EVENTOS HEMODINÂMICOS EM PACIENTES USUÁRIOS DE COCAÍNA  SUBMETIDOS AO USO DE ANESTÉSICOS DURANTE PROCEDIMENTO  CIRÚRGICO 

HEMODYNAMIC EVENTS IN PATIENT USERS OF COCAINE SUBMITTED  TO THE USE OF ANESTHETICS DURING SURGICAL PROCEDURE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7747127


Allana Lima Viandelli1
Laila Fernanda Santana Barra2
Marcos Vinícius Ferreira dos Santos3


RESUMO: Os anestésicos locais podem sofrer interações medicamentosas quando  administrados de maneira análoga a outra substância. Ou seja, isso pode ocorrer com  pacientes que fazem uso de alguma droga ilícita, à exemplo da cocaína, que possui  efeito aditivo quando associada ao anestésico local. Dessa forma, este estudo tem como  objetivo principal realizar uma revisão integrativa da literatura sobre a ocorrência de  eventos hemodinâmicos em pacientes usuários de cocaína submetidos ao uso de  anestésicos durante procedimento cirúrgico. Trata-se de uma revisão integrativa da  literatura, de caráter qualitativo, cuja busca foi realizada nas bases de dados Biblioteca  Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed e  ScienceDirect. Os descritores utilizados para a busca foram selecionados de acordo com  o tema proposto, através dos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) e do Medical  Subject Heading (MESH), sendo, então: “Anestesia” e “Cocaína”, suas combinações e  variantes em inglês. Foram selecionados 6 artigos. Ao comparar pacientes positivos  para cocaína com pacientes negativos, não foram encontradas alterações significativas  na porcentagem dos eventos hemodinâmicos. No entanto, os pacientes positivos para  cocaína foram mais propensos a receberem um agente anti-hipertensivo durante o ato  operatório. Devido ao mecanismo de ação da cocaína no organismo humano, esta pode  gerar diversos eventos cardiovasculares. No geral, os achados da pesquisa identificaram  que os pacientes clinicamente assintomáticos e sem sinais de hiperatividade adrenérgica  não apresentaram aumento no risco de complicações cardiorrespiratórias, no entanto  deve-se manter atenção redobrada no pré-operatório e no intra operatório desses  pacientes. 

Palavras-chave: “Anestesia”; “Cocaína”; “Cirurgia”. 

ABSTRACT: Local anesthetics can undergo drug interactions when administered  analogously to another substance. That is, this can occur with patients who use some  illicit drug, such as cocaine, which has an additive effect when associated with a local  anesthetic. Thus, the main objective of this study is to carry out an integrative literature  review on the occurrence of hemodynamic events in cocaine user patients submitted to  the use of anesthetics during a surgical procedure. This is an integrative literature review, of a qualitative nature, whose search was carried out in the Virtual Health  Library (VHL), Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed and  ScienceDirect databases. The descriptors used for the search were selected according to  the proposed theme, through Health Sciences Descriptors (DECS) and Medical Subject  Heading (MESH), being: “Anesthesia” and “Cocaína”, their combinations and variants in  English. Six articles were selected. When comparing cocaine-positive patients with  cocaine-negative patients, no significant changes were found in the percentage of  hemodynamic events. However, cocaine-positive patients were more likely to receive an  antihypertensive agent during surgery. Due to the mechanism of action of cocaine in the  human body, it can generate several cardiovascular events. In general, the research  findings identified that clinically asymptomatic patients and without signs of adrenergic  hyperactivity did not present an increase in the risk of cardiorespiratory complications. 

Keywords: “Anesthesia”; “Cocaine”; “Surgery”.

1. INTRODUÇÃO 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) droga pode ser definida  como toda substância natural ou produzida artificialmente que ao ser utilizada pelo  indivíduo produz alterações significativas no organismo. As drogas podem ser  classificadas farmacologicamente em depressoras, estimulantes e perturbadoras do  Sistema Nervoso Central (SNC). A cocaína é uma droga psicotrópica que atua  hiper estimulando a via dopaminérgica, o que amplia o tempo de ação da dopamina,  noradrenalina e serotonina. Além disso, a cocaína inibe os transportadores desses  neurotransmissores, fazendo com que o seu efeito dure mais no cérebro (FERREIRA  et al., 2017). 

