EXERCÍCIO FÍSICO E EXPECTATIVA DE VIDA: UMA ANÁLISE ABRANGENTE MEDIANTE UMA REVISÃO SISTEMÁTICA  

PHYSICAL EXERCISE AND LIFE EXPECTATANCY: A  COMPREHENSIVE ANALYSIS THROUGH A SYSTEMATIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10252789


Gabriel Vyto de Lima Tavares1


RESUMO  

O presente estudo investiga, de forma abrangente, a relação entre atividade física e a  expectativa de vida, sintetizando evidências científicas de diversos estudos publicados em bancos  de dados (PubMED e Science Direct), sem restrições de linguagem, publicados nos últimos 5  anos, utilizando como descritores “physical exercise”, “life expectancy” e “quality of life”. Foram  revisados estudos com metodologia de coorte prospectivo que analisou a prevalência de diversas  enfermidades (cardiovasculares, diabetes tipo II e câncer) em pacientes com estilo de vida  saudável e ativo, além de ensaio clínico randomizado, o qual analisou pacientes com doença  arterial coronariana ou insuficiência cardíaca moderada e suas respostas fisiológicas a um  programa padrão de atividade física supervisionada e autônoma. Uma revisão integrativa foi  realizada entre todos os estudos e constatou-se a relação direta do exercício físico na prolongação  da expectativa de vida, evidenciando melhora na resposta à insuficiência cardíaca e doenças  crônicas em geral. Destacou-se que programas de atividade física em leve, moderado ou intenso  grau produzem resultados benéficos para o indivíduo praticante, sendo responsáveis por  aumentar em até 10 anos a expectativa de vida entre homens e mulheres de meia idade. Além do  já supracitado, evidenciou-se benefícios financeiros aos pacientes que adotam o estilo de vida  ativo e saudável, visto que o gasto com o tratamento de doenças crônicas é substancialmente  reduzido.  

Palavras-chave: exercício físico; expectativa de vida; qualidade de vida. 

ABSTRACT 

This study investigates the relation between physical activity and life expectancy,  resuming scientific evidence from several studies published in databases (PubMED and Science  Direct), without language restrictions, published in the last 5 years, using as descriptors ”  physical exercise”, “life expectancy” and “quality of life”. Studies were reviewed with prospective  cohort methodology that analyzed the prevalence of various diseases (cardiovascular, type II  diabetes and cancer) in patients with a healthy and active lifestyle, in addition to a randomized  clinical trial, which analyzed patients with coronary artery disease or insufficiency moderate  heart rate and its physiological responses to a standard program of supervised and autonomous  physical activity, among other studies. An integrative review was carried out among all studies  and found a direct relationship between physical exercise and prolonging life expectancy,  showing an improvement in the response to heart failure and chronic diseases in general. It was  highlighted that light, moderate or intense physical activity programs produce beneficial results  for the practicing individual, being responsible for increasing life expectancy among middle aged men and women by up to 10 years. In addition to the aforementioned, financial benefits  were evidenced for patients who adopt an active and healthy lifestyle, as spending on the treatment of chronic diseases is substantially reduced  

Keywords: physical exercise; life expectancy; quality of life. 

1. INTRODUÇÃO  

O envelhecimento populacional é uma realidade global que demanda abordagens  inovadoras e eficazes para promover a saúde e o bem-estar do indivíduo inserido nesse processo,  bem como as doenças crônicas e enfermidades, que poderiam ser evitadas pela medicina  preventiva, se tornam frequentes na contemporaneidade. No contexto supracitado, destaca-se o  exercício físico associado com boas práticas alimentares como determinantes para o bem-estar  populacional, bem como sua positiva relação direta com a expectativa de vida do praticante. Sob  tal viés, destacam-se como hábitos e práticas esportivas simples de serem implementadas  possuem efeitos demasiadamente positivos na saúde e aumento da longevidade do indivíduo. A  literatura científica tem testemunhado um crescente volume de pesquisas que exploram essa  interseção crucial entre a atividade física e a duração da vida, refletindo uma busca incessante  por estratégias preventivas e terapêuticas para enfrentar os desafios de um mundo envelhecido,  o qual é marcado por doenças crônicas que seriam fortemente combatidas pelo estilo de vida  saudável supracitado. 

Esta revisão sistemática tem como objetivo oferecer uma análise abrangente das  evidências acumuladas até o presente momento, buscando sintetizar os resultados de estudos que  investigaram a associação entre o exercício físico e a expectativa de vida, os quais foram  selecionados em bases de dados indexadas (PubMed, Scopus e Web of Science), elegendo-se  coorte prospectivo e ensaio clínico randomizando, visando reiterar e integrar os conhecimentos  presentes nessas obras científicas de uma forma integrativa. A escolha de uma revisão sistemática  como metodologia visa proporcionar uma visão consolidada, integrando diversas perspectivas e  metodologias de pesquisa, a fim de elucidar padrões consistentes e lacunas que possam orientar  futuras investigações.  

