ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA VARIAÇÃO SAZONAL DA DENGUE NO BRASIL

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10729908


Antônio Livino dos Santos Neto1; Bianca Batista de Paiva2; Emilly Leal Alves dos Reis3; Idália de Sousa Lima4; Ivair de Sousa Lima5; Letícia Brito Pessoa6; Lúcia Helena Rosa Ribeiro Freire7; Marcus Vinicius Costa dos Santos8; Marina Olimpia Dantas Cruz9; Sheylla Maria da Silva Santos10


RESUMO:

INTRODUÇÃO: A dengue, transmitida pelo Aedes aegypti, é um desafio de saúde pública no Brasil, com quatro sorotipos complicando a gestão e a prevenção. A sazonalidade, associada às estações chuvosas, causa picos de incidência, sobrecarregando os sistemas de saúde. METODOLOGIA: A pesquisa, de abordagem descritiva e quantitativa, analisou casos de dengue no Brasil de 2019 a 2023. Utilizando o TABNET do DATASUS, coletou dados mensais, incluindo região, evolução do quadro e necessidade de internação. A análise envolveu cálculos estatísticos descritivos e Teste Z Score, com nível de significância de 5% (p < 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO: De 2019 a 2022, o Brasil registrou 88.484 casos de dengue, com o pico em abril, representando 24,59% dos casos. A Região Sul lidera em incidência (32,72%), refletindo mudanças climáticas. O sorotipo mais comum é o DEN1 (73,42%). Em 2023, houve aumento significativo de casos (49,15%), enquanto 2020 e 2021 apresentaram números baixos, possivelmente devido à subnotificação durante a pandemia de COVID-19. CONCLUSÃO: O estudo indica que os casos de Dengue no Brasil seguem uma sazonalidade, com picos intensos em abril, influenciados pela pluviosidade e altas temperaturas que favorecem a reprodução do mosquito transmissor. O sorotipo mais comum é o DEN1, e a Região Sul registra o maior número de casos. Além disso, destacou-se a subnotificação durante 2020 e 2021 devido à pandemia de COVID-19 e à concentração de recursos para sua contenção.

Palavras-chave: Epidemiologia, Dengue, Brasil.

1 INTRODUÇÃO

A dengue é uma arbovirose transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, representa um desafio significativo para a saúde pública no Brasil. Caracterizada por surtos recorrentes, a doença é causada por quatro sorotipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), complicando a gestão e prevenção. ¹ A epidemiologia da dengue exibe uma marcada variação sazonal, frequentemente associada às estações chuvosas devido ao aumento da reprodução do mosquito transmissor durante esse período. As regiões tropicais e subtropicais do Brasil, com seu clima propício, são particularmente vulneráveis a surtos, uma vez que as chuvas proporcionam condições ideais para a reprodução do Aedes aegypti. ² Dessa forma, essa sazonalidade possibilita o surgimento de picos de incidência da doença, sobrecarregando os sistemas de saúde e aumentando os desafios de controle.¹ ²

Os sintomas da dengue são diversificados, mas os mais comuns são febre de início súbito, cefaleia intensa, dores musculares e articulares, e erupções cutâneas. Além disso, em alguns casos, a doença pode progredir para formas mais graves, incluindo dengue hemorrágica e síndrome de choque, apresentando plaquetopenia, hemoconcentração e leucopenia.¹ O diagnóstico preciso é essencial e é realizado por meio de testes laboratoriais, como a reação em cadeia da polimerase (PCR) para detecção viral e sorologia para identificação de anticorpos (ELISA).  O tratamento da dengue é, em grande parte, sintomático, de forma que, a hidratação adequada, o controle da febre e o repouso são fundamentais. Nos casos graves, a hospitalização pode ser necessária para monitoramento e intervenções específicas, como medidas de suporte, incluindo transfusões de plaquetas em casos de dengue hemorrágica. ³

