ETAPAS DE UMA CIRURGIA SEGURA: REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202408092330


Estênio Bazzo Grubert1
Haroldo Lazzaretti Queiroz1
Reinaldo Lazzaretti Queiroz1


RESUMO

A segurança cirúrgica é um aspecto crucial na prática médica, envolvendo um conjunto de etapas e protocolos destinados a minimizar riscos e complicações durante procedimentos cirúrgicos. Este estudo revisou a literatura sobre as etapas essenciais para uma cirurgia segura, destacando a importância do planejamento pré-operatório, do checklist pré-operatório, da identificação correta do paciente e do local da cirurgia, da esterilização e preparo do ambiente cirúrgico, da comunicação efetiva entre a equipe, da monitoração intraoperatória, da contagem rigorosa de materiais, do controle de infecção, dos cuidados pós-operatórios imediatos e da revisão e feedback pós-operatório. Cada uma dessas etapas desempenha um papel vital na promoção da segurança do paciente e na melhoria dos desfechos cirúrgicos. A análise da literatura evidencia a necessidade de uma abordagem integrada e meticulosa para garantir a segurança do paciente, bem como a implementação de protocolos de segurança robustos e a promoção de uma cultura de segurança entre os profissionais de saúde. Conclui-se que a aplicação cuidadosa dessas etapas é fundamental para minimizar riscos e proporcionar resultados positivos para os pacientes, contribuindo para a evolução contínua das práticas cirúrgicas e a melhoria dos cuidados de saúde.

Palavras-chave: Segurança Cirúrgica. Planejamento Pré-Operatório. Checklist Pré-Operatório. Identificação Do Paciente. Esterilização.

INTRODUÇÃO

A segurança cirúrgica é um componente crítico na prestação de cuidados de saúde, englobando um conjunto de práticas e protocolos destinados a minimizar riscos e complicações durante procedimentos cirúrgicos1. Este estudo revisa a literatura existente sobre as etapas de uma cirurgia segura, abordando o tema, problema, justificativa e objetivo geral, além da metodologia utilizada para a revisão da literatura.

O tema central deste estudo é a segurança cirúrgica, com ênfase nas etapas que garantem a execução de procedimentos cirúrgicos de maneira segura. O foco está em identificar e analisar as práticas recomendadas na literatura para assegurar a segurança do paciente durante todo o processo cirúrgico, desde o planejamento até o pós-operatório.

O problema que motiva esta revisão de literatura é a persistência de complicações e eventos adversos em cirurgias, mesmo com os avanços tecnológicos e científicos na área da medicina. Esses incidentes podem resultar em consequências graves para os pacientes, incluindo aumento da morbidade e mortalidade. Assim, é imperativo entender quais são as etapas essenciais para garantir uma cirurgia segura e como elas são descritas e recomendadas na literatura científica.

A segurança cirúrgica é uma preocupação global e um indicador crucial da qualidade dos cuidados de saúde. Revisar e consolidar as informações disponíveis sobre as etapas de uma cirurgia segura é fundamental para profissionais de saúde, gestores hospitalares e formuladores de políticas públicas. Este estudo busca contribuir para a melhoria das práticas cirúrgicas e, consequentemente, para a redução de eventos adversos e a melhoria dos desfechos clínicos2.

O objetivo geral desta revisão de literatura é identificar e analisar as etapas recomendadas na literatura científica para garantir a segurança em procedimentos cirúrgicos. A revisão busca fornecer um panorama abrangente das práticas de segurança cirúrgica, destacando as etapas críticas e os protocolos que têm demonstrado eficácia na redução de riscos e complicações.

Para a realização desta revisão de literatura, foram seguidos os seguintes passos metodológicos: primeiro, a definição dos critérios de inclusão e exclusão. Foram incluídos estudos que abordassem direta ou indiretamente as etapas de segurança cirúrgica, publicados em revistas científicas revisadas por pares, nos últimos 10 anos, em inglês e português. Estudos de caso, artigos de opinião e revisões não sistemáticas foram excluídos. Em seguida, a busca na literatura foi realizada em bases de dados eletrônicas, incluindo PubMed, Scopus, Web of Science e SciELO, utilizando termos de busca como “cirurgia segura”, “segurança cirúrgica”, “etapas da cirurgia segura” e “protocolos de segurança em cirurgia”.

