REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7377404
Abla Odette Moti¹
Leidiane de Jesus Santos¹
Orientadora: Prof.ª Me. Elisabete V. Talizin²
RESUMO
Introdução: O Exame Físico representa um instrumento de grande valia e importância para a assistência, uma vez que permite ao enfermeiro realizar o diagnóstico e planejar as ações de enfermagem, bem como acompanhar e avaliar a evolução do paciente. Objetivo: Avaliar o processo de ensino-aprendizado (teórico e prático) do exame físico na Graduação em Enfermagem, na percepção de egressos. Método: Foi realizado uma pesquisa do tipo descritiva, de abordagem quantitativa. A população foram os egressos do Curso de Enfermagem dos anos de 2020 e 2021 de um Centro Universitário, privado e confessional, localizado na zona sul do município de São Paulo-SP. A coleta de dados foi realizada em março de 2022, através de um questionário online (Google Docs).Foi realizada uma análise descritiva dos resultados. Resultados: Participaram do estudo 39 egressos do Curso de Enfermagem dos anos de 2021 (59%) e de 2020 (41%), predominantemente do sexo feminino (90%), sendo a maioria (72%) com idades entre 22 e 25 anos, 74% relatou que já atuavam como enfermeiros e 72% responderam que utilizavam os conhecimentos de exame físico diariamente. A maioria dos egressos (92%) considerou a carga horária teórica e prática suficiente. As técnicas propedêuticas de ausculta (46%) e percussão (33%) foram as citadas como as que demandaram maior dificuldade no aprendizado. Para 77% a estratégia de ensino que mais contribuiu para o aprendizado do exame físico foi o treinamento prático no laboratório de Semiologia e Semiotécnica. Como estratégias pessoais para o aprendizado foi citado assistir vídeos-aulas sobre o tema (50%) e treinar em amigos e familiares (27%). Conclusão: É importante refletir sobre o ensino aprendizado na enfermagem, aproximando a teoria à prática profissional, utilizando estratégias de ensino que favoreçam o desenvolvimento de habilidades e competências para a construção de um profissional capacitado para atender as necessidades dos clientes e do mercado de trabalho.
Palavras-chave: exame físico; estudantes de enfermagem; educação em enfermagem.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a profissão de Enfermagem é regulamentada pela Lei do Exercício profissional n° 7.498/86 e decreto 94.406/87. Este documento determina quem pode exercer a profissão e quais as atribuições dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem (BRASIL, 1986).
No artigo 8° do decreto, estão descritas as atividades privativas do enfermeiro, e com destaque para duas delas: a) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de Enfermagem; e c) consulta de Enfermagem.
Portanto, cabe aos enfermeiros, sistematizar, individualizar, administrar e assumir o papel de prestador do cuidado de enfermagem junto à equipe (PATRÍCIO, et al. 2015).
Segundo a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN n°358/2009), a Sistematização da Assistência de Enfermagem organiza o trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, tornando possível a operacionalização do processo de Enfermagem. Segundo o artigo 2°, o Processo de Enfermagem organiza-se em cinco etapas inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes: coleta de dados ou histórico de Enfermagem, diagnóstico de Enfermagem, planejamento, implementação e avaliação de Enfermagem.
O Exame Físico, faz parte da primeira etapa do processo de enfermagem, compõe uma etapa extremamente relevante para o processo de planejamento do cuidado a ser prestado pela equipe de enfermagem, pois busca avaliar o cliente através de sinais e sintomas, procurando por anormalidades que podem sugerir problemas no processo de saúde e doença (SOUZA et al., 2019).
Existem quatro técnicas propedêuticas fundamentais que sustentam o processo do exame físico, sendo elas: inspeção, palpação, percussão e ausculta. O exame físico completo inicia-se na cabeça e percorre todo o corpo passando por estas 4 formas de avaliação. No caso de clientes internados, este exame deve ser realizado logo no início da internação, onde o enfermeiro pode identificar qual é a região do corpo do paciente que vai necessitar de uma reavaliação mais específica. De tempos em tempos, deve retornar a uma avaliação completa para busca de novos achados que possam ter surgido durante o período de internação (PATRÍCIO, et al. 2015).
