ESTUDO DE CASO COMO MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA EM PSICOLOGIA: UMA REFLEXÃO TEÓRICA

CASE STUDY AS A QUALITATIVE RESEARCH METHOD IN PSYCHOLOGY: A THEORETICAL REFLECTION

EL ESTUDIO DE CASO COMO MÉTODO DE INVESTIGACIÓN CUALITATIVA EN PSICOLOGÍA: UNA REFLEXIÓN TEÓRICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12635754


Regina Consolação dos Santos1
Beatriz Guedes Mattoso2
Esther de Matos Ireno Marques3
Taís Macedo da Silva4
Alinne Nogueira Silva Coppus5
Ricardo Bezerra Cavalcante6


Resumo

Objetivo: refletir sobre a importância dessa metodologia de investigação no campo da ciência psicológica, assim como apontar as potencialidades e as limitações para a escolha de tal método na Psicologia. Métodos: trata-se de um estudo teórico reflexivo da literatura, que refere-se às obras clássicas de Robert Yin que dissertam sobre a Teoria dos Casos Múltiplos e Estudo de Caso Único que consistiu em sistematizar as informações específicas inerentes aos estudos que conduzem a estudar e desvendar um determinado fenômeno em um robusto corpo de conhecimento, a fim de avaliar e sistematizar as informações encontradas.Resultados: os achados apontam uma aproximação da temática com as abordagens clínicas e psicoterapêuticas, em especial, a Psicanálise.  Apesar das divergências de perspectivas e objetivos de trabalho, as referências encontradas têm em comum o desejo de aproximação e aprofundamento na relação com o objeto estudado e sua singularidade.Considerações finais: no que se refere à reflexão sobre o estudo  de caso  realizada ao longo deste trabalho, percebe-se que há ainda pouca discussão e publicações acerca do estudo de caso enquanto metodologia de pesquisa na Psicologia.

  Descritores: Estudo de Caso; Psicologia; Psicologia

Abstract

Objective: to reflect on the importance of this research methodology in the field of psychological science, as well as to point out the potential and limitations of choosing this method in psychology. Methods: this is a reflective theoretical study of the literature, referring to Robert Yin’s classic works on Multiple Case Theory and Single Case Study, which consisted of systematising the specific information inherent in studies that lead to studying and uncovering a particular phenomenon in a robust body of knowledge, in order to evaluate and systematise the information found.Results: the findings point to an approximation of the theme with clinical and psychotherapeutic approaches, especially Psychoanalysis.  Despite the divergent perspectives and work objectives, the references found have in common the desire to get closer and deeper into the relationship with the object studied and its uniqueness.Final considerations: with regard to the reflection on the case study carried out throughout this work, it can be seen that there is still little discussion and publication about the case study as a research methodology in Psychology.

Keywords: Case study; Psychology; Psychology

Resumen

Objetivo: reflexionar sobre la importancia de esta metodología de investigación en el campo de la ciencia psicológica, así como señalar las potencialidades y limitaciones de la elección de este método en psicología. Método: se trata de un estudio teórico reflexivo de la literatura, con referencia a los trabajos clásicos de Robert Yin sobre Teoría de Casos Múltiples y Estudio de Caso Único, que consistió en sistematizar la información específica inherente a los estudios que llevan a estudiar y descubrir un fenómeno particular en un cuerpo robusto de conocimiento, con el fin de evaluar y sistematizar la información encontrada.Resultados: los hallazgos apuntan a una aproximación del tema con los enfoques clínicos y psicoterapéuticos, especialmente el Psicoanálisis.  A pesar de las perspectivas y objetivos de trabajo divergentes, las referencias encontradas tienen en común el deseo de aproximarse y profundizar en la relación con el objeto estudiado y su singularidad.Consideraciones finales: con relación a la reflexión sobre el estudio de caso realizada a lo largo de este trabajo, se puede constatar que aún existe poca discusión y publicación sobre el estudio de caso como metodología de investigación en Psicología.