ETAPAS DE UMA CIRURGIA

As etapas de uma cirurgia segura envolvem um conjunto de procedimentos e práticas destinadas a garantir a segurança do paciente e a eficácia do procedimento cirúrgico9. A primeira etapa é o planejamento pré-operatório, que consiste na avaliação detalhada do paciente, incluindo seu histórico médico, condições atuais e potenciais riscos cirúrgicos. Nesta fase, são realizados exames complementares e discutidas as melhores estratégias cirúrgicas, considerando a individualidade de cada paciente3.

Em seguida, temos o checklist pré-operatório, uma ferramenta essencial para a verificação sistemática de todos os itens necessários antes da cirurgia. Este checklist inclui a confirmação de identidades, o tipo de cirurgia a ser realizada, a disponibilidade de equipamentos e a preparação adequada do paciente4. A identificação do paciente e do local da cirurgia é a terceira etapa, onde se garante que a cirurgia será realizada na pessoa correta e no local correto, evitando erros de procedimento. Isso geralmente envolve a confirmação repetida da identidade do paciente e a marcação do local cirúrgico10.

A esterilização e o preparo do ambiente cirúrgico são cruciais para prevenir infecções. Todos os instrumentos cirúrgicos devem ser esterilizados e o ambiente cirúrgico deve ser rigorosamente controlado para manter a assepsia. A comunicação efetiva na equipe cirúrgica é outra etapa fundamental, garantindo que todos os membros da equipe estejam cientes do plano cirúrgico e preparados para suas funções específicas. Isso inclui a realização de briefings e debriefings antes e depois da cirurgia5.

Durante a cirurgia, a monitoração intraoperatória é essencial para acompanhar os sinais vitais do paciente e responder prontamente a quaisquer alterações. A contagem de materiais cirúrgicos, como gazes e instrumentos, é feita rigorosamente para garantir que nada seja deixado dentro do paciente. O controle de infecção continua durante toda a cirurgia, com a aplicação de protocolos rigorosos para manter a esterilidade do campo cirúrgico6.

Após a cirurgia, os cuidados pós-operatórios imediatos são fornecidos para garantir a recuperação inicial do paciente. Isso inclui monitorar os sinais vitais, gerenciar a dor e prevenir complicações como sangramentos ou infecções7. Finalmente, a revisão e feedback pós-operatório envolvem a análise do procedimento cirúrgico realizado, a identificação de quaisquer problemas ou áreas de melhoria, e a discussão de lições aprendidas para aprimorar futuras práticas cirúrgicas8. Essas etapas inter-relacionadas formam um sistema abrangente de segurança cirúrgica, cujo objetivo é minimizar riscos e garantir o melhor resultado possível para o paciente.

CONCLUSÃO

A segurança cirúrgica é um aspecto essencial da prática médica moderna, refletindo o compromisso com a minimização de riscos e a maximização dos benefícios para os pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos. A revisão da literatura sobre as etapas de uma cirurgia segura destaca a complexidade e a importância de cada fase envolvida no processo, desde o planejamento pré-operatório até a revisão e feedback pós-operatório. Cada uma dessas etapas desempenha um papel crucial na promoção da segurança do paciente e na prevenção de complicações.

O planejamento pré-operatório é fundamental para avaliar o estado de saúde do paciente e determinar a abordagem cirúrgica mais adequada. Essa etapa permite a identificação de potenciais riscos e a preparação de estratégias para mitigá-los. O checklist pré-operatório, por sua vez, atua como uma ferramenta vital para garantir que todos os aspectos críticos sejam verificados antes da cirurgia, reduzindo a possibilidade de erros humanos e lapsos de comunicação.

A identificação correta do paciente e do local da cirurgia é uma etapa indispensável para evitar erros cirúrgicos, como a realização de procedimentos em locais incorretos ou em pacientes errados. A esterilização e o preparo do ambiente cirúrgico são essenciais para prevenir infecções, garantindo que todos os instrumentos e superfícies estejam livres de contaminantes. A comunicação efetiva entre os membros da equipe cirúrgica é outro componente crítico, promovendo a colaboração e a coordenação necessárias para a realização de um procedimento seguro e bem-sucedido.