Segundo o estudo de Lima et al. (2020), com enfermeiros de unidades de internação e de terapia intensiva de um Hospital Universitário em São Paulo, a graduação de Enfermagem foi o período de maior aquisição de conhecimentos sobre o exame físico.
O processo de ensino-aprendizagem do exame físico na graduação é coresponsabilidade da Instituição de Ensino, dos docentes e discentes (ADAMY et al., 2016). Segundo seu estudo, com enfermeiros atuantes na Atenção Básica em Santa Catarina, o ensino do exame físico pode ocorrer de forma fragmentada.
O exame físico é uma responsabilidade do enfermeiro que deve ser desenvolvida durante a formação acadêmica para que em sua vida profissional suas ações possam ser realizadas com segurança e nenhum paciente seja prejudicado pelo processo tardio de aprendizado (MACEDO, et al. 2018).
Portanto, visto a importância do tema, este estudo teve o intuito de identificar como tem sido realizado o ensino teórico-prático do exame físico, na percepção de egressos do Curso de Enfermagem.
2 PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVOS
2.1 Problema de pesquisa
Qual a percepção dos egressos de Enfermagem quanto ao processo de ensino-aprendizagem teórico e prático do exame físico na graduação?
2.2 Objetivo geral
Avaliar o processo de ensino-aprendizado (teórico e prático) do exame físico na Graduação em Enfermagem, na percepção de egressos.
2.3 Objetivos específicos
- Identificar os itens do exame físico que os egressos de Enfermagem tiveram maior dificuldade no processo de aprendizagem.
- Identificar as estratégias usadas pelos egressos de Enfermagem que contribuíram para o aprendizado teórico e prático do exame físico.
3 JUSTITICATIVAS
3.1Relevância pessoal
A temática é relevante para os acadêmicos, professores e egressos de Enfermagem, visto que o exame físico faz parte das funções e responsabilidades do enfermeiro, constituindo-se em um requisito fundamental para a consulta e prescrição de Enfermagem, consideradas como atividades privativas dessa profissão (BRASIL, 1987), portanto é prudente avaliá-lo com o objetivo de aperfeiçoamento.
3.2 Relevância social
A importância desse estudo foi contribuir para a reflexão do ensino-apendizagem na Enfermagem. Visto que a formação dos futuros enfermeiros, poderão refletir numa assistência mais qualificada.
O processo de enfermagem, que caracteriza um método que sistematiza a prática, possibilita a identificação dos problemas do paciente de forma científica, objetivando promover o planejamento do cuidado de enfermagem de forma individualizada (COFEN, 2009). Portanto, mais conhecimento desse profissional (enfermeiro) sobre o processo de Enfermagem, trará um melhor atendimento para a população.
3.3 Relação com a linha de pesquisa do curso
O Curso de Graduação em Enfermagem tem como perfil do formando, o Enfermeiro com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, qualificado para o exercício de Enfermagem, com base no rigor científico e intelectual e pautado em princípios éticos. Além dos conteúdos teóricos e práticos desenvolvidos ao longo de sua formação, ficam os cursos obrigados incluir no currículo o estágio supervisionado (BRASIL, 2001).
Através deste estudo, foi possível avaliar na perpepção dos egressos de Enfermagem como se deu sua capacitação teórica e prática nos conteúdos do exame físico.
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O enfermeiro possui em seu dia a dia várias ferramentas extremamente necessárias para a realização de uma assistência com excelência, entre uma das suas estratégias o exame físico é considerado uma ferramenta intelectual que norteia o atendimento de enfermagem através da criação de estratégias práticas oriundas deste diagnóstico detalhado (ADAMY, et al. 2016).
O exame físico pertence a Sistematização da Assistência da Enfermagem (SAE) que é uma atividade privada do enfermeiro, que consiste num grupo de estratégias utilizadas para identificar, planejar e aplicar ações voltadas para promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde tanto de um indivíduo como de uma comunidade (SOUZA, et al. 2019).