Ao relacionar os dados e evidências dos estudos científicos, essa revisão busca consolidar  uma análise que não apenas aponte dados quantitativos sobre a relação entre atividade física e  expectativa de vida, mas que os contextualize em um subterfúgio social amplo, considerando  aspectos médicos, fisiológicos, sociais e econômicos que apresentem relação direta ou indireta  na prática de exercício físico realizado pela população. O entendimento aprofundado dessas  interações pode fornecer subsídios valiosos para a formulação de políticas de saúde, diretrizes  clínicas e estratégias de promoção da saúde, contribuindo assim para uma abordagem mais  holística e preventiva no cuidado à saúde da população.

À medida que exploramos as descobertas desta revisão, é nossa expectativa que os resultados não apenas reforcem a importância do exercício físico na promoção da longevidade, mas também ofereçam insights cruciais para a prática clínica, a formulação de políticas de saúde e a orientação de pesquisas futuras, alinhadas ao imperativo de envelhecer com qualidade de vida  e bem-estar. 

2. DESENVOLVIMENTO  

2.1 Metodologia 

A metodologia adotada para esta revisão sistemática envolveu uma busca abrangente em  bases de dados relevantes (PubMed e Science Direct), considerando estudos publicados nos últimos 5 anos acerca dessa temática até a data mais recente disponível. A inclusão de diferentes  tipos de estudos, como ensaios clínicos randomizados e coortes prospectivos, além de outros  estudos do tipo longitudinal, permitindo uma análise holística e a consideração de diferentes  metodologias de pesquisa. 

Os critérios de inclusão e exclusão foram aplicados rigorosamente para garantir a seleção  de estudos pertinentes, incluindo apenas pesquisas que investigaram a relação entre o exercício  físico e a expectativa de vida em populações humanas que foram publicadas nos últimos 5 anos,  prezando pelas evidências científicas atuais. A avaliação da qualidade dos estudos incluídos foi  realizada mediante a utilização de escalas apropriadas, permitindo uma análise crítica e a  consideração adequada da robustez metodológica. Os seguintes descritores em inglês e suas  combinações foram selecionados para relacionar o processo de pesquisa: “physical exercise”,  “life expectancy”e “quality of life”.  

No final do processo de busca, foram excluídos os trabalhos que não abordavam o tema  proposto e os artigos tipo revisão. Dessa forma, aqueles artigos que não se encaixaram nos  critérios de inclusão foram excluídos, assim como aqueles estudos que não avaliaram os possíveis  desfechos eleitos para tal abordagem estatística. 

Ao revisitar os estudos selecionados, observa-se uma convergência de evidências que  respalda a associação positiva entre o exercício físico regular e uma expectativa de vida  aumentada.  

Somente os estudos que preencheram os seguintes critérios de inclusão foram inscritos  para posterior avaliação: ensaios clínicos randomizado, cuja amostra fosse composta por  indivíduos com diagnóstico de insuficiência cardíaca moderada e doença arterial coronariana que  fossem submetidos aleatoriamente entre dois grupos submetidos a dois tipos de tratamento diferentes: exercício físico supervisionado e exercício físico autônomo. Também foi considerado  um coorte prospectivo que analisou de forma criteriosa os efeitos da atividade física de leve à  intensa nos hábitos do grupo exposto ao tratamento e a consequente comparação com o grupo  controle não exposto ao tratamento.  

2.2 Resultados 

No coorte prospectivo analisado foi encontrado um aumento médio de 10,7 anos na  expectativa de vida livre de doenças crônicas, como diabetes tipo II, câncer e doenças  cardiovasculares, entre as mulheres de 50 anos que adotaram quatro ou cinco fatores de baixo  risco. Sendo os fatores de baixo risco: nunca fumar, índice de massa corporal entre 18,5 – 24,9,  atividade física moderada a vigorosa (>30 minutos/dia), ingestão moderada de álcool (mulheres:  5-15 g/dia; homens 5-30 g/dia). dia) e um índice de qualidade da dieta superior a 40% (BMJ,  2020). Ao analisar os dados obtidos pelo estudo, torna-se evidente relação do fator exercício  físico na promoção do aumento da longevidade na população (BMJ, 2020). Essa descoberta,  extraída do estudo publicado no British Medical Journal (BMJ) em 2020, destaca não apenas a  importância individual desses fatores, mas também ressalta a sinergia entre eles na promoção da  saúde ao longo do tempo. Ao examinar detalhadamente os dados, torna-se evidente que o fator  exercício físico desempenha um papel significativo nesse aumento substancial da longevidade,  consolidando assim a base de evidências que sustentam a promoção do exercício como uma  estratégia fundamental na busca por uma vida mais longa e saudável. A escolha da prática de  exercício físico de moderado a severa é eleito como um dos fatores de baixo risco pela sua  excelente capacidade de prevenção de doenças e promoção de saúde ⁵.  

