STRUCTURAL STUDY FOR LARGE INDUSTRIAL MACHINE
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10185600
Caio Henrique Tavares Izidro; César Matheus Feitoza Ferreira; Erasmo Rodrigues da Silva; Gustavo Patricio Minoda; Igor Andrade de Oliveira; Marcelo Redom Hecht; Maria Fernanda Silva Cavalcante; Samuel do Nascimento Ponciano; Orientador: Msc. Matheus Ciccacio Nogueira
Resumo: Este artigo trata-se de um estudo da fundação para suportar as cargas e esforços de uma máquina de grande porte de estampagem automotiva, analisando por meio de cálculos as escolhas e desafios submetidos ao projetista dessa construção. Além disso, vamos explorar a teoria por trás dos tipos de fundações que foram analisadas no projeto.
Palavras-chave: Fundação, elementos estruturais, máquina de estampagem.
Abstract: This article is a study of the structural elements and foundations to support the loads and forces of a large automotive stamping machine, analyzing through calculations the choices and challenges submitted to the designer of this construction. In addition, we will explore the theory behind the types of foundations that were used in the project.
Keywords: Foundation, Structural Elements, Stamping Machine.
1. Introdução
No projeto de uma construção, as estruturas de apoio são uma das principais preocupações devido à complexidade de suas características, incluindo o elemento estrutural e a resistência do solo em que são implantadas. Independentemente de onde são aplicadas, as fundações realizam a sustentação das estruturas, garantindo que as cargas sejam transmitidas ao solo sem causar deformações significativas, desde que sejam calculadas corretamente (BRAGA, 2009).
De um modo geral, existem dois tipos principais de fundações: as rasas e as profundas. As rasas estão localizadas perto da superfície e transferem as cargas diretamente para o solo de suporte através da base. Geralmente, o mecanismo de falha ocorre na superfície do terreno. Essas fundações são relativamente fáceis de construir e normalmente não exigem mão de obra altamente especializada, onde são comumente utilizadas em projetos de pequeno a médio porte, especialmente em solos que não são muito suscetíveis à compressão (BRAGA, 2009).
As fundações profundas transferem a carga da estrutura para o solo através da resistência na base (ponta), na lateral (fuste) ou em ambas as partes. A falha na base não atinge a superfície do terreno. A execução desse tipo de fundação requer equipamentos especializados e mão de obra treinada para operar esses equipamentos, onde são frequentemente empregadas em grandes projetos ou em projetos de médio porte situados em solos com baixa capacidade de suporte (COELHO, 2017).
As fundações profundas podem ser classificadas em três categorias: estacas, tubulões e caixões. As estacas são elementos de fundação profunda que podem ser instalados por meio de cravação à percussão, prensagem, vibração ou escavação. Algumas técnicas combinam mais de um desses métodos. Nos últimos anos, houve avanços significativos em tecnologias de estacas, destacando-se a estaca do tipo hélice contínua. Essa estaca é altamente versátil e eficiente, permitindo a instalação de várias delas ao longo do dia, independentemente do tipo de solo ou do nível de água no terreno (VELLOSO; LOPES, 2010).
1.1 Justificativa
A justificativa para este estudo se refere à importância das fundações como elementos cruciais na construção de edificações e estruturas. Compreender os tipos de fundações disponíveis e suas características é relevante para garantir a estabilidade e segurança das estruturas, principalmente em projetos de grande porte, como a instalação de máquinas industriais, objeto do presente estudo e que requerem análises específicas e não usuais de cargas e esforços solicitantes em suas estruturas de apoio e seus dimensionamentos.
No contexto específico do projeto de uma máquina de prensa para estampagem de peças automotivas, é imprescindível realizar uma análise acerca das fundações adequadas para suportar as cargas, incluindo cargas dinâmicas desse tipo de maquinário. Dado o peso e a natureza das atividades realizadas por essa máquina, é crucial selecionar a fundação mais apropriada para garantir a estabilidade e durabilidade da estrutura, além de prevenir riscos de acidentes ou danos materiais. Compreender as etapas de análise estrutural das fundações, é algo oportuno para assegurar a eficiência e o desempenho adequado do projeto.
1.2 Objetivos (Geral e específicos)
O propósito deste trabalho é proporcionar uma análise detalhada do projeto de fundação destinado a uma prensa de estampagem que conforma peças para carroceria de veículos automotivos. Esta máquina possui uma ficha técnica baseada na máquina existente da empresa Volkswagen. Os objetivos específicos delineados compreendem: a investigação dos diversos tipos de fundações disponíveis, uma exploração detalhada da fundação com estaca metálica cravada e bloco de fundação, e a caracterização das etapas envolvidas na análise da estrutura de fundação.
Nesse contexto, o estudo se aprofundará na compreensão das características e aplicações de diferentes tipos de fundações, com ênfase na estaca metálica cravada e bloco de fundação, considerando sua viabilidade e eficácia no contexto da máquina de prensa em questão. Adicionalmente, serão detalhadas as fases essenciais da análise da estrutura de fundação, abrangendo desde a avaliação inicial das condições do solo até a projeção final da fundação, proporcionando uma visão holística do processo.
2 – Fundação profunda
Para as fundações da estrutura em questão, uma máquina de prensa para estampagem de peças automotivas, foram adotadas fundações profundas já que as cargas provenientes da máquina, atuantes nos pilares, são elevadas (em cerca de 200 a 800 tf – 2000 e 8000 kN – equivalentes à de um edifício de 20 andares), não sendo viável a adoção de fundação superficial, o que poderia levar à ocorrência de recalques elevados, recalques diferenciais ou mesmo a ruptura do solo.
Segundo a NBR 6122/2022, item 3.27, fundação profunda, é um elemento de fundação que transmite a carga ao terreno pela base (resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, e que está assente em profundidade superior a oito vezes de sua menor dimensão em planta, e no mínimo 3,0 metros, quando não for atingido o limite de oito vezes, a denominação é justificada. Esses tipos de fundações são utilizados em obras de grande porte e são definidas através do estudo do solo, tornando-se mais caras que as fundações rasas.
Conforme definido pela NBR 6122, as fundações profundas incluem os seguintes elementos:
a) Estacas: são elementos de fundação que são completamente instalados por meio de equipamentos ou ferramentas, sem que haja a necessidade de um operador descer durante qualquer fase de sua instalação o que permite atender condições de cargas prediais com vários andares que são transmitidas ao solo.
b) Tubulões: são elementos de fundação profunda com o formato cilíndrico, no qual, pelo menos na etapa final de sua instalação, um trabalhador precisa descer (SENAI, 2019; MENDONÇA, 2017).