Para que seja realizada uma sistematização eficaz, cada parte do processo precisa ser realizado com destreza para que a soma dessas ações de diagnóstico e intervenção resultem em um atendimento humanizado capaz de atingir os resultados esperados, as metas propostas pelo setor (SOUZA, et al. 2019).
A SAE é operacionalizada pelo Processo de Enfermagem (PE) que é composta por cinco etapas: coleta de enfermagem, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação de enfermagem. Todos esses processos fazem parte da sistematização da assistência, para que as fases finais sejam realizadas com sucesso é preciso obter informações precisas nas fases iniciais de levantamento de dados. Sendo assim, ressalta-se a necessidade de um exame físico realizado com excelência para que todo ciclo da sistematização seja eficaz (ADAMY, et al. 2016).
No Brasil, a implementação do Processo de Enfermagem iniciou-se na década de 70, na região do estado de São Paulo pela enfermeira Wanda de Aguiar Horta que foi a fundadora da Teoria das Necessidades Humanas Básicas (NHB), por ser uma teoria que classifica as necessidades dos indivíduos em nível hierárquico tem por princípio a valorização da identificação adequada de todas as necessidades para que em seguida possa se iniciar a classificação das prioridades. Logo, podemos afirmar que um exame físico de qualidade está associado a aplicação da Teoria das Necessidades Básicas Humanas de Wanda Horta (SANTOS, et al. 2011).
Por volta da década de 70, o Processo de Enfermagem foi disseminado nas escolas de Enfermagem no estado de São Paulo e começou a sua expansão a nível nacional aonde a teoria de pensamento e realização começou a ser introduzida na prática dos profissionais e foi se popularizando até atingir as dimensões atuais (SANTOS, et al. 2011).
A SAE foi regulamentada pela legislação brasileira em outubro de 2009 por meio da resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2009). Esta resolução afirma que todas as informações levantadas no processo de enfermagem devem estar descritas no prontuário da seguinte forma: histórico, diagnóstico, prescrição, evolução e relatório de enfermagem.
Para que o processo de enfermagem seja realizado tanto a anamnese quanto o exame físico são de extrema importância para a obtenção de bons resultados no final do ciclo, pois essas informações irão ser condutoras dos diagnósticos e por consequência das ações dos enfermeiros e quando existem erros no processo de exame físico e diagnóstico ocorrem erros nas condutas e as ações não apresentam resultados (SANTOS, et al. 2011).
Na prática assistencial do enfermeiro a realização do exame físico tem por finalidade avaliação das características do corpo humano que se destacam por apresentarem algum tipo de anormalidade sendo imprescindível o conhecimento teórico do enfermeiro sobre o estado natural e ideal do corpo humano, tendo necessidade de ter conhecimento sobre estratégias de avaliação de funcionalidade destes sistemas e registro adequado, pois é através desta determinação que os cuidados posteriores serão planejados e aplicados. Quando ocorrem erros neste sistema ele pode causar sequelas irreparáveis (PATRÍCIO, et al. 2015).
No momento da realização do exame físico, o enfermeiro deve se atentar não só para os sintomas, mas também para os sinais que representam aqueles achados despercebidos pelo próprio paciente. A observação dessas anormalidades, através das etapas de avaliação do exame físico e de uma observação e avaliação minuciosa no sentido céfalo caudal, são responsáveis pela garantia de sucesso em todas as próximas fases do processo (LIMA, et al. 2020).
Esse processo de realização do exame físico, realizado pelo enfermeiro, deve sempre ser conduzido de uma forma eficaz e dinâmica, integrando as partes do corpo em si e dando sequência ao processo sem interrupção (SOUZA, et al. 2019).