No estudo de ensaio clínico randomizado, foram selecionados indivíduos com  insuficiência cardíaca ou doença coronariana e foram, então, divididos em dois grupos: um grupo  foi exposto a atividade física autônoma e o outro foi exposto à atividade física assistida. A partir  da aplicação do tratamento (atividade física) foi observado uma melhora na condição geral de  saúde dos dois grupos, evidenciando além de promoção benéfica dos aspectos do funcionamento  fisiológico, melhora em aspectos financeiros, visto que passaram a gastar menos dinheiro com o  tratamento de suas respectivas doenças. Foi enfatizado a melhora na qualidade de vida dos  pacientes também, visto que o ganho de mobilidade e diminuição do desconforto foram fatores  que representaram, expressamente, diferença no cotidiano dos pacientes¹. 

Outro estudo do tipo longitudinal foi considerado nessa revisão, o qual avaliou um  conjunto de dados do UK Biobank, o qual analisou quase 500 mil indivíduos, estratificados de  acordo com suas respectivas quantidades de comorbidades, e a prática de atividade física e sua intensidade por semana. O estudo concluiu que há uma associação inversa entre a atividade física  e a mortalidade ². O que reforça a eficácia do exercício físico na longevidade do indivíduo  praticante.  

Em outro ensaio clínico randomizado que analisou o efeito de um programa multimodal  de exercício físico e reabilitação funcional em pacientes oncológicos que apresentavam cansaço  físico devido ao câncer, foi possível analisar, criteriosamente os desfechos dessa atividade nos  pacientes supracitados. Foram avaliados os pacientes em diferentes momentos: antes da alta, após  15 dias e, por fim, um mês após. Foram levadas em consideração diversas variáveis de forma a  levar a uma análise criteriosa. Foi observado, no final do estudo, uma diferença considerável  entre o grupo controle e o grupo que foi submetido ao programa. Os pacientes que participaram  do programa multimodal apresentam diversos efeitos benéficos, como melhora da autonomia  desses pacientes que apresentavam fadiga devido ao câncer³. 

Dentro dos artigos selecionados para análise, também é discutido os aspectos que  impedem a promoção efetiva do exercício físico na sociedade como um todo, classificando os  fatores econômicos e logísticos relacionados ao tempo como os principais eleitos como impasse  na realização de exercício pelos indivíduos participantes de uma pesquisa feita entre uma amostra  representativa da população dinamarquesa, de 18 a 60 anos de idade, categorizada como  moderadamente ativa fisicamente ou fisicamente inativa. O método utilizado pela pesquisa em  questão consistiu em experimento de preferência declarada para investigar preferências de  atividade física entre os membros do público que são fisicamente inativos ou moderadamente  ativos ⁴. 

A relação entre benefício e custo em relação ao exercício físico parece estar deturpada na  população, os efeitos positivos de sua prática não são bem difundidos ao ponto da população  entender, de forma contundente, seu custo-benefício, o que faz com que os fatores negativos se  sobreponham na hora da escolha. Esse último estudo contribui na análise desprendida no presente  na medida em que identifica os principais impasses na aplicação da prática de atividade física  como um todo, ao se considerar os custos. Diante dessa análise, destaca-se cada vez mais a  importância de estudos e ações voltados à promoção da atividade física.  

2.3 Discussão 

Através de uma densa análise dos resultados supracitados, é perceptível uma  concordância em relação aos efeitos benéficos do exercício físico em prol da expectativa de vida  do indivíduo. Ao considerar todos os aspectos sociais relacionados, é claro a relação positiva da  adoção da atividade física pela população, visto seu papel na prevenção e tratamento de doenças crônicas. 

8. CONCLUSÃO 

Com base na revisão sistemática da literatura existente, o exercício físico parece ser um  recurso clínico confiável a ser implementado como prevenção, visto que diversas evidências  clínicas indicam seus benefícios de uma forma contundente. Todos os artigos revisados por este  estudo traçam perfis positivos de resultados em relação à prática de exercício físico, ao analisar  uma demografia diversa e conseguir obter um resultado comum. Isto corrobora, ainda mais, para  a consolidação do exercício como uma prática indispensável em prol da saúde física, mental e  também da qualidade de vida do indivíduo.  

Através da associação em comum de aumento da longevidade e diminuição do risco ou das  gravidades de diversas doenças crônicas encontradas nos estudos de referência, foi possível  determinar o exercício físico como causa comum em todas as obras científicas analisadas.  

