EXERCÍCIO NÓRDICO NA REDUÇÃO DO RISCO DE LESÕES MUSCULARES EM JOGADORES DE FUTEBOL

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Joyce Azevedo

Autoras:
Joyce Azevedo da Silva 1
Kamila Hágata Galvão Pinheiro ²
Marines Almeida Fernandes ³
Orientador:
Dr. Denilson Verás


RESUMO

Introdução꞉ A lesão muscular de isquiotibiais em jogadores de futebol é a ruptura de fibras musculares dívidas em três graus que acontece devido essa musculatura não suportar uma força excêntrica e alongamento excessivo, assim fazendo ser necessário uma intervenção que diminua a chance de haver alguma lesão no posterior da coxa. O exercício nórdico irá aumentar a força excêntrica do isquiotibiais que tem como objetivo prevenir lesões no mesmo. Objetivo: Verificar se o exercício nórdico reduz o risco de lesões musculares em jogadores de futebol. Metodologia꞉ Será realizado uma revisão de literatura com artigos publicados de 2010 a 2021 de bases de dados da saúde, sendo usado alguns meios para inclusão e exclusão de tais artigos.Resultados: Foram utilizados 1 (um) artigo no PEDro, 3 (três) artigo na PubMed e 1 (um) artigo na Medline. Discussão: As discussões foram com base nos estudos encontrados relacionados ao exercício nórdico na prevenção de lesões no isquiotibiais. Conclusão꞉ Acredita-se que o exercício nórdico tem resposta positiva na prevenção de lesões musculares, mostrando poucas lesões nos que sofreram a intervenção comparado a um grupo controle.

Descritores꞉ isquiotibiais, exercício nórdico, prevenção e futebol.

ABSTRACT

Introduction꞉ The hamstring muscle injury in soccer players is the rupture of the muscle fibers due in three degrees due to the fact that this muscle does not support an eccentric force and excessive stretching, thus making it necessary to process the chance of having an injury in the posterior thigh. Nordic exercise will increase the eccentric strength of the hamstrings which aims to prevent it. Objective: To verify whether Nordic exercise reduces the risk of muscle injuries in soccer players. Methodology꞉ A literature review will be carried out with articles from 2010 to 2021 of databases, using some means to include and exclude such articles. Results: 1 (one) article was used in PEDro, 3 (three) articles in PubMed and 1 (one) article in Medline. Discussion: The discussions were based on the studies found related to Nordic exercise in the prevention of muscle injuries. Conclusion꞉ It is believed that Nordic exercise has a positive response in preventing muscle injuries, showing few injuries in those who underwent the intervention compared to a control group.

Keywords꞉ Hamstrings, nordic exercise, prevention, soccer.

INTRODUÇÃO

Horst et al., (2015) expõe que a lesão muscular mais comum no futebol é a de isquiotibiais, pois apresenta um alto índice de incidência no mesmo. Ahmad (2013) relata que no caso da lesão de isquiotibiais o que pode acontecer é apenas um pequeno dano muscular até uma ruptura completa da musculatura, fazendo assim ser necessário usar métodos buscando diminuir a alta taxa de lesões desse grupo muscular.

Burgess, Vadachalam e Buchholtz (2019) afirmam que as lesões são maiores pois são suscetíveis a aceleração e desaceleração súbita e em saltos, em decorrência a sua estrutura bi articular na qual o músculo cruza duas articulações em movimentos opostos nas ações de flexão do joelho e na extensão do quadril, assim tendo que contrair excentricamente para frenar o movimento.

Magee, Zachazewski e Quillen (2013) mostram que lesão por estiramento muscular é uma lesão indireta causada pela produção de força excêntrica excessiva, alongamento excessivo ou ambos. O músculo submetido a um alongamento e uma contração excêntrica simultânea pode falhar em decorrência da carga excessiva que está sendo aplicada enquanto ele está no ponto de extrema deformação.

Hoef et al., (2019) alega que a lesão mais comum é no “sprint” que é uma corrida de velocidade máxima, acarretando o estiramento da musculatura e uma forca excêntrica excessiva, acontecendo sobretudo no ciclo final do balanço. Já Askling et al., (2012) demonstra que a segunda forma mais frequente de lesão de isquiotibiais no futebol é associado ao alongamento excessivo da musculatura durante algum movimento como o chute, onde ocorre uma flexão da articulação do quadril e extensão do joelho fazendo que os músculos tenham que se alongar ao máximo e frenar o movimento, ocorrendo assim a lesão.

Kisner e Colby (2015) afirmam que deve ser aplicado um treinamento excêntrico para prevenir lesões e novas lesões para aqueles que já sofreram com a mesma em atletas que tem em sua atividade desaceleração de alta intensidade e mudanças bruscas de direção pois o exercício excêntrico quando aplicado faz com que a musculatura tenha uma resistência e possa controlar e absorver maiores cargas.

