REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7432922
Leonardo Pinheiro Rocha
Poty Pytã Paola Caballlero da Silva
Orientadora: Profa. Dra. Luciana Paro Scarin Freitas
RESUMO
A revitalização de monumentos históricos implementando iluminação cênica valoriza o ambiente esteticamente, restaura as origens e histórias do local. O objetivo deste trabalho foi elaborar um projeto de iluminação cênica do Clube Gresfi localizado na região central da cidade de Foz do Iguaçu, levantando informações sobre história do prédio revalorizando sua estética original, atendendo a Norma Brasileira de Regulamentação (NBR) de circuitos elétricos de baixa tensão da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A execução do projeto conta com a colaboração de acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Uniamérica Descomplica para realização do projeto arquitetônico de iluminação do local. Resultados obtidos no desenvolvimento do trabalho atenderam às expectativas com a conclusão do levantamento teórico essencial para o desenvolvimento do dimensionamento elétrico que atenderá o projeto e levantamento dos materiais. Com resultado obtido aponta que a preservação de edificações históricas e culturais resulta em benefícios com a valorização da imagem, valorização econômica tornando o patrimônio como atração turística.
Palavras-chave: Iluminação cênica; dimensionamento elétrico; patrimônio histórico.
ABSTRACT
The revitalization of historical monuments that implements stage lighting valorize the environment aesthetically, restore the origins and the storys of the location. The objective of this work was to elaborate a project about stage lighting at the Gresfi Club located on the central region of Foz do Iguaçu´s city, colecting informations about the building revaluing it´s original aesthetic, attending the Brasilian Regularization Norm (NBR) of low voltage eletric circuits of the Brasilian Tecnical Norm´s Association. The execution of the project counts with the colaboration of academics from the Architecture and Urbanism course of the University Center Uniamérica Descomplica for the realization of the architectural lighting project. The results obtained during the desenvolvement of the project atended the expectations with the conclusion of the essential teoric information gathering for the desenvolvement of the eletric sizing that will attend the project and the information about the materials. The result obtained points that the preservation of historical and cultural buildings brings results in benefits with the valoriation of the image and economic valorization turning the patrimony into a turistic attraction
KeyWords: Stage Lighting; eletric sizing; historical patrimony.
1 INTRODUÇÃO
A proposta deste projeto de conclusão de curso originou-se a partir da ideia de restauração de um monumento histórico de Foz do Iguaçu (PR), com intuito de valorizar e iluminar os patrimônios arquitetônicos históricos presentes e gerar resultados de grande impacto para a comunidade e turismo local.
O objetivo de conclusão de curso é desenvolver um estudo e dimensionamento direcionado a projetos elétricos dos circuitos de iluminação interno e externo, levantamento de materiais elétricos, estudo da aplicabilidade de iluminação cênica em locais de impacto histórico e cultural na cidade.
Local de ensaio para aplicar os conhecimentos adquiridos no decorrer da graduação foi o Clube Gresfi localizado em Foz do Iguaçu (PR) em parceria com o setor administrativo do local. Acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Uniamérica realizaram o projeto arquitetônico do local, definiram os pontos a serem iluminados e destacaram a característica de angulo de abertura, potencia e cor da luz de cada ponto definido.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Eloy (2014) relata que por muito tempo a iluminação urbana representava apenas o conceito de iluminação noturna ou ausência de iluminação natural em dias nublados. Iluminação cênica tem por sua vez ressaltar a estética de monumentos históricos que por um certo tempo se ofuscava ao meio de edificações novas. O conceito de iluminação cênica em patrimônios considerados históricos, popularmente é bem vista e atrativa no ramo turístico, que segundo Godoy (2003) é uma diretriz de embelezamento e valorização cultural por parte da administração pública.
