. O terapeuta desempenha um papel fundamental como guia sensível e compreensivo, garantindo que o paciente se sinta apoiado e respeitado em suas escolhas.
Dessa forma, ao promover a autorreflexão do paciente por meio das escolhas cuidadosamente planejadas, o duplo vínculo proporciona um ambiente terapêutico propício para a descoberta de novas perspectivas e soluções para os desafios pessoais enfrentados. Essa abordagem hábil e reflexiva favorece o processo de transformação e crescimento terapêutico, capacitando o paciente a romper conflitos estagnados e desenvolver uma maior flexibilidade em sua jornada de autoconhecimento e cura (Erickson & Rossi, 1975).
Por meio da comunicação simbólica, a hipnose se torna uma ferramenta poderosa para influenciar comportamentos, crenças e percepções dos pacientes. Ao utilizar símbolos e metáforas cuidadosamente elaborados, o terapeuta pode acessar o inconsciente do indivíduo e permitir a ab-reação de eventos passados, possibilitando o acesso a conteúdos que foram reprimidos na mente inconsciente. Essa abordagem terapêutica singular pode auxiliar na resolução de conflitos internos e na transformação de padrões comportamentais disfuncionais, promovendo um processo de cura e autoconhecimento (Erickson M. H., 1980).
A compreensão dos elementos simbólicos na comunicação hipnótica é fundamental para a eficácia terapêutica da hipnose clínica. Erickson demonstrou habilmente o emprego de símbolos relevantes e significativos para cada paciente, utilizando-os como atalhos para o inconsciente, ativando memórias, emoções e associações específicas que promovem mudanças terapêuticas profundas. Essa abordagem também permite uma comunicação não verbal que transcende as limitações da linguagem racional, estabelecendo um espaço seguro e empático para a exploração e transformação pessoal do paciente (Erickson, Rossi, & Rossi, 1976) (Erickson M. H., 1973) .
Ao criar um estado especial de consciência no paciente por meio da hipnose, o terapeuta proporciona a oportunidade de acessar recursos internos e reorganizar experiências de maneira construtiva. Esse processo terapêutico propicia momentos criativos e choques psicológicos que se mostram fundamentais para a transformação e a cura. Eles atuam como catalisadores para a mudança terapêutica e são fundamentais na abordagem de Erickson. Esses eventos disruptivos têm o poder de romper os padrões habituais de associação do paciente, criando uma lacuna na percepção e uma experiência de “vazio” na consciência. Esses momentos de ruptura são de extrema importância, pois proporcionam uma oportunidade única para o paciente reorganizar suas estruturas psicológicas de forma construtiva. Erickson habilmente utilizou tais choques como mecanismos para que o paciente encontre suas próprias soluções e insights, o que fomenta um processo terapêutico mais efetivo e autônomo, permitindo uma mudança profunda e duradoura no indivíduo. Ao introduzir intervenções terapêuticas que provocam essas rupturas, o terapeuta cria um espaço para a ressignificação das experiências do paciente e a construção de novos caminhos de adaptação, impulsionando o processo de mudança e crescimento terapêutico de maneira poderosa e transformadora (Rossi, 1973).
A compreensão dos momentos criativos na terapia emerge como um elemento essencial, visto que esses momentos oferecem uma oportunidade única para a interrupção dos padrões de pensamento e comportamento estagnados, possibilitando o surgimento de novas ideias e soluções. Sob a abordagem de Erickson, a hipnoterapia se revela como uma ferramenta eficaz para facilitar esses momentos de “quebra”, criando um estado de consciência especial que permite ao paciente reorganizar suas experiências passadas de
forma mais saudável. Durante esses momentos de abertura, o paciente pode experimentar uma reorganização psicológica, abrindo caminho para novas possibilidades e mudanças transformadoras. Através da exploração cuidadosa desses momentos criativos, o terapeuta pode conduzir o paciente em uma jornada de autodescoberta e crescimento, promovendo uma terapia altamente personalizada e adaptada às necessidades individuais de cada indivíduo. A valorização dos momentos criativos na terapia torna-se, assim, uma abordagem valiosa para a busca de soluções inovadoras e positivas nos processos de cura e transformação pessoal (Rossi, 1973).
A abordagem terapêutica de Erickson utiliza-se de fenômenos hipnóticos para acessar o inconsciente do paciente e promover mudanças terapêuticas profundas (Erickson M. H., 1973). Através da indução do transe, o paciente alcança um estado mental mais receptivo, permitindo ao terapeuta inserir sugestões e ideias que ressoam profundamente no âmago do inconsciente, favorecendo a introspecção e a transformação de padrões negativos. Além disso, Erickson enfatiza a importância da comunicação específica para cada indivíduo, utilizando linguagem corporal, gestos e expressões faciais para estabelecer uma conexão empática e criar um ambiente de confiança (Erickson M. H., 1973). Essa forma de terapia revela-se poderosa ao permitir o acesso direto ao inconsciente do paciente, proporcionando uma compreensão mais abrangente das questões emocionais e comportamentais do indivíduo. A utilização da percepção através da sugestão hipnótica também é uma ferramenta essencial para a indução do estado de transe e para a exploração dos impactos da sugestão em diversas dimensões do comportamento e da experiência humana (Erickson M. H., 1944). Esses mecanismos hipnóticos criam um espaço terapêutico propício para a ressignificação das experiências do paciente e a construção de novos caminhos de adaptação, impulsionando o processo de mudança e crescimento terapêutico de maneira poderosa e transformadora (Erickson M. H., 1973).
O transe apresenta fenômenos hipnóticos característicos que fornecem oportunidades valiosas para compreender a mente humana e suas interações com o corpo (Erickson,1943). Eles surgem como respostas às sugestões hipnóticas ou terapêuticas, inseridas no contexto hipnótico. Esses fenômenos abrangem uma variedade de experiências, incluindo alucinações, anestesia, analgesia, catalepsia, comportamento ideomotor, ideosensorial, automático, capacidade para responder às sugestões após o transe (sugestão pós hipnótica), distorção do tempo, amnésia, hipermnésia, regressão de idade e escrita automática. Vale ressaltar que esses fenômenos podem emergir espontaneamente durante a sessão ou ser induzidos pelo terapeuta, representando ferramentas úteis na modelagem de sintomas. Por exemplo, é possível utilizar a técnica de “movimento da fobia” através do corpo ou para fora do indivíduo, aproveitando a alteração perceptual do transe para atingir esse propósito. Esse procedimento revela um efeito duplo, pois demonstra a transformação do sintoma e carrega um simbolismo psicológico, sinalizando que o desconforto anteriormente presente no indivíduo já não persiste. Como resultado, a comunicação hipnótica apresenta-se como uma ferramenta para construir um caminho de mudança (Erickson & Zeig, 1977; Erickson & Zeig, 1963; Erickson & Zeig, 2020; Erickson & Zeig, 2020)
