EUTANÁSIA NA CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS: OPINIÕES DE TUTORES DO INTERIOR DA BAHIA

EUTHANASIA IN SMALL ANIMALS CLINICS: BAHIA’S INLAND CITY TUTORSʼ OPINIONS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202410291842


Hanna Figueiredo de Carvalho¹,
Hannah Oliveira Suzarte Rios²,
Mirza de Carvalho Santana Cordeiro³


 RESUMO

A eutanásia animal é uma prática veterinária destinada a aliviar o sofrimento de animais portadores de doenças incuráveis, no entanto esse procedimento envolve questões éticas e emocionais, especialmente entre os tutores. Muito embora o objetivo da eutanásia seja minimizar a dor, alguns tutores optam por realizá-la devido a motivos financeiros, o que pode afetar o bem-estar animal. Essa decisão é influenciada pelo nível de escolaridade e renda do tutor. O estudo realizado em diversas clínicas teve por finalidade o levantamento de dados sobre as opiniões de tutores pertencentes a diferentes classes sociais do interior da Bahia em relação a eutanásia na clínica de pequenos animais e revelou que a eutanásia é uma prática comum, sendo motivada principalmente por doenças terminais e dificuldades financeiras. Muitos apoiam a prática, mas as opiniões são bastante variadas devido a diversos fatores, destacando a necessidade de um diálogo aberto e de serviços veterinários acessíveis, visando oferecer o melhor serviço para os animais. O tema ainda carece de estudos para preencher a lacuna que há na literatura em relação a aceitação da eutanásia e suas relações socioeconômicas.

Palavras-chave: Eutanásia. Bem-estar animal. Dificuldades financeiras. Opiniões. Tutores.

1 INTRODUÇÃO

A eutanásia, prática que promove a morte humanizada dos animais, impõe aos veterinários a responsabilidade de garantir a execução ética e respeitosa do procedimento, com o objetivo de minimizar ao máximo a dor e sofrimento dos animais que a ele são submetidos (American Veterinary Medical Association – AVMA, 2001). Proposto por Francis Bacon, em 1623, em sua obra “História vitae et mortis“, o termo deriva do grego e pode ser traduzido como “boa morte”, considerado pelo cientista inglês como o “tratamento adequado às doenças incuráveis” (Martins, 2014). Evidentemente a prática da clínica médica veterinária é, segundo a Lei n° 5.517. de 23 de outubro de 1968, incumbida apenas ao profissional médico veterinário, portanto, apenas esse detém autorização conferida pelo Estado brasileiro que permita a realização da eutanásia em animais (Brasil, 1968).

O conceito de eutanásia remonta à Antiguidade e à Idade Média. Apesar de ter um significado parecido com o atual, era uma prática frequente e aceita em algumas sociedades, fazendo parte do dia a dia. No entanto, desde então, essa questão nem sempre foi considerada de forma pacífica e consensual entre as populações (Heringer, Perim, 2008).

Apesar do intuito principal da eutanásia ser minimizar ao máximo a dor e sofrimento de animais em estado crítico, sem possibilidade de tratamento e em intenso sofrimento, ocorrem casos nos quais os tutores optam pela realização da eutanásia em pacientes passíveis de tratamento, pois sua renda não cobre os custos. (Alves, Gnostto, 2024). Como também ocorrem os casos de animais com doenças zoonóticas severas como a esporotricose e a leishmaniose tegumentar, que são duas dermatoses que afetam cães e gatos, apresentando também um alto potencial de transmissão para humanos, a questão da realização do procedimento de eutanásia desses animais como forma de controle é ainda bastante controversa. O Ministério da Saúde recomenda a eutanásia de animais doentes quando as lesões cutâneas evoluem para um estado grave, com o surgimento de lesões mucosas e infecções secundárias que podem levar ao sofrimento intenso do animal. Essa orientação levanta importantes discussões sobre o manejo ético e clínico dessas condições (Gontijo et al., 2011).

