REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7782856
Glaycy Celeste Monteiro Gomes1
Atílio Fontinele Castro de Araújo2
Bruna Lima Beserra3
Eduarda Nascimento Gomides4
Isabela Xavier Moura Oliveira5
Isabella Alves dos Santos6
Ivna Rocha Bastos7
Ketlyn Maísa Mota8
Lênio Airam de Pinho9
Letícia lima leite10
Lyvia Carolina De Oliveira Correia11
Maria Clara Oliveira Padilha Diniz12
Safira Monteiro Costa13
Victória Souza Araújo14
Vitor Magalhães Libanio15
RESUMO
A pandemia da COVID-19 teve um impacto significativo na saúde pública global desde o seu surgimento no final do ano de 2019. Além dos sintomas agudos da infecção pelo vírus SARS-CoV-2, a pandemia também apresentou um desafio significativo em relação às patologias emergentes após as infecções agudas, como a Síndrome pós-COVID-19. Levando em consideração a alta incidência do surgimento desses sintomas, este artigo tem como objetivo revisar a literatura científica disponível sobre a síndrome pós-COVID-19, incluindo sua definição, prevalência, sintomas, fatores de risco e tratamento. Resultado: A síndrome pós-Covid e seus sintomas geram impactos na qualidade de vida dos pacientes afetados pela COVID 19.
Palavras-chaves: COVID-19; Síndrome; Patologia;
ABSTRACT:
The COVID-19 pandemic has had a significant impact on global public health since its emergence in late 2019. In addition to the acute symptoms of SARS-CoV-2 virus infection, the pandemic has also presented a significant challenge with regard to emerging pathologies, how Post-COVID-19 Syndrome. Taking into account the high incidence of these symptoms, this article aims to review the available scientific literature on the post-COVID-19 syndrome, including its definition, prevalence, symptoms, risk factors and treatment. Result: The post-Covid syndrome and its symptoms impact the quality of life of patients affected by COVID 19.
Keywords: COVID-19; Syndrome; Pathology;
INTRODUÇÃO
O COVID-19 foi identificado por cientistas pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, China. Inicialmente foi classificado como um quadro de pneumonia desconhecida e, por conta da sua alta taxa de contaminação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de pandemia mundial no dia 11 de março de 2020 (MACEDO J e ADRIANO M, 2020).
Desde o início da pandemia de COVID-19, a comunidade médica e científica tenta compreender as diferentes manifestações clínicas da doença. Além dos sintomas agudos, muitos pacientes relatam sintomas recorrentes que persistem por semanas ou mesmo meses após a infecção. Esses sintomas têm sido descritos como a síndrome pós-COVID-19 (SPC), também conhecida como COVID longo ou COVID persistente.
A fase aguda do COVID-19, causar sintomas como cefaléia, febre, dispnéia, tosse não pacientes apresentar apenas sintomas leves ou serem assintomáticos. A forma grave pode ser complicada por síndrome de estresse respiratório agudo grave, hipóxia, insuficiência respiratória e falência de múltiplos órgãos. Várias complicações neurológicas têm sido descritas na fase aguda: encefalopatia, delirium, síndromes inflamatórias do sistema nervoso central, encefalite, síndrome de Guillain-Barré e acidente vascular cerebral, entre outras. (CAROD ARTAL, 2021)
Segundo IWU et al (2021), a síndrome pós-COVID-19 é definida como a presença de sintomas persistentes ou recorrentes que persistem por mais de três meses após a infecção aguda pelo vírus SARS-CoV-2. Os principais sintomas relatados pelos pacientes após a recuperação por Covid-19 foram: fadiga, dispneia, tosse, insônia, perda de memória, mialgia, fraqueza, taquicardia, cefaleias e muito mais.
Diante do cenário é importante que a investigação dos sintomas manifestados após a COVID-19 seja priorizada, visto a necessidade evidente de desenvolvimento de novos tratamentos que sejam eficientes e de baixo custo para de certa forma melhorar a qualidade de vida dos pacientes acometidos pelos sintomas da SPC.