As alterações sensoriais durante a hipnose, como cegueira e surdez temporárias, são relevantes para direcionar a atenção do paciente para implicações psicossomáticas que podem ser abordadas na terapia (Erickson M. H., 1943). Além disso, a sugestão pós-hipnótica estende o impacto terapêutico além do transe, facilitando a internalização de recursos e habilidades para a superação do problema (Erickson M. H., 1973). A utilização
dessas sugestões hipnóticas permite ao terapeuta criar respostas comportamentais e emocionais diversas no sujeito, proporcionando uma compreensão mais abrangente dos processos mentais e emocionais. Essa abordagem terapêutica dinâmica e potencialmente transformadora da hipnose clínica revela-se promissora no tratamento de distúrbios psicossomáticos, comportamentais e de personalidade, oferecendo novas perspectivas
para a prática clínica e o avanço do conhecimento sobre a mente humana (Erickson M. H., 1944).
Entre os fenômenos hipnóticos, destaca-se a “catalepsia”, que ilustra vividamente a relevância psicossomática da hipnose. Esse estado peculiar de tônus muscular pode assemelhar-se a manifestações observadas em pacientes catatônicos e permite que o sujeito mantenha posições físicas incomuns sugeridas pelo hipnotista, exibindo uma redução das reações normais de fadiga muscular (Erickson M. H., 1943). Através da compreensão e aplicação dos fenômenos hipnóticos, de acordo com os princípios ericksonianos, a hipnose clínica apresenta-se como uma estratégia terapêutica eficaz para abordar questões psicológicas, oferecendo uma abordagem terapêutica dinâmica e potencialmente transformadora (Erickson M. H., 1973).
A amnésia hipnótica é um fenômeno hipnótico importante de ser compreendido devido seus mecanismos subjacentes e possíveis formas de aplicação no tratamento. A hipnose se mostra como uma abordagem terapêutica eficaz para lidar com a amnésia, revelando sua natureza “state-bound”, ou seja, a amnésia está intrinsecamente ligada ao estado alterado de consciência induzido pelo transe hipnótico. Esse achado tem implicações significativas, pois sugere que a amnésia está associada ao estado específico criado durante a hipnose, abrindo caminhos para um maior entendimento dos fenômenos amnésticos específicos e para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais eficazes (Erickson M. H., 1933). Além disso, a sugestão hipnótica pode influenciar a memória do sujeito, permitindo a evocação de lembranças passadas e re-experiências de eventos traumáticos ou significativos. Esse aspecto oferece oportunidades únicas para a análise de processos mentais e emocionais, possibilitando uma compreensão mais profunda da mente humana e de como ela responde e se adapta a diferentes sugestões e estímulos (Erickson M. H., 1944).
Através da técnica da escrita automática, Erickson conseguiu explorar o inconsciente de pacientes, revelando aspectos ocultos e profundos da mente humana que influenciam as ações e respostas de um indivíduo. Ao acessar esse conteúdo latente, Erickson destacou a relevância da dualidade do significado consciente e inconsciente, ressaltando como ambas as esferas coexistem e interagem para moldar as percepções e comportamentos do ser humano. Os resultados dessa investigação pioneira oferecem uma perspectiva intrigante sobre a complexidade da mente humana, cujas respostas conscientes podem ser influenciadas por pensamentos e impulsos não percebidos à primeira vista. Essa descoberta revela a importância de compreender e explorar os processos mentais subliminares, abrindo caminho para novas abordagens experimentais e terapêuticas que explorem a comunicação com o inconsciente como um meio de abordar questões psicológicas complexas. Ao desvendar os segredos ocultos da mente através da escrita automática, abre-se uma porta para um maior entendimento do funcionamento da mente humana e como os processos inconscientes podem influenciar nossas percepções, decisões e comportamentos de maneiras profundas e muitas vezes inesperadas (Erickson M. H., 1937).
Os níveis de comunicação explorados por Erickson & Zeig (1977) destacam a importância de abordar todos os elementos presentes em um ato comunicativo para uma análise abrangente. Diferenciando-se das abordagens convencionais que se concentram em aspectos específicos, Erickson explorou múltiplos níveis de interação, utilizando comunicação indireta para compreender as camadas de significado por trás das palavras.
Reconhecendo que problemas não eram puramente racionais, ele empregou símbolos terapeuticamente, permitindo mudanças efetivas em vários níveis. Além disso, Erickson viu símbolos como pontes para problemas e soluções, tanto na hipnose quanto na psicoterapia. Essa abordagem simbólica atravessou barreiras, promovendo mudanças na personalidade do paciente e revelando-se uma estratégia valiosa para a compreensão e transformação dos processos comunicativos e suas implicações nas interações humanas
(Erickson & Zeig, 1977).
A partir dessas perspectivas, podemos considerar que a hipnose se torna uma valiosa ferramenta terapêutica, possibilitando a resolução de conflitos internos, a transformação de padrões disfuncionais e a promoção do autoconhecimento e cura. O transe hipnótico evidencia a complexidade dos processos psicológicos subjacentes ao fenômeno investigado, ressaltando a relevância de abordagens simbólicas na terapia e sua influência na dinâmica afetiva dos pacientes. Assim, a comunicação com o inconsciente, seja por meio da hipnose ou da escrita automática, apresenta-se como um caminho promissor para aprofundar a compreensão dos processos mentais e expandir as possibilidades terapêuticas, permitindo uma abordagem mais abrangente e transformadora no tratamento de questões psicológicas complexas (Erickson M. H.,1935).