Referente a iluminação cênica em monumentos históricos Silva (2009) relata que:
Quando se trata de iluminar monumentos históricos, prédios tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional, a iluminação torna-se definitivamente arte pura, pois além de lidar com a luz devemos entender o valor artístico de cada prédio e de cada monumento. É importante ter sempre em mente a legislação, que manda respeitarmos as características do prédio (SILVA, 2009, p.140)
2.1 Grandezas elétricas
Em projetos de iluminação cênica, são elaborados conforme estudos iniciados pelas grandezas elétricas, o presente trabalho levantou conceitos teóricos elementares para o desenvolvimento do projeto de circuitos elétricos, atendendo a Norma Brasileira de Regulamentação (NBR) de circuitos elétricos de baixa tensão da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
2.1.1 Carga e corrente
O princípio da carga elétrica se da aos fenomenos elétricos em sua explicação. A propriedade da carga elétrica é medida em Couloumbs (C) homenageando o físico francês Charles Augustin de Coulomb, esta unidade é composta por átomos que são constituidos por elétrons, prótons e nêutrons. As cargas são compostas por polaridades positivas ou negativas, quando cargas de mesma polaridade se aproximam tendem a se repelir uma a outra, já cargas de polaridades opostas se atraem ao se aproximar.
Um Coulomb (1 C) tem sua carga que equivale a 6,24 x1018 elétrons. De acordo com análises experimentais do físico Charles Augustin de Coulomb, cargas encontradas na natureza são consideradas múltiplos inteiros da carga de um elétron 1,602 x1019 C. Existe uma lei de conservação para as cargas que estabelece que nenhuma carga pode ser criada ou destruída, mas sim transferida. A soma algébrica das cargas elétricas aplicada em um sistema fechado não se altera.
Aplicações onde as cargas elétricas são submetidas a serem transferidas de um lado para outro em movimento acontece o fluxo de cargas, conhecido como corrente elétrica que possibilita a conversão da movimentação dos elétrons para outras formas de energia. Contudo, para a corrente elétrica é utilizado a expressão (i), a carga será (q) e a unidade para o tempo será (t), expresso matematicamente da seguinte forma:
Na expressão matemática da equação (1) pode se definir que a corrente elétrica medida em ampéres (A) será o fluxo de 1 Coulumb por 1 segundo.
2.1.2 Tensão elétrica
Tensão elétrica ou diferença de potencial em um circuito elétrico é a energia que executa o “trabalho” de deslocamento de uma carga através de um condutor de um ponto até outro em um determinado sentido. O físico Alessandro Antonio Volta conhecido pela invenção da bateria elétrica no qual realizou o primeiro fluxo contínuo de eletricidade e o capacitor, a tensão elétrica também conhecida como volt (V) é denominado desta maneira em homenagem ao físico. A explicação abordada anteriormente é expressa matematicamente por:
2.1.3 Potência elétrica
Segundo Alexander e Sadiku (2013), a potência elétrica é definida na velocidade em que um determinado equipamento consome ou absorve energia, em dimensionamentos elétricos ou de equipamentos que exercem uma força de trabalho, é de grande importância saber a potência em que o dispositivo elétrico será capaz manipular. O cálculo de potência é expresso matematicamente por:
Na expressão matemática da equação (4) a potência em watts (W) está representada por (P), no qual W é a energia em joules (J) e o tempo em segundos (s) representado por (t). Expressão permite relacionar com a corrente elétrica, pois existe uma variação de energia em relação ao fluxo de cargas:
Pode ser representada também da seguinte expressão:
Na equação (5) a potência representada por (P) expressa a quantidade variável com o tempo resultando na potência instantânea. Contudo, a potência consumida por um equipamento ou sistema, se da em função dos valores de corrente e tensão.
2.1.4 Potência aparente e fator de potência
Figura 1 – Triângulo de potências
Em circuitos de corrente alternada a variação de tensão e corrente no decorrer do tempo sofre alteração no cálculo de potência que será abordado a seguir:
A potência ativa (P) representa a produção de trabalho, sendo a energia real consumida por um terminal de iluminação ou equipamento, sua unidade de medida é utilizada em watt (W) e representada matematicamente por:
A potência reativa (Q) em cargas capacitivas e indutivas representa parte da potência aplicada no sistema, gera um campo eletromagnético nas extremidades das cargas. E ao contrário da potência ativa, a reativa ao operar não gera calor, sua unidade de medida é volt ampère reativo (Var) e representada matematicamente por:
A potência aparente representada por (S) pode ser encontrada matematicamente com a soma vetorial da potência ativa e potência reativa, sua unidade de medida é em volt Ampére (VA). A soma das duas potências é definida matematicamente pela equação (9) e pode ser simplificada como pode ser visto na equação (10).