Em geral, as fundações profundas são uma escolha elementar em obras que o solo superficial não apresenta capacidade suficiente para suportar cargas pesadas, especialmente em solos moles, nos quais a utilização de fundações rasas seria inviável devido às possíveis patologias que poderiam surgir durante a vida útil da construção (MENDONÇA, 2017; CUNHA, SANTOS, 2017).
Figura 1 – Esquema geral em fundação profunda
Fonte: Calegari (2021)
2.1 – Estacas
Conforme a forma de transmissão das cargas para o terreno, incluindo o atrito lateral, as estacas podem ser denominadas como fundações indiretas (não transmite as cargas diretamente ao terreno apenas pela ponta) e sua principal categorização é quanto ao método de execução que se divide em:
a) de deslocamento, onde as estacas cravadas em seu espaço ocupado, deslocam o solo horizontalmente.
b) de substituição: onde as escadas escavadas em seu espaço ocupado, removem o solo para a sua implantação.
Figura 2 – Tipos de fundação
Fonte: Velloso e Lopes (2011)
Normalmente, as estacas pré-moldadas de concreto são a opção de menor custo com a vantagem principal de possibilitar o uso de concreto de alta qualidade. A disposição da armadura deve ser uniforme ao longo da estaca, permitindo que ela seja instalada com qualquer face para cima ou para baixo, com estribos concentrados nas extremidades. Para atingir maiores profundidades, anéis metálicos soldados podem ser utilizados (CALEGARI, 2017).
As estacas de madeira geralmente são instaladas por meio de percussão, e é necessário proteger a parte superior da estaca usando um anel cilíndrico de aço para evitar danos ou desgaste da madeira devido à ação do martelo. Se a estaca precisar atravessar camadas de solo mais resistentes, a ponta da estaca deve ser protegida com uma ponteira de aço. (ANDRZEJEWSKI, 2015).
Existem vários tipos de estacas cravadas, como as de madeira, que são constituídas principalmente por madeiras duras, como ipê, peroba e aroeira. Esse método é um dos mais antigos e simples de fundação indireta, em que troncos de madeira são instalados diretamente no solo. Essas estacas são mais adequadas para situações em que há presença de água e não são amplamente utilizadas nos dias de hoje (ANDREZEJEWSKI, 2015). Uma das vantagens desse tipo de estaca é que, se mantida permanentemente abaixo do nível da água, pode ter uma vida útil praticamente ilimitada. No entanto, uma desvantagem significativa é a necessidade de tratamento para evitar a deterioração prematura da madeira e a infestação por insetos (CALEGARI, 2017).
Conforme Mendonça (2017), as estacas cravadas oferecem uma alternativa às estacas moldadas no terreno quando o solo adequado para suportar cargas significativas está localizado a uma profundidade consideravelmente maior do que o nível do solo. Isso ocorre quando são necessárias fundações indiretas.
A principal diferença entre as estacas cravadas e as estacas moldadas reside no processo de fabricação. Enquanto as estacas cravadas são pré-fabricadas e, posteriormente, instaladas no solo por meio de golpes de martelo, prensagem (usando um macaco hidráulico) ou vibração, as estacas moldadas são criadas no próprio local da construção, muitas vezes aproveitando o solo como molde (MENDONÇA, 2017; SANTOS, 2019).
As estacas metálicas são cravadas e possuem várias vantagens, tais como a rápida velocidade de instalação, um canteiro de obras mais limpo e a capacidade de atingir profundidades sem causar erosão significativa. Todavia, algumas desvantagens também são observadas, incluindo a emissão de ruído e vibração consideráveis, bem como a possibilidade de deformar o solo (SANTOS, 2019).
Assim sendo, as estacas metálicas, são elementos estruturais que são introduzidos no solo utilizando diversos métodos, como martelos de queda livre, martelos hidráulicos, martelos a diesel, martelos pneumáticos ou martelos vibratórios. Estas por sua vez são compostas por materiais metálicos industriais, podendo ser feitas de perfis laminados ou soldados, bem como de tubos de chapa dobrada ou calandrada, com ou sem costura, além de trilhos reaproveitados (FERREIRA, 2020; SANTOS, 2019).
Na figura 3, é apresentado exemplos de estacas metálicas.
Figura 3 – Exemplos de estacas metálicas
Fonte: Mendonça (2017)
Para garantir a eficiência da cravação das estacas metálicas, são adotados métodos de controle como a nega, que é a medida da penetração permanente da estaca causada por um golpe de martelo ou pilão. Além disso, o repique, que indica a parcela elástica da penetração máxima de uma estaca, também é avaliado. Em grandes obras, o Ensaio de Carregamento Dinâmico (conforme a Norma NBR 13208/1994 da ABNT) é frequentemente empregado. Este ensaio utiliza transdutores de deformação e acelerômetros, colocados em planos perpendiculares, para corrigir possíveis efeitos de flexão da estaca resultantes de eventuais desalinhamentos do golpe do pilão com o eixo da estaca (FERREIRA, 2020).
2.2 – Blocos
Normalmente, ao utilizar estacas como solução de fundação, é necessário construir blocos de coroamento. Estes elementos estruturais são colocados no topo das estacas, com uma parte embutida no interior delas. Os blocos podem envolver uma ou mais estacas, sua principal função é transmitir as cargas dos pilares para as estacas e, consequentemente, para o solo (MENDONÇA 2017).
Os blocos de coroamento são estruturas de concreto que desempenham a função crucial de transferir as forças provenientes dos pilares da superestrutura para as fundações profundas, como estacas e tubulões. Em conformidade com a ABNT NBR 6118:2014, os blocos são definidos como estruturas de volume, o que implica que suas três dimensões são da mesma ordem de grandeza, onde resulta em um comportamento estrutural distinto das estruturas planas, como lajes, ou das estruturas lineares, como vigas e pilares (MELO, 2019).
Nessa direção, blocos de coroamento sobre estacas podem ser projetados para diferentes quantidades de estacas, dependendo da capacidade de carga de cada estaca e das características geotécnicas do terreno. De acordo com a norma, os blocos podem ser classificados como rígidos ou flexíveis, com critérios semelhantes aos usados para classificar sapatas. Essa classificação é crucial, uma vez que cada tipo exibe um comportamento estrutural distinto (MELO, 2019; VARGAS, 2020).
A distância entre a estaca e o ponto de aplicação da carga do pilar é o fator mais significativo no dimensionamento dos blocos de coroamento, ao qual se deve ao fato de que, sob ação de momentos de flexão, a intensidade das solicitações nas estacas tende a diminuir à medida que o espaçamento em relação ao pilar aumenta (MELO, 2019; BASTOS, 2023).