O exercício nórdico altera as propriedades mecânicas do músculo devido ao aumento do número de sarcômeros em série da fibra muscular. Esse maior número de sarcômeros em série possibilita maior excursão muscular, gerando um efeito protetor da musculatura quando esta é estirada, pois possibilita maior geração de força ativa em maiores comprimentos musculares, onde geralmente ocorrem as lesões. (Lanferdini, 2010).

Delextrat et al., (2020) descreve que a execução do exercício nórdico acontece quando o atleta se posiciona com ambos joelhos sobre o chão, na posição ereta e uma pessoa o segura pelos pês, para manter os mesmo sobre o solo enquanto o atleta realiza o exercício. O jogador é instruído a abaixar o seu corpo para frente de forma lenta até o chão mantendo o alinhamento do tronco, assim usando os isquiotibiais para realizar o que lhe foi pedido e dessa maneira ativando tal musculatura de forma excêntrica. Dentro da instrução é solicitado que o jogador fique o maior tempo possível e quando já não poder mais se manter colocar os braços sobre o chão como quando se realiza o exercício de prancha e voltar passivamente para a posição inicial.

Fig. 8: Execução do exercício nórdico.

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Fonte: http://evidencianaveia.com.br/2020/05/08/efeitos-do-exercicio-nordico-sobre-as-lesoes-nos-isquiotibiais-de-jogadores-de-futebol-do-ensino-medio/

METODOLOGIA

Para a elaboração da referida revisão de literatura foi utilizado o levantamento de literaturas publicados na base de dados da PubMed, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline) e Physiotherapy Evidence Database (PEDro). Tal pesquisa foi feita no período de janeiro de 2021 a fevereiro de 2021, sendo as palavras chaves: isquiotibiais, exercício nórdico, prevenção, futebol, e seus correspondentes em inglês.

Foram considerados os critérios de inclusão os artigos que abordam o treino nórdico, jogadores de futebol e artigos a partir do ano de 2010. E para exclusão artigos que se referia a outros atletas, artigos que abordavam lesões distintas e estudos que buscavam relatar outras pesquisas ligadas ao exercício nórdico.

Foram encontrados 45 artigos relacionado ao assunto, após leitura dos títulos restaram 10, devido a análise do conteúdo restaram apenas 5 artigos com os critérios devidamente compatíveis com a pesquisa.

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Fonte: Autoria Própria.

RESULTADOS

AUTOR ANOMETODOLOGIAINTERVENÇÃODESFECHO
Horst et al., (2015)Ensaio controlado randomizado. Estudo com 40 equipes, 20 times para cada grupo (292 jogadores para o grupo controle e 287 jogadores para o que teve intervenção).
O grupo de intervenção fez 25 sessões com exercício nórdico em 13 semanas.
Ambos os grupos continuaram o treino regular.
O estudo terminou com 32 equipes. As lesões foram significativamente diferentes entre o grupo de intervenção com 11 lesões (sendo 5 durante o ensaio e 6 após o ensaio) e o grupo controle com 25 (sendo 7 durante o ensaio e 18 após o ensaio). Não houve diferença da gravidade da lesão entre os dois grupos.
Petersen et al., (2011)Ensaio controlado randomizado. 50 equipes (942 jogadores), divididas em um grupo de intervenção (n=461 jogadores) e um grupo de controle (n=481 jogadores)O grupo de intervenção teve 10 semanas de intervenção, somando 27 sessões + um programa sazonal semanal. Enquanto os do grupo controle continuaram seu treinamento diário.O grupo controle teve 52 lesões (32 novas e 20 recorrentes), já o grupo de intervenção apresentou apenas 15 lesões (12 novas e 3 recorrentes).
Sabelien et al., (2014)Ensaio clínico. 119 jogadores divididos aleatoriamente em grupo de intervenção (n= 60) e grupo controle (n= 59
O grupo de intervenção realizou o treino diário + exercício nórdico. Já o grupo controle apenas o treino usual, tudo realizado no período de 10 meses, sendo 3 dias por semana na pré temporada, e dois durante a temporada de futebol, ambos os grupos.Dos 119 jogadores, apenas 27 terminaram o estudo, o que deixou o grupo controle com 11 jogadores e o grupo de intervenção com 16. Não houve lesão no grupo de intervenção, já no grupo controle houve 6 lesões.
Elerian et al., (2019)Estudo Experimental. 34 jogadores, divididos em 2 grupos com o mesmo número de integrantes.
O grupo 1 foi realizado o exercício nórdico tanto no pré quanto no pós treinamento. Já para o grupo 2, foi realizado apena no pré treino. A duração do estudo foi de 12 semanas, sendo realizado duas vezes por semana, exceto na primeira semana onde se obteve uma sessão, além do grupo controle ser o da temporada passada.O grupo 1 teve 1 lesão, cerca de 92% menos lesões que a temporada anterior. já o grupo 2 teve 4 lesões, cerca de 80% menos de novas lesões e 85% menos de lesões recorrentes do que na temporada passada.
Em relação a gravidade, foi de 1 dia para o grupo um e 2,7 para o grupo 2, em comparação com a temporada passada que foi de 5 a 10 dias para o retorno, a diferença foi significativa.
Hasebe et al., (2019)Ensaio clínico randomizado. 259 jogadores, divididos em dois grupos, intervenção e controle.o grupo de intervenção realizou o exercício nórdico por 27 semanas, sendo realizado depois do treino normal e antes do desaquecimento.Houve 7 lesões, sendo 3 no grupo controle e 4 no grupo de intervenção.