A observação e avaliação deve ser minuciosa e pautada, sempre usando uma abordagem humanizada integral, deve ser realizada uma apresentação primária (uma explicação prévia do procedimento que irá ser realizado) para que o paciente esteja ciente de cada comportamento e análise e se sinta seguro e confortável sobre o exame físico, sendo assim, o processo de exame físico não necessita somente do conhecimento técnico do enfermeiro, mas também de suas habilidades humanas e sociais para que esse processo seja o fruto de uma interação agradável tanto para o enfermeiro como para o paciente e assim, o mesmo, possa ser colaborativo e os resultados das análises sejam mais eficazes (SOUZA, et al. 2019).
Adamy, et al. (2016) em seu estudo analisaram enfermeiros que reforçam a importância do conhecimento científico de base para a realização do exame físico nos quesitos anatomia, fisiologia e semiotécnica. Pois muitos achados podem ser passados despercebidos por profissionais que não possuem o conhecimento de base para identificação de tais sinais.
Souza, et al. (2019) reforça que o enfermeiro que irá realizar o exame físico deve ter como habilidade inata a comunicação, pois para cada achado existe um histórico e neste momento de exame físico deve-se contrastar os relatos realizados com os achados identificados para que uma investigação mais específica possa ser realizada e uma intervenção precoce possa trazer resultados satisfatórios.
Adamy, et al. (2016) também confirma que além dos conhecimentos técnicos o enfermeiro precisa desenvolver suas habilidades de observação e escuta ativa, pois esse momento de troca de informação durante o exame além de aumentar o vínculo de confiança entre profissional e paciente é essencial para dar início a uma investigação mais aprofundada em cada achado do exame, por isso a importância da escuta ativa e da observação durante o exame físico.
Patrício et al. (2015) ratifica o tema afirmando que o exame físico deve ser dinâmico integrando o indivíduo como um todo, realizando uma análise minuciosa utilizando de técnicas propedêuticas e uma abordagem humanizada, pois uma responsabilidade deste nível exige o desenvolvimento de habilidades e em específico que essas habilidades sejam desenvolvidas durante a formação acadêmica.
Partindo desse pressuposto Adamy, et al. (2016) afirma que o enfermeiro que conduz o processo de levantamento histórico de uma forma interativa, criando um vínculo entre paciente e profissional ganha muito na realização do exame físico, pois o paciente será mais colaborativo, por este motivo se faz importante o enfermeiro ser receptivo, comunicativo, agradável, humanizado desde a primeira abordagem, e desde o recebimento do paciente no setor. Assim, terá um processo de levantamento de dados agradável e os vínculos se fortalecem para melhora no processo de levantamento de informações no exame físico.
Logo, o enfermeiro que realiza o exame físico não pode se deter somente a executar técnicas e tarefas, deve sempre procurar aprofundar-se em uma relação interpessoal humana, social e única com cada paciente e não somente se limitar a busca específica de indícios a doenças (SOUZA, et al. 2019).
Entretanto, nem sempre o exame físico é realizado com destreza pelos profissionais enfermeiros. Existem algumas dificuldades que são consideradas empecilhos, como por exemplo a rotina de trabalho sobrecarregada do enfermeiro e a falta de tempo para a dedicação total aos detalhes do exame físico completo, essas condições precárias de trabalho estão associadas a quantidade insuficiente de funcionários na equipe (SANTOS, et al. 2011).
Além da composição do conteúdo acadêmico destes enfermeiros que priorizam a execução das tarefas a vencer e não dão real valor ao exame físico, há uma grande necessidade de mudança da visão do enfermeiro frente abordagem tratativa para a preventiva, pois muitos olham somente para o tratamento curativo das doenças e ignoram a necessidade de prevenção (SANTOS, et al. 2011).
Patrício et al. (2015) em seu estudo configurou que existem lacunas no conhecimento dos alunos de enfermagem em relação ao exame físico cardiorrespiratório, refletindo em uma assistência insatisfatória que afeta diretamente à saúde do paciente.
Angelo et al. (1995) afirma que o conhecimento teórico prático dos cursos de enfermagem é insuficiente no quesito exame físico.