Ou:
2.1.5 Fluxo luminoso
É o total da radiação que abrange todas as direções emitida por uma fonte de luz que produz estímulo visual (Luz, 1995), seu termo técnico é medido em Lúmen (lm).
2.1.6 Eficiência luminosa
A relação entre quantidade de lúmen emitida por uma fonte de luz e a potência elétrica consumida encontramos a eficiência luminosa de uma lâmpada medida em lúmen por watt (lm/W) (Luz, 1995). Em dimensionamentos de projetos elétricos se procura lâmpadas com eficiência luminosa que atendam a demanda de iluminação nos cômodos a serem instalados e pode ser determinado matematicamente por:
2.1.7 Iluminância
O nível de iluminamento é o fluxo luminoso que atinge uma superfície da distância em que a fonte de luz está instalada, sua unidade de medida é em lux (lx) (Luz, 1995). Para ilustrar a iluminância, um dia ensolarado com céu limpo em local aberto chega a 100.000 lux, já dias nublados na estação do inverno chega a 3.000 lux, noites em dias de lua cheia chega em torno de 0,25 lux. Cálculo de iluminância se da equação:
2.1.8 Luminância
Resumidamente a luminância provoca a sensação de claridade em uma superfície iluminada por um ponto de luz, a reflexão da superfície a ser iluminada também é considerada ao dimensionar a parte de iluminação de um projeto e se da candela por m² (Luz, 1995). Cálculo de luminância se da pela equação (12):
2.2 Lâmpadas
Lâmpadas diferem uma das outras pelo seu desempenho em seu processo de emissão de luz, sendo considerado sua vida útil, índice de reprodução de cores, temperatura de cor e seu rendimento luminoso. Será abordado a explicação das incandescentes, de descarga e a de LED de estado sólido.
2.2.1 Lâmpadas incandescentes
A cerca do ano de 1840 se desenvolveu a primeira lâmpada incandescente com seu interior composto por um bulbo de vidro, base metálica com rosca para conexão com sua ponta separada por material de isolação, possui filamento tungstênio espiralado envolvido por gás inerte que impede a oxidação do mesmo, conforme a figura 2. Em seu funcionamento parte da energia que alimenta a lâmpada é dissipada em forma de calor e luz resultante do efeito Joule.
Figura 2 – Componentes da Lâmpada Incandescente
2.2.2 Lâmpadas fluorescentes tubulares
Formado por bulbo cilíndrico revestido em seu interior por material fluorescente e vapor de mercúrio ou argónio de baixa pressão responsáveis pela emissão de energia luminosa através da descarga elétrica entre os gases. Em suas extremidades possui elétrodos de tungstênio que neles circulam a corrente elétrica, conforme a Figura 3.
Figura 3 – Componentes da lâmpada fluorescente
2.2.3 Lâmpadas fluorescentes compactas
Lâmpadas fluorescentes compactas se assemelham às incandescentes pelo seu formato e método de instalação roscada, foi criada para substitui las pela sua eficiência de até 80% de economia de energia, a base da lâmpada é composta por reator e starter. Lâmpada com ampla iluminação e utilizada para uso comum, comercial, residencial e industrial. Na Figura 4 podemos ver os tipos de lâmpadas fluorescentes compactas.
Figura 4 – Tipos de lâmpadas fluorescentes compactas
2.2.4 Lâmpadas de vapor de mercúrio de alta pressão
Diferente das incandescentes, lâmpadas com vapor de mercúrio de alta pressão possuem isolação térmica devido a atmosfera de nitrogênio formada no interior do bulbo, nitrogênio também auxilia na redução de oxidação dos metais presentes e limitação da intensidade ultravioleta do revestimento de fósforo (BAPTISTA, 2017).
O bulbo é revestido por uma camada de fósforo que reduz a reprodução de cor, o vapor de mercúrio e argónio presentes em seu interior funcionam como gás de partida para reduzir a tensão, atuando na ignição e calor para vaporizar o mesmo. Na Figura 5 podemos observar todos os componentes presente dentro de uma lâmpada de vapor de mercúrio.