Atualmente, a convivência entre humanos e animais vem aumentando e, com o decorrer do tempo, esses seres vêm deixando de ser considerados apenas como animais de companhia e passando a serem vistos pelos seus tutores como membros da família (Menine, 2021). Portanto, quando os animais são submetidos à eutanásia, é gerado um grande impacto psicológico nos tutores, principalmente quando esses desenvolvem o sentimento de que poderiam ter feito mais pelo seu animal e eles passam a se culpar. (Ferraz, 2022). Os proprietários de animais de estimação são as pessoas que oferecem cuidados que garantam uma vida longa e saudável a eles, a partir do momento em que a eutanásia é recomendada como a melhor solução para algum pet, é difícil que essa decisão seja vista como um ato de cuidado, independente do caso em que o animal se encontra. (Mesquita, 2021). Logo, a eutanásia é uma questão altamente controversa na sociedade. Na medicina veterinária, existem diretrizes que visam ajudar na tomada de decisões sobre o tema, buscando minimizar os conflitos éticos e morais que podem surgir (Giraldo-Arboleda et al., 2023).

Assim como ocorre com qualquer animal de estimação, a falta de tratamento para doenças ou ferimentos pode resultar em um baixo nível de bem-estar. Alguns tutores de cães podem não ter condições financeiras para arcar com os custos veterinários, enquanto outros optam por não investir em tratamentos para seus animais doentes ou machucados. Em ambas as situações, o bem-estar do animal pode ser seriamente comprometido. Uma questão que surge nessas circunstâncias, e quando uma condição não pode ser tratada para evitar um baixo bem-estar, é se a gravidade e a duração do problema são suficientes para levar o proprietário a considerar a eutanásia como a melhor opção para o cão. (Pontes, Sousa, 2019).

Não são apenas pessoas alheias às áreas de ciências agrárias e saúde pública, que questionam ou rejeitam a eutanásia animal, no entanto, muitos de fora do universo profissional do cuidado animal, veem esse procedimento como um ato de agressão, descaso e até mesmo um crime contra a vida dos animais. Essa percepção muitas vezes surge da falta de compreensão sobre os complexos processos que levam à decisão de optar pela eutanásia (Carvalho, Santos, 2021).

A significativa relação entre o grau de escolaridade e renda familiar do tutor, e as tomadas de decisões que influenciam diretamente em fatores determinantes do bem-estar animal, como hábito de levar os animais no veterinário, qualidade da alimentação, bem como das vacinas aplicadas e até mesmo a realização da eutanásia (Gomes, 2015) Indubitavelmente, a eutanásia, sobretudo a realizada por conveniência em pequenos animais, é um tema fundamental para a bioética, pois envolve interesses e perspectivas distintas do tutor e do médico veterinário. Além disso, embora seja um tema de alto grau de importância, a escassez de estudos existentes sobre a aceitação da eutanásia por parte dos tutores de animais, especialmente no contexto da influência da falta de recursos para tratamento, constitui uma lacuna significativa na literatura acadêmica (Cohen, Bastos, 2024).

Este trabalho tem como objetivo avaliar as opiniões de tutores de diferentes classes sociais sobre a prática da eutanásia. Para isso foi aplicado um questionário, a fim de registrar os dados encontrados, concluindo o porquê dessa opinião e quais fatores levaram esse tutor a possuí-la.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizado um estudo prático e analítico com base na opinião de cinquenta tutores que frequentam diferentes tipos de hospitais e clínicas veterinárias na cidade de Feira de Santana. No total, foram visitados seis hospitais, sendo três destes com estruturas maiores e mais renomados, enquanto os outros três são clínicas de menor estrutura, com preços mais acessíveis e em bairros pequenos. A abordagem foi feita de forma presencial nas clínicas e hospitais e os tutores participantes foram escolhidos de forma aleatória, com o objetivo de manter uma melhor homogeneidade. Antes de iniciar as pesquisas, foi esclarecido sobre ser um estudo voluntário e sobre a opção de abandonar a entrevista caso o participante escolha não mais participar, uma vez que pode ser um tópico sensível capaz de ativar algum gatilho emocional. A entrevista foi realizada individualmente através de um questionário realizado pela plataforma Google Forms, onde o tutor pôde ter acesso através de um link gerado. Com a própria ferramenta disponibilizada pela plataforma, foram computados os resultados e transformados em gráficos para melhor visualização e comparação dos dados obtidos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos a partir do levantamento de dados mostram que a metade dos entrevistados frequentam clínicas populares e a outra metade, frequenta clínicas de padrão mais alto. Embora não seja a realidade de algumas cidades, os hospitais e clínicas veterinárias populares tem um papel muito grande quando se trata de abranger públicos mais carentes. Para além do fácil acesso com relação ao custo, os hospitais contam com uma equipe profissional, trazendo segurança e saúde aos animais e uma melhor assistência para a comunidade. Alguns tutores, devido à restrição financeira, acabam procurando estabelecimentos não preparados para solucionar casos clínicos e podem acabar, inconscientemente, piorando ou estagnando o caso do animal, por isso se dá a importância de serviços veterinários de qualidade com preços mais acessíveis para quem não tem condições financeiras, mas não desistem do cuidado para com seus animais. Informações básicas de manejo e saúde também devem ser discutidas durante os atendimentos, uma vez que esses conhecimentos podem não ser bem disseminados em comunidades mais carentes (Veiga, 2017). Assim como consta na figura 1.