O campo prático de estágio é o cenário mais importante do processo de aprendizagem do exame físico para os estudantes de enfermagem. A sua realização prática no hospital concretiza os conhecimentos adquiridos durante o início da graduação e é ali que o acadêmico tem um contato real com as necessidades do dia a dia e as demandas que a sua carreira irá exigir. No entanto percebe-se que as instituições de ensino enfatizam, nos últimos anos de prática curricular, a gestão e não dão real valor para o exame físico nesse processo de aprendizado reduzindo a familiarização dos alunos com o cotidiano do exame físico e o seu grau de importância para eficácia da sistematização da assistência (ADAMY, et al. 2016).
Nos últimos anos do estágio curricular do aluno de enfermagem a observação constante do enfermeiro responsável pelo setor trará para o aluno um ganho muito importante para a concretização do seu conceito sobre o papel do enfermeiro dentro da instituição, sendo assim a postura deste enfermeiro em relação ao exame físico causará um impacto muito grande na formação deste aluno pois este enfermeiro é responsável por transmitir suas experiências tanto de conhecimentos teóricos quanto práticos, que adquiriu em sua graduação e colocou em prática tornando-se uma rotina em seu dia a dia. Essa vivência de observação do aluno frente a esse profissional e as suas práticas de exame físico irão fixar seu conteúdo teórico agregado do início da graduação (MACEDO, et al. 2018).
A forma como o enfermeiro conduz o exame deve ser revisada constantemente para que ele seja uma fonte de ensino adequado para os acadêmicos que o observam. A soma de uma abordagem humanizada, uma comunicação adequada e o acúmulo de técnicas específicas para melhor identificação de cada sinal e sintoma constroem um padrão adequado para observação (SOUZA, et al. 2019).
Vale ressaltar que todo o conhecimento adquirido durante a graduação exercerá uma influência no desempenho do exercício profissional do enfermeiro, ressalta-se a importância do acompanhamento constante dos alunos prestes a graduar-se para que todos os campos de atuação dos mesmos estejam de acordo com o preconizado, ressaltando a importância do exame físico para enfermagem como uma estratégia de levantamento de informações para aplicação de planos específicos e eficazes que trarão benefícios objetivos para cada paciente após uma avaliação única individual (LIMA, et al. 2020).
Deve-se haver uma constante avaliação e preocupação com o conteúdo do ensino do aluno de enfermagem para que ele possa atender às necessidades da população e de cada paciente de forma individual e assim esse profissional saia da graduação com conceito de ensino e aprendizado constante, visando ser um promotor da educação continuada, aprimorando profissionalmente suas habilidades e as de sua equipe, despertando o interesse em colegas para adaptação diária em cada paciente, momento rotina ou novo conhecimento adquirido pela ciência (ANGELO, et al. 1995).
Todo esse processo de enriquecimento da grade curricular do aluno do último ano deve ser discutido em ambiente de ensino para que novos meios e estratégias possam surgir e novas implementações possam ser realizadas para que cada dia mais o enfermeiro saia preparado para aplicação de um exame físico capaz de identificar sinais e sintomas e adotar uma abordagem humanizada e comunicativa (ADAMY, et al. 2016).
5 MÉTODO
5.1 Classificação do estudo
A pesquisa foi do tipo descritiva, com uma abordagem quantitativa. A pesquisa quantitativa envolve a análise dos números para a obtenção da resposta à pergunta ou hipótese da pesquisa (SOUSA; DRIESSNACK; MENDES, 2007).
5.2 Local do estudo
Foi realizado em um Centro Universitário, localizado na zona sul do município de São Paulo-SP. Trata-se de uma Instituição de Ensino privada e confessional, tricamp, no mercado há 106 anos, oferecendo cursos desde a educação infantil à pós graduação.
5.3 População alvo e amostra
A população deste estudo foram os egressos do curso de Enfermagem deste Centro Universitário, do ano de 2020 e 2021 que totalizavam 70 egressos.
5.4 Coleta de dados
Foi realizada através de um questionário (Apêndice B), elaborado pelas pesquisadoras. É aplicado via online (Google docs). O instrumento foi validado por dois egressos para testar sua compreensão.
