EXODONTIA SIMPLES EM PACIENTES HIPERTENSOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

SIMPLE EXODONTIA IN HYPERTENSIVE PATIENTS: AN INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10116674


Kamila de Melo Dobre*
Alessandra de Souza Melo Dobre**
João Carlos Vicente de Barros Junior****


RESUMO

Há cada vez mais pacientes hipertensos procurando consultórios odontológicos, uma vez que a expectativa de vida das pessoas vem aumentando , assim como o número de pessoas com doenças crônicas, entre elas, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Diante desse contexto, a questão que norteia esse estudo é: o profissional dentista está capacitado de forma adequada para o atendimento de exodontia simples com pacientes hipertensos? Diante dessa problemática desenvolveu-se um levantamento bibliográfico baseado em artigos referentes aos descritores de Ciência e Saúde (DeCS), juntando uma coleta de dados com diferentes artigos, com o objetivo de esclarecer se o profissional dentista está capacitado de forma adequada para o atendimento cirúrgico com pacientes hipertensos. E especificamente analisar a reação de pacientes hipertensos e suas alterações da pressão arterial frente a de tratamentos cirúrgicos, descrever como o profissional se posiciona frente as dificuldades do atendimento cirúrgico a pacientes hipertensos; identificar estratégias para proporcionar um atendimento adequado e seguro aos pacientes com HAS. Pode-se concluir que os odont´logos precisam ter maior esclarecimento sobre como atender esses pacientes especiais e aferir a pressão de todos os pacientes adultos, não somente dos hipertensos, melhorando a conduta de atendimento e prevenindo que reações indesejáveis ocorram. Além disso, indica-se a realização da avaliação do perfil de risco do paciente para oferecer o atendimento adequado ao paciente e assim se garanta a segurança do mesmo.

Palavras-chave: Exodontia simples. Hipertensão. Odontologia.

ABSTRACT

More and more hypertensive patients are seeking dental offices, once the life expectancy of people is increasing, as is the number of people with chronic illnesses, including Systemic Arterial Hypertension (SAH). In this context, what is this study about: is the professional dentist adequately trained to provide simple exodontia care for hypertensive patients? Before this problem is developed, a bibliographical survey is based on articles referring to the Health and Science (DeCS) describers, bringing together a collection of data with different articles, with the objective of clarifying whether the professional dentist is adequately qualified for surgical care. with hypertensive patients. And specifically analyze the reaction of hypertensive patients and their arterial pressure alterations in the face of surgical treatments, to discover how the professional positions himself against the difficulties of surgical care for hypertensive patients; identify strategies to provide adequate and safe care to patients with SAH. It can be concluded that dentists need more clarification on how to care for these special patients and take into account the pressure of all adult patients, not just two hypertensive patients, improving care behavior and preventing undesirable reactions from occurring. Furthermore, it is indicated that the assessment of the patient’s risk profile is carried out in order to offer adequate care to the patient and thus guarantee the safety of the patient.

Keywords: Simple exodontia. Hypertension. Odontology.

1 INTRODUÇÃO

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) também conhecida como pressão alta,  trata-se de uma  doença crônica,  que se caracteriza pela elevação os níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg, é definida como uma doença assintomática, geralmente silenciosa e de alta prevalência.1 Atualmente, é uma das doenças crônicas mais prevalentes na população brasileira e mundial.2

Ressalta-se que,  é aceitável normal  nível  pressórico de adultos (com mais de 18 anos de idade) cifras inferiores a 85 mmHg de pressão diastólica e inferiores a 130 mmHg de pressão sistólica. Considera-se  como Hipertensão leve (estágio: 190-99 mmHg de pressão diastólica e inferiores a 140-159 mmHg de pressão sistólica);  Hipertensão moderada (estágio 2 :100-109 mmHg/160-179 mmHg); Hipertensão grave (estágio 3:> 110 mmHg de pressão diastólica e inferiores a > 180 mmHg).3

Salienta-se  que é comum que ocorram alterações pressóricas em pacientes no momento dos procedimentos odontológicos, decorrentes de fatores  como a dor, estresse, medo, ansiedade, bem podem ser consequentes de fatores individuais,  quais são: idade, sofrer de hipertensão, experiência prévia traumática em tratamento odontológico, resposta psicológica, maus hábitos alimentares, sedentarismo, IMC e uso de tabaco.4