Palabras clave: Estudio de caso; Psicología; Psicología

1. Introdução

O desenvolvimento das metodologias de pesquisa criou um vasto catálogo de possibilidades e modos de conhecer a natureza e a realidade, traçando meios de melhor compreendê-las. O modelo clássico e tradicional na pesquisa científica tem como base o conhecimento positivista, calcado nos procedimentos experimentais e na proposta de controle máximo das variáveis estudadas. No entanto, os fenômenos de natureza social exigiram do conhecimento científico a produção de novas abordagens teórico-metodológicas, tendo em vista as transformações sociais profundas que se apresentavam ao longo do tempo (Rosso et al, 2002).

O Estudo de Caso (EC) é um exemplo de metodologia afim às necessidades de pesquisas nas ciências sociais aplicadas e perspectivas qualitativas. O mesmo será objeto de discussão no presente trabalho, com o recorte específico de sua aplicação no desenvolvimento de saberes no campo da Psicologia. Segundo Sátyro e Albuquerque (2020), as origens e delimitação do EC como método de pesquisa são controversas, entretanto, as autoras ressaltam que não há dúvidas de que o mesmo se fez presente em diferentes áreas de conhecimento. Oliveira da Silva et al (2021) dirão, inclusive, que apesar de suas limitações o EC permite a investigação de fenômenos no contexto real e favorece a descoberta de alternativas e soluções para problemas, fazendo avançar o conhecimento científico.

Nas ciências sociais aplicadas, Robert Yin é um dos nomes citados como referência na temática, contribuindo com a sua delimitação através da indicação dos princípios, passos metodológicos e ferramentas necessárias para realização de pesquisas a partir desta perspectiva (Freitas & Jabbour, 2011).  Apesar de Yin ser referência pioneira na construção de protocolos e unificação da prática em EC como estratégia de pesquisa, o emprego do método remonta a períodos mais antigos de investigação, com relatos de mais de dois mil anos atrás, na Medicina, quando Hipócrates relacionou 14 casos clínicos (Vásquez, & Baccury, 2022).

Diante da multiplicidade de compreensões e pontos de vista acerca dessa metodologia de pesquisa, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma reflexão teórica acerca do emprego do EC como estratégia de pesquisa nas diversas áreas de investigação em Psicologia a partir de uma busca por produções na literatura científica e obras clássicas sobre o tema. Inicia-se a discussão com o levantamento de quais seriam as perspectivas filosóficas por detrás do EC, diferenciando-se sua tipologia (Yin, 2015), bem como identificando quais seriam os procedimentos indicados para a condução de uma pesquisa seguindo essa estratégia. Por fim, almeja-se como objetivo: refletir sobre a importância dessa metodologia de investigação no campo da ciência psicológica, assim como apontar as potencialidades e as limitações para a escolha de tal método na Psicologia.

2. Métodos

O estudo teórico selecionado refere-se às obras clássicas de Robert Yin que dissertam sobre a Teoria dos Casos Múltiplos e Estudo de Caso Único. Considerando a abordagem acerca do tema.Trata-se de um estudo teórico reflexivo da literatura, que consistiu em sistematizar as informações específicas inerentes aos estudos que conduzem a estudar e desvendar um determinado fenômeno em um robusto corpo de conhecimento, a fim de avaliar e sistematizar as informações encontradas. Além disso, as reflexões estabelecidas neste estudo foram realizadas por intermédio das ponderações das autoras. A análise dos dados foi organizada em eixos reflexivos nas discussões de estudos dentro perspectiva da Psicologia.

3. Estudo de Caso na ótica de Robert Yin

A perspectiva de Robert Yin (2015) sobre o EC considera que um  método de pesquisa qualitativa tem como matéria prima os significados atribuídos às experiências, vivências, senso comum e ações, de modo a aprofundar uma unidade de análise. As experiências dos sujeitos, ainda que pessoais, refletem o encontro entre o individual e o coletivo. As atitudes e a linguagem externam conexões, pensamentos e relações que exprimem o conhecimento vulgar, alicerce da análise qualitativa. Sendo assim a abordagem qualitativa dá voz aos sujeitos envolvidos neste processo possibilitando melhor compreensão sobre o objeto em estudo.