Figura 1 – Gráfico de pizza que demonstra o tipo de clínica que os tutores entrevistados costumam frequentar em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024.

Na figura 2 observa-se que a 54% dos entrevistados possui ensino superior incompleto, 30% ensino superior completo, 8% ensino médio completo, 3% ensino médio incompleto, 2% ensino fundamental completo e nenhum ensino fundamental incompleto. Segundo a literatura, o nível de escolaridade influencia diretamente na qualidade de vida e promoção de saúde da população pelo acesso à informação (Lima-Costa, 2004).

Figura 2 – Gráfico de pizza que demonstra a escolaridade dos tutores entrevistado em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024.

Na figura 3 é visto que 4% dos entrevistados pertencem a classe A, 10% a classe E, 26% à classe B e a maioria dos entrevistados pertence às classes C e D, representando 30% cada, o que condiz com os dados obtidos no censo em 2022 que mostra que o salário médio dos habitantes de Feira de Santana é de aproximadamente 1,9 salários mínimos (IBGE, 2022).

Figura 3 – Gráfico de pizza que demonstra a classe social, segundo o IBGE, a qual os entrevistados pertencem em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024.

Embora a definição da eutanásia possa ser menos conhecida pela parcela dos indivíduos mais leigos (Vilela; Caramelli, 2009), na figura 4 é possível observar que 98% dos entrevistados ao menos já ouviram falar no termo eutanásia, o que mostra que independente de classe ou renda, o termo têm se tornado mais conhecido.

Figura 4 – Gráfico de pizza que demonstra se os entrevistados são familiarizados com o termo eutanásia em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024

Ainda sobre o conhecimento da prática, a figura 5 relata que 58% dos participantes já tiveram um animal cuja eutanásia foi sugerida. A eutanásia continua sendo um tema altamente controverso e polêmico (Antônio; Casado, 2023). Por isso o mesmo deve ser abordado pelo médico veterinário de forma cautelosa e respeitosa, discutido de forma consciente com o máximo de paciência e clareza possível sobre a necessidade ou não do procedimento (Agostinho; Palazzo, 2009).

Figura 5 – Gráfico de pizza que demonstra se já foi proposto aos tutores entrevistados a realização da eutanásia em algum animal deles em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024.

Ao total, 62% dos entrevistados já tiveram ao menos um animal de fato submetido a esse procedimento. Pesquisas mostram que, ao perguntar a médicos veterinários sobre a eutanásia, a maioria afirma que realiza esse procedimento com determinada regularidade. De acordo com a literatura, um veterinário, em média, realiza uma eutanásia a cada 50 atendimentos, evidenciando que essa prática é comum na rotina clínica veterinária (Baldini, Madureira, 2023). Tal como comprova a figura 6.