As estratégias de controle da dengue são multifacetadas, por exemplo, a eliminação de criadouros de mosquitos é uma abordagem fundamental, envolvendo a conscientização da comunidade e a implementação de práticas preventivas. 4 Ademais, o uso de repelentes, telas mosqueteiras e outras medidas pessoais de proteção são essenciais para reduzir a exposição aos mosquitos.1,4 Além disso, programas de vigilância epidemiológica são cruciais para monitorar a incidência da doença, identificar surtos precocemente e direcionar intervenções oportunas.4 Dessa forma, estudos epidemiológicos sobre a dengue e sua sazonalidade podem impactar de maneira positiva nessa questão de saúde pública, uma vez que a partir do desenho de um perfil epidemiológico medidas e propostas mais promissoras podem ser alcançadas.2 Em suma, a dengue permanece como um desafio significativo para a saúde pública no Brasil e a compreensão detalhada de sua epidemiologia, sintomas e estratégias de controle é crucial para mitigar os impactos da doença e proteger a população contra seus efeitos adversos. 1,2,4

2 REFERENCIAL TEÓRICO

VISÃO GERAL

A dengue é uma doença febril aguda causada por quatro sorotipos de vírus transmitidos principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti. No Brasil, a dengue é um importante problema de saúde pública, com uma história de epidemias recorrentes. 5 Ademais, vale ressaltar perfil epidemiológico mostra variação nas taxas de incidência ao longo dos anos, com picos frequentemente associados às estações chuvosas, devido à criação de condições propícias para a proliferação do mosquito vetor. Além disso, regiões tropicais e subtropicais do Brasil são particularmente suscetíveis devido ao clima favorável ao Aedes aegypti. 4 Os sintomas da doença incluem febre, dores musculares, dor de cabeça e erupções cutâneas, podendo evoluir também para quadros mais graves com plaquetopenia, como na Dengue Hemorrágica. 3

Dessa forma, evidencia-se a necessidade de conhecer mais sobre o perfil epidemiológico da Dengue para traçar medidas e estratégias mais individualizadas, com intuito de mitigar esse problema de saúde pública. 1,4

O VÍRUS DA DENGUE

A dengue é uma doença viral complexa que envolve quatro sorotipos diferentes de vírus do gênero Flavivirus, conhecidos como DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Essa diversidade de sorotipos é significativa, pois a infecção por um deles não confere imunidade duradoura contra os outros, podendo, na verdade, aumentar o risco de complicações graves em infecções subsequentes.3

O mecanismo de ação do vírus começa quando uma fêmea do mosquito Aedes aegypti, que se alimentou previamente de sangue humano infectado, pica outra pessoa. A partir disso, o vírus penetra as células do hospedeiro, principalmente as células do sistema imunológico, como os macrófagos, e inicia sua reprodução.5 O material genético do vírus é composto por RNA de cadeia simples, o que facilita sua replicação rápida e eficaz dentro das células humanas. O tempo de incubação da dengue varia de 4 a 10 dias, durante os quais o vírus se multiplica silenciosamente no organismo antes de os sintomas aparecerem. Os primeiros sinais geralmente incluem febre abrupta, cefaleia intensa, dores musculares e articulares, e erupções cutâneas, esses sintomas são frequentemente confundidos com outras infecções virais, o que pode dificultar o diagnóstico precoce. 3,5

Ademais, em alguns casos, a doença pode progredir para formas mais graves, como a dengue hemorrágica. 3 Nesses casos, ocorre uma redução no nível de plaquetas, além de uma redução do plasma e hemoconcentração, causada devido a lesão dos vasos sanguíneos pelas substâncias liberadas pelo vírus durante sua multiplicação. 5 Dessa forma, há um risco significativo de complicações, como sangramento, queda da pressão arterial e, em casos extremos, choque.6 Sendo assim, os prejuízos à saúde do paciente nessas situações são substanciais, podendo levar a danos irreversíveis a órgãos internos e, em casos mais graves, à morte. 5,6