Durante a cirurgia, a monitoração contínua dos sinais vitais do paciente é indispensável para detectar e responder rapidamente a quaisquer alterações no estado de saúde. A contagem rigorosa de materiais cirúrgicos garante que nenhum item seja deixado inadvertidamente dentro do paciente, prevenindo complicações graves. O controle de infecção, mantido ao longo de todo o procedimento, assegura que o ambiente cirúrgico permaneça estéril e que os riscos de infecção sejam minimizados.

Após a conclusão da cirurgia, os cuidados pós-operatórios imediatos são essenciais para monitorar a recuperação inicial do paciente, gerenciar a dor e prevenir complicações como sangramentos e infecções. Finalmente, a revisão e o feedback pós-operatório permitem a análise detalhada do procedimento, a identificação de áreas de melhoria e a implementação de lições aprendidas para futuras cirurgias. Esse processo de avaliação contínua é crucial para a evolução das práticas cirúrgicas e para a garantia de um atendimento de alta qualidade.

A revisão da literatura sobre as etapas de uma cirurgia segura evidencia a interdependência dessas fases e a necessidade de uma abordagem integrada e meticulosa para garantir a segurança do paciente. As práticas recomendadas, baseadas em evidências científicas, devem ser rigorosamente seguidas e adaptadas às especificidades de cada contexto clínico. A implementação de protocolos de segurança robustos e a promoção de uma cultura de segurança entre os profissionais de saúde são fundamentais para alcançar esse objetivo.

Em conclusão, a segurança cirúrgica é um pilar central da medicina contemporânea, refletindo o compromisso contínuo com a qualidade e a segurança do atendimento ao paciente. Através da aplicação cuidadosa das etapas delineadas na revisão da literatura, é possível minimizar os riscos associados aos procedimentos cirúrgicos e proporcionar aos pacientes os melhores resultados possíveis. A evolução constante das práticas de segurança cirúrgica, impulsionada pela pesquisa e pela inovação, continuará a desempenhar um papel vital na melhoria dos cuidados de saúde e na proteção dos pacientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 CORONA ARP, PENICHE ACG. A cultura de segurança do paciente na adesão ao protocolo de cirurgia segura. Rev SOBECC. [Internet]. 2015; 20 (3): 179-85.

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3 GUTIERRES L.S., SANTOS J.L.G., PEITER C.C., MENEGON F.H.A., SEBOLD L.F., ERDMANN A.L. Good practices for patient safety in the operating room: nurses’ recommendations. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018.

4 LOURDES, A. P. M.; NASCIMENTO, E. F. et al. A recuperação pós-anestésica e a atuação do enfermeiro na classificação do 5º sinal vital. Revista Presença, Celso Lisboa Centro Universitário; 6 (2), 29 -35, 2016.

5 MAFRA C.R., RODRIGUES M.C.S. Lista de verificação de segurança cirúrgica: Uma revisão integrativa sobre benefícios e sua importância. J. res. fundam. care. online 2018. jan./mar.

6 OLIVEIRA, A.C.D., GAMA, C.S. Avaliação da adesão às medidas para a prevenção de infecções do sítio cirúrgico pela equipe cirúrgica. São Paulo – SP: Revista Escola de Enfermagem USP; 49(5):767-774, 2016.

7 OLIVEIRA, E.F.V., SILVA JUNIOR, F.J.G. Atuação do enfermeiro frente às complicações na sala de recuperação pós-anestésica. Revista de Enfermagem da UFPI, v.5, n.3, p.54-59, 2016.

8 SILVA, H.C.V., SOUZA, V.P., SILVA, P.C.V. Sistematização da assistência de enfermagem perioperatória em unidade de recuperação pós-anestésica. Revista de Enfermagem UFPE – Online, v.10, n.10, p. 3760-3767, 2016.

9 SILVA A.M.R., SILVA I.T.C., ROCHA G.S., TEIXEIRA E. Protocolo de Cirurgia Segura. REV. SOBECC, São Paulo. jul./set. 2020.

10 TOFFOLETTO MC, RUIZ XR. Melhorando a segurança do paciente: como e por que ocorrem as incidências na assistência de enfermagem. Rev Esc Enferm USP. [Internet]. 2013; 47 (5): 1098-105. 


1Faculdade São Leopoldo Mandic – Campinas São Paulo