ESTUDO DE CASO: INFLUÊNCIA DA CARACTERIZAÇÃO DO SOLO NA ESTABILIDADE DO TALUDE DA RODOVIA RODOANEL MARIO COVAS

CASE STUDY: INFLUENCE OF SOIL CHARACTERIZATION ON THE STABILITY OF THE SLOPE OF RODOANEL MARIO COVAS HIGHWAY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7938519


André Tadashi Watanabe Mendes1
Henrique Boccato Braga2
Mariana Martins de Souza Bono3
Victória Augusta Fernandes de Almeida4
Professor Orientador: Ernesto Silva Fortes


RESUMO

A influência da caracterização do solo, estudo em questão, é um processo fundamental para determinar as propriedades geotécnicas do solo e, como cortes em aterros e taludes naturais. A caracterização tem como objetivo verificar as propriedades do solo, para avaliar a estrutura do talude e constatar se o solo é adequado para receber as cargas projetada ou se há risco de deslizamentos, ruptura ou colapso por suas propriedades. 

Este estudo de caso tem como objetivo analisar a influência da caracterização e classificação do solo na estabilidade do talude da Rodovia Rodoanel Mario Covas em Guarulhos. Foram coletadas amostras de solo em cinco pontos do talude. Para isto, o estudo utilizou-se do laboratório de Materiais de Construção Civil e Mecânica dos Solos da Universidade São Judas Tadeu, para o desenvolvimento e obtenção dos dados onde os resultados mostraram que solos com alto teor de argila são mais suscetíveis à instabilidade e a presença de grãos maiores, como cascalho e areia, pode aumentar a instabilidade do talude. Além disso, o artigo visa avaliar as características do solo que influenciam a estabilidade do talude. Os ensaios de caracterização orientam no diagnóstico dos solos suscetíveis a ruptura de um talude.  

Palavras-chave: Estabilidade de talude; Solo; Influência; Caracterização; Rompimento.

ABSTRATC

The influence of characterization of soil, the study also, is foundational to the process to determine soil properties and ensure safety work of steep hillsides, like cuts in landfill and natural slope. The characterization its main purpose check your soil Properties, for to assess the slope structure and to evidence if the soil is receive project loads they or whether it landslides, disruption or colapse Properties. 

This case study is an objective to analyze influence of characterization and soil classified in stability slope of highway Rodoanel Mario Covas in Guarulhos. Samples were collected in five points of slope Samples were collected five points.  To that, this study employed the civil construction laboratory and soil mechanics of University São Judas Tadeu to the development and data collection, it has been checked that the data of to show that soils with a high clay content are more susceptible to instability and the presence of larger grains, such as gravel and sand, and may can increase slope instability. Furthermore, the article to evaluate soil characteristics that influence in slope. The characterization trials guide in the diagnostics soils disrupted that failure of a slope.

Keywords: Slope stability; Soil; Influence; characterization; Disruption.

INTRODUÇÃO

Os movimentos de massa que ocasionam a instabilidade de taludes são uma das grandes preocupações da engenharia e estão diretamente ligados a geologia do local. A combinação de agentes externos como a ação dos ventos, chuvas e temperaturas influenciam o intemperismo provocando mudanças físicas e químicas no solo e consiste em um importante processo modelador do relevo. 

Do mesmo modo que as ações naturais podem influenciar no deslocamento de massa, as intervenções humanas causam descontinuidades na geometria das paisagens e assim resultando assim numa ruptura sem controle estrutural. Elencamse como fatores decorrentes de intervenções humanas, as alterações na rede de drenagem e no uso e ocupação do solo que proporcionam a eliminação da cobertura vegetal, cortes para abertura de novas estradas, construção de muros, taludes mal dimensionados, lançamento de lixo, aumento da inclinação dos taludes, além da aplicação de sobrecargas.  

Outro fator determinante para a estabilidade de taludes é a proporção de argila em um solo, pois solos com alta porcentagem do material são mais suscetíveis à instabilidade. Segundo Simons e Menzies (2008), a porosidade dos solos argilosos é menor, o que implica em menor capacidade de suporte do solo. Além disso, solos argilosos apresentam alta sensibilidade à variação de umidade, o que pode levar a deformações excessivas e falhas no talude.