No âmbito da saúde pública, a dengue representa um desafio significativo, uma vez que, durante surtos epidêmicos, há uma sobrecarga nos serviços de saúde, com uma alta demanda por internações hospitalares.5 Além disso, o impacto econômico é considerável, com ausências no trabalho devido à doença e custos associados aos cuidados médicos.1,4 O tratamento da dengue é, em grande medida, de suporte, a hidratação adequada é crucial, especialmente em casos de dengue grave, onde a perda de líquidos pode ser significativa. O controle da febre e o repouso são também componentes essenciais do tratamento e nos casos mais graves, intervenções específicas, como transfusões de plaquetas, podem ser necessárias. 6

A prevenção da dengue é uma abordagem multidimensional, é necessário a eliminação de criadouros de mosquitos, como recipientes que acumulam água parada, é central na redução da transmissão. Além disso, a conscientização da comunidade sobre práticas preventivas, o uso de repelentes e a implementação de medidas de controle vetorial são fundamentais para mitigar o risco de infecção.7

O AEDES AEGYPTI E SUA RELAÇÃO COM A SAZONALIDADE

O mosquito Aedes aegypti é o principal vetor da dengue, desempenhando um papel crucial na transmissão do vírus. Nesse contexto, vale ressaltar que seu modo de reprodução é particularmente adaptado a ambientes urbanos, as fêmeas depositam seus ovos em recipientes que acumulam água parada, como pneus, vasos, caixas d’água e recipientes domésticos. 1,6 Nesse contexto, esse hábito torna o Aedes aegypti bem adaptado a áreas urbanas, contribuindo para a disseminação da dengue em ambientes habitados.7

A relação do mosquito com a sazonalidade está ligada às condições climáticas, visto que, o Aedes aegypti prospera em ambientes quentes e úmidos, sendo mais ativo durante períodos chuvosos. Dessa forma, as chuvas proporcionam locais ideais para a reprodução, criando uma correlação entre a sazonalidade e o aumento nos casos de dengue. 1,6,7 O acúmulo de água parada durante as estações chuvosas favorece a criação de criadouros, aumentando a população de mosquitos e, consequentemente, o risco de transmissão da dengue.5,7 No Brasil, vários fatores contribuem para a endemia da dengue, desde o clima tropical predominante em grande parte do país, com temperaturas elevadas e chuvas frequentes que proporcionam um ambiente propício para a proliferação do Aedes aegypti, ao crescimento urbano desordenado, a falta de infraestrutura adequada de saneamento básico e o armazenamento inadequado de água. Desse modo, a soma desses fatores favorece a reprodução do mosquito, criando condições ideais para a manutenção da dengue como um problema de saúde pública.1,2,5

Em relação aos meses mais endêmicos de dengue no Brasil, a literatura destaca que as estações chuvosas, geralmente de novembro a abril, são períodos de maior incidência da doença.8 No entanto, a dinâmica da dengue pode variar em diferentes regiões do país, pois o verão, caracterizado por temperaturas mais altas e maior precipitação, cria um ambiente propício para a reprodução do mosquito e, consequentemente, um aumento nos casos de dengue.9

Nesse ínterim, a sazonalidade é importante para direcionar medidas preventivas e estratégias de controle, concentrando esforços durante os períodos de maior risco. Dessa maneira, a compreensão desses padrões sazonais, juntamente com a implementação efetiva de medidas de prevenção e conscientização da comunidade, desempenha um papel vital na gestão e redução da incidência da dengue no Brasil.4,5,7

ESTRATÉGIAS DE SAÚDE PARA O COMBATE DA DENGUE 

O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil tem implementado diversas estratégias para combater a dengue, reconhecendo-a como um desafio significativo para a saúde pública. O Ministério da Saúde desenvolve planos de contingência nacionais para epidemias de dengue, delineando estratégias que envolvem vigilância epidemiológica, assistência a pacientes, capacitação de profissionais de saúde e mobilização comunitária. 1,5

Desse modo, percebe-se que o controle efetivo da dengue é fundamental para o Sistema Único de Saúde (SUS) devido ao impacto significativo que a doença exerce no sistema de saúde brasileiro. 5 Além disso, as epidemias de dengue podem exercer pressão substancial sobre os serviços de saúde, demandando recursos adicionais, desde leitos hospitalares até materiais e equipes médicas. Dessa forma, isso não apenas afeta a capacidade do SUS de fornecer assistência adequada a pacientes com dengue, mas também compromete a atenção a outros que necessitam de cuidados médicos.4, 5,10