A presente pesquisa se propõe não apenas a estabelecer uma base teórica sólida para a compreensão da hipnose clínica Ericksoniana e suas aplicações terapêuticas, mas também a aprofundar a análise das intrincadas inter-relações entre os conceitos explorados. Para esse fim, conduziu-se uma análise minuciosa empregando a técnica de clusters por meio do software VOSviewer. A singularidade dessa abordagem, a ser detalhadamente apresentada a seguir, reside em sua imparcialidade e rigor, uma vez que os constructos emergentes são definidos através de uma estrutura matemática objetiva.
Essa metodologia proporciona uma visualização clara e perspicaz das relações entre os termos-chave abordados na fundamentação teórica. Mediante essa análise, almeja-se enriquecer a compreensão global e aprofundada dos tópicos abordados, identificando conexões sutis e interações que podem ampliar as perspectivas teóricas e práticas delineadas neste artigo. Além de enriquecer o embasamento teórico, essa análise contribui
para uma investigação minuciosa e holística da complexidade subjacente à hipnose clínica Ericksoniana, sendo um recurso de valor tanto para profissionais da área como para pesquisadores e estudantes que buscam uma apreciação estruturada desses conceitos.
Essa análise converge diretamente com a essência da revisão sistemática da literatura, enriquecendo a interpretação e a compreensão das descobertas realizadas. Ao incorporar a análise de clusters como um desdobramento da estrutura teórica, otimizamos a capacidade deste estudo de proporcionar perspectivas sólidas e fundamentadas, contribuindo para o progresso contínuo do campo da hipnose clínica Ericksoniana e da psicologia clínica em seu conjunto.