 A presença de pedregulhos e areias, por outro lado, pode contribuir para uma maior estabilidade do talude. De acordo com Zanetti et al. (2017), a presença de grãos maiores (como pedregulhos e areias) pode aumentar a resistência ao cisalhamento do solo. Já a presença de silte, que é um tipo de partícula intermediária entre a areia e a argila, pode contribuir para uma maior compressibilidade do solo e, consequentemente, para uma menor estabilidade do talude (Fernandes et al., 2017).

Dessa forma, a estabilidade de um talude é um item muito importante devido aos inúmeros acidentes que ocorrem em todas as partes do mundo. Por isso, devese atentar e analisar as suspeitas.

MATERIAIS E MÉTODOS 

A área de estudo onde foram retiradas as amostras de solo compreende um talude rompido no trecho norte em construção da Rodovia Rodoanel Mário Covas localizada na cidade de Guarulhos, cujas coordenadas são 23°23’27.7″S 46°25’07.5″W.

Figura 1: Localização do Talude

Fonte: Modificado de Google Earth, 2022

O estudo deste talude foi embasado nos ensaios normativos de caracterização de solo e justifica-se ao fato de identificar as possíveis influências de seu rompimento. Na região em questão, foram selecionados 5 pontos espaçados horizontalmente por 2 metros de distância de um ponto a outro para fazer a coleta. Os primeiros 30 centímetros de solo foram retirados para que a amostra tivesse a menor quantidade de detritos possível.

Figura 2: Talude em Estudo

Fonte: Elaborada pelos autores, 2022

O primeiro método utilizado é descrito na NBR 10007:2004[1] como aquartelamento, que consistiu em espalhar as amostras sobre uma lona e dividi-las

em 4 partes iguais para que duas delas fossem descartadas, assim fazendo uma redução uniforme em todas as amostras. Em laboratório, todas as amostras foram separadas em formas e secas ao tempo e pequenas quantidades de amostras foram secas na estufa a 100ºC durante 24h, conforme requisito para realizar os ensaios, assim, facilitando o transporte e manuseio. Todos os ensaios foram realizados nos laboratórios de Materiais de Construção Civil e Mecânica dos solos da USJT[2].

Seguindo-se a norma ABNT NBR 6457:2016[3], foram realizados os seguintes ensaios, em ordem: 

  • Teor de umidade (NBR 6457:2016);
  • Massa específica dos grãos (NBR 6458:2016);
  • Ensaio de compactação (NBR 7182:2026);
  • Limite de liquidez conforme (NBR 6459:2017);
  • Limite de plasticidade (NBR 7180:2016);
  • Análise Granulométrica (NBR 7181:2016).

Para todos os ensaios foram utilizadas cápsulas de alumínio para secagem do solo na estufa a fim de comparação com as amostras úmidas, também foram utilizadas “colher de pedreiro” e a concha para manuseio das amostras, almofariz e mão de gral, peneiras da série normal, balança com precisão de 0,1g e 0,01g, espátulas e recipientes de porcelana para ensaios que requeriam uma homogeneização melhor do solo com a água, vidrarias e pipetas para adição de pequenas quantidades de água ao solo.  

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

O teor de umidade é uma propriedade fundamental dos solos, que influencia diretamente suas características geotécnicas e sua capacidade de suporte. O conhecimento do teor de umidade de uma amostra de solo é crucial para a avaliação de sua qualidade e para a determinação de parâmetros relevantes para o projeto e

construção de obras geotécnicas. O ensaio de teor de umidade foi realizado de acordo com a NBR 6457:2016 e obteve os seguintes resultados, conforme Tabela 1.

Tabela 1: Resultados do ensaio de teor de umidade

AmostraUmidade média (%)
133,77
241,29
341,31
437,61
540,61

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022

Para calcular o teor de umidade utilizou-se a equação 1:

Onde:

H = teor de umidade, em %;Ma =
Massa úmida + recipiente, em g; Ms =
Masssa seca + recipiente, em g.

A massa específica do solo é uma propriedade física fundamental para a engenharia civil, pois está diretamente relacionada à capacidade de suporte do solo, o que é crucial para a construção de estruturas seguras e estáveis. A determinação da massa específica do solo também é importante para prever a compactação do solo e garantir que as estruturas sejam construídas em um solo com a densidade adequada. Além disso, a massa específica do solo pode fornecer informações valiosas sobre a porosidade do solo, o que é importante para a previsão do fluxo de água e para garantir a aeração das raízes das plantas, item fundamental para a determinação da inclinação do corte de um talude, por exemplo. O ensaio de massa específica foi realizado de acordo com a NBR 6458:2017[4] e obteve os seguintes resultados, conforme Tabela 2.