Figura 5 – Componentes da Lâmpada de Vapor de Mercúrio
1.1.1 Lâmpadas de Estado Sólido (LED)
Criado em meados dos anos 90, o LED comparado a outros modelos de lâmpadas se destaca pelo seu baixo consumo de energia, durabilidade maior e não emite irradiação UV e IR (SCOPACASA, 2008). Pela sua pequena dimensão, LED’s são utilizados em equipamentos eletrônicos para sinalização, semáforos, televisores, refletores, lâmpadas e etc.
Composto por um díodo responsável pela emissão de luz é um semicondutor em estado sólido de alta durabilidade e eficiente, luz emitida por um chip de cristal também composto em estado sólido (LOPES, 2014). Com alta capacidade de iluminação e precisão, a iluminação de tom frio do LED se da não emissão de luz infravermelho, que devido a isso há liberação de potência dissipada em calor. Na Figura 6 podemos observar os componentes de um LED.
Figura 6 – Componentes de um LED
1.2 Iluminação cênica
Patrimônios históricos e culturais definem a identidade de uma sociedade que são ressaltadas pela iluminação cênica que preservam e trazem valorização na visibilidade estética de fachadas e monumentos históricos. Conforme a UIP – Unidade de Interesse de Preservação através da iluminação e decorações de época, a preservação histórica resulta em benefícios com a valorização da imagem, valorização econômica tornando o patrimônio como atração turística.
Conforme afirmação de Junqueira e Yunes:
“A iluminação dos monumentos históricos constitui, por si só, um ato de preservação e valorização do patrimônio, uma vez que beneficia a leitura da imagem arquitetônica do imóvel, permitindo o seu destaque sobre a paisagem urbana” (JUNQUEIRA; YUNES, 2013, p.11)
Conforme a Resolução Normativa nº 414 (ANEEL, 2010, p. 6), a definição da iluminação pública é o “serviço público que tem por objetivo exclusivo prover de claridade os logradouros públicos, de forma periódica, contínua ou eventual”. Conforme a normativa, as fachadas e monumentos são considerados como iluminação pública, com o propósito de valorizar e ressaltar a construção dos atributos físicos, a iluminação cênica resulta na harmonia reluzente com a valorização de detalhes da edificação preservando a sua identidade histórica.
Godoy relata que:
Durante o dia, a cidade e seus edifícios são iluminados pela luz solar direta e pela luz indireta e difusa do céu, ou por ambas ao mesmo tempo, mudando constantemente a direção, a cor e as relações de luz e sombra. Esses mesmos volumes iluminados com luz artificial contrastam-se com a escuridão da noite, tornando- -se dramaticamente destacados e belos. (GODOY, 2003, p. 24).
2.4. Dimensionamento elétrico
Consiste no planejamento da instalação elétrica, levantamento de pontos de iluminação e pontos de energia elétrica, levantamento de carga, definir materiais seguindo as normas conforme a demanda do circuito de dispositivos que atuam na proteção do projeto.
Conforme a Norma Brasileira de Regulamentação (NBR) 5410 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de 2004, para manter um padrão de qualidade e segurança, a norma estabelece condições mínimas de potência a serem projetadas em instalações elétrica de baixa tensão, critérios estabelecidos para utilizar tomadas de uso comum e específico, ponto de iluminação em área interna e externa.
2.4.1 Potência instalada
Para dar início ao projeto de potência instalada, o engenheiro realiza o levantamento de carga, pontos de iluminação, tomadas, cargas especiais com demanda especifica como: elevadores, motores, bombas de combate a incendio e etc.
Seguindo as exigências estabelecidas pelas normas, conforme o levantamento de potência deve ser determinado a categoria de atendimento conforme o padrão da concessionária local, deve ser desenvolvido desenho técnico, solicitação de aprovação a concessionária, memorial descritivo com dados de identificação, memorial de cálculo com a previsão da demanda de cargas, plantas, quadros, convenções, especificações dos condutores e eletrodutos dimensionados, levantamento da quantidade de materiais.