A figura resultante da análise de clusterização revela a estrutura subjacente dos agrupamentos identificados no conjunto de dados relacionados à hipnose clínica ericksoniana. Através da visualização dos clusters, é possível discernir padrões e associações entre os termos presentes nos diferentes agrupamentos. A análise geral dos
resultados sugere uma diversidade de temas e conceitos que são centrais para a prática da hipnose clínica, abrangendo desde a importância da comunicação durante o estado de transe até as técnicas fundamentais da hipnoterapia, como indução e sugestões indiretas.
Além disso, a figura ressalta a aplicação prática da hipnose em contextos clínicos, evidenciada pelos agrupamentos relacionados a casos clínicos, abordagem terapêutica e resolução de problemas específicos enfrentados pelos pacientes. A presença de agrupamentos com termos como “palavra” e “realizar” também sinaliza a relevância da linguagem e da transformação pessoal induzida pela terapia hipnótica. Essa análise visual
proporciona uma visão holística das áreas de enfoque na hipnose clínica ericksoniana, fornecendo uma base para investigações mais aprofundadas e contribuindo para o desenvolvimento contínuo da teoria e prática nesse campo.
A análise dos clusters revela a emergência de constructos que sustentam as bases da hipnose clínica ericksoniana e suas implicações teóricas. O primeiro Cluster, em vermelho, sugere o constructo “Capacidade e Importância da Comunicação no Estado de Transe”. Ele focaliza a interseção entre a “capacidade” do indivíduo, a “comunicação” estabelecida durante o “estado de transe” e a presença de “experimental neurosis”. Esse constructo sugere que a capacidade do sujeito de se comunicar durante o estado alterado de consciência é um fator crucial para a eficácia da hipnose clínica. A presença do termo “experimental neurosis” ressalta a importância de investigações experimentais que exploram as nuances da comunicação durante o transe, oferecendo um vislumbre das possíveis implicações terapêuticas dessa relação.
O segundo cluster, em verde, sugere o constructo “Técnicas e Conceitos Fundamentais da Hipnoterapia”. Com termos como “clinical hypnosis”, “hipnoterapia”, “induction”, “milton h erikson” e “Sugestões indireta”, este constructo enfatiza a importância das “técnicas” empregadas na indução do estado hipnótico e os “conceitos fundamentais” subjacentes à abordagem terapêutica. A inclusão proeminente de “Milton H. Erickson”, uma figura pioneira no uso clínico da hipnose, sugere uma influência profunda na orientação prática dessas técnicas. As implicações teóricas desse constructo destacam a riqueza de abordagens e estratégias que moldam a hipnoterapia moderna.