Tabela 2: Resultados do ensaio de massa específica

           Amostra                Massa específica (g/cm3)
12,69
22,53
32,36
42,71
52,87

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022

Para calcular o teor de umidade utilizou-se a equação 2:

Onde:

ρ = massa específica do solo, em g/cm³;
M = massa da amostra de solo, em g;
V = volume da amostra de solo, em cm³.

O ensaio de compactação de solos é uma técnica importante para avaliar a capacidade de suporte do solo e sua compactação adequada. Isso é fundamental para garantir a estabilidade de taludes, uma vez que solos mal compactados podem ter sua resistência reduzida, aumentando a probabilidade de deslizamentos e rupturas. O ensaio realizado foi conforme ANBT NBR 7182:2020[5], com energia de compactação de nível de proctor normal.

Figura 3: Densidade Seca X Teor de Umidade

Fonte: Elaborada pelos autores, 2022

A variação de umidade ótima de compactação de um mesmo solo pode ter implicações significativas em sua estabilidade e desempenho em longo prazo. No caso dos solos ensaiados, que variaram de 22% a 31% de umidade ótima de compactação, conforme Figura 3, é possível que eles apresentem diferentes graus de compactação e resistência. Segundo Rodrigues et al. (2017), um solo compactado com uma umidade abaixo de sua umidade ótima pode ter uma densidade maior, mas também pode ser mais frágil e quebradiço, aumentando o risco de fissuras e deslizamentos. Por outro lado, um solo compactado com uma umidade acima de sua umidade ótima pode ter uma menor densidade, além de apresentar uma menor resistência e estabilidade, podendo sofrer deformações e instabilidades ao longo do tempo, conforme apontado por Fernandes et al. (2012).

O ensaio de limite de liquidez determinou a umidade limite em que uma amostra de solo se comporta plasticamente definindo uma condição de transição de estado do solo de líquido para plástico. É uma análise importante para classificação do solo quanto à sua consistência, o que é fundamental para diferentes projetos de engenharia civil, como fundações, barragens, estradas, entre outros. O ensaio de limite de liquidez foi realizado de acordo com a NBR 6459:2017[6] e obteve os

seguintes resultados, conformeTabela 3: Limite de Liquidez Tabela 3

Tabela 3: Limite de Liquidez

AmostraTeor de umidade em 25 golpes (%)
145,94
245,79
346,44
450,81
549,72

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Completando o ensaio de liquidez, foi realizado o ensaio de limite de plasticidade de acordo com a NBR 7180:2016[7]. Neste ensaio, é possível medir a capacidade de deformação plástica de um material, verificando as deformações e sua resistência. Para calcular o limite de plasticidade utilizou-se a equação 3.

A Tabela 4 apresenta os resultados de acordo com cada amostra ensaiada do limite de plasticidade.

Tabela 4: Limite de plasticidade

AmostraTeor de umidade   média (%)
144,53
245,79
346,44
448,01
547,01

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Além disso, foi verificado o índice de plasticidade (IP) dos solos, onde foi verificado a medida da variação da consistência do solo em relação a mudança no teor de umidade. Para calcular o IP utilizou-se a equação 4.

Onde:

A Tabela 5 apresenta os resultados encontrados na equação 4.

Tabela 5: Índice de plasticidade

AmostraÍndice de plasticidade (%)
11,41
2San1,15
31,03
42,79
52,71

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

De acordo com a Santos e Daibert (2013), o índice de plasticidade determina flexibilidade do solo. Quanto maior é o valor de “IP”, mais plástico será o solo. Além disso, conforme Caputo (2022), Jenkins classifica os solos segundo Tabela 6.

Tabela 6: Classificação do solo em relação ao índice de plasticidade 

       ClassificaçãoÍndice de Plasticidade (IP)
Fracamente plástico1 < IP ≤ 7
Medianamente plástico7 < IP ≤ 15
Altamente plástico IP > 15

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

De acordo com os dados obtidos na Tabela 6 é possível identificar que os solos do talude são fracamente plásticos.

Em relação ao índice de consistência (IC) dos solos finos, Santos e Daibert (2013), determina que o solo pode ser dividido em muitos moles, moles, média, rijas e duras. Para calcular este índice utilizou-se a equação 5.