As principais consequências geradas pelo uso da cocaína podem ser agudas,  como o infarto agudo do miocárdio (IAM) devido à vasoconstrição gerada por essa  droga, e consequências a longo prazo, como perda de memória e destruição do septo  nasal. Além dos prejuízos biológicos, os prejuízos sociais também geram grande  impacto na vida desses usuários e de suas famílias, a exemplo da evasão escolar,  divórcio, abandono do emprego e muitos acabam optando por morar nas ruas. A  cocaína no ano de 2018 foi utilizada por cerca de 19 milhões de pessoas ao redor do  mundo (ALARCON, 2012; CAPISTRANO et al., 2013). 

Os anestésicos locais podem sofrer interações medicamentosas quando  administrados de maneira análoga a outra substância. Ou seja, isso pode ocorrer com  pacientes que fazem uso de alguma droga ilícita, à exemplo da cocaína, que possui  efeito aditivo quando associada ao anestésico local. Nesse sentido, estes pacientes  estão propensos a efeitos tóxicos decorrentes desta combinação, o que pode resultar  em efeitos colaterais graves, como o IAM (CABRAL et al., 2014; CORRÊA et al., 2014). 

Devido ao uso crescente de drogas, tornou-se mais frequente a quantidade de  pacientes cirúrgicos que fazem uso dessas substâncias, o que torna necessária uma  atenção redobrada por parte dos profissionais atuantes na área da saúde, visto que  drogas como a cocaína gera efeito aditivo com os anestésicos locais e podem  acarretar em toxicidade, convulsões e parada cardiorrespiratória, pois aumenta o  consumo de oxigênio pelo miocárdio e induz vasoconstrição (CABRAL et al., 2014).  Portanto, é imprescindível que o médico que esteja realizando um procedimento com  anestésicos locais conheça os potenciais efeitos causados pela associação destes  com a cocaína, a fim de reduzir riscos e danos ao paciente usuário desta droga. 

Devido a poucos estudos acerca desta temática na literatura disponível, notou-se a necessidade em realizar esta pesquisa, visando, também, conscientizar a  população sobre os prejuízos biopsicossociais gerados pelo uso dessas drogas  psicotrópicas. Para guiar esta pesquisa, elaborou-se a seguinte questão  norteadora: “Existe diferença na ação dos anestésicos locais em pacientes usuários de  cocaína ao se comparar com pacientes não usuários?”. Dessa forma, este estudo tem  como objetivo principal realizar uma revisão integrativa da literatura sobre a ocorrência  de eventos hemodinâmicos em pacientes usuários de cocaína submetidos ao uso de  anestésicos durante procedimento cirúrgico. 

2. METODOLOGIA  

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, de caráter qualitativo. Este  desenho de estudo se caracteriza como um tipo de revisão da literatura que reúne  achados de estudos primários realizados através de diferentes metodologias e permite  aos revisores realizarem uma síntese dos resultados sem alterar a ideia de base dos  estudos incluídos. Ainda, a revisão integrativa é capaz de gerar novas abordagens e  perspectivas sobre o assunto revisado (CARLINER, 2011; SOARES et al., 2013). 

A busca dos artigos foi realizada entre 10 e 18 de julho de 2022. Os critérios de  inclusão do estudo foram: artigos em inglês e/ou português, publicados entre 2011 e  2022, que respondessem à pergunta norteadora: “Existe diferença na ação dos  anestésicos locais em pacientes usuários de cocaína ao se comparar com pacientes  não usuários”?; estudos do tipo coorte, caso controle, relatos e séries de casos e  ensaio clínico. Para a população a ser analisada, foram incluídos estudos que  envolvessem somente usuários de cocaína que foram submetidos a procedimentos  com uso de anestésicos locais. Para os critérios de exclusão, foram definidos: artigos  publicados fora do período delimitado; estudos que não respondessem à pergunta  norteadora; artigos duplicados; e artigos do tipo revisão de literatura. 

Os artigos selecionados estavam indexados em alguma das quatro bases de  dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed e ScienceDirect. Os descritores utilizados para a busca foram  selecionados de acordo com o tema proposto, através dos Descritores em Ciências da  Saúde (DECS) e do Medical Subject Heading (MESH), sendo, então: “Anestesia” e  “Cocaína”, suas combinações e variantes em inglês, conforme demonstrado no quadro  1. 