Cada vez mais consultórios odontológicos precisam atender pacientes com doenças sistêmicas, devido ao aumento da expectativa de vida da população e nesse contexto, os profissionais odontólogos desde a sua formação precisam conhecer  e estar  capacitados para  realizar o atendimento cirúrgico com pacientes hipertensos.5 

Quando as terapias indicadas, é recomendado o  emprego de drogas que não estejam contra-indicadas para os indivíduos com HA, sendo o vasoconstritor  Lidocaína o anestésico local mais usado em Odontologia, devido sua que  age entre 2 a 3 minutos com adequada eficácia em concentração de 2%. Citam-se também mepivacaína a 3% ou prilocaína a 4% (bloqueio de nervos), Bupivacaína, Articaína. Epinefrina/Adrenalina, sendo que o uso de soluções anestésicas com vasoconstritor (epinefrina 1:100000 ou 1:200000) não deve ultrapassar o limite de dois tubetes por sessão6. 

Para o controle da ansiedade, é comum o uso de benzodiazepínicos para sedação consciente. Destacam-se o emprego de midazolam, devido sua maior potencia e meia vida relativamente curta permitindo início rápido comparado aos demais benzodiazepínicos, porém, explica-se que aa sedação com midazolam possui uma absorção variável no organismo e após vezes não atinge o desejável. Também vem sendo bastante utilizada a sedação consciente com óxido nitroso associado ao oxigênio, por sua  ação rápida, capacidade de titulação para o efeito desejado, além de apresentar baixa frequência de efeitos adversos e permitir retorno rápido às atividades normais, fatores que vem garantindo segurança na utilização desta técnica.7

Diante do entendimento que o conhecimento do profissional que irá atender pacientes de risco deve ser sempre atualizado, uma vez que os profissionais  podem se sentir inseguros quanto aos procedimentos cirúrgicos em pacientes hipertensos, questiona-se: o profissional dentista está capacitado de forma adequada para o atendimento de exodontia simples com pacientes hipertensos?

O presente estudo se justifica, uma vez que vem estes esclarecimentos irão contribuir para  a detecção precoce de HAS subdiagnosticada em pacientes odontológicos, bem como,  para o esclarecimento de dúvidas relacionadas a conduta relativas a pacientes com HAS e com a redução de chances de  complicações que possam surgir durante o atendimento.1 

Pressupõe-se que ao analisar as reações do paciente hipertenso e alterações da pressão arterial com relação ao tratamento  de exodontia simples, poderá ser de grande valia para a comunidade odontológica afim de que os profissionais tenham garantia e confiança no seu procedimento e sabendo reagir em caso de emergências dando um tratamento adequado e seguro para os pacientes que compõem o quadro de HA.

Logo o objetivo geral desse estudo é esclarecer se o profissional dentista está capacitado de forma adequada para o atendimento de exodontia simples com pacientes hipertensos. E especificamente pretende-se: analisar a reação de pacientes hipertensos e suas alterações da pressão arterial frente a de tratamentos de exodontia simples, descrever como o profissional se posiciona frente as dificuldades do atendimento a pacientes hipertensos; identificar estratégias para proporcionar um atendimento adequado e seguro aos pacientes com HAS.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, utilizada por seu potencial de organização, síntese de conhecimentos e identificação de lacunas que contribuem na análise crítica de um objeto de estudo proposto. É um método muito utilizado por seu potencial de organização e de sintetizar os resultados obtidos em pesquisas bibliográficas,  aumentar conhecimentos e identificar lacunas, além de fornecer elementos que possibilitam a análise crítica de um objeto de estudo selecionado ordenadamente. O desenvolvimento da revisão é composto de seis passos, que se inicia por formular a questão central da pesquisa; executar as buscas de material que aborde a temática na literatura; extrair os achados; avaliar os estudos; interpretar e sintetizar os resultado e finalmente apresentar a revisão integrativa.

Este método reúne os resultados de pesquisas sobre um delimitado tema, visando aprofundar o conhecimento do tema averiguado. O método possibilita a união completa de concepções complexas, de forma a juntar uma variedade para determinar para compor uma amostra.9

2.1 COLETA DE DADOS

Para responder ao objetivo do presente estudo, formulou-se a seguinte questão norteadora: “O profissional dentista está realmente capacitado de forma adequada para o atendimento de exodontia simples com pacientes hipertensos?”

O levantamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados da: Acervo+ Index Base, Scientific Electronic Library Online (SciELO). Pode-se encontrar, em tais bancos de dados, estudos publicados no cenário nacional. Os descritores que serão utilizados são: Exodontia Simples (Simple Extraction); Hipertensão (Hypertension); Odontologia (Dentistry).

Foi realizada uma pesquisa com cada descritor sem definir período de publicação. Após a coleta inicial, verificou-se a necessidade de se refinar a busca. 

Os estudos elegíveis foram lidos na íntegra, a fim de incluir ou não, aqueles que conseguissem responder à questão norteadora. A interpretação e síntese dos resultados encontrados apresenta-se em uma tabela contendo os autores, ano, local e periódico de publicação, bem como os principais resultados sobre o atendimento de exodontia simples com pacientes hipertensos.

2.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Para os critérios de inclusão utilizaram-se: artigos científicos disponíveis na íntegra, em livre acesso, publicados no período entre 2018 a 2023, nos idiomas português e inglês, bem como, aqueles que, após leitura do título e resumo, abordavam aspectos relacionados à temática do estudo.  

Foram excluídos os artigos duplicados, artigos de revisão, de reflexão/debates, monografias, dissertações, teses, comentários, editoriais e cartas, em outro idioma e os que forem inferiores ao período estabelecido.  Foram excluídos os artigos que apareceram duplicados e que não respondessem à questão central dessa pesquisa.

2.3 ANÁLISE DOS DADOS

Foi utilizada a Análise de Conteúdo proposta por Bardin10, no qual efetiva-se a exploração do material ou codificação, transformando-os em informações menores agrupados.

Após isso, foram dispostos, de forma clara, em tabela (Word) os principais tópicos dos artigos selecionados com o intuito de facilitar a discussão dos resultados.

3 RESULTADOS

Os dados dos 12 estudos selecionados foram analisados por meio de leitura e organizados no quadro abaixo utilizando como base o programa Microsoft WORD/2010 

Quadro 1: Publicações encontradas entre os anos de 2018 á 2023 que apresentam experiências relatadas sobre a capacitação do profissional dentista para o atendimento de exodontia simples com pacientes hipertensos (Abordagem, Ano, Autores e objetivo da pesquisa):

AbordagemAutor e anoObjetivo
Comportamento da pressão arterial sistêmica em pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos odontológicosMatos et al., 2018descrever através de uma revisão de literatura sobre a ocorrência de alterações significativas na pressão arterial sistêmica de pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos odontológicos.
Conhecimento dos cirurgiões dentistas sobre o uso de anestésicos locais em pacientes: diabéticos, hipertensos, cardiopatas, gestantes e com hipertireoidismo.Fabris et al., 2018avaliar o nível de conhecimento dos cirurgiões dentistas (CDs) com relação à utilização de anestésicos locais, frente à pacientes especiais com diabetes, hipertensão, cardiopatias, gestantes e com hipertireoidismo.
Avaliação da ansiedade, dor e alterações hemodinâmicas durante a remoção cirúrgica do terceiro molar inferior sob anestesia local. Gadve et al., 2018determinar as alterações hemodinâmicas em pacientes saudáveis ​​durante a remoção cirúrgica do terceiro molar inferior e avaliar se essas variações são atribuíveis à ansiedade do paciente e à dor sentida durante o procedimento cirúrgico.
Atendimento odontológico a hipertensos e diabéticos na atenção primária à saúdeSilva et al., 2019identificar o conhecimento dos profissionais de Odontologia da atenção primária à saúde no município de Quixadá-CE, frente ao tratamento odontológico de pacientes hipertensos e diabéticos.
Análise da variação da pressão arterial e ansiedade odontológica em cirurgias orais: estudo de caso-controle.Barreto et al., 2019fatores de risco à hipertensão de jaleco branco entre pacientes adultos submetidos a cirurgia oral, particularmente a ansiedade odontológica.
Perfil de utilização de anestésicos locais por cirurgiões-dentistas em pacientes hipertensos de uma cidade brasileiraGellen et al., 2020verificar a utilização dos anestésicos locais, com ênfase em pacientes hipertensos, nos consultórios particulares da cidade de Palmas/TO.
Desafios atuais na conduta clínica em pacientes com Hipertensão Arterial Sistêmica ­ HASCaminha et al., 2021Descrever estratégias de conduta e intervenção durante o atendimento odontológico de pacientes com HAS.
O uso de soluções anestésicas em odontologia em pacientes com hipertensão arterial.Duarte et al., 2022Enfatizar a importância do uso correto das soluções anestésicas e do cuidado seguro desses pacientes.
Análise da conduta terapêutica em pacientes hipertensos em umaclínica odontológica de uma universidade do sul de Minas Gerais.Pereira Neto et al., 2022Analisar a conduta terapêutica em pacientes hipertensos em umabclínica odontológica de uma universidade do sul de Minas Gerais.
Alterações importantes da pressão arterial na prática clínica: revisão narrativa da literatura.Pedrazini et al., 2022enfatizar a importância da monitorização dos sinais vitais, particularmente da pressão arterial durante o atendimento odontológico.
Crise Hipertensiva: considerações e condutas no transcirúrgico em Implantodontia. Pedrazini; Groppo, 2022.abordar as possíveis causas, complicações e conduta frente à crise hipertensiva, em um relato de caso clínico na área de Implantodontia.
Avaliação da pressão arterial no atendimento odontológico como forma de busca ativa de novos casos de hipertensão arterial sistêmica.Boff; Palma, 2023analisar a relevância de aferir a pressão arterial de pacientes adultos saudáveis que frequentam o consultório odontológico.