Para além do exercício físico isoladamente, observou-se também nos estudos a importância  da adoção de práticas de baixo risco, como não fumar, não beber álcool excessivamente, manter  uma alimentação equilibrada e ter um índice de massa corpórea adequado, o que leva à conclusão  de que a associação do exercício físico com outros fatores do estilo de vida é importante na resposta  clínica apresentada. 

Também, é observado que os efeitos de longevidade são aplicados, concomitantemente em pessoas com diversas morbidades, destacando a importância dessa prática em diversas situações  clínicas. 

Também é perceptível os efeitos benéficos oriundos de uma rotina de exercícios em pacientes oncológicos que apresentam fadiga devido ao tratamento do câncer. Este estudo reforça  a realidade de que a atividade física é um importante aliado em diversos contextos, desde a  prevenção de doenças crônicas, até a melhora da qualidade de vida de pacientes com determinadas  enfermidades. 

Quanto à intensidade do exercício físico, observou-se que os benefícios ocorrem em desde  uma intensidade mais leve, até uma intensidade mais intensa. Porém, é relatado que aqueles  praticantes de atividade física de uma forma mais intensa e constante apresentam melhoras nos  índices clínicos maiores do que aqueles que a praticam de forma mais branda. 

A concordância de diversos tipos de estudos foi importante para chegar à conclusão dos  efeitos benéficos da atividade física como um todo. Para além do destacado supracitado, fatores  que limitam a prática do exercício, como falta de tempo ou adversidade socioeconômica, foram  considerados neste estudo e devem ser analisados com um maior campo amostral, a fim de que se entenda com maior profundidade a relação da população em geral com a atividade física para que  políticas públicas sejam adotadas de uma maneira efetiva. 

Por fim, é conclusivo que o exercício físico apresenta, de maneira concreta, relação direta  com o aumento da expectativa de vida. Os estudos permitem concluir isso e ampliar essa realidade  para diversos contextos clínicos, podendo ser usado na prevenção e tratamento de diversas doenças  crônicas, bem como na promoção de qualidade de vida dos pacientes e também do indivíduo  saudável praticante. 

9. REFERÊNCIAS  

1) Bailly L, Mossé P, Diagana S, Fournier M, d’Arripe-Longueville F, Diagana O, Gal J, Grebet  J, Moncada M, Domerego JJ, Radel R, Fabre R, Fuch A, Pradier C. “As du Coeur” study: a  randomized controlled trial on quality of life impact and cost effectiveness of a physical activity  program in patients with cardiovascular disease. BMC Cardiovasc Disord. 2018 Dec 6;18(1):225.  doi: 10.1186/s12872-018-0973-3. PMID: 30522438; PMCID: PMC6284296.  

2) Chudasama YV, Khunti KK, Zaccardi F, Rowlands AV, Yates T, Gillies CL, Davies MJ,  Dhalwani NN. Physical activity, multimorbidity, and life expectancy: a UK Biobank longitudinal  study. BMC Med. 2019 Jun 12;17(1):108. doi: 10.1186/s12916-019-1339-0. PMID: 31186007;  PMCID: PMC6560907.  

3) Fernandez-Rodriguez EJ, Sanchez-Gomez C, Mendez-Sanchez R, Recio-Rodriguez JI,  Puente-Gonzalez AS, Gonzalez-Sanchez J, Cruz-Hernandez JJ, Rihuete-Galve MI. Multimodal  Physical Exercise and Functional Rehabilitation Program in Oncological Patients with Cancer Related Fatigue-A Randomized Clinical Trial. Int J Environ Res Public Health. 2023 Mar  10;20(6):4938. doi: 10.3390/ijerph20064938. PMID: 36981846; PMCID: PMC10049732.  

4) Kjær T, Højgaard B, Gyrd-Hansen D. Physical exercise versus shorter life expectancy? An  investigation into preferences for physical activity using a stated preference approach. Health  Policy. 2019 Aug;123(8):790-796. doi: 10.1016/j.healthpol.2019.05.015. Epub 2019 May 28.  PMID: 31200947.  

5) Li Y, Schoufour J, Wang DD, Dhana K, Pan A, Liu X, Song M, Liu G, Shin HJ, Sun Q, Al Shaar L, Wang M, Rimm EB, Hertzmark E, Stampfer MJ, Willett WC, Franco OH, Hu FB.  Healthy lifestyle and life expectancy free of cancer, cardiovascular disease, and type 2 diabetes:  prospective cohort study. BMJ. 2020 Jan 8;368:l6669. doi: 10.1136/bmj.l6669. PMID:  31915124; PMCID: PMC7190036.


1Universidade do Estado do Rio Grande do Norte