QUADRO 1. Estratégias de busca realizadas nas bases de dados e seus  resultados 

Base de dados Estratégia de busca Resultados
BVS Anesthesia AND Cocaína 423
PUBMED (“Anesthesia”[Mesh]) AND “Cocaine”[Mesh] 410
SciELO Anesthesia AND Cocaína 3
ScienceDirect Anesthesia AND Cocaine 16.392

Fonte: Os autores (2022) 

A busca nas bases de dados resultou em 17.228 artigos. Foram excluídos  12.768 artigos por serem publicados fora do período delimitado, 13 por apresentarem  linguagem que não fosse inglês ou português e 2.574 por apresentarem desenho de  estudo incompatível (794 revisões de literatura, 48 editoriais, 97 enciclopédias, 982  capítulos de livro, 89 resumos de congresso, 6 revisões de livro, 2 informativos de  conferência, 30 correspondências, 11 discussões entre autores, 4 exames, 28 mini  revisões, 3 notícias, 43 diretrizes de prática, 157 comunicações curtas e 280 estudos  não categorizados pela base de dados), sobrando, assim, 1.873 artigos. 

Posteriormente, o título e resumo dos artigos foram analisados, sendo  excluídos 12 artigos por apresentarem duplicidade, restando 1.861 artigos. Estes foram lidos na íntegra, com posterior exclusão de 1.855 artigos por não responderem à  pergunta norteadora do estudo. Assim, a amostra final desta revisão incluiu 6 artigos.  A seleção dos artigos foi feita tomando como base no fluxograma presente na figura 1. 

FIGURA 1. Fluxograma PRISMA para seleção dos artigos

Após a pesquisa, os resultados foram organizados no software Microsoft Excel para a realização do fichamento dos artigos. Todos os autores leram, de forma crítica,  os artigos previamente selecionados a partir dos critérios de inclusão e exclusão do  estudo. Posteriormente, os estudos foram organizados a partir do nível de evidência  científica, autores (ano), desenho de estudo, local de realização do estudo e objetivos  do estudo, conforme mostrado no quadro 2. A análise do nível de evidência dos  estudos selecionados foi realizada através da Classificação do Oxford Centre for  Evidence-Based Medicine, que categoriza os estudos em níveis de evidência de 1 a 5, os quais definem o grau de recomendação de condutas assistenciais (OXFORD,  2009). 

RESULTADOS 

QUADRO 2. Característica dos estudos selecionados para a revisão

Título Autores  (ano)Nível de evidênciaDesenho de estudoLocal Objetivos
A Positive  Cocaine Urine  Toxicology Test  and the Effect  on  Intraoperative  Hemodynamics  Under General  AnesthesiaMoon et al.,  (2021) 2B Coorte  prospectiva EUAAvaliar se pacientes assintomáticos positivos para cocaína tiveram uma porcentagem semelhante de eventos hemodinâmicos intraoperatórios
Recent cocaine  use and the  incidence of  hemodynamic  events during  general  anesthesia: A  retrospective  cohort studyMoon et al.,  (2019) 2B Coorte  retrospectiva EUAAvaliar a  hemodinâmica  intraoperatória e as  necessidades de medicação de pacientes cocaína- positivos em comparação com controles pareados com cocaína- negativos.
Utility of cocaine  drug screens to  predict safe  delivery of  general  anesthesia for  elective surgical  patientsBaxter e  Alexandrov  (2012)2B Coorte retrospectiva EUAExaminar o risco de  um evento hemodinâmico entre pacientes cirúrgicos eletivos que testam positivo para cocaína.
Intravitreal  Injection  Anesthesia— Comparison of  Different Topical  Agents: A  Prospective  Randomized  Controlled TrialYau et al.,  (2011) 1BEnsaio clínico randomizadoCanadáComparar a eficácia anestésica de 3 agentes tópicos usados para injeções intravítreas.
Comparison  between topical  anesthesia with  cocaine versus  lidocaine plus  adrenaline for  outpatient laser  dacryocystorhin ostomyAlañón et  al., (2014) 1BEnsaio clínico randomizado  duplo-cegoEspanhaAvaliar a eficácia da anestesia tópica com  cocaína versus lidocaína mais  adrenalina para dacriocistorrinostomia transcanalicular e endonasal ambulatorial com laser  de diodo sob sedação.
Region-specific effects of isoflurane anesthesia on Fos immunoreactivit y in response to intravenous cocaine challenge in rats with a history of repeated cocaine administrationKufahl et  al., (2015) 5Estudo experimental EUAExaminar a expressão da proteína Fos sob  isoflurano em ratos com história de repetição de  administração intravenosa de cocaína.