A reflexão teórica acerca de um referencial metodológico faz-se necessário por permitir uma investigação de um fenômeno social complexo, mantendo as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real, sendo essencial para desvendar seus processos e mecanismos significativos. Os EC representam a principal estratégia quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da realidade (YIN, 2015).

Muitas pessoas são levadas a utilizar a estratégia do EC pela suposta facilidade em seu emprego, levando cientistas sociais – especialmente os principiantes – a acreditar que tal estratégia pode ser dominada sem muita dificuldade. No entanto, durante a fase de recolhimento de informações, somente um pesquisador mais experiente será capaz de tirar vantagem de oportunidades inesperadas, ao invés de ser pego por elas – assim como ser capaz de proteger-se de procedimentos potencialmente tendenciosos. Na realidade, as exigências que um EC faz em relação ao intelecto, ego e às emoções de uma pessoa são muito maiores do que aquelas de qualquer outra estratégia de pesquisa. Isso ocorre porque os procedimentos de coleta de dados não seguem uma rotina, caracterizando-se como um dos tipos mais árduos de pesquisa conceitual e investigação empírica quando investiga um fenômeno contemporâneo (o caso) em profundidade, especialmente quando os limites entre o mesmo e o contexto não são claros.

O uso do EC justifica-se nas situações em que a unidade de análise do estudo apresenta caráter revelador, e “[…] quando um pesquisador tem a oportunidade de observar e analisar um fenômeno previamente inacessível à investigação da ciência social […]” (YIN, 2015, p. 55). O “caso” refere-se à unidade de análise, o objeto em estudo que essencialmente deve representar um fenômeno real de impactos concretos (YIN, 2015). Para Yin (2015) os projetos de estudo de caso podem ser: 1) Único holístico: em que a unidade de análise é o próprio caso e estão envolvidos por um contexto; 2) Único incorporado: em que há múltiplas unidades de análise em um mesmo caso e também estão envolvidos pelo mesmo contexto; 3) Múltiplos holísticos: em que há vários casos com suas unidades de análise específicas e envolvidas por contextos diferenciados; 4) Múltiplos incorporados: em que há vários casos com várias unidades de análise e envolvidos por contextos diferenciados. A Figura 1 ilustra os possíveis projetos de estudos de caso definidos por Yin (2015).

        Fonte: Yin (2015).

De acordo com Yin (2015) cada unidade de análise exigirá um projeto de pesquisa sutilmente diferente e uma estratégia de coleta de dados (indivíduo, evento ou entidade). Suponha, por exemplo, que você queira estudar o papel dos Estados Unidos da América na economia mundial. […] A unidade de análise para o seu estudo de caso pode ser a economia de um país, uma indústria no mercado global, uma política econômica ou o comércio ou o fluxo de capital entre dois países (p.41). Especificar corretamente as questões de pesquisa tem como consequência a seleção da unidade apropriada de análise, se as mesmas não indicam claramente uma unidade em relação a outra, significa que elas estão vagas demais ou em número excessivo examinar, categorizar, classificar em tabelas ou recombinar evidências considerando as proposições iniciais do EC.

3.1 Diferentes perspectivas

A EC tem se mostrado útil para investigações e seus diferentes fins, por seu caráter significativo, completo e detalhado dos acontecimentos, caminhando na direção da generalização de teorias que norteiam cada estudo (Ventura, 2007; Delgado, 2019). Por outro lado, o método enfrenta diversos desafios para sua consolidação e reconhecimento, pois por vezes é entendido não como uma metodologia, mas como técnica de pesquisa ou estágio exploratório de outro método de pesquisa, além dos poucos registros sistemáticos do emprego da mesma na literatura científica (Yin, 2015).