Desenho técnico desenvolvido pelo engenheiro deve apresentar quadros de distribuição geral, de luz e de força, desenho das tubulações dos circuitos, fiação traçada até os pontos de alimentação e terminais, pontos de utilização, caixas de passagens e ramal.
Pontos de tomadas e de iluminação definidos, pode ser dado início ao desenho do projeto elétrico que possuem exigências a serem seguidas, atendendo normas e que seja completo com especificações para fácil compreensão, a norma 5410 estabelece que “os componentes, inclusive as linhas elétricas, devem ser dispostos de modo a facilitar sua operação, inspeção, manutenção e o acesso às conexões.” (ABNT, 2004, p. 86)
2.4.2 Demanda
Determinada pela soma das potências nominais da demanda de cada aparelho elétrico a ser utilizado, com o levantamento carga instalada é dimensionado a entrada de energia estabelecendo a categoria de atendimento conforme a demanda a ser atendida e seguindo a norma técnica da concessionária de energia do local. No desenvolvimento do presente trabalho foi utilizado Norma Técnica Copel (NTC) 901100 (Anexo 1) para o dimensionamento do ramal de entrada. Cálculo da demanda se da equação:
Tabela 1 – Fator de demanda para iluminação e tomadas de uso geral
Potência (W) | Fator de demanda (g1) |
0 a 1000 | 0,86 |
1001 a 2000 | 0,75 |
3001 a 3000 | 0,66 |
3001 a 4000 | 0,59 |
4001 a 5000 | 0,52 |
5001 a 6000 | 0,45 |
6001 a 7000 | 0,40 |
7001 a 8000 | 0,35 |
8001 a 9000 | 0,31 |
9001 a 10000 | 0,27 |
2.4.3 Condutores elétricos
Condutores elétricos são destinados para realizar o transporte da corrente elétrica, deve ser dimensionado de maneira minuciosa para que não tenha sobreaquecimento, que seja eficiente de modo que não tenha queda de tensão. Ao ser dimensionado deve ser considerado fator de correção para temperatura, proteção de sobrecarga, aquecimento, queda de tensão, curtos-circuitos. Contudo, os condutores de um circuito deve ter capacidade de condução igual ou superior a corrente projetada.
Norma 5410 estabelece que condutores de fase e neutro são considerados condutores carregados por passar corrente elétrica em seu funcionamento nominal do circuito, tabela 2 da norma indica o número de condutores carregados em um circuito, conforme a quantidade de condutores vivos no circuito.
Tabela 2 – Quantidade de condutores carregados
Esquema de condutores vivos do circuito Número de condutores carregados a ser adotado | |
Monofásico a dois condutores | 2 |
Monofásico a três condutores | 2 |
Duas fases sem neutro | 2 |
Duas fases com neutro | 3 |
Trifásico sem neutro | 3 |
Trifásico com neutro | 3 ou 4 |
É necessário utilizar a tabela da norma NR-5410 (Anexo 2) para determinar a corrente suportada de acordo com a capacidade de condução de corrente por número de condutores estabelecidos anteriormente pela tabela 2. Com a capacidade de condução definida, pode se determinar a corrente do projeto conforme a expressão matemática 15.
2.4.4 Dispositivos de proteção
Dispositivos de proteção como disjuntores são dimensionados para segurança do local contra choques, sobreaquecimentos e surtos de corrente ou tensão. Trabalham direcionados para proteger circuitos elétricos e agir rapidamente ao identificar alguma operação fora das condições normais. Dispositivos de proteção utilizados em projetos residenciais são disjuntores termomagnético (DTM), disjuntor diferencial residual (DR) e o dispositivo destinado a proteção de surto elétrico (DPS).
Disjuntores acionam conforme a curva típica de tempo sobre a sua corrente nominal, podendo ser do tipo B, C ou D. Disjuntor do tipo B é indicado para ser utilizado em circuitos puramente resistivos e acionam entre 3 a 5 vezes a sua corrente nominal. Disjuntores do tipo C são destinados para uso em circuitos de iluminação, tomadas de uso geral, circuitos indutivos, e motores, dispositivo aciona entre 5 a 10 vezes. Disjuntores do tipo D são utilizado em circuitos para equipamentos robustos, grandes motores e transformadores de potência, trabalham com alta intensidade com corrente de partida alta por conta dos equipamentos.