MÉTODO
O presente estudo é uma revisão sistemática da literatura, pesquisas bibliográficas foram realizadas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) por meio das bases de dados MEDLINE, SciELO e LILACS. Os seguintes Descritores de Ciências da Saúde (DECS) foram utilizados: “COVID19”, “Síndrome”, tendo como base a seguinte questão norteadora: Quais os sintomas e os impactos presentes no cotidiano dos pacientes com síndrome pós covid-19?
Os critérios de inclusão para os artigos foram: estudos em seres humanos, idioma em inglês ou português, considerando artigos publicados no período entre 2020 e 2022, abordando a Síndrome pós Covid-19 e seus impactos. Como critérios de exclusão: artigos que abordam síndromes emergentes de patologias divergentes. Através da busca inicial nas bases de dados com os descritores, foram encontrados 342 estudos, aplicando os critérios de inclusão e exclusão restaram 149 artigos, dos quais 12 foram selecionados.
Quadro 1 – Quadro-resumo dos autores e obras utilizadas no presente artigo científico.
DISCUSSÃO
A síndrome pós-COVID-19 ainda é uma condição pouco compreendida, e muito trabalho precisa ser feito para entender melhor os mecanismos subjacentes e desenvolver tratamentos eficazes. No entanto, com o aumento do número de casos de COVID-19 em todo o mundo, é provável que o número de pacientes com síndrome pós-COVID-19 continue a crescer.
Após a fase aguda da doença, enquanto a maioria dos pacientes se recupera, outras continuam apresentando sintomas crônicos e diversos, incluindo manifestações autonômicas. Por este motivo, o foco de muitos estudos mudou para o gerenciamento das sequelas de longo prazo da doença nos sobreviventes. (TARIBAGIL, et al. 2021),
Pavli (2021) relata em seu estudo que aproximadamente 10% dos pacientes com COVID-19 podem ter sintomas que persistem por mais de três semanas, preenchendo os critérios da síndrome pós-COVID. O autor reforça que profissionais de saúde têm um papel fundamental no manejo de pacientes com SPC, e por este motivo, são necessárias pesquisas para elucidar a patogênese, o espectro clínico e o prognóstico.
Um estudo feito na Itália analisou os sintomas que continuaram a ser descritos por pacientes que tiveram alta hospitalar após serem curados da COVID-19. Dos 143 pacientes avaliados após 2 meses do início dos primeiros sintomas, mais de 50% ainda apresentavam 3 ou mais sintomas relacionados à infecção pelo SARS-CoV-2. Mais de 40% também relataram sobre a piora da qualidade de vida. Nenhum dos pacientes envolvidos na pesquisa manifestou febre. (CARFI et al., 2020)
O estudo de Huang et al (2021), descreve sobre pacientes que 6 meses após o diagnóstico agudo de COVID-19, ainda apresentavam fadiga contínua em 63%, dificuldades para dormir em 24% e ansiedade ou depressão em 23%. O nível de comprometimento persistente da difusão pulmonar e intolerância ao exercício em 6 meses se correlacionou com a gravidade da doença por COVID-19 Raveendran, et al (2021) relata fatores de risco que colaboram com o desenvolvimento do Covid longo, como: idade avançada e a existência de mais de cinco sintomas na fase aguda da doença. Além do mais, o autor fala sobre o risco maior de síndrome pós-covid 19 em mulheres em comparação com os homens. A incidência de SPC em pacientes que receberam atendimento apenas ambulatorial varia entre 10 e 35%, já em pessoas que foram hospitalizadas a taxa ultrapassa 70%. (PAVLI, et al, 2021).
Segundo Vehar et al (2021) avaliação de sintomas persistentes ou variáveis em pacientes em recuperação de COVID-19 deve ser feita de forma abrangente, mas também cuidadosa e criteriosa, pois o COVID-19 pode desmascarar ou piorar os processos de doenças subjacentes, como doença pulmonar crônica ou doença cardiovascular, e pode servir como motivação para procurar atendimento médico para pacientes que normalmente não agendam consultas de rotina. Por este motivo, o gerenciamento básico de condições médicas crônicas é importante.