4 DISCUSSÃO

A partir do interesse de se investigar se o profissional dentista está realmente capacitado de forma adequada para o atendimento de exodontia simples com pacientes hipertensos, achou-se interessante definir pontos a ser discutidos, que esclarecem melhor a temática, o quais são: 1. Fatores de risco à hipertensão entre pacientes adultos submetidos a exodontia simples; 2. O emprego de anestésicos locais em pacientes hipertensos; 3. Condutas de atendimento a pacientes hipertensos.

4.1 FATORES DE RISCO À HIPERTENSÃO ENTRE PACIENTES ADULTOS SUBMETIDOS A ATENDIMENTO DE EXODONTIA SIMPLES E OUTROS PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS 

A fim de compreender se o profissional dentista está realmente capacitado de forma adequada para o atendimento cirúrgico com pacientes hipertensos, pode-se verificar que faz-se muito importante que o mesmo faça o uso correto e cauteloso das soluções anestésicas e do cuidado seguro desses pacientes. Para tanto, orienta-se que primeiramente se realize a anamnese e exame físico detalhados, sobretudo a aferição da pressão arterial, para assim se evitar que ocorram reações indesejáveis.11

Em caso de pacientes hipertensos que precisem se submeter a procedimentos de exodontia simples, a pressão arterial pode alterar, em decorrência de tensão, estresse e ansiedade de alguns pacientes. Sendo assim aconselha-se conversar com o paciente para que o mesmo controle sua ansiedade e alcance os resultados desejados durante o tratamento.12 

A mesma constatação ocorreu em outro estudo, no qual, ao analisar a conduta terapêutica em pacientes hipertensos em uma clínica odontológica de uma universidade do sul de Minas Gerais, pode-se verificar que  durante os procedimentos pode ser desencadeado processo de ansiedade no paciente, além de serem administradas drogas que interferem e altera a pressão arterial  dos pacientes.11,13 

Portanto, compreende-se que procedimentos odontológicos podem ser considerados fatores estressores, pois, causa medo e a ansiedade nos pacientes, podendo elevar a pressão arterial. Sendo assim, o profissional precisa se mostrar atento aos sinais e sintomas de doenças crônicas como a HAS.14 

Sobre os fatores de risco à hipertensão entre pacientes adultos submetidos aexodontia simples, particularmente a ansiedade odontológica, concluiu-se que ansiedade odontológica influencia a elevação da pressão arterial durante as cirurgias orais menores. Os  processos  odontológicos,  por  serem  os  procedimentos  mais  temidos  pelos  indivíduos,  devem  tomar  atenção do profissional, o qual deve analisar e compreender no período que precede o tratamento todos os anseios do seu paciente, visando à redução da ansiedade no decorrer dos procedimentos, desde o momento que aguarda na sala de espera da clínica até o momento pós-atendimento. O transtorno da ansiedade é um fator de risco para elevação da pressão arterial pré-cirúrgica.15

Portanto, as situações de ansiedade, dor e medo são gatilhos para alterações pressóricas tanto em pacientes normotensos como nos hipertensos controlados.11,14