Figura 6 – Gráfico de pizza que demonstra quantos dos tutores entrevistados já tiveram ao menos um animal eutanasiado em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024

Os colaboradores são questionados por quem foi dada a sugestão de eutanásia, caso essa tenha sido sugerida, 54%, sua maioria, afirma ter sido por parte do médico veterinário responsável e 28% não teve um animal cujo eutanásia foi sugerida. Embora essa prática só possa ser realizada por um médico veterinário ou por um indivíduo treinado sob supervisão do profissional (CFMV, 2013), sabe-se que, mesmo sem o devido conhecimento do assunto, a proposta da realização pode partir de outras pessoas, inclusive do próprio tutor. Com isso, ainda na figura 7, apresenta-se que 12% dos participantes foram os responsáveis por sugerir que a eutanásia pudesse ser feita ou se tornasse uma opção, e os demais 4% teriam sido por parte de outras pessoas também não profissionais, importante salientar que muitas vezes esses indivíduos exerçam sua função de maneira limitada, atuando apenas como decisores em relação à eutanásia e não como auxílio da identificação das necessidades ou ajuda na melhora da qualidade de vida do animal (Crocker, 2024). Assim como consta na figura 7.

Figura 7 – Gráfico de pizza que demonstra quem sugeriu a eutanásia aos tutores entrevistados em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024

36% dos tutores responderam que nunca tiveram um animal eutanasiado, o restante, 64% dos entrevistados, teve algum animal submetido a eutanásia, sendo 36% desses, devido a doenças terminais que deixaram o animal em intenso sofrimento e que o tratamento não surtiria efeito. A eutanásia pode ser recomendada em situações mais graves, quando os animais não respondem de maneira adequada ao tratamento, conforme a avaliação do veterinário. 16% dos tutores relataram que o tratamento do animal era incompatível com sua renda, portanto a eutanásia restou como única opção. Nesses casos, essa prática é chamada de eutanásia por conveniência. É certo que as doenças neoplásicas, que apresentam alto custo de tratamento, sejam alguns dos principais motivos para a realização dessa prática, outro fator que pode estar aliado a falta de recursos financeiros é o descaso de alguns tutores para com os seus pets (Togni, 2018). 6% tinham animais idosos sem recursos para atender as necessidades de bem-estar, sabe-se que nas últimas décadas, a medicina de pequenos animais evoluiu significativamente nos cuidados geriátricos, resultando em maior longevidade para esses animais, graças aos avanços veterinários e ao investimento dos tutores em seu bem-estar (Candice, 2024). 4% dos tutores possuíam animais gravemente feridos com impossibilidade de tratamento e 2% alegam que os animais eram portadores de enfermidades que ameaçavam a saúde pública. Como demonstrado na figura 8.

Figura 8 – Gráfico de pizza que demonstra o principal motivo da eutanásia, caso essa tenha sido realizada em algum animal dos tutores entrevistados em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024

Apesar de 26% dos entrevistados relatarem jamais ter precisado considerar a eutanásia de algum animal, a pesquisa mostra que 30% tiveram algum animal submetido à eutanásia por não haver tratamento, tornando-se então o principal motivo para realização da prática de acordo com a entrevista. O Conselho Federal de Medicina Veterinária (2012) certifica que, de fato, a eutanásia é indicada para casos em que o bem-estar animal está comprometido de forma irreversível e o animal já não responde a analgésicos ou outros tipos de tratamento. 18%, segundo maior número dentro daqueles que já tiveram um animal eutanasiado, afirmaram que havia um tratamento para o quadro do animal mas que esse possuía um custo muito elevado e, portanto, era incompatível. Ainda de acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária em sua Resolução n.º 1.000/12, essa é uma razão válida para a indicação do procedimento mas é necessário que haja muita cautela, uma vez que o procedimento pode ser banalizado. 12% relataram que, em seus casos, apesar de haver um tratamento, as chances de melhora eram muito baixas. Já 10% dos indivíduos demonstraram que o tratamento não trazia garantia de boa qualidade de vida para o animal, o que gerava uma insegurança. Em casos como esse, é preciso avaliar se de fato não há cuidados paliativos eficientes que possam ser feitos e então discutir todas as partes de uma eutanásia, conscientizando sempre o tutor para chegar em uma melhor decisão para a saúde do animal (Botoni; César; Adriane, 2024). O gráfico mostra que houveram também dois outros casos, em números muito pequenos, em que a eutanásia foi a única opção dada pelo médico veterinário e em que havia um tratamento que, apesar do custo elevado, foi feito a fim de evitar a prática.