Segundo Poenaru S et al (2021), A fisiopatologia da síndrome pós-Covid 19 ainda permanece sendo uma incógnita, pelo fato de que existem muitos relatos com várias manifestações clínicas variadas, fazendo com que haja dificuldades para determinar um mecanismo mais lógico de como essa doença avança. Segundo WU (2021), para se livrar do vírus, o sistema imunológico desencadeia um processo inflamatório, que se torna acentuado demais em determinadas pessoas. São as vítimas da chamada tempestade inflamatória, fenômeno que envolve a liberação de substâncias, com potencial para lesionar órgãos e tecidos.
Fraser (2020) relata sobre a importância de uma ação intensiva e ampla da atenção primária, porta de entrada do Sistema Único de Saúde, para identificar complexidade de lesões pulmonares encontradas, e se for o caso, prosseguir o encaminhamento dos pacientes que possuem necessidade de assistência da atenção secundária. Na visão de Vehar S et al (2021), é por esse motivo que os pacientes afetados devem receber atendimentos de forma multiprofissional, através da observação e análise clínica.
As equipes de cuidados multidisciplinares geralmente incluem cuidados primários, pneumologia, cardiologia, doenças infecciosas, neuropsiquiatria, saúde comportamental, serviço social, fisioterapia e terapia ocupacional, farmácia e gerenciamento de casos, mas seu envolvimento varia dependendo das necessidades específicas do paciente (VEHAR et al, 2021)
O tratamento da síndrome pós-COVID-19 é um desafio, uma vez que a fisiopatologia da doença ainda não está completamente compreendida e não há tratamentos específicos disponíveis. Atualmente, o tratamento da síndrome pós-COVID-19 é principalmente sintomático e inclui uma abordagem multidisciplinar, com intervenções médicas, reabilitação e suporte psicológico. Levando todos os pontos citados em consideração, o melhor tratamento dependerá da atuação do profissional que estará mais hábil para atender o sinal e sintoma prevalente, em específico, que está comprometendo a qualidade de vida do paciente.
Por ser um tema relativamente atual, é necessário que se tenham mais estudos aprofundados sobre a Síndrome pós-Covid, utilizando abordagens de equipe multiprofissional baseado em evidências que visem o cuidado de pacientes e o desenvolvimento de medidas preventivas, formas de reabilitação e também estratégias de gerenciamento clínico com olhar destinado a abordar a assistência de cada paciente. (WU, 2021)
CONCLUSÃO
A síndrome pós-COVID-19 é uma condição emergente que pode afetar a qualidade de vida dos pacientes recuperados da COVID-19. Embora a condição seja pouco compreendida, os sintomas comuns incluem fadiga, dispneia, dor de cabeça, perda de olfato e paladar, dor muscular, dor torácica, distúrbios do sono, ansiedade e depressão.
O diagnóstico é baseado em sintomas clínicos persistentes e recorrentes após a infecção pelo SARS-CoV-2, e o tratamento é baseado nos sintomas apresentados pelo paciente. É importante que os profissionais de saúde estejam cientes dessa condição e possam fornecer suporte adequado aos pacientes afetados. Mais estudos são necessários para entender melhor os mecanismos subjacentes e desenvolver tratamentos eficazes.
REFERÊNCIAS
CARFI, A. et al. Persistent symptoms in patients after acute COVID-19. JAMA.
JAMA. 2020;324(6):603–605. doi:10.1001/jama.2020.12603. Acesso em: 11 de fevereiro de 2023.
CAROD ARTAL, Francisco Javier. Síndrome post-COVID-19: epidemiología, critérios diagnósticos y mecanismos patogénicos implicados. Revista de neurología, 2021, vol. 72, no 11, p. 384-396. Acesso em: 11 de fevereiro de 2023.
FRASER, E. Long term respiratory complications of covid-19. BMJ. Aug 2020. Acesso em: 11 de fevereiro de 2023.
GEORGE Peter M, et al. Respiratory follow-up of patients with COVID-19 pneumonia.