5.5 Procedimentos de Coleta de dados
O link do questionário estava vinculado ao Termo de Consentimento livre e esclarecido (TCLE) e foi enviado aos egressos pelo WhatsApp pela Coordenação de Enfermagem. As pesquisadoras não tiveram acesso aos contatos telefônicos dos egressos. O questionário ficou aberto por 15 dias no mês de março de 2022.
5.6 Análise de dados
Foi realizada uma análise descritiva, de abordagem quantitativa, as variáveis numéricas foram apresentadas em números e porcentagens.
5.7 Descrição dos aspectos éticos
Por ter se tratado de uma pesquisa que envolveu seres humanos, foi respeitado a Resolução 510/2016. O projeto foi enviado e foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Centro Universitário Adventista de São Paulo, na data de 25 de Fevereiro de 2022, CAAE: 53400421.0.0000.5377.
Os participantes receberam uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A) pelo whattApp. No Termo estava explicado os objetivos do estudo, que poderiam desistir a qualquer momento, sem prejuízo para os mesmos. Os contatos das pesquisadoras constavam no termo, para eventuais dúvidas.
A identidade dos participantes foram mantidas no anominato, e os dados utilizados apenas para a pesquisa científica.
6 RESULTADOS
A amostra foi composta de 39 participantes, predominantemente do sexo feminino (90%) e 10% do sexo masculino. Em relação a idade, a maioria (72%) tinham entre 22 e 25 anos, a média foi de 25,4 DP± 4,4 anos.
Os participantes do estudo eram os egressos do Curso de Enfermagem dos anos de 2021 (59%) e de 2020 (41%). A maioria (74%) relataram que já atuavam como enfermeiros e 72% responderam que utilizavam os conhecimentos de exame físico diariamente.
Os resultados completos da caracterização dos participantes foi apresentada na TABELA 1.
TABELA 1 – Caracterização dos egressos do Curso de Enfermagem participantes do estudo. São Paulo, 2022.
Fonte: própria
Sobre a opinão dos egressos a respeito do Ensino-aprendizagem dos conteúdos de exame físico, os resultados completos foram apresentados na TABELA 2.
Em relação a carga horária teórica e prática, a maioria (92%) dos participantes respondeu que foi suficiente. Ademais, a maioria (87%) citou que tiveram muitas oportunidades de realizar exame físico durantes os estágios curriculares supervisionados, especialmente na área hospitalar (72%).
As técnicas propedêuticas de ausculta e percussão foram as citadas como as que demandaram maior dificuldade no aprendizado pelos respondentes, 46% e 33% respectivamente.
Para 41% dos participantes não houve nenhum segmento corpóreo com maior dificuldade no aprendizado, porém 36% citaram o exame neurológico como o que demandou mais esforços e 15% citaram o exame do tórax.
A estratégia de ensino que mais contribuiu para o aprendizado do exame físico foi o treinamento prático no laboratório de Semiologia e Semiotécnica, esta foi relatada pela maioria dos egressos (77%). Além disso, a maioria (54%) relatou ter participado de cursos e palestras extra-curriculares sobre o tema.
TABELA 2 – Opinião dos egressos do Curso de Enfermagem sobre o Ensino-aprendizagem de
Exame Físico na Graduação. São Paulo, 2022.
Fonte: própria
Os egressos foram questionados sobre estratégias pessoais utilizadas no processo de ensino aprendizagem de exame físico, apenas 22 (56%) citaram alguma estratégia, e as duas de destaque foram: assistir vídeos-aulas sobre o tema (50%) e treinar em amigos e familiares (27%).
Apenas 11 participantes (28%) mencionaram outras sugestões, destes 5 (46%) sugeriram mais treinamentos práticos no laboratórios para melhorar o ensino-aprendizado.
Os resultados completos foram descritos na TABELA 3.
TABELA 3 – Sugestões dos egressos do Curso de Enfermagem para melhorar o
Ensino-aprendizagem de Exame Físico na Graduação. São Paulo, 2022.