Uma concepção equivocada é a de que as estacas mais próximas do pilar serão as mais sobrecarregadas. Na realidade, as estacas mais e menos solicitadas estarão nas regiões periféricas do bloco, enquanto as estacas na região central tendem a apresentar reações de intensidade média. Aumentar o espaçamento entre as estacas reduz a intensidade das reações de maneira geral, mas não altera essa configuração (MENDONÇA, 2017).
A figura 4 ilustra um exemplo de pilar sobre bloco sobre estacas.
Existem várias formas geométricas possíveis para essas estruturas, com a característica importante de que todas as três dimensões possuem proporções similares. Além disso, as conexões tanto com os pilares quanto com as estacas, e a interação entre concreto e armadura, tornam o funcionamento desses blocos complexo (MELO, 2019).
De maneira geral, os blocos são totalmente enterrados no solo, atuando como base para a estrutura principal, o que dificulta a inspeção visual durante o uso. Portanto, é de suma importância estudar o comportamento estrutural real dos blocos de coroamento para estabelecer um padrão que reflita seu desempenho quando submetidos a diversas demandas (MELO, 2019).
No processo de planejamento estrutural, o dimensionamento dos blocos de coroamento é crucial para garantir segurança e eficiência do projeto. Em geral, o dimensionamento desses blocos segue princípios semelhantes aos das sapatas. A principal diferença reside na maneira como as solicitações são transferidas: os blocos direcionam a carga para as estacas e tubulões, enquanto as sapatas a transmitem diretamente para o solo (BRAGA, 2009).
Assim sendo, antes de iniciar o projeto, é essencial ter conhecimento de informações fundamentais, como o número e o tipo de estacas, o diâmetro delas, as características geotécnicas do solo, além dos esforços solicitantes, dimensões e armaduras dos pilares.
3 – Estrutura de Concreto
Quando se trata de concreto armado, estamos tratando do maior sistema estrutural utilizado em todo o mundo. Suas composições destacam-se pelo seu desempenho, facilidade de execução e custo-benefício. É composto por uma massa de concreto realizada a partir da mistura de água, cimento e agregados miúdos e graúdos. Quanto à sua resistência aos esforços de tração, há uma deficiência, por isso, utilizamos barras de aço para melhorar sua resistência estrutural. (EQUIPE VIVA DECORA, 2021)
E devido aos esforços dos povos antigos, falando mais especificamente dos romanos, nós temos acesso a esse tipo de material nos dias de hoje. Muito antes de eles criarem o concreto, eles utilizavam pedras para a construção de suas moradias e para suas construções de uma maneira geral. Tem uma construção do império romano que é ponto de visitação por muitas pessoas ao redor do mundo e que traz todas essas características citadas. (BOTELHO, 2019). Trata-se do Coliseu localizado na cidade de Roma, ilustrado na Figura 5.
Figura 5– Coliseu – Foto
Fonte: InfoEscola
O coliseu é uma construção no qual não foi utilizado concreto na sua composição. Apenas os materiais disponíveis na época. Os romanos perceberam que a pedra era um ótimo material para a construção, pois ela era durável e resistia bem aos esforços a compressão. Porém, eles tinham grande dificuldade na construção das suas pontes de arcos, pois elas continham um grande vão entre uma ponta e outra, conforme mostra a figura 6. (BOTELHO, 2019)
Figura 6 – Ponte de Arco
Fonte: Concreto Armado Eu Te Amo
E a única forma de resolver esses problemas com grandes vãos, era com a construção de vários arcos debaixo da ponte. E quando eles começaram a usar o concreto para esse tipo de construção, eles também se viam limitados, pois o concreto sozinho tem deficiência à esforços de tração. Então depois de diversos estudos, eles optaram por usar um material a compressão, na parte comprimida, e um bom material de tração para a parte tracionada. E assim que surge o concreto armado, sendo um material que revolucionou a construção civil. (BOTELHO, 2019)
Conforme a NBR 6118/14, quanto à sua durabilidade, consiste na capacidade de a estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e o contratante no início dos trabalhos de elaboração do projeto.
Figura 7 – Definições do concreto armado
Fonte: Vivadecora
4 – Estudo de caso
4.1 – Prensa
Este artigo refere-se a um projeto de construção de fundações para a máquina de estampagem de peças automotivas, para isso, avaliou-se nesse trabalho a estrutura de concreto armado que foi proposta com a finalidade de suportar os esforços para o apoio de um equipamento de prensa de última geração
As Prensas Schuler modelo PXL operam a uma frequência de 10 golpes por minuto, proporcionando eficiência na produção. No entanto, esse ritmo elevado gera consideráveis esforços estáticos e dinâmicos no sistema estrutural. Portanto, é crucial dimensionar adequadamente o conjunto de suporte para evitar possíveis problemas, como rupturas, esmagamentos, recalques e fissuras nas estruturas.
Para as indústrias automobilísticas, a sua finalidade é a transformação dos “blank” em peças de reforço interno e superfície dos veículos que irão definir o designer dos produtos ou veículos acabados. Como exemplo temos: laterais, portas, teto, tampa traseira/dianteira, longarinas, assoalhos, reforços internos. As figuras 8 e 9 ilustram essa situação:
Figura 8 – Reforços Internos das Carroceria dos veículos em chapa
Fonte: Site Autoesporte
Figura 9 – Peças Estampadas (Externas / Internas) das carroceria dos veículos
Fonte: Site Carroceiros de Plantão
Os processos de estampagem buscam a conformação de peças de aço ou alumínio “blank” por meio de forças aplicadas pelos martelos das prensas (Figura 10). Tal conformação, seja de corte, dobra ou repuxo, ocorre de maneira progressiva para evitar a transição do estado de deformação plástica para a ruptura do aço durante o processo. Assim, as peças são estampadas sequencialmente, com cada prensa realizando uma operação específica. Isso assegura um desenvolvimento controlado do formato final da peça, prevenindo problemas relacionados ao excesso de esforço durante a conformação.
Figura 10 – Exemplificação de um processo de Estampagem de chapas metálicas
Fonte: Site Online Cursos Gratuitos
A prensa em estudo é da empresa Schuler, modelo PXL. Cada máquina possui um peso próprio de 90 toneladas. O sistema é composto por um conjunto de seis máquinas sequenciais. A máquina possui um cabeçote móvel que é fixado a sua parte superior e essa peça se movimenta verticalmente de encontro a parte inferior, este movimento chama-se golpe da máquina e ele tem uma carga de deslocamento de 6000 kN para a conformação das chapas metálicas. A figura 11 ilustra o equipamento.