DISCUSSÃO

Horst et al., (2015) em seu ensaio gerou resultados positivos perante o exercício nórdico que mostra que a eficácia do exercício na redução de lesões, mas que quando a lesão, não a redução da gravidade da mesma. Os autores afirmam que a explicação para a eficácia está no estudo da biomecânica, pois o exercício aumenta a forca excêntrica dos isquiotibiais, ou seja, mesmo durante o alongamento da musculatura e ainda tendo que frenar o movimento de extensão do joelho, a musculatura conseguirá manter sua resistência. Em concordância Petersen et al., (2011) mostrou em seu ensaio randomizado que é possível reduzir o risco de lesão aguda novas através do fortalecimento excêntrico dos isquiotibiais usando exercício nórdico e que também é possível reduzir nas recorrentes em até 85%, o que foi considerado um achado clinico muito importante pelos autores de tal estudo. E assim como Horst et al., não achou resultados que a diminuição na gravidade da lesão.

Segundo Hasebe et al., (2019) o exercício nórdico afeta o força do isquiotibiais, aumentando o desempenho do sprint e do torque máximo de flexão do joelho em direção a extensão, e que a redução do risco de lesão dos isquiotibiais em seu estudo, mas isso pode ser influenciado pelo nível de competição e o tempo de jogo, e entra em discordância com outros autores mostrando que a redução da gravidade da lesão.

Para Sabelin et al., (2014) não a certeza se o exercício nórdico é eficaz apesar do seu estudo mostrar diferença entre o grupo controle e de intervenção, pois a fatores modificáveis e não modificais nos jogadores podem contribuir para uma possível lesão ou não. Assim como Horst et al., lembrou também que esses estudos não dependem de quantas horas jogadas, mas sim da intensidade, pois quanto maior esta, maior deve ser a forca excêntrica, já que é esta que evita lesão no posterior da coxa.

O estudo feito por Elirien (2019) foi diferente dos demais pois usou o exercício nos dois grupos, ou seja, houve dois grupos de intervenção, o grupo controle foi os resultados de lesões da temporada passada. Tal estudo mostrou que não a diferença de mais partidas e treinamentos ou menos, para incidências de lesões. Relatou que o grupo que realizou pré e pós treinamento teve uma forca excêntrica maior podendo assim suportar o alongamento muscular mesmo com tensão. O estudo também revelou que entre as recorrentes não houve diferença entre os grupos, mas que comparado ao controle foi significante, assim como a gravidade da lesão, que houve diferença significativa comparado a temporada controle.

Hasebe et al., (2020) ainda relata que o exercício nórdico é uma boa escolha para os jogadores e suas respetivas equipes pois pode ser feito por todos os times visto que não se faz necessário nenhum equipamento para realiza-lo, fazendo assim que diminua não só as lesões, mas também outros gastos obtidos pelo clube que o jogador é contratado.

Horst et al., (2015) diz que usando tal exercício se consegue reduzir os custos médicos e o sofrimento do jogador, pois pode afetar o desempenho do mesmo.

CONCLUSÃO

Perante aos resultados obtidos, de fato o exercício nórdico apresenta resposta positivo nas reduções de lesões, houve concordância entre os autores, porem se faz necessário um estudo com equipes de todos os níveis e idades com um único tipo de intervenção para se obter resultados mais específicos e assim posteriormente criar um protocolo para a prevenção de isquiotibiais.

REFERÊNCIAS

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DELEXTRAT, ANNE et al. Changes in Torque-Angle Profiles of the Hamstrings and Hamstrings-to-Quadriceps Ratio After Two Hamstring Strengthening Exercise Interventions in Female Hockey Players. Journal of strength and conditioning research vol. 34,2 (2020): 396-405

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HASEBE, YUKI et al. Effects of Nordic Hamstring Exercise on Hamstring Injuries in High School Soccer Players: A Randomized Controlled Trial. International journal of sports medicine vol. 41,3 (2020): 154-160. doi:10.1055/a-1034-7854

HOEF, PETER ALEXANDER et al. Does a bounding exercise program prevent hamstring injuries in adult male soccer players? – A cluster-RCT.” Scandinavian journal of medicine & science in sports vol. 29,4 (2019): 515-523. doi:10.1111/sms.13353

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