Outrossim, o tratamento e gestão de surtos de dengue representam custos financeiros consideráveis para o SUS. Nesse aspecto, investimentos em campanhas de prevenção, aquisição de insumos médicos e capacitação de profissionais de saúde são essenciais para enfrentar o impacto econômico desses surtos. 10

Ademais, vale mencionar que, a dengue não apenas impacta o sistema de saúde do ponto de vista financeiro, mas também gera consequências sociais e econômicas, uma vez que ausências no trabalho decorrentes da doença, custos associados a internações hospitalares e a diminuição da produtividade podem afetar a economia e o bem-estar da população. A sustentabilidade a longo prazo do SUS está intrinsecamente ligada à capacidade de gerenciar eficazmente doenças como a dengue, sendo assim, o sucesso na prevenção e controle dessas doenças contribui para a eficiência do sistema de saúde como um todo, permitindo que recursos sejam direcionados para outras áreas prioritárias.5,10

Portanto, é perceptível que a gestão eficaz da dengue não só assegura a qualidade dos cuidados de saúde, mas também promove a saúde pública, reduz custos e fortalece a resiliência geral do sistema de saúde brasileiro.1,4,5

3 METODOLOGIA

A pesquisa teve abordagem descritiva, quantitativa e retrospectiva dos casos de dengue no Brasil de 2019 a 2023. Os dados foram coletados por meio do TABNET, ferramenta de tabulação do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A partir disso, fez-se a coleta da quantidade de casos mensalmente, filtrando por região, evolução do quadro e necessidade de internação, além de filtrar apenas os casos confirmados. A análise dos dados envolveu cálculos estatísticos descritivos, além de análises analíticas utilizando o Teste Z Score. O nível de significância adotado para rejeitar a hipótese nula foi de 5%, considerando significativo quando p < 0,05. A pesquisa utilizou dados secundários do Sistema de Informação de DATASUS, disponíveis publicamente, justificando a dispensa de encaminhamento ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). As identidades dos indivíduos não estão presentes nos dados, eliminando riscos e justificando a dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

4 RESULTADOS

De acordo com os dados do DATASUS, de 2019 a 2023 ocorreram 88.484 casos de Dengue no Brasil, sendo 64.967 do sorotipo DEN1, 22.909 do DEN2, 125 do DEN3 e 483 do DEN4 (Gráfico 1). No que se refere a quantidade de casos por Região do país, a maior incidência foi na Região Sul com 28.960 casos notificados, seguida, respectivamente, pela Região Sudeste com 28.955 casos, a Região Centro-Oeste com 18.095 casos, a Região Nordeste 6.956 casos e pela Região Norte com 5.518 casos (Gráfico 2).

GRÁFICO 1 – NÚMERO DE CASOS POR SOROTIPO

GRÁFICO 2 – NÚMERO DE CASOS POR REGIÃO

Em relação a distribuição de casos ao longo dos anos analisados, foram encontrados 12.628 casos em 2019, 7.125 em 2020, 4.324 em 2021, 20.771 em 2022 e 43.491 em 2023 (Gráfico 3).

GRÁFICO 3 – NÚMERO DE CASOS POR ANO

No que se refere a distribuição dos casos de dengue ao longo dos meses (Tabela 1), por meio do Teste Z Score (Tabela 2), por meio de uma análise do tipo cauda direita percebe-se que o mês de Abril apresenta valor de p < 0.05, quando comparado aos demais meses, sugerindo que a observação é estatisticamente significativa comprovando a hipótese alternativa (Ha=A sazonalidade influencia o número de casos de dengue ao longo do ano, tendo grande pico de casos nos meses chuvosos).