Elaborar o planejamento de correção de temperatura para condutores é de extrema importância, devido a temperatura interna do quadro de distribuição que são submetidos, para preservar a segurança do local conforme a norma NBR 5410 (2004) na tabela 40 a correção de aumento de temperatura é de 10°C. Ao definir o disjuntor de um projeto é utilizado a tabela 10 da NBR 5410 (2004) que representa o fator de correção de temperatura para disjuntores submetidos a este caso.
Para o dimensionamento do dispositivo de proteção também deve ser considerado o valor da seção mínima do condutor utilizando a tabela 40 da norma NBR (2004). Para atender os requisitos da norma e segurança do projeto a ser executado, a corrente em que o disjuntor é submetido a trabalhar deve ser inferior a capacidade de condução de corrente do condutor e superior a corrente do projeto, com isso o disjuntor aciona quando identifica sobrecarga no circuito.
2.4.5 Eletrodutos
Em toda instalação deve ser definido como os condutores serão instalados, dentro de eletrodutos aparentes ou embutidos na parede, eletrocalhas ou perfilados, subterrâneo ou ao ar livre. Com a maneira de instalação definida, deve ser considerado o fator de correção do condutor, que esta relacionado a quantidade de condutores e a sua forma de agrupamento, o fator de correção é extremamente importante para a escolha do condutor, com o objetivo de obter o melhor desempenho.
Existem vários tipos de eletrodutos, com diferentes funções em específico, porem a principal em todos é a proteção dos condutores contra ações mecânicas, corrosão e princípios de incêndios por superaquecimento, os eletrodutos do tipo metálico acabam sendo utilizados de maneria mais exposta, devido ao seu acabamento e sua resistência, os de PVC rígidos e flexíveis tendem a ser utilizados mais dentro de paredes, forro, laje, subterrâneo, já que geralmente não apresentam um acabamento tão bom.
Para dimensionar um eletroduto depende especificamente da quantidade de condutores presente no trecho. No item 6.2.11.16 da norma 5410, é descrito quais as dimensões internas de ocupação um eletroduto deve possuir para que os condutores possam ser instalados com facilidade.
A ocupação dos condutores dentro do eletroduto não podem ser superiores a:
– 53% no caso de um condutor;
– 31% no caso de dois condutores;
– 40% no caso de três ou mais condutores;
A Tabela 3 a seguir mostra o diâmetro externo nominal do eletroduto de PVC e as áreas úteis para cada caso.
Tabela 3 – Eletroduto de PVC rígido com rosca
Referência de rosca | Diâmetro externo nominal (mm) | Diâmetro interno (mm) | Espessura da parede (mm) | Área total aproximada (mm²) | Área útil para 1 condutor (mm²) | Área útil para 2 condutores (mm²) | Área útil para 3 condutores ou mais (mm²) |
1/2″ | 20 | 16,0 | 2,2 | 201,1 | 106,6 | 62,3 | 80,4 |
3/4″ | 25 | 21,0 | 2,6 | 346,4 | 183,6 | 107,4 | 138,6 |
1″ | 32 | 26,8 | 3,2 | 564,1 | 299,0 | 174,9 | 225,6 |
1 1/4″ | 40 | 35,0 | 3,6 | 962,1 | 509,9 | 298,3 | 384,8 |
1 1/2″ | 50 | 39,8 | 4,0 | 1244,1 | 569,4 | 385,7 | 497,6 |
2″ | 60 | 50,2 | 4,6 | 1979,2 | 1049,0 | 613,6 | 791,7 |
2 1/2″ | 75 | 64,1 | 5,5 | 3227,0 | 1710,3 | 1000,4 | 1290,8 |
3″ | 85 | 75,6 | 6,2 | 4488,8 | 2379,1 | 1391,5 | 1795,5 |
3. METODOLOGIA
O projeto elétrico para revitalização foi desenvolvido no primeiro aeroporto de Foz do Iguaçu inaugurado em 1941, hoje o prédio abriga o Grêmio Esportivo e Social de Foz do Iguaçu, popularmente conhecido como Gresfi, clube fundado no final da década de 60, por sargentos e suboficiais das Forças Armadas.