4.2 O EMPREGO DE ANESTÉSICOS LOCAIS EM PACIENTES HIPERTENSOS 

Explica-se que, durante os procedimentos odontológicos em pacientes hipertensos, empregam-se anestésicos locais, contendo ou não vasoconstritores, todavia, deve-se usar com bastante cautela, uma vez que, seu uso inadequado, sobretudo em casos de variação da pressão, pode ser prejudicial para a saúde do paciente.  Chama a atenção nesse estudo a constatação que, o percentual de pacientes hipertensos que afirmaram aferir a P.A no início dos atendimentos (45%).5

Em relação as estratégias de condutas interventivas durante o atendimento odontológico de pacientes com HAS, não é necessário de suspender os procedimentos odontológicos em pacientes assintomáticos com PA abaixo de 180-110 mmHg. Porém, é indicado realizar a avaliação do perfil de risco, identificando se há sintomas cardiovasculares, ponderando quanto tempo será o procedimento odontológico e se é preciso buscar meios de reduzir a ansiedade do paciente, além de analisar se o risco e benefício do procedimento.15

Diante de qualquer alteração importante, a relação risco/benefício da continuidade do procedimento precisa ser avaliada, para que seja evitado ou minimizado os riscos aos pacientes bem como para realizar os encaminhamentos necessários.12,15

Para que os medicamentos anestésicos sejam eficientes, precisa-se garantir a segurança do paciente, fazendo uso de protocolos, escolhendo o anestésico é feita de acordo com a condição do paciente, enfatizando que os profissionais possuam mais de 3 tipos de anestésicos disponíveis para o atendimento, entre outros.  O anestésico local mais empregado em hipertensos é a lidocaína 2% com adrenalina 1:100.000, mas, grande parte dos profissionais só afere a pressão arterial em pacientes que afirmem já terem sido diagnosticados com HAS.13, 17

4.3 CONDUTAS DE ATENDIMENTO A PACIENTES HIPERTENSOS 

Ressalta-se a importância da monitorização dos sinais vitais, particularmente da pressão arterial durante o atendimento odontológico, bem como, é importante que os cuidados sejam aplicados em todos os pacientes mas em especial naqueles com idades superiores a 50 anos, hipertensos ou não, com hipercolesterolemia, diabetes, ansiosos e medrosos. Todos os sinais vitais devem ser monitorados, dentre eles, o score de dor. A aferição da pressão arterial, já na primeira consulta, deve ser realizada em ambos os braços e repetida anualmente ou sempre que houver modificação no quadro de saúde do paciente. Em todas as demais consultas, o controle pressórico como também a avaliação de todos os sinais vitais, deve ser no pré-, trans-, pós-procedimento e antes da alta.13, 14

Destaca-se que se faz imprescindível aferir a pressão arterial de todos os pacientes, inclusive, para todos os pacientes adultos saudáveis que frequentam o consultório odontológico. A Hipertensão Arterial deve ser e precisa ser considerada e monitorada antes, durante e após os atendimentos odontológicos.15,16,17

Vários casos de lipotimias, síncopes, choque e até morte foram relatados durante curtos procedimentos odontológicos.  Monitorar os sinais vitais mesmo durante esses procedimentos simples, tanto em pacientes saudáveis, mas principalmente naqueles com comprometimento médico, ajudará os profissionais na prevenção de emergências médicas agudas e na tomada de decisão sobre sua resolução.15

Aferir a Pressão Arterial é uma conduta mandatória a todo profissional da saúde e deve-se ter uma atenção especial quando se trata de procedimentos odontológicos invasivos. 18

Portanto, melhores condutas de atendimentos, bem como verificação da pressão arterial rotineiramente em todos os pacientes com ou sem hipertensão patológica devem ser adotadas pelos os profissionais de odontologia.13, 19

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da análise da literatura pode-se verificar que a hipertensão é uma doença crônica que vem aumentando cada vez mais e os profissionais odontólogos precisam estar preparados para identificar sinais e sintomas, triar os pacientes, realizar condutas para aliviar o estresse, buscar estratégias para amenizar a ansiedade dos pacientes,  haja vista que é um fator de risco para o aumento da pressão arterial no momento dos procedimentos odontológicos, tais quais exodontia simples.

Além disso, indica-se a realização da avaliação do perfil de risco do paciente para oferecer o atendimento adequado ao paciente e assim se garanta a segurança do mesmo.

Foi visto que, profissionais de odontologia precisam ter maior esclarecimento sobre como atender esses pacientes especiais e, aferir a pressão de todos os pacientes adultos, não somente dos hipertensos, melhorando a conduta de atendimenton e prevenindo que reações indesejáveis ocorram.

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