TABELA 1- DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS DE DENGUE AO LONGO DOS MESES (2019-2023)

TABELA 2 –  Z SCORE E VALOR DE P (MESES DURANTE 2019-2023)

MÊSZ – SCOREVALOR DE P
Janeiro-0.2110.5835
Fevereiro0.1720.4317
Março1.2950.0976
Abril2.3310.0098*
Maio1.30910.0952
Junho-0.18040.5715
Julho-0.6530.7431
Agosto-0.87180.8083
Setembro-0.98340.8372
Outubro-0.94180.8268
Novembro-0.63660.7378
Dezembro-0.2570.6014

Fonte: Good Calculators

No que se refere à hospitalização, 7.411 foram internados, 65.772 não precisaram de internação e 15.301 foram registrados em branco. Em relação à evolução do caso, 82.901 evoluíram para Cura, 745 para Óbito pela Dengue, 42 para Óbito por outra causa, 13 para Óbito em investigação e 4.783 não tiveram essa informação registrada.

 5 DISCUSSÃO

De acordo com os resultados apresentados, de 2019 a 2022, foram observados 88.484 casos de Dengue no Brasil, sendo no mês de Abril o maior pico de incidência da doença, concentrando 24,59% dos casos que ocorreram no período estudado. Nesse contexto, percebe-se que os dados do presente estudo estão em consonância com a literatura, a qual aponta que os picos dos casos de dengue ocorrem entre o segundo e o quarto mês do ano devido a pluviosidade e a temperatura.  Outrossim, percebe-se que a Região Sul apresenta o maior número de casos (32,72%) em relação às demais regiões. Tais achados corroboram com os estudos atuais 9,12,13 que indicam um crescimento de casos na Região Sul devido as mudanças climáticas. No que se refere ao Sorotipo da doença, percebe-se que o mais frequente é o DEN1 (73,42%), assim como na literatura estudada. Em relação a incidência anual, observou-se que 2023 foi o ano com maior número de casos representando 49,15% da amostra coletada, no entanto, cabe destacar que os anos de 2020 e 2021 tiveram números muito baixos, respectivamente, 8,05% e 4,88%, podendo indicar uma lacuna na coleta desses dados, tal como evidenciado em alguns estudos13. Segundo Pessanha et al. , os números de notificações dos casos de dengue em 2020 e 2021 apresentaram grande atipicidade, podendo-se relacionar essa anormalidade as mudanças na estrutura de atendimento das unidades básicas de saúde para suprir a demanda da pandemia de COVID-19, uma vez que, a orientação geral foi que as UBS só fossem procuradas em casos de quadros gripais, ocasionando subnotificação dos casos de dengue. Além disso, infere-se que, na realidade tenha havido um aumento dos números de casos de dengue durante a pandemia, uma vez que o serviço dos agentes de endemias foi mais restrito e não houve monitoramento de criadouros dos mosquitos tão efetivo quanto nos anos anteriores.11 No que concerne a necessidade de hospitalização, encontrou-se que 8,37% dos pacientes precisaram ser internados, enquanto 17,29% não obtiveram adequada coleta de dados para o DATASUS, deixando uma grande lacuna na análise desse aspecto. Ademais, em relação a mortalidade, 0,8% dos pacientes infectados pelo vírus da Dengue evoluíram a óbito pela doença, enquanto 0,04% faleceram por outras causas, 93,69% foram curados e 5,4% não tiveram essas informações registradas, apontando mais uma lacuna na coleta de dados para o Sistema de Saúde em relação a essa doença.

6 CONCLUSÃO

Em suma, o estudo demonstra que os casos de Dengue têm uma sazonalidade no Brasil, tendo picos mais intensos no mês de Abril devido a pluviosidade e as temperaturas altas que favorecem a reprodução do mosquito transmissor do vírus. Ademais, o sorotipo mais frequente é o DEN1 e a região com maior número de casos é a Região Sul. Outrossim, um importante achado foi a subnotificação de casos de dengue durante 2020 e 2021 devido a pandemia de COVID-19 e a concentração de recursos para sua contenção.

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12. BRASIL, Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde – DATASUS. Disponível em http://www.datasus.gov.br. Acesso em 19 de fevereiro de 2024.


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