Figura 11 – Prensa da empresa Schuler, modelo PXL
Fonte: Memorial Técnico da Máquina Shuler
4.2– Avaliação dos pilares de apoio
Neste item são avaliados estruturalmente os pilares através de cálculos de pré dimensionamento utilizados na prática da engenharia civil.
As prensas estão apoiadas nos pilares estruturais de concreto armado conforme ilustra na figura 12, responsáveis por fazer a distribuição das cargas para o conjunto de fundação. Em cada prensa existem quatro pontos de apoio e em cada um deles sofre a aplicação de uma carga específica, considerando a pior carga aplicada a mesma acontece na primeira máquina de repuxo e as demais seguem o mesmo parâmetro construtivo de referência. Com isso, para o dimensionamento do sistema de fundação foi adotada a pior situação que é a carga aplicada no pilar PP24 de 760,9 tf.
Figura 12 – Planta dos pilares estruturais da prensa
Fonte: Projeto Executivo da Estrutura de sustentação da Máquina
Abaixo, temos um plano de cargas enviado pelo fabricante da máquina (Schuler) e neste plano já se considera as cargas estáticas e dinâmicas do conjunto que serão distribuídas nos pilares da estrutura de concreto e na sequência para as fundações da máquina, esta é a base e ponto de partida para todo o dimensionamento civil do conjunto.
Figura 13 – Cargas aplicadas (em toneladas – Fz – força normal de compressão e tonelada metro – Mx e My – momentos fletores na direção x e y)
Fonte: Projeto Executivo da Estrutura de sustentação da Máquina
4.2.1 – Memorial de cálculo
Utilizou-se como base para os cálculos desta estrutura as seguintes normas: NBR 6118:2014 – Projeto de estruturas em concreto – Procedimento; NBR 6120:2000 – Cargas para projeto de edificações e a NBR 14931:2000 – Execução de estruturas de concreto armado – Procedimento.
Materiais da estrutura de concreto armado especificados no projeto:
– AÇO CA50
– Concreto fck 40 MPa.
Utilizou-se os seguintes fatores de minoração das resistências e majoração das cargas:
Combinação normal – Concreto c = 1,4; Aço s = 1,15; Majoração: f = 1,4
Resistências característica do Concreto e Resistência de Escoamento do Aço:
fck = 40 MPa;
fcd = ffck / c => fcd = 40/1,4 => fcd = 28,57 MPa fyk = 500 MPa;
fyd = fyk / s => fyd = 500/1,15 => fyd = 434,8 MPa; adotado fyd = 420 MPa Forças aplicadas na estrutura PP24:
Nk = 760,9 tf
A carga necessária para suportar a máquina é:
Nk = 760,9 tf + Cargas de Momento Acidental.
Cargas de Momento:
Rm = CM / D
CM = Carga de Momento Acidental;
D = Distância do Centro de Massa do Bloco até a posição da Estaca na aplicada a carga;
Portanto: Rm = (29,0 + 13,4) / 2; RM = 21,4tf
Como em cada lado do bloco temos 2 estacas, este valor é dividido por 2, portanto RM = 21,4 / 2;
RM = 10,6tf
Nk = (760,9 + 10,6) x 9,8;
Nk = 7560,70 kN
Os pilares que apoiam a primeira prensa são os pilares PP21/22/23/24 que possuem as seguintes dimensões de seção transversal: comprimento de 182,50 cm por largura de 125,00 cm conforme a Figura 14, onde também são apresentadas suas locações relativas.
Figura 14 – Planta dos pilares que apoiam a primeira prensa
Fonte: Projeto Executivo da Estrutura de sustentação da Máquina
Área de concreto de Projeto:
Ac = a x b;
Ac = 182,5 x 125 cm;
Ac = 22812,5 cm² ou 2,28 m²
A verificação dos pilares foi realizada com a formulação para pré-dimensionamento de pilares, que considera o pilar de concreto armado sob compressão simples, com um fator de correção para levar em conta a ação de momento fletor (BACARJI, 1993, NEUMANN, 2008, PINHEIRO, 2007):
Ac = (Nd / σid). Gcorr
onde:
Ac: área da seção transversal;
Nd: carregamento de cálculo do pilar;
gcorr: fator de correção, para levar em conta o efeito do momento fletor. Sugere-se:
gcorr = 2 para edifícios baixos (até 30 m de altura) e γcorr= 3 para os demais casos.
σid: tensão ideal de cálculo do concreto:
σid = 0,85 fcd + r.(fsd – 0,85.fcd)
ρ = As/Ac: taxa de armadura (0,4% ≤ ρ ≤ 4%);
fcd = resistência de cálculo do concreto;
fsd = 420 MPa (CA-50): resistência de cálculo do aço para deformação de 0,2 %.
Tensão ideal de cálculo do concreto com ρ = 2% adotado:
σid = 0,85 x fcd + 0,02 x (fyd – 0,85 x fcd)
σid = 0,85 x 28570 + 0,02 x (420000 – 0,85 x 28570)
σid = 32200 kN/m²
Área de Concreto Calculada Ac com gcorr = 2 adotado:
Ac = (Nd / σid) x 2;
Ac = (7560,70 / 32200) x 2;
Ac = 0,470 m²
Efetuando um comparativo de área de concreto temos: Ac executada ≥ Ac calculada. Portanto, como 2,28 m² é maior que 0,470 m² (2,28>0,649) chegamos à conclusão, de que a área do concreto está atendendo ao mínimo de uma verificação de pré-dimensionamento.
Verificação de Flambagem nos Pilares.
Figura 15 – Corte dos pilares onde estão localizadas as prensas
Fonte: Projeto Executivo da Estrutura de sustentação da Máquina
Conforme a figura 15, o ponto de apoio da máquina com o pilar encontra-se a uma altura de h=397,50cm, comprimento de 182,50cm e a largura de 125,00cm, essas são as bases dimensionais adotadas para verificação. Portanto, temos o dimensionamento a seguir:
Ix = (b x h³) / 12;
Ix = (1,25 x 1,825³) / 12;
Ix = 0,66m4
Iy = (h x b³) / 12;
Iy = (1,825 x 1,25³) / 12;
Iy = 0,30m4
fck = 40MPa, portanto temos:
E = 5600 x √fck
E = 5600 x √40
E = 35417,5 MPa = 35417500,0 kPa = 35417500,0 kN/m2
Pcr = (π² x E x Iy) / L²
Pcr = (π² x 35417500,0 x 0,30) / (2×3,975²)
Pcr = (π² x E x Ix) / L²
Pcr = (π² x 35417500,0 x 0,66) / (2×3,975)²
Pcr = 3.650.289,64 kN
Comparando os valores de Pcr com a carga de projeto verificamos que a carga Pcr usada com o Módulo e Inércia em Iy é Pcr = 3650289,64 ≥ Nd = 7.560,705 kN, portanto, ok!