Thorax, 2020; 75: 1009-1016. Acesso em: 11 de fevereiro de 2023.
HUANG, Chaolin et al. 6-month consequences of COVID-19 in patients discharged from hospital: a cohort study. Lancet. 2021 Jan 16;397(10270):220-232. doi: 10.1016/S0140-6736(20)32656-8. Acesso em: 08 de fevereiro de 2023
IWU, Chinwe Juliana; IWU, Chidozie Declan; WIYSONGE, Charles Shey The occurrence of long COVID: a rapid review. The Pan African Medical Journal, v.38, 2021. Acesso em: 15 de fevereiro de 2023.
MACEDO Adriano Menino Junior. Covid-19: calamidade pública. Cognitionis publishing, 2020; 1-6. Acesso em: 15 de fevereiro de 2023.
PAVLI A, et al. Post-COVID syndrome: Incidence, clinical spectrum, and challenges for primary healthcare professionals. Archives of Medical Research, 2021; 52: 575-581.Acesso em: 08 de fevereiro de 2023.
POENARU, Sonia et al. COVID-19 and post-infectious myalgic encephalomyelitis/chronic fatigue syndrome: a narrative review. Ther Adv Infect Dis.2021 Apr 20;8:20499361211009385. Acesso em: 08 de fevereiro de 2023.
RAVEENDRAN AV, JAYADEVAN Rajeev, SASHIDHARAN S. Long COVID: An overview. Diabetes Metab Syndr. 2021 May-Jun;15(3):869-875. doi:10.1016/j.dsx.2021.04.007. Acesso em: 08 de fevereiro de 2023
VEHAR S, et al. Post-acute sequelae of SARS-CoV-2 infection: Caring for the ‘long-haulers’. Cleveland Clinic Journal of Medicine, 2021; 88: 267-272. Acesso em:08 de fevereiro de 2023.
WU, Mariana. Síndrome pós-Covid-19 -Revisão de Literatura: Cautelas após melhora dos sintomas da Covid-19. Revista Biociências -Universidade de Taubaté -v.27-n.1-p.1-14, 2021. Acesso em: 10 de fevereiro de 2023.
1Graduada em Enfermagem e pós-graduada em Nefrologia
Faculdade Anhanguera de Ciências e Tecnologia de Brasília
E-mail: glaycysol13@gmail.com
2Acadêmico de Medicina
Universidade de Uberaba – UNIUBE
E-mail: atiliofca@icloud.com
3Acadêmica de Medicina
Universidade de Rio Verde – UniRV
E-mail: b.linmabeserra@gmail.com
4Acadêmica de Medicina
Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC
E-mail: eduarda-gomides1@hotmail.com
5Acadêmica de Medicina
Universidade de Rio Verde – UniRV
E-mail: isabelaxaviermo@gmail.com
6Acadêmica de Medicina
Universidade de Rio Verde – UniRV
E-mail: IsahrvSantos@outlook.com.br
7Graduada em Medicina
Universidade Federal de Campina Grande
E-mail: ivnab95@gmail.com
8Acadêmica de Medicina
Universidade de Rio Verde – UniRV
E-mail: ketlynmmota@academico.unirv.edu.br
9Graduado em Medicina
Universidade Vale do Rio Verde – UninCor
E-mail: lenioendocrinologia@gmail.com
10Acadêmica de Medicina
Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC
E-mail: leticialimaleite1997@outlook.com
11Acadêmica de Medicina
Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC
E-mail: lyviacorreia@hotmail.com
12Acadêmica de Medicina
Centro Universitário de João Pessoa-UNIPÊ
E-mail: mariaclarappadilha@icloud.com
13Acadêmica de Medicina
Universidade de Rio Verde – UniRV
E-mail: safiramonteiro.c@gmail.com
14Acadêmica de Enfermagem
Escola Superior de Ciência da Saúde – ESCS
E-mail: victoriax.araujo@gmail.com
15Graduado em Medicina
Faculdade de Medicina de Ciências Médicas da Paraíba – FCM/PB – AFYA
vitormali@hotmail.com