Onde:

A Tabela 7 apresenta os resultados encontrados na equação 5.

Tabela 7: Índice de consistência  

AmostraÍndice de consistência (IC)
18,63
23,92
35,00
44,72
53,40

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

De acordo com o Pinto (2006), a classificação dos solos em relação ao índice de consistência pode ser identificada conforme Tabela 8.

Tabela 8: Classificação dos solos em relação ao índice de consistência

       ClassificaçãoÍndice de Consistência (IC)
Muito MolesIC < 0
        Moles0 < IC < 0,50
        Médias0 < IC < 0,75
        Rijas0,75 < IC < 1,00
         Duras IC > 1,00

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Conforme dados obtidos na Tabela 8, o solo é classificado como argila dura.

Foi calculado o grau de concentração do solo de acordo com a equação 6.

Onde:

A Tabela 9 apresenta os resultados encontrados na equação 6.

Tabela 9: Grau de concentração do solo

AmostraGrau de contração (%)
17,98
27,60
37,71
47,66
55,78

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Conforme Caputo (2006), Scheidig classifica os solos de acordo com o grau de contração, conforme Tabela 10.

Tabela 10: Classificação dos solos em relação ao grau de concentração

       ClassificaçãoGrau de contração (C)  
Solos bonsC < 5%
       Solos regulares5% < C < 10%
       Solos sofríveis10% < C < 15%
       Solos péssimosC > 15%

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

De acordo com a Tabela 10, os solos do talude são regulares. Caputo (2006) relaciona a contração do solo com os fenômenos capilares, pois quando a água é removida do solo, os espaços vazios entre as partículas diminuem fazendo com que o solo se contraia e está contração pode criar fissuras e rachaduras no solo, podendo enfraquecer a estrutura do talude. 

Segundo a ABNT NBR 6502:2022[8], a granulometria é a distribuição percentual, em peso, dos diferentes tamanhos de grãos que compõem um solo. Dessa forma, a granulometria influencia na resistência ao cisalhamento, no comportamento higroscópico, na permeabilidade e na compactação do solo.

Foram realizados ensaios de análise granulométrica de acordo com a NBR

7181:2016[9] em cinco amostras de solo obtendo-se as curvas granulométricas Figura 4. 

Figura 4: Classificação dos solos em relação ao grau de concentração

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

De acordo com a NBR 6502, a composição granulométrica é determinada a partir da distribuição percentual em peso das partículas retidas em cada peneira. As peneiras utilizadas na análise são dispostas em ordem crescente de abertura, e os diâmetros das aberturas são definidos pela norma. A análise granulométrica permite classificar o solo em função do tamanho das partículas que o compõem, sendo classificado em pedregulho, areia, silte e argila, com subdivisões em cada uma dessas classes.

Quadro 1: Composição granulométrica

  COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA – ABNT NBR 6502 (%) 
Solo 01 Solo 02Solo 03Solo 04Solo 05 
Pedregulho:4Pedregulho:0Pedregulho:0Pedregulho:5Pedregulho:2
Areia Grossa:8Areia Grossa:5Areia Grossa:1Areia Grossa:2Areia Grossa:35
Areia Média:1Areia Média:2Areia Média:2Areia Média:1Areia Média:9
Areia Fina:28Areia Fina:17Areia Fina:22Areia Fina:26Areia Fina:3
Silte39Silte57Silte59Silte51Silte38
Argila20Argila18Argila15Argila14Argila14

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Com a composição granulométrica dos cinco solos resumida no Quadro 1, podemos fazer algumas observações:

O solo 01 apresenta uma proporção relativamente alta de silte (39%) e argila (20%), o que pode torná-lo mais suscetível a deslizamentos e escorregamentos. Além disso, a baixa proporção de pedregulho (4%) e areia grossa (8%) sugere que o solo pode ter uma menor capacidade de drenagem, o que também pode contribuir para sua instabilidade.

 O solo 02 apresenta uma proporção ainda maior de silte (57%), com uma proporção relativamente menor de argila (18%). Isso sugere que o solo pode ser menos suscetível a deslizamentos do que o solo 01, mas ainda assim pode apresentar riscos de instabilidade. A nula proporção de pedregulho (0%) e diminuta em areia grossa (5%) indica uma baixa capacidade de drenagem.