Verifica.
Taxa de Armadura Mínima
ρ = As/Ac: taxa de armadura (0,4% ≤ ρ ≤ 4%);
As = ᵨ x Ac
As min = 0,4% x (182,5 x 125);
As min = 91,25 cm²;
Verificação das especificações de projeto
PP24 existem 48 barras de Ꝋ20mm
Área da barra = (π x 2²) / 4;
Área da barra = 3,14 cm²
As proj. = 48 x 3,14;
As proj. = 150,72cm²
As proj. = 150,72cm² ≥ Asmin = 91,25cm²
Como a área de aço do projeto é maior que a área mínima de aço, o projeto está de acordo. Sendo assim, através do desenvolvimento do memorial de cálculo, identificou-se que a área de aço utilizada no projeto dos pilares de apoios da máquina prensa estão dimensionadas adequadamente e com certeza não existirá nenhum impacto para sua utilização no máximo regime de trabalho da máquina prensa.
4.3 – Fundação existente
No local da implantação da máquina prensa em estudo, há uma fundação em estaca escavada que servia de sustentação para o antigo edifício, entretanto, esta fundação apresenta uma falta de alinhamento com os novos blocos e pilares projetados, portanto as estacas existentes acabaram tendo um papel de auxílio no sistema, absorvendo uma parcela das cargas de impacto da máquina.
Para verificação dimensionamento das fundações utilizamos como referência o Método Aoki-Velloso (1975) tanto para verificação da estaca existente como para dimensionamento da estaca cravada metálica.
Metodologia:
Utilizando o Método Aoki-Velloso (1975) representa uma abordagem eficaz para a estimativa da capacidade de carga, fundamentado em resultados de ensaios SPT. Este método é utilizado para verificação de estacas Franki, Metálicas, Pré-moldadas, Escavadas, Raiz, Hélice contínua e Ômega. (Ref. Fundações por estacas, Projeto Geotécnico – José Carlos A. Cintra / Nelson Aoki pg.23 a 26).
A capacidade de carga da estaca é adquirida somando-se a resistência lateral da estaca mais a resistência de ponta da estaca no solo de contato da ponta da estaca, ou seja, no final da estaca, temos:
R = RL + RP
R = Capacidade de carga total;
RL= Resistência de atrito lateral;
RP= Resistência de ponta;
Onde as parcelas da Resistência Lateral (RL) e de Ponta (RP) são respectivamente:
RL = U .∑ (rL.∆L).
RP = rP .AP
Ou seja, a capacidade de carga (R) igual a
R = U . ∑ (rL.∆L) + rP . AP
U: Perímetro da seção transversal (m);
∆L: espessura da camada de solo (m);
rP / rL são as incógnitas geotécnicas;
Pelo método Aoki-Velloso, essas duas incógnitas são inicialmente correlacionadas com ensaios de penetração estática CPT, por meio de valores da resistência de ponta do cone (qc) e do atrito lateral unitário na luva (fs):
rP = qc / F1; rL
= fs / F2;
Em que F1 e F2 são fatores de correção que levam em conta o efeito escala, ou seja, a diferença de comportamento entre a estaca (protótipo) e o cone do CPT (modelo), e também a influência do método executivo de cada tipo de estaca. Todavia, como no Brasil o CPT não é tão empregado quanto o SPT, o valor da resistência de ponta (qc) pode ser substituído por uma correlação com o índice de resistência à penetração (NSPT):
qc = K . NSPT;
em que o coeficiente K depende do tipo de solo.
Essa substituição possibilita exprimir também o atrito lateral em função do NSPT, com a utilização da razão de atrito (α):
α = fs / qc
Logo:
fs = α . qc = α . K . NSPT
em que α é função do tipo de solo.
Podemos, então, reescrever as expressões anteriores para rP e rL;
rP = K . Np / F1
rL = α . K . NL / F2
em que Np e NL são, respectivamente, o índice de resistência à penetração na cota de apoio da ponta da estaca e o índice de resistência à penetração médio na camada de solo de espessura ∆L, ambos valores obtidos a partir da sondagem mais próxima. Portanto, a capacidade de carga (R) de um elemento isolado de fundação pode ser estimada pela fórmula semi empírica:
R = K . Np / F1 . Ap + U / F2 ∑ (α . K . NL . ∆L)
com os valores de K e de α dados na Tab. 1.3, proposto pelos autores com base em sua experiência e em valores da literatura. Os fatores de correção F1 e F2 foram ajustados com 63 provas de carga realizadas em vários estados do Brasil, o que permitiu a obtenção dos valores apresentados na Tab. 1.4. Quando essas provas de carga não atingiram a ruptura, os autores utilizaram o método de Van der Veen (1953) para a estimativa da capacidade de carga, o qual ajusta aos pontos obtidos na prova de carga uma forma de curva que caracteriza uma assíntota ao eixo das cargas, definindo, assim, um valor de capacidade de carga. Trata-se do modo de ruptura classificado como ruptura física.
Figura 16 – Tab. 1.3 Coeficiente K e razão de atritoα / Tab. 1.4 Fatores de correção F1 e F2.
Fonte: Fundações por estacas projeto geotécnico José Carlos A. Cintra / Nelson Aoki
No cone mecânico, com a luva de Begemann, a medida do atrito lateral (fs) é afetada pela geometria da luva: a sua parte inferior acaba gerando uma resistência de ponta (na luva) capaz de até dobrar o valor em razão do atrito lateral. Então, para corrigir esse erro de leitura, F2 deve variar entre uma e duas vezes o valor de F1 (F1 ≤ F2 ≤ 2F1). Portanto, F2 é igual a duas vezes F1, a hipótese adotada pelos autores é a mais conservadora.
Após a publicação do método, surgiram aprimoramentos para esses fatores. Para estacas pré-moldadas de pequeno diâmetro, Aoki (1985) constata que o método é conservador demais e propõe:
F1 = 1 + D / 0,80 (D em metros)
em que D é o diâmetro ou lado da seção transversal do fuste da estaca, mantendo a relação F2 = 2F1.
Para estacas escavadas, a prática de projeto acabou incorporando os valores de F1 = 3,0 e F2 = 6,0, propostos por Aoki e Alonso (1991).
E finalmente, para estacas dos tipos raiz, hélice contínua e ômega, Velloso e Lopes (2002) recomendam F1 = 2, e F2 = 4,0.
Essas modificações estão relacionadas na Tab. 1.5.