Fonte: própria
7 DISCUSSÃO
A equipe de enfermagem é predominantemente feminina, sendo composta por 84,6% de mulheres segundo o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2015), no presente estudo foram encontrados resultados semelhantes (90%).
A maioria dos participantes (74%) deste estudo relataram atuar como enfermeiros. Acredita-se que este fato se deve ao aumento de vagas de emprego na área, devido a pandemia de Covid-19 iniciada março de 2020 no Brasil.
Especialmente durante o cenário pandêmico, percebeu-se que a Enfermagem é fundamental e imprescindível para as ações de saúde e o trabalho de cuidar deve ser valorizado, bem como as condições de trabalho e melhores salários (BARROS, GOMES, CASTORINO, 2021).
Dos entrevistados que atuavam como enfermeiros, a maioria (72%) citou que utilizava os conhecimentos sobre exame físico diariamente. Este foi um achado muito relevante, pois sendo o exame físico a primeira etapa do processo de enfermagem (coleta de dados), pode-se inferir que os participantes deste estudo tem realizado as etapas sequenciais do mesmo.
A efetivação do processo de enfermagem é um desafio para a Enfermagem brasileira. Em um estudo com enfermeiros de uma UTI neonatal na Bahia, identificou-se que o processo de enfermagem era feito de maneira rotinizada, automática e irreflexiva (ALVES, SERVO, ALMEIDA, 2021).
Um aspecto favorável do estudo, foi que os egressos avaliaram que a carga horária teórica e prática estavam suficientes e que tiveram oportunidades de realizar a prática de exame físico especialmente nos estágios na área hospitalar.
Resultados diferentes foram encontrados em um estudo com egressos de um curso de Enfermagem em Minas Genais revelou sentimentos de insegurança, incapacidade e despreparo para o trabalho, relacionados a pouca vivência prática, utilização do acadêmico como mão de obra e dificuldades com preceptores/supervisores em práticas e estágios (GODINHO et al.,2021).
Neste mesmo estudo foi citado a importância de se pensar num currículo que não seja fragmentado, onde teoria e prática tenham a mesma distribuição de carga horária, e onde sua expressão conduza os alunos a uma prática de enfermagem crítica, científica e ação-reflexiva, reunida ao longo do percurso da formação, para conectar assim o mundo da teoria com o da prática. (GODINHO et al., 2021).
No presente estudo, algumas estratégias pessoais foram citadas que favoreram a aprendizagem do exame físico como assistir video-aulas, treinar em familiares e amigos. É importante estar aberto a estratégias inovadoras como o uso de tecnologias digitais que favoreçam o ensino-aprendizagem.
Na modernidade, as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, dentre eles o uso de aplicativos móveis (apps) podem promover mudanças relevantes na forma como alunos e professores ensinam, e desenvolvem aprendizagens mais significativas, praticar novos estilos de ensino na formação dos profissionais de enfermagem e romper com os modelos tradicionais de ensino para as atuais necessidades da sociedade (SANTOS et al., 2021).
Outra estratégia de ensino relevante é a simulação clínica. Um estudo com acadêmicos de Enfermagem no Rio de Janeiro concluiu que a simulação clínica foi positiva possibilitando melhorias no desempenho e aprendizado dos acadêmicos (ROSA et al., 2020). Resultados semelhantes foram encontrados num estudo com acadêmicos de Enfermagem no Nordeste, aplicando à simulação clínica no ensino do exame físico cardiovascular, revelou um efeito positivo para a aprendizagem (FERNANDES et al. 2020)
CONCLUSÃO
Este estudo revelou a percepção dos egressos de Enfermagem quanto ao processo de ensino-aprendizagem teórico e prático do exame físico na graduação. A carga horária teórica e prática foram suficientes para a formação profissional e os egressos conseguiram aplicar e realizar todas as técnicas propedêuticas durante os estágios curriculares supervisionados em especial na área hospitalar, apesar do contexto pandêmico de Covid-19 iniciado em março de 2020.