Fonte: Os autores (2022) 

Dos 6 artigos incluídos na revisão, 67% (n=4) foram realizados nos Estados  Unidos da América (EUA), 16.5% (n=1), no Canadá e 16.5% (n=1), na Espanha.  Acerca do tipo de estudo realizado, foram selecionadas 2 coortes retrospectivas e 1  coorte prospectiva, 2 ensaios clínicos randomizados e 1 estudo experimental. O maior  nível de evidência apresentado foi 1B e, o menor, 5 (ALAÑÓN et al., 2014; KUFAHL et  al., 2015; MOON et al., 2021; MOON et al., 2019; YAU et al., 2021). 

Moon et al. (2019) e Moon et al. (2021) avaliaram, respectivamente, 821 e 328  pacientes com histórico de uso de cocaína, que iriam realizar cirurgia não cardíaca sob  anestesia geral e os dividiu em dois grupos: cocaína-positivos e cocaína-negativos  baseado no teste toxicológico. Em ambos os grupos, não foram observadas diferenças  significativas nos ritmos cardíacos intraoperatórios entre os 2 grupos. Os demais  parâmetros hemodinâmicos, como pressão arterial (PA) e pressão arterial média  (PAM) também não apresentaram alterações relevantes. 

Uma coorte retrospectiva avaliou a resposta hemodinâmica de pacientes  usuários de cocaína após sedação com midazolam IV (0,02 a 0,03mg/Kg-1), indução  da anestesia geral com propofol de 1,5 a 2,0 mg/kg−1 e cloreto de succinilcolina de  0,5-1 mg/kg−1, havendo manutenção com fentanil de 1 a 5 μg/kg−1 e sevoflurano em  ar em oxigênio a 50%. Ambas PA sistólica (PAS) e PAM foram significativamente  maiores no grupo cocaína-positivo, mas clinicamente irrelevantes quando comparadas  com os parâmetros do grupo cocaína-negativos. Também não houveram diferenças na  quantidade de eventos de hipotensão intraoperatórios ou na frequência cardíaca (FC)  nos dois grupos analisados (BAXTER; ALEXANDROV, 2012).

Em relação a procedimentos, o uso tópico de cocaína a 4% com epinefrina (1/100.000) é capaz de causar vasoconstrição e analgesia, porém, pode levar ao  aumento da PA e maior perda sanguínea em pacientes que realizaram  dacriocistorrinostomia transcanalicular e endonasal. Já a administração IV de cocaína  pode levar ao aumento da imunorreatividade da proteína Fos, cuja expressão torna-se  um marcador de ativação neural, em ratos sob anestesia com isoflurano, sugerindo  que o isoflurano pode ser usado em estudos de imagem envolvendo os efeitos da  cocaína no sistema nervoso (ALAÑÓN et al., 2014; KUFAHL et al., 2015; YAU et al.,  2011;). 

DISCUSSÃO 

Esta pesquisa científica foi realizada a partir da revisão de estudos publicados  sobre as alterações hemodinâmicas em pacientes usuários de cocaína, em uso de  anestésico intraoperatório. Os estudos a respeito dessa temática ainda são  limitantes, visto que há poucos relatos de caso e poucos estudos com grupo controle  para tal comprovação.  

Ao comparar pacientes positivos para cocaína com pacientes negativos, não  foram encontradas alterações significativas na porcentagem dos eventos  hemodinâmicos, no entanto os autores questionam a presença de um viés sobre a  quantidade de anestésico administrado em cada paciente, cabendo ao profissional  anestesiologista o papel de avaliação do risco cirúrgico e cardiovascular dos pacientes  submetidos aos procedimentos. Segundo Nelson & Odujebe (2013), a avaliação pré operatória desses indivíduos deve ter atenção especial para o sistema  cardiorrespiratório, sendo necessário solicitar eletrocardiograma, hemograma,  bioquímica e exames de imagem na presença de alterações do exame físico (MOON  et al., 2021).  