Figura 17 – Tab. 1.5 Fatores de correção F1 e F2 atualizados
Fonte: Fundações por estacas projeto geotécnico José Carlos A. Cintra / Nelson Aoki
O método Aoki-Velloso (1975) tem sido comparado aos resultados de provas de carga realizadas em regiões ou formações geotécnicas específicas. Em consequência, algumas publicações trazem novos valores para K e α, válidos para determinados locais, como, por exemplo, a proposição de Alonso (1980) para os solos da cidade de São Paulo e os valores de K obtidos por Danziger e Velloso (1986) para os solos do Rio de Janeiro.
Portanto, esta deve ser a tendência no uso do método Aoki-Velloso: manter a sua formulação geral, mas substituir as correlações originais, abrangentes, por correlações regionais, que tenham validade comprovada.
4.3.1 – Dimensionamento da Fundação – Estaca escavada
Com o intuito de utilizar a fundação escavada existente efetuamos o dimensionamento das estacas existentes, estas estacas têm um diâmetro de 50,0cm.
Figura 18 – Projeto de Fundação da Máquina Pilar PP24
Fonte: Projeto Executivo da Estrutura de sustentação da Máquina
Para dimensionamento das fundações utilizamos como referência a sondagem obtida do local de estudo (Figura 19) no ponto mais próximo do posicionamento do Pilar PP24 que está alocado entre os eixos 27 e 28. No relatório de sondagem o ponto na região mais próximo do pilar é o ponto SP06 que serve de base para todo o dimensionamento. (Figura 20).
Figura 19 – Posição Física do Ponto de Sondagem SP06.
Figura 20 – Relatório de Sondagem do ponto SP06.
Fonte: Ensaio de Sondagem do Projeto Executivo
Para facilitar o estudo desenvolvemos uma planilha Excel baseada no método AokiVelloso (1975) para efetuar os cálculos e verificar se o dimensionamento das estacas escavadas atenderia as necessidades do Projeto.
Figura 21 –Tabela de dimensionamento Estaca Escavada.
Fonte: Elaborado pelo autor pelo método Aoki Veloso.
Segundo o projeto, à estaca escavada existente apresentava uma profundidade de 14,0m, portanto, temos:
Nk = 958,10 kN
Nk = 958,10 / 9,8;
Nk = 97,7 tf; por estaca.
A carga necessária para suportar a máquina é:
Nk = 760,9 tf + Cargas de Momento Acidental.
Cargas de Momento:
Rm = CM / D
CM = Carga de Momento Acidental;
D = Distância do Centro de Massa do Bloco até a posição da Estaca onde será aplicada a carga;
Portanto: Rm = (29,0 + 13,4) / 2; RM = 21,4tf
Como em cada lado do bloco temos 2 estacas, este valor é dividido por 2, portanto RM = 21,4 / 2;
RM = 10,6tf
Nk = (760,9 + 10,6) x 9,8;
Nk = 7560,70 kN
Se dividirmos a carga necessária pela carga da estaca escavada existente obteremos uma quantidade de:
Qt Est. = 7560,70 / 958,10
Qt Est. = 7,89, ou seja, 8 Estacas Escavadas;
Como as estacas escavadas existentes eram 6, temos:
Nd Escavada = 958,10 x 6;
Nd Escavada = 5748,60 kN
Comparando com a carga necessária para suportar a máquina Nk = 7560,70kN foi necessário aumentar a quantidade de estacas, portanto, o projetista utilizou estacas de perfil metálico para aumentar a carga de resistência que sustenta a máquina.
4.4 – Dimensionamento da Fundação – Estaca metálica
Devido a necessidade de aumento de estacas, foi estudado e implantado a estaca metálica para auxiliar as estacas existentes na sustentação da Máquina. A estaca metálica utilizada possui as seguintes características de acordo com o projeto executivo: Perfil HP310x79 (Açominas – Aço A572) (Figura 22);
Figura 22 – Projeto de Fundação Estaca Perfil metálico HP310x79,0
Fonte: Projeto Executivo da Estrutura de sustentação da Máquina
Seguindo as especificações das normas ABNT NBR 15980, obtemos a tabela de especificação abaixo para o perfil HP 310X79:
Figura 23 – Tabela de especificação do perfil HP310x79,0
Fonte: Tabela de bitolas (Açominas – Aço A572)
Para facilitar o estudo, desenvolvemos uma planilha Excel baseada no método Aoki-Velloso (1975) para efetuar os cálculos e verificar se o dimensionamento das estacas escavadas atenderia as necessidades do Projeto.
Figura 24 – Tabela de dimensionamento Estaca Metálica
Fonte: Elaborado pelo autor pelo método Aoki Veloso
Segundo o projeto, à estaca metálica deveria ser cravada a profundidade de 14,0m, conforme planilha de cálculo temos a seguinte Carga Admissível:
Nd = 751,60 kN
Nd = 751,60 / 9,8;
Nd = 76,69 tf
Como o projetista considerou a execução de 4 estacas metálicas cravadas, temos:
Nd Metálica = 751,60 x 4;
Nd Metálica = 3006,4 kN;
A carga total que a máquina descarrega no sistema de fundação é de NF = 7560,7KN;
Se somarmos a carga de projeto das estacas escavadas existentes e as estacas Metálicas, temos:
Nd Estacas = 5748,60 + 3003,40
Nd Estacas = 8752,00 kN
Portanto, Nd Estacas ≥ Nk Máquina. Logo, verifica.
4.4.1 – Dimensionamento da Fundação por Flambagem – Estaca metálica Dados conforme projeto:
Com base nos resultados acima, o ideal para flambagem seriam 5 estacas metálicas no PP24 se não tivéssemos as estacas escavadas ajudando o sistema.
Além disso com base na NBR 6.122/2010 (Projeto e Execução de Fundação) e NBR 13.208/2007 (Estacas – Ensaio de carregamento Dinâmico) foi realizado o ensaio de carregamento dinâmico (prova de carga) no local, obtendo os resultados ilustrados pela Figura 25 / 26 / 27.
Figura 25 – Ensaio de carregamento dinâmico da estaca metálica
Fonte: Ensaio de Carregamento Dinâmico do Projeto Executivo
Figura 26 – Ensaio de carregamento dinâmico da estaca metálica
Fonte: Ensaio de Carregamento Dinâmico do Projeto Executivo
Figura 27 – Ensaio de carregamento dinâmico da estaca metálica
Fonte: Ensaio de Carregamento Dinâmico do Projeto Executivo
Segundo NBR 6.122/2010 quando se realiza ensaios de carregamento dinâmico (prova de carga), o resultado obtido deve-se utilizar o coeficiente de segurança 1.4.
Figura 28 – NBR 6122/2010 Coeficiente de Ponderação
Fonte: Norma NBR 6122/2022
Nrd = 3015 / 1,4 = 2153,57 kN por estaca metálica cravada
Portanto, temos:
Nrd = 2153,57 x 4;
Nrd = 8614,28 → Nrd ≥ Nd. Portanto, verifica.