O terceiro cluster, em azul, sugere o constructo “Abordagem de Casos Clínicos e Problemas do Paciente”. Englobando termos como “abordagem”, “casos clínicos”, “indução”, “paciente” e “problema”, este constructo enfoca a aplicação da hipnose clínica em cenários de prática. Ele realça a adaptação da técnica às necessidades individuais do “paciente” e à resolução de problemas específicos. O foco nos “casos clínicos” sublinha a aplicabilidade da hipnose em contextos terapêuticos variados, reforçando a importância da individualização da abordagem.
Finalmente, o quarto cluster, em amarelo, sugere o constructo “Significado da Palavra e Processo de Realização”. Composto por apenas dois termos, “palavra” e “realizar”, esse constructo aponta para a significância da linguagem na indução de processos cognitivos que culminam em “realizações” desejadas. Apesar da concisão, esse constructo aponta para a profundidade da relação entre linguagem e transformação terapêutica, sugerindo um papel crucial da comunicação verbal no processo hipnótico.
Esses constructos emergentes fornecem uma estrutura conceitual para compreender os principais temas subjacentes à hipnose clínica ericksoniana e lançam luz sobre as implicações teóricas e práticas desses achados.

Conclusão
A hipnose clínica Ericksoniana emerge como uma abordagem terapêutica profundamente simbólica e transformadora, redefinindo a maneira como entendemos e intervimos nos processos mentais e emocionais dos pacientes. Milton H. Erickson, com sua visão inovadora e criativa, ampliou os horizontes da terapia ao reconhecer que a linguagem e a comunicação são portais para o inconsciente, onde as sementes da cura e do autoconhecimento são semeadas (Erickson & Zeig, 1977; Erickson, Rossi & Rossi, 1976; Erickson, Rossi & Rossi, 1979).
Ao explorar a comunicação em múltiplos níveis, Erickson transcendia as limitações das abordagens convencionais da psicologia. Ele compreendia que a mente humana opera em camadas, onde a comunicação direta muitas vezes não consegue penetrar. Suas estratégias terapêuticas, como a técnica do “duplo vínculo”, permitiam-lhe catalisar mudanças profundas nos pacientes, desafiando padrões rígidos e criando novas vias de autodescoberta e transformação (Erickson & Rossi, 1976; Erickson & Rossi, 1979).
O uso magistral de símbolos e metáforas na comunicação hipnótica de Erickson é uma das características marcantes de sua abordagem. Ele reconhecia que os símbolos têm um impacto direto no inconsciente, ativando memórias e emoções que muitas vezes estão fora do alcance da mente consciente. Essa abordagem simbólica permitia-lhe promover a ressignificação de experiências passadas, a transformação de padrões comportamentais disfuncionais e a cura emocional profunda (Erickson & Zeig, 1977).
A análise dos clusters ofereceu uma visão aprofundada dos temas centrais na hipnose clínica ericksoniana. O “Cluster da Comunicação no Estado de Transe” ressaltou a importância crucial da comunicação durante o transe hipnótico e sua influência na eficácia terapêutica. O “Cluster das Técnicas Fundamentais da Hipnoterapia” destacou a diversidade e riqueza das estratégias utilizadas na indução do transe e na abordagem
terapêutica. O “Cluster da Abordagem de Casos Clínicos e Problemas do Paciente” enfatizou a aplicabilidade prática da hipnose clínica em contextos terapêuticos variados, evidenciando a individualização da abordagem. Por fim, o “Cluster do Significado da Palavra e Processo de Realização” lançou luz sobre a relação profunda entre linguagem e transformação terapêutica, sublinhando a importância das palavras como veículos de mudança.
Embora esta pesquisa tenha proporcionado uma análise abrangente e aprofundada da abordagem terapêutica da hipnoterapia ericksoniana, algumas limitações devem ser reconhecidas. A pesquisa concentrou-se principalmente nas obras e conceitos desenvolvidos por Milton H. Erickson, o que pode resultar em uma representação parcial das contribuições contemporâneas e variações da hipnoterapia ericksoniana. Além disso,
a análise de cluster, embora tenha revelado padrões relevantes, também pode ter limitações inerentes à técnica e ao conjunto de dados. No entanto, essa pesquisa oferece um ponto de partida sólido para futuras investigações. Sugerimos investigar a aplicação prática da hipnoterapia ericksoniana em contextos clínicos específicos, avaliando seus resultados e eficácia em comparação com outras abordagens terapêuticas. Além disso, uma análise longitudinal dos efeitos da hipnoterapia ericksoniana em pacientes com diferentes diagnósticos pode oferecer insights valiosos sobre a efetividade a longo prazo da abordagem. Também seria proveitoso explorar a integração de tecnologias modernas, como a análise de big data e aprendizado de máquina, para uma análise mais abrangente das inter-relações complexas entre os elementos da hipnoterapia ericksoniana. Essas investigações futuras podem ampliar nosso entendimento e aprimorar a aplicação clínica
dessa abordagem terapêutica única.
Em resumo, a hipnose clínica Ericksoniana transcende as fronteiras da terapia tradicional, introduzindo abordagens inovadoras e estratégias simbólicas profundas.