Apesar de não serem identificadas alterações hemodinâmicas significativas,  segundo os estudos de Baxter & Alexandrov (2012), os pacientes positivos para  cocaína foram mais propensos a receberem um agente anti-hipertensivo durante o ato  operatório. Isso ocorre devido ao aumento da liberação de catecolaminas no terminal  pré-sináptico, gerando intensa vasoconstrição, taquicardia, um consumo exagerado de  oxigênio, e, consequentemente, hipertensão devido à inibição da recaptação das  catecolaminas e redução da produção do óxido nítrico que atua como vasodilatador  responsável por uma regulação no sistema nervoso simpático.

Devido ao mecanismo de ação da cocaína no organismo humano, esta pode  gerar diversos eventos cardiovasculares, a exemplo do infarto agudo do miocárdio,  nas arritmias, da cardiomiopatia e da isquemia coronariana que pode ocorrer devido à  hiperativação do sistema nervoso autônomo simpático, diminuindo a perfusão das  artérias coronárias. Não foi possível estabelecer relação direta da interação  medicamentosa entre os anestésicos e a cocaína, no entanto, conforme os estudos de  Cabral et al. (2014) essa interação pode gerar toxicidade e potencialização dos efeitos  noradrenérgicos da cocaína. Além disso, o uso concomitante dessas medicações é  associado à constrição do baço, gerando uma alta produção de glóbulos vermelhos e,  consequentemente aumento no risco de formação de trombos venosos ou arteriais. 

É válido ressaltar, ainda, que os usuários de cocaína podem apresentar  complicações pulmonares a exemplo do “pulmão de crack”, uma síndrome pulmonar  aguda que está relacionada à febre, hipoxemia, hemoptise e insuficiência respiratória.  Dessa forma, os profissionais da saúde ao utilizarem anestésicos gerais e sedativos  nesses pacientes devem manter atenção redobrada às possíveis complicações  respiratórias. No geral, ainda não há um consenso sobre a suspensão do uso da droga  e a realização da cirurgia, no entanto, em casos de cirurgia eletiva, deve-se adiar até 7  dias após um teste positivo para cocaína, a fim de garantir segurança à saúde do  paciente durante o procedimento cirúrgico (ALMEIDA et al., 2015; GERMANO FILHO,  2011). 

Diante dos artigos selecionados, destacam-se algumas limitações, visto que há  poucos estudos associando o uso da cocaína e anestésicos, pois não é rotina solicitar  exame toxicológico em todos os pacientes submetidos à cirurgia. Além disso, há  dificuldade em estabelecer um padrão de complicações, visto que os pacientes  positivos para cocaína foram submetidos a menores quantidades de anestésico e  avaliação do risco cirúrgico redobrada.  

CONCLUSÃO 

A cocaína é uma droga psicotrópica que atua hiper estimulando a via  dopaminérgica e, consequentemente, ampliando o tempo de ação da dopamina,  noradrenalina e serotonina, sendo assim difícil prever as possíveis interações  medicamentosas dessa droga. Portanto, cabe ao profissional da saúde saber  reconhecer as possíveis alterações presentes nos pacientes usuários de cocaína  submetidos a procedimentos cirúrgicos com uso de anestésicos e sedativos, a fim de  realizar um manejo correto e evitar complicações que gerem risco à vida desses 

pacientes. No geral, os achados da pesquisa identificaram que os pacientes clinicamente assintomáticos e sem sinais de hiperatividade adrenérgica não  apresentaram aumento no risco de complicações cardiorrespiratórias, no entanto  deve-se manter atenção redobrada no pré-operatório e no intra operatório desses  pacientes.  

Dessa forma, faz-se necessário dar seguimento com novos estudos primários,  a fim de elucidar de forma mais aprofundada as complicações cardiorrespiratórias  presentes em pacientes usuários de cocaína submetidos a procedimentos cirúrgicos,  visando identificar precocemente os agravos e, assim, realizar um plano de  intervenção. 

REFERÊNCIAS  

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1Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR. E-mail: allana.viandelli@hotmail.com 
2Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR. E-mail: fernanda.barra011@hotmail.com
3Docente da Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida – FESAR. E-mail: marcos.vinicios@fesar.edu.br