As técnicas propedêuticas que demandaram maior dificuldade no aprendizado foram a ausculta e percussão, e em relação ao segmento corpóreo o exame neurológico e de tórax demandou mais esforço.
A estratégia de ensino que mais contribuiu para o aprendizado do exame físico, foi o treinamento prático no laboratório de Semiologia e Semiotécnica. Além disso, a maioria relatou ter participado de cursos, palestras extra-curriculares sobre o tema, vídeo aulas e treinar em amigos e familiares.
Portanto, é importante refletir sobre o ensino aprendizado na enfermagem, aproximando a teoria à prática profissional, utilizando estratégias de ensino que favoreçam o desenvolvimento de habilidades e competências para a construção de um profissional capacitado para atender as necessidades dos clientes e do mercado de trabalho.
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Pesquisa inédita traça perfil da enfermagem
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A. Termo de Consentimento e Livre Esclarecido (TCLE)
Você está sendo convidado(a) para participar da pesquisa intitulada “EXAME FÍSICO: ENSINO-APRENDIZAGEM NA PERCEPÇÃO DE EGRESSOS DE ENFERMAGEM” de responsabilidade das pesquisadoras, Abla Odette Moti e Leidiane De Jesus Santos, sob orientação da Professora Elisabete Venturini Talizin vinculadas ao Curso de Enfermagem do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP).
O trabalho tem por objetivo avaliar o ensino teórico e prático do exame físico na graduação de Enfermagem, na percepção dos egressos. A sua participação na pesquisa ocorrerá mediante o preenchimento de um questionário online com duração aproximada de 15 minutos.
A pesquisa não trará benefício direto a você, porém contribuirá para uma reflexão quanto ao ensino-aprendizagem do exame físico na graduação de Enfermagem.
Os riscos da sua participação são mínimos, dispensará alguns minutos para responder o questionário. Caso a participação na pesquisa resulte em desconforto emocional e necessite de acompanhamento especializado, as pesquisadoras o encaminharão para a Rede de Assistência à Saúde Pública oferecida pelo Sistema Único de Saúde. Em caso de dano decorrente da participação nos procedimentos da pesquisa o participante terá direito a indenização, de acordo com a legislação em vigor, mediante ação judicial.
Você terá a garantia de receber esclarecimentos sobre qualquer dúvida relacionada à pesquisa e poderá ter acesso aos seus dados a qualquer momento, conforme etapa em que se encontra o estudo. Sua participação na pesquisa não é obrigatória e você pode desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento sem ser prejudicado por isso. Você também não receberá pagamento pela sua participação no estudo e nem haverá custos. Os resultados da pesquisa serão divulgados, mas você terá a garantia que seus dados pessoais serão mantidos anônimos, e apenas os pesquisadores terão acesso aos dados originais da pesquisa, que serão utilizados unicamente para fins acadêmico-científicos, observando as regras da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei n. 13.709/2018).
Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com o pesquisador responsável Elisabete Venturini Talizin- Telefone (11) 98723-0435 – email: elisabete.talizin@unasp.edu.br; Abla Odette Moti (19)98356-2623 – email: motiodette@gmail.com; Leidiane De Jesus Santos (13) 98186 4490 – email: leidiane.santosrosa3011@gmail.com.
Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do UNASP, localizado no Campus São Paulo, no 1º andar do Edifício Siegfried Kümpel, pelo telefone (11) 2128-6945 ou e-mail: cep.unasp@unasp.edu.br, nos seguintes dias e horários: segundas-feiras (das 16h às 18h), quartas-feiras (das 7h30 às 12h) e quintas-feiras (das 13h30 às 18h).
Você receberá uma cópia deste termo via whattsApp junto com o link do questionário.
Ao clicar no botão abaixo, você concorda em participar da pesquisa nos termos deste TCLE e será direcionado ao questionário.
Caso não concorde em participar, apenas feche essa página no seu navegador.
( ) eu aceito participar da pesquisa.
¹Autor(a)
²Orientador(a)