A história deste importante local da cidade está sendo resgatada a partir de um pedido de tombamento do prédio, feito em 2019. Foi desenvolvido projeto elétrico dos circuitos de iluminação externo do patrimônio escolhido, o dimensionamento de materiais elétricos que serão aplicados e o planejamento de execução da obra.
Na área externa do prédio foi estipulado a implantação de 30 pontos de iluminação que irão agregar na valorização cênica do prédio. Em decorrência da necessidade de preservar a estrutura original do prédio, as obras externas realizadas posteriormente não fizeram parte do planejamento de redimensionamento elétrico.
Figura 7 – Fotografia da parte frontal Gresfi
Foi desenvolvido o dimensionamento elétrico da iluminação externa do patrimônio escolhido considerando o projeto concebido pelos acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Uniamérica Descomplica. Para iniciar o projeto foi realizado visitas de campo no local para levantamento de medidas utilizando a planta baixa original do prédio, levantamento dos detalhes da fachada frontal, lateral e fundo.
Para a revitalização do Gresfi foi adicionado apenas um novo circuito para iluminação externa, definido visando aproveitar os quadros de distribuição existentes. Para atender a demanda foi necessário adicionar no quadro apenas um circuito novo para alimentar 6 unidades do spot de solo embutido (10W), 14 unidades do refletor led de solo (30W), 10 unidades do refletor de led (50W) ao redor do prédio para aumentar a valorização do local, essas luminárias são principalmente utilizadas para iluminação de fachadas, monumentos, jardins externos e internos.
No dimensionamento do condutor a ser utilizado no circuito, foi analisado o método de instalação do eletroduto para levantar as condições em que o material seria submetido, definido que a instalação seria feita de forma subterrânea, definido o condutor com isolação EPR e considerando a corrente do projeto utilizando o fator de correção de temperatura de 35°C do tipo 61 e 61A (método de referência D).
4. RESULTADOS
Elaborado o projeto elétrico com informações detalhada para execução da obra, localidade dos pontos de iluminação externa detalhando o modelo da luminária, informação do circuito, seção mínima de condutores e seção mínima de eletrodutos. Com a definição dos pontos de iluminação externa e o modelo de iluminaria, foi levantado a carga instalada sendo necessário apenas um circuito para alimentar os pontos de iluminação. Na Tabela 4 especifica as cargas do circuito. Para o acionamento das luminárias foi projetado um relé fotoelétrico de 1000W, podendo controlar todas as luminárias de uma única vez ao anoitecer.
Tabela 4 – Cargas instaladas para o Setor 1
Subdivisão de Instalação | Quantidade de Projetores | Potência (W) | Potência (VA) | Disjuntor (A) |
1 | 30 | 980 | 1065 | 16 |
Total | 1065 |
Com o dimensionamento elétrico concluído, elaborado a lista dos materiais necessários para a execução da obra é apresentada na Tabela 5.
Tabela 5 – Lista de Materiais
A simulação de como ficará o local escolhido foi desenvolvido pelos acadêmicos de arquitetura e urbanismo, simulação 3D do Gresfi desenvolvida no software Revit constam na figura 8 e 9.
Figura 8 – Simulação 3D Gresfi (frente)
Figura 9 – Simulação 3D Gresfi (fundo)
5. CONCLUSÃO
Neste projeto de conclusão de curso abordamos o assunto de dimensionamento elétrico. O desenvolvimento do projeto atingiu os objetivos esperados, estudo realizado atendeu a demanda solicitada pelas partes envolvidas entregando o projeto elétrico da parte externa, lista de materiais, quadro de cargas e enfatizando os pontos geográficos de instalação das luminárias.
REFERÊNCIAS
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BAPTISTA, T. F. Impacto no Sistema de Energia pela Troca das Lâmpadas Tradicionais por Lâmpadas LED. Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: http://repositorio.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10016335.pdf. Acesso em: 17 out. 2021.
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ANEXO 1 – Tabela de demanda
ANEXO 2 – Capacidade de condução de corrente, em amperes, para os 1,5 métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D.