 O solo 03 apresenta proporções semelhantes de silte (59%) e argila (15%) em comparação com o solo 02, mas com uma proporção um pouco maior de areia fina (22%). Isso sugere que o solo pode ser um pouco mais estável do que o solo 02, mas ainda pode apresentar riscos de instabilidade, especialmente se a umidade for alta. A nula proporção de pedregulho (0%) e pequena em areia grossa (1%) indica uma baixa capacidade de drenagem.

 O solo 04 apresenta uma proporção relativamente baixa de silte (51%) e argila (14%), mas com uma proporção um pouco maior de pedregulho (5%). Isso sugere que o solo pode ter uma boa capacidade de drenagem, o que pode contribuir para sua estabilidade. No entanto, a proporção de areia fina (26%) ainda é relativamente alta, o que pode tornar o solo suscetível a deslizamentos.

 O solo 05 apresenta uma proporção relativamente alta de areia grossa (35%) e areia média (9%), o que sugere uma boa capacidade de drenagem. No entanto, a proporção de areia fina (3%) é baixa em comparação com os outros solos, o que pode torná-lo menos coeso e mais suscetível a deslizamentos. A proporção de silte (38%) e argila (14%) é semelhante à do solo 04, o que pode indicar um nível semelhante de estabilidade.

 A composição granulométrica do solo pode influenciar sua estabilidade, com solos com proporções mais altas de silte e argila sendo mais suscetíveis a deslizamentos e escorregamentos. A capacidade de drenagem também é um fator importante a ser considerado, com solos com uma proporção maior de pedregulho e areia grossa tendo uma maior capacidade de drenagem e, portanto, sendo mais estáveis. No entanto, a proporção de areia fina também pode influenciar a coesão do solo e sua susceptibilidade à instabilidade.

O Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) é um sistema de classificação dos solos amplamente utilizado nos Estados Unidos. Ele divide os solos em dois grandes grupos: solos grossos (grãos maiores que 0,075 mm) e solos finos (grãos menores que 0,075 mm). Cada grupo é subdividido em várias categorias com base nas propriedades do solo, como tamanho e distribuição das partículas, teor de umidade, consistência e plasticidade Figura 5. Essas propriedades são representadas por símbolos e nomes, que permitem uma rápida identificação e descrição dos diferentes tipos de solo.

Figura 5: Sistema Unificado de Classificação de Solos – SUCS

Fonte: MURRIETA, Pedro (2018).

Na Tabela 11 mostra de forma resumida, a classificação dos solos pelo sistema unificado das amostras dos cincos solos.

Tabela 11: Classificação dos solos pelo Sistema Unificado de Classificação de Solos – SUCS

Fonte: Elaborado pelos autores, 2023

Portanto, dada a classificação da Tabela 11, segundo Murrieta (2018), pode-se descrever os solos da seguinte forma:

  • Solos 1, 2, 3 e 5: Siltes inorgânicos e areias muito finas, pó de pedra, areias siltosas ou argilosas, com baixa plasticidade;
  • Solo 04: Siltes inorgânicos, solos micáceos ou diatomáceos, siltosos ou com areia fina.

CONCLUSÃO

Na avaliação dos resultados dos solos, apresentaram uma variação de umidade ótima de compactação de 22% a 31%, com os limites de Atterberg, os solos foram classificados como fracamente plásticos, argila dura e regulares em relação do grau de contração do solo.

Em relação com a composição granulométrica os solos possuem porcentagem de silte e argila denominados solos finos, contudo a uma variação maior de areia grossa para o solo 5. Pela classificação do sistema unificado os solos 1, 2, 3 e 5 são classificados como ML: siltes inorgânicos e areias muito finas, pó de pedra, areias siltosas ou argilosas, com baixa plasticidade. Já o solo 04 é classificado como MH: siltes inorgânicos, solos micáceos ou diatomáceos, siltosos ou com areia fina.

Como os solos são fracamente plásticos, eles apresentam baixa resistência ao cisalhamento e tendem a ser mais suscetíveis a escorregamentos e deslizamentos. Além disso, as argilas duras não podem ser moldadas e ao serem submetidas a grandes esforços fracionam-se e perdem sua estrutura, ou seja, sua estabilidade. Também pode-se concluir que a contração do solo reduz a coesão do solo e aumenta a porosidade, o que torna o solo mais propenso a deslizamentos.