Através da exploração do inconsciente, do uso criativo de símbolos e da comunicação em múltiplos níveis, esta abordagem se revela como uma jornada de autodescoberta e cura emocional. Erickson deixou um legado duradouro que continua a influenciar a prática clínica e a compreensão dos processos mentais e emocionais humanos.

Referências
Erickson, M. H. (1933). The investigation of a specific amnesia. British Journal of Medical Psychology, 2, pp. 143-150.

Erickson, M. H. (1935). A study of an experimental neurosis hypnotically induced in a case of ejaculatio praecox. British Journal of Medical Psychology, 1, pp. 34-50.

Erickson, M. H. (1937). The experimental demonstration of unconscious mentation by automatic writing. The Psychoanalytic Quarterly, 4, pp. 513-529.

Erickson, M. H. (1943). Hypnotic investigation of psychosomatic phenomena: Psychosomatic interrelations studied by experimental hypnosis. Psychosomatic Medicine, p. Psychosomatic Medicine.

Erickson, M. H. (1944). The method employed to formulate a complex story for the induction of an experimental neurosis in a hypnotic subject. 1, pp. 67-84.

Erickson, M. H. (1954). Clinical Note on Indirect Hypnotic Therapy. 2(3), pp. 171-174.

Erickson, M. H. (1954). Special techniques of brief hypnotherapy. International Journal of Clinical and Experimental Hypnosis, 2, pp. 109-129.

Erickson, M. H. (1973). Psychotherapy achieved by a reversal of the neurotic processes in a case of ejaculatio precox. American Journal of Clinical Hypnosis, 4, pp. 217-222.

Erickson, M. H. (1980). The Applications of Hypnosis to Psychiatry. Innovative Hypnotherapy, pp. 3-13.

Erickson, M. H., & Rossi, E. L. (1975). Varieties of double bind. American Journal of Clinical Hypnosis, 3, pp. 143-157.

Erickson, M. H., & Zeig, J. (1963). Advanced Techniques of Hypnosis & Therapy: The Process of Hypnotic Induction. Retrieved from The Milton H. Erickson Foundation: https://catalog.erickson-foundation.org/item/the-process-hypnotic-induction-stream

Erickson, M. H., & Zeig, J. (1977). Symbolic Hypnotherapy. Retrieved Agosto 21, 2022, from The Milton H. Erickson Foundation: https://catalog.erickson-foundation.org/item/symbolic-hypnotherapy-stream

Erickson, M. H., & Zeig, J. (2020). A Teaching Seminar with Milton Erickson Part 2 – Lessons Through Arm Levitation. Retrieved from The Milton H. Erickson Foundation: https://catalog.erickson-foundation.org/item/a-teaching-seminar-milton-erickson-part-2-lessons-arm-levitation-ce-credit-available-75272

Erickson, M. H., & Zeig, J. (2020). Conquering Phobias through Ericksonian Therapy. Retrieved from The Milton H. Erickson Foundation: https://catalog.erickson-foundation.org/item/milton-erickson-md-conquering-phobias-ericksonian- therapy

Erickson, M. H., Rossi, E. L., & Rossi, S. (1976). Hypnotic realities: The induction of clinical hypnosis and forms of indirect suggestion. New York: Irvington Publishers.

Rossi, E. L. (1973). Psychological Shocks and Creative Moments in Psychotherapy. American Journal of Clinical Hypnosis, 1, pp. 9-22.


1Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia, Diretor Fundador do Instituto Lawrence de Hipnose Clínica – Hipnose Clínica, Psicologia e Terapia Integrativas, Email instituto@hipnolawrence.com