Figura 9 – Gráfico de pizza que demonstra se, no caso do animal que foi eutanasiado, havia um tratamento possível de ser realizado pelos tutores entrevistados em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024.

Quando questionados se são a favor ou contra a eutanásia em casos de zoonoses, 92% dos participantes se mostraram a favor e 8% contra, como consta na figura 10. No entanto, é preciso ter noção que, antes mesmo da eutanásia ser uma alternativa para o problema, é fundamental pontuar a importância de serviços sociais e políticas que disseminem conhecimento sobre profilaxias e possíveis prevenções e controle de zoonoses, diminuindo assim o risco de contaminações. Dito isso, de forma legal, a eutanásia é eficaz no controle dessas doenças, porém não diferentemente das outras, deve ser realizada em últimos casos e de forma correta (Gonçalves et al., 2024).

Figura 10 – Gráfico de pizza que demonstra a opinião dos tutores entrevistados quanto a eutanásia de animais portadores de doenças infecciosas em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024.

Na figura 11 observa-se que a maioria dos tutores, 56% dos entrevistados, não possui opinião fixa sobre a realização da eutanásia animal, se mostrando a favor ou contra a depender da situação. 22% era contra, mas a opinião mudou após explicações de algum profissional veterinário, 20% sempre foi a favor dessa prática e nenhum entrevistado se apresentou contra a realização da eutanásia. Ainda que na prática, a eutanásia seja relativamente comum na clínica, e realizada desde a antiguidade, ela ainda é um assunto que precisa ser mais discutido pois ainda existe muita divergência de opiniões em relação ao tema (Vieira, 2017).

Figura 11 – Gráfico de pizza que demonstra a opinião dos tutores entrevistados em relação a prática da eutanásia em Feira de Santana, Bahia. Agosto de 2024.

4 CONCLUSÃO

A eutanásia animal é um tema que ainda gera msuitos debates, refletindo a complexidade das decisões na clínica veterinária e as diversas opiniões dos tutores, pois através da pesquisa foi evidenciado que, embora a maioria dos entrevistados conheça o conceito de eutanásia, a compreensão sobre suas implicações varia bastante. O levantamento mostrou que a eutanásia é frequentemente utilizada como uma opção nos casos de sofrimento irreversível ou quando o tratamento não dê garantia que o animal melhore, no entanto, alguns dos tutores enfrentam dificuldades financeiras que impactam diretamente suas escolhas sobre a realização da eutanásia de seus animais, destacando a importância de serviços veterinários mais acessíveis, a fim de garantir o bem estar dos animais, independente de classe, renda ou escolaridade dos tutores.

A diversidade de opiniões sobre o assunto mostra também a necessidade de um diálogo aberto entre veterinários e tutores, para que as dúvidas sobre a eutanásia sejam esclarecidas, e as decisões sejam tomadas, em consenso, de maneira responsável e empática, visando o melhor para o animal.

Por fim, a falta de estudos sobre a aceitação da eutanásia por parte dos tutores e sua relação com fatores socioeconômicos revela uma lacuna que precisa ser investigada. Não só são necessárias mais informações sobre o tema, como também é preciso educar as pessoas que não pertencem a área de saúde sobre cuidados preventivos, paliativos e opções de tratamento, assim como essas práticas podem melhorar a qualidade de vida dos animais e ajudar os tutores a se sentirem mais apoiados.

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¹Discente do curso superior de Medicina Veterinária do Centro Universitário Anísio Teixeira. Email: 00hanna.carvalho@gmail.com

2Discente do curso superior de Medicina Veterinária do Centro Universitário Anísio Teixeira. Email: hannahsuzarte@outlook.com

3Docente do curso superior de Medicina Veterinária do Centro Universitário Anísio Teixeira. Email: mirza.carvalho@fat.edu.br