Isso significa que pelo resultado do ensaio de carregamento dinâmico (prova de carga) nos mostra que mesmo que as cargas das fundações existentes não estiverem auxiliando nos carregamentos, só as estacas cravadas metálicas já seriam suficientes, porém como a memória de cálculo apresenta resultados um pouco menores a caráter de estudo e presando sempre pela segurança das estruturas considerando a somatória das cargas resistentes das estacas escavadas existentes mais as estacas metálicas que foram cravadas.
4.5 – Pré-dimensionamento do bloco de fundação
O Bloco de coroamento utilizado para apoio das estacas metálicas cravadas no pilar PP24 que recebe a maior carga da máquina é o BL8 conforme a Figura 29.
Figura 29 – Forma do bloco BL8
Fonte: Projeto Executivo da Estrutura de sustentação da Máquina
Conforme projeto, podemos considerar os seguintes dados iniciais:
S = 100 + 100; S = 200cm ou 2,0m
C = 37,5cm ou 0,375m;
Portanto,
L = (2xC) + S;
L = (2 x 0,375) + 2,0
L = 2,75m;
d = L x 0,5;
d = 2,8 x 0,5
d = 1,40m;
h = d + 0,1;
h = 1,4 + 0,1
h = 1,5m;
Dimensionamento da Armadura do Bloco de Coroamento
R = Capacidade de Carga;
X = Centro de Gravidade do Bloco em cm;
D = Altura útil do Bloco em cm;
As principal = (R x X) / (2465 x d);
Portanto temos:
R = 7560,70 / 4;
R = 1890,18 kN ou 192.745 kgf;
X = 275 / 2;
X = 137,5 cm;
D = 140,0 cm;
Portanto
As principal = (192.745 x 137,5) / (2465 x 140);
As principal = 76,80 cm²
Figura 30 – Tabela das bitolas comerciais de barras de aço
Fonte: Tabela As – Estruturas Concreto 3 (passeidireto.com)
Analisando a Figura 30, podemos considerar as seguintes informações:
7 Barras de diâmetro igual a 40,0mm.
Com base nos diâmetros utilizados pelo projetista da estrutura temos diâmetro de 20,0mm. Portanto, necessitamos que “As principal” seja igual a 3 x 8 barras:
As principal = (3 x 28,35);
As principal = 85,05cm².
Detalhamento das barras
D = L – 2 x C;
D = 2,75 – (2 x 0,375);
D = 2,0m ou 200cm;
H = d – c
H = 140 – 37,5
H = 102,5cm;
Figura 31 – Detalhe do perfil metálico HP310x79,0
Fonte: Projeto Executivo da Estrutura de sustentação da Máquina
Com base na Figura 31, é possível identificar as seguintes dimensões do perfil: 30,6 x 29,9. Portanto, temos:
D = 200 + 30,6
D = 230,6cm;
Comprimento total da barra
C = d + 2h;
C = 230,6 + (2 x 102,5);
C = 435,6cm;
Armadura em forma de anel
As anel = 20% As principal
As anel = 0,20 x 85,05
As anel = 17,01cm²;
Analisando a Figura 30, é possível identificar que serão necessárias 6 barras de diâmetro de 20mm, cujo a área é igual a 18,90cm².
Comprimento total da barra
C = (230,6 x 4) + (2 x 12);
C = 946,4cm;
Multiplicando pela quantidade de barras
C = 946,4 x 7;
C = 6624,8cm;
Malha
As malha = 15% As principal;
As malha = 0,15 x 85,05
As malha = 12,76cm²
De acordo com a Figura 30, é possível identificar que serão necessárias 5 barras de aço com diâmetro de 20mm, cuja área é igual a 15,75cm².
5. Materiais e Métodos (ou Metodologia se corresponde)
5.1 – Tipo de pesquisa
A estrutura do método selecionado tem origem em premissas qualitativas, baseadas na descrição dos dados obtidos na literatura e em outras fontes de informações, incluindo fontes governamentais. Dessa forma, considerando sua natureza qualitativa, a abordagem é realizada por meio da análise dos autores, examinando os títulos e resumos, seguida pelo registro dos artigos selecionados. Desta maneira esta pesquisa fora desenvolvida seguindo as seguintes etapas:
Etapa 1 – Escolha do tema, e busca pelas obras que serão usadas nesta pesquisa;
Etapa 2 – levantamento de literatura, o qual será realizado por meio da consulta a grandes repositórios institucionais, de universidades e plataformas de pesquisas científicas e acadêmicas;
Etapa 3 – Sumarização dos dados/pesquisas e construção do projeto que objetiva demonstrar a temática.
Etapa 4 – Análise dos dados coletados; os quais foram analisados e debatidos, para a compreensão plena do conteúdo abordado nesta pesquisa.
Este presente projeto de pesquisa tem uma ênfase na revisão de literatura de forma qualitativa, isso significa que os critérios de inclusão e exclusão são perante a oportunidade das pesquisas e demais informações, buscando tanto nas plataformas de buscas como nas bases de dados governamentais informações relevantes sobre o problema da pesquisa (PRODANOV, FREITAS; 2013).
Nessa direção, como explicado anteriormente, inicialmente esta pesquisa fora desenvolvida por meio do levantamento de literatura, ou bibliográfico, que se constitui num método investigativo realizado por meio da leitura de obras de autores referência no assunto abordado na pesquisa, selecionando pontos fundamentais para o trabalho; a qual neste trabalho é classificada em uma pesquisa qualitativa (GIL, 2018).
Referindo-se aos procedimentos comparativos que foram executados nesta pesquisa, foi utilizado o comparativo; o qual delineia-se a partir do estudo das semelhanças e diferenças entre diversos tipos de trabalhos referenciados, e demais informações ao qual contribui para uma melhor compreensão do problema, este método realiza comparações, com a finalidade de verificar similaridades e explicar divergências (MARCONI, LAKATOS; 2017).
5.2 – Coleta de dados
Para o referencial teórico, foram utilizados diversos autores renomados, a fim de conhecer as necessidades que tangem sobre o tema aqui investigado, bem como alguns paradigmas sobre suas implicações. Assim, a metodologia foi fundamentada num método dedutivo.
Foram utilizados como base de dados o Scielo, o Google Acadêmico, livros, banco de dissertações e teses, onde para os artigos tiveram como critério o período de 2000 a 2021. Os critérios de buscas foram pela combinação dos descritores: “Fundações”, “Tipos”, “Estacas”, “Metálicas”, “aplicações”. Os critérios de exclusão foram todos e quaisquer textos que não continham informações sobre os descritores citados e que não foram escritos em língua portuguesa ou inglesa.