Os solos foram classificados como ML e MH e são constituídos por uma mistura de argila e silte com baixa plasticidade. Esses solos geralmente têm resistência mecânica moderada e tendência a se compactar quando submetidos a cargas ou esforços externos, influenciando também na estrutura do talude.

Referências:

Pinto, Carlos de Souza. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 2016. 3ª Ed. – São Paulo: Oficina de Textos, 2006.

MURRIETA, Pedro. Mecânica dos Solos. RIO DE JANEIRO – RJ: Grupo GEN, 2018. E-book.          ISBN   9788595156074.     Disponível     em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595156074/. Acesso em: 07 mai. 2022.

FERNANDES, H. A. et al. Estabilidade de Taludes. In: Vargas Jr., E. S. (Org.). Fundações: Teoria e Prática. 4ª Ed. São Paulo: Pini, 2017.

 SIMONS, N.; MENZIES, B. Elements of soil mechanics. John Wiley & Sons, 2008.

ZANETTI, L. A. et al. Estabilidade de Taludes: Conceitos e Métodos. Porto Alegre:Bookman, 2017.

FERNANDES, H. J.; LACERDA, W. A.; OLIVEIRA, L. L. Comportamento geotécnico de solos compactados. Ambiência – Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais, v. 8, n. 2, p. 259-276, 2012.

RODRIGUES, L. R. F.; DAL BÓ, M.; MARIANO, G. L.; SILVA, P. J. C. Influência da variação da umidade na compactação de um solo arenoso. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 21, n. 7, p. 465-469, 2017.

CAPUTO, Homero P.; CAPUTO, Armando N.; RODRIGUES, J. Martinho de A. Mecânica dos Solos e suas Aplicações – Mecânica das Rochas, Fundações e Obras de Terra – Vol. 2, 7ª edição. Grupo GEN, 2015. 978-85-216-3007-4. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-216-3007-4/. Acesso em: 11 abr. 2022.

DOS SANTOS, Palloma Ribeiro Cuba; DAIBERT, João D. Análise dos Solos. São Paulo – SP: Editora Saraiva, 2013. 9788536518589. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536518589/. Acesso em: 15 abr. 2022.

MURRIETA, Pedro. Mecânica dos Solos. Rio de Janeiro, RJ: Grupo GEN, 2018. 9788595156074.      Disponível     em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595156074/. Acesso em: 16 abr. 2022.

Associação brasileira de normas técnicas. NBR 6457: Amostras de solo – Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. Março de 2016;

 Associação brasileira de normas técnicas. NBR 6458: Grãos de pedregulho retidos na peneira de abertura 4,8 mm – Determinação da massa específica, da massa específica aparente e da absorção de água. Setembro de 2016;

 Associação brasileira de normas técnicas. NBR 6459: Solo – Determinação do limite de liquidez. Abril de 2016;

 Associação brasileira de normas técnicas. NBR 6502: Solo – Rochas e solos. Setembro de 2016;

Associação brasileira de normas técnicas. NBR 7180: Solo – Determinação do limite de plasticidade. Março de 2016;

 Associação brasileira de normas técnicas. NBR 7181: Solo – Análise granulométrica. Dezembro de 2016;

 Associação brasileira de normas técnicas. NBR 7182: Solo – Ensaio de compactação. Setembro de 2016.


[1] ABNT NBR 10007:2004 – Amostragem de Resíduos Sólidos.

[2] Universidade São Judas Tadeu – Campus Mooca.

[3] ABNT NBR 6457:2016 – Amostras de Solo – Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização.

[4] ABNT NBR 6458:2016 – Grãos de pedregulho retidos na peneira de abertura 4,8 mm – Determinação da massa específica, da massa específica aparente e da absorção de água

[5] ABNT NBR 7182:2020 – Solo – Ensaio de Compactação

[6] ABNT NBR 6459:2017 – Solo – Determinação do limite de liquidez

[7] ABNT NBR 7180:2016 – Solo – Determinação do limite de plasticidade

[8] ABNT NBR 6502:2022 – Solos e Rochas – Terminologia

[9] ABNT NBR 7181:2018 – Solo Análise Granulométrica


1Graduando em Engenharia Civil pela Universidade São Judas Tadeu/Campus Mooca.
2Graduando em Engenharia Civil pela Universidade São Judas Tadeu/Campus Mooca.
3Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade São Judas Tadeu/Campus Mooca.
4Graduanda em Engenharia Civil pela Universidade São Judas Tadeu/Campus Mooca.