6. Resultados e Discussão
Os resultados iniciais deste estudo estão alinhados com nossas expectativas. Antecipamos que os cálculos realizados neste artigo levariam aos mesmos resultados do projeto executivo desenvolvido para a Volkswagen. Constatamos que alcançamos valores muito próximos aos do projeto, fundamentados na teoria. Concluímos que o método de cálculo empregado é preciso, e pequenas discrepâncias em relação ao projetista derivam de considerações específicas feitas durante sua execução. Essas divergências, no entanto, não comprometem de forma significativa os resultados obtidos.
7.Considerações Finais/Conclusões
Este artigo foi elaborado com o propósito de apresentar os cálculos das fundações destinadas à instalação de uma máquina de estampagem automotiva, visando demonstrar a máxima força atuante nas fundações e realizar o dimensionamento para a escolha do sistema mais adequado. Para atingir esse objetivo, foram realizadas sondagens, considerando fundações profundas, estacas escavadas, estacas metálicas, blocos de coroamento, pré-dimensionamento de pilares e dimensionamento de cargas.
O estudo proporciona uma compreensão detalhada de como máquinas de grande porte, sujeitas a cargas estáticas e dinâmicas com deslocamento de até 6000 kN, utilizadas para a estampagem de peças veiculares, devem ter suas fundações corretamente calculadas, dimensionadas e executadas. Essa abordagem é fundamental para assegurar a sustentação do conjunto ao longo dos anos, atendendo às expectativas e mantendo a estabilidade estrutural sem comprometimento.
Ao longo das pesquisas, enfrentamos desafios para alcançar resultados precisos e seguros. Utilizamos como referência para o dimensionamento das estruturas as normas técnicas, tais como a NBR 6118:2014 (Projeto de estruturas em concreto – Procedimento), NBR 6120:2000 (Cargas para projeto de edificações) e NBR 14931:2000.
Diversos cálculos foram conduzidos, abrangendo materiais da estrutura de concreto armado, resistências características do concreto e do aço, forças aplicadas na estrutura, área de concreto, tensão admissível, verificação de flambagem nos pilares, taxa de armadura, pré-dimensionamento da fundação (estaca metálica), ensaio de carregamento dinâmico da estaca metálica, pré-dimensionamento do bloco de fundação, dimensionamento da armadura do bloco de coroamento, detalhamento das barras e malha.
O aprimoramento do grupo nos cálculos permitiu o desenvolvimento de projetos de grandes proporções. Este estudo de caso revelou-se de extrema importância, fornecendo resultados significativos e destacando o passo a passo de cada elemento considerado para a execução eficaz do projeto.
8. Referências Bibliográficas
Andrzejewski, Ivan Alberti. Estudo e Dimensionamento de Fundação Profunda por Estacas tipo Raiz. 2015. Disponível em:<https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/133799>
BASTOS, P. Sérgio. SAPATAS DE FUNDAÇÃO. 2023. Disponível em:<https://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto3/Sapatas.pdf>
BRAGA, V. Diego de França. ESTUDO DOS TIPOS DE FUNDAÇÕES DE EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS PAVIMENTOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA. 2009. Disponivel em: <http://www.deecc.ufc.br/Download/Projeto_de_Graduacao/2009/Estudo%20dos%20T ipos%20de%20Fundacoes%20de%20Edificios%20de%20Multiplos%20Pavimentos%20na %20Regiao%20Metropolitana%20de%20Fortaleza.pdf>
BOTELHO, Manoel Henrique Campos. Concreto armado eu te amo. 10. ed. São Paulo: Blucher, 2019
CALEGARI, Rafaela. ANÁLISE DE PROJETO E OBRA DE FUNDAÇÃO PROFUNDA: ESTUDO DE CASO COLÉGIO ANTONIETA, PALHOÇA/SC. 2021. Disponível em:<https://repositorio.animaeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/13579/5/TCC%20RAFAE LA%20E%20ROBERTA%20CONCLU%C3%8DDO%20FINAL.pdf>
COELHO, L. Max Goulart. DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS DE GALPÃO INDUSTRIAL. 2017. Disponível em:<https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-A3XMZU/1/tcc___lineker.pdf>
CINTRA, J.C.A.; AOKI, N. Fundações por estacas. São Paulo, Oficina de Textos. 2010.
CUNHA, A. Paual M. de Melo; SANTOS, L. J. Leal. VIADUTO DA AV. BRASIL – ANÁPOLIS – GO – UM ESTUDO DAS CONDIÇÕES GEOMORFOLÓGICAS. 2017. Disponível em: <http://repositorio.aee.edu.br/bitstream/aee/24/1/2017_TCC_AnaPaula_E_Laysa.pdf>
FERREIRA, M. Antas. ESTUDO NUMÉRICO DE VIBRAÇÕES INDUZIDAS PELA CRAVAÇÃO DE ESTACAS. 2020. Disponível em:<https://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/130039/2/428599.pdf>
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da Metodologia Científica. Atlas.2017.
MENDONÇA, Fernanda Calado. DIMENSIONAMENTO DE BLOCOS DE COROAMENTO SOBRE ESTACAS METÁLICAS. 2017. Disponível em:<https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29623/1/DISSERTA%c3%87%c3%83 O%20Fernanda%20Calado%20Mendon%c3%a7a.pdf>
MELO, B. Nardi. Fundações. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. Porto Alegre – RS: Feevale, 2013.
SANTOS, P. Gomes. ANÁLISE GEOTÉCNICA DE FUNDAÇÕES EM ESTACAS A PARTIR DE MÉTODOS SEMI-EMPIRICOS E DINÂMICOS: ESTUDO DE CASO – BLOCO D – UFRJ/MACAÉ. 2019. Disponível em:<https://engenharias.macae.ufrj.br/images/testetcc/2019/TCC_PALOMA_GOMES__VERS%C3%83O_FINAL.pdf>
VARGAS, R. Javier Salinas. DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO DE ELEMENTOS DE FUNDAÇÕES EM CONCRETO ARMADO. 2020. Disponível em:<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/204658/TCC__Rodrigo_Salinas.pdf?sequence=1&isAllowed=y>
VELLOSO, D.A.; LOPES, F. R. Fundações. V.2: Fundações profundas. Rio de Janeiro: COPPE-UFRJ, 2002.
EQUIPE VIVE DECORA. “Concreto Armado: Entenda Quando é a Melhor Escolha Para O Projeto.” Viva Decora Pro, 3 Mar. 2023. Disponível em: <www.vivadecora.com.br/pro/concreto-armado/.>