A lente ofertada por cada perspectiva epistemológica e filosófica é aquilo que permite ao indivíduo olhar para o mundo e identificar o que nele é importante (Bogdan & Biken, 1982). Cada perspectiva também pode ser conceitualizada como um conjunto de crenças básicas que guiam o indivíduo em relação à sua visão de mundo (Guba, 1990). No âmbito da pesquisa, Creswell e Creswell (2021) indicam o conceito de perspectiva como “uma orientação filosófica em relação ao mundo e à natureza da pesquisa na qual os pesquisadores incluem os seus estudos” (p.5), dividindo-a em quatro tipos amplamente discutidos na literatura: pós-positivista, construtivista, transformativa e pragmática.

A localização do Estudo de Caso, enquanto um método, nesta tipologia, exige o exame dos aspectos ontológicos, epistemológicos e metodológicos, pois a definição de paradigma pressupõe também os objetos de pesquisa, problemas pesquisados e métodos de coleta e análise, já que serão influenciados pela visão de mundo do pesquisador (Mariz et al., 2005). As questões ontológicas se fundamentam em como os indivíduos encaram a realidade e o poder de apreensão sobre a realidade que o cerca. As questões epistemológicas estão relacionadas com a natureza e a relação entre sujeito e objeto pesquisado, ao passo que as questões metodológicas podem ser entendidas como aquelas que se referem à maneira como o pesquisador buscará apreender uma realidade dada (Guba & Lincoln, 1994). Ao identificar as pesquisas apenas pelo modo como os dados são analisados e desconsiderar os pressupostos filosóficos que justificam e sustentam a abordagem escolhida, por exemplo,  é possível  que estejamos cometendo um erro metodológico (Creswell & Creswell, 2021).

Aprofundando nas raízes do EC, sua origem pode ser identificada no âmbito das ciências médicas e nas pesquisas psicológicas, sendo estas as principais áreas na utilização desta modalidade de pesquisa. Portanto, descrever e caracterizar o EC não é simples, já que o mesmo é utilizado com diferentes objetivos, caminhando entre as abordagens qualitativas e quantitativas. Considerando sua importância no âmbito da pesquisa, seu uso em variadas áreas do conhecimento e investigação de diversos fenômenos, torna-se necessário compreender quais são os autores de referência que se debruçam sobre o tema e as teorias por eles formuladas. Há uma literatura contemporânea em âmbito mundial, que destaca as produções desses autores em evidência, assim como suas posições, contribuições e divergências sobre o EC (Ventura, 2007).

Robert Yin e Robert Stake são dois dos principais nomes na temática. Ambos conceituam o EC e fazem propostas acerca das questões de generalização e aplicabilidade do método. Com base em Mazzoti (2001) e Colla et al. (2021), os paradigmas adotados pelos autores Robert Yin e Robert Stake são distintos, sendo o primeiro mais afinado com o pós-positivismo e o segundo com o construtivismo social. Nesse sentido, é esperado que os embasamentos epistemológicos que sustentam o EC reflitam nas perspectivas metodológicas e, consequentemente, nos passos recomendados por cada autor para a sua execução (Walter, 2019).

Yin (2015) conceitua EC como um método abrangente que representa uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo, quando os limites entre o fenômeno e o contexto não podem ser claramente evidenciados. As questões norteadoras para a utilização do EC, de acordo com este autor, se referem às proposições “como e porquê”. Yin, em 1984, cunhou um protocolo para a utilização do EC no contexto norte americano, tornando-se referência para área.

 Na perspectiva de Robert Yin a orientação pós-positivista contida no EC se faz presente a partir da defesa de um projeto com estrutura sistematizada e explicação pormenorizada de etapas a serem seguidas do início ao fim.  Dentre os pontos delimitados pelo autor, temos: a) as questões do estudo de caso; b) as proposições, se houver; c) a(s) unidade(s) de análise; d) a lógica que une os dados às proposições; e) os critérios para interpretar as constatações (Yin, 2015).

Neste sentido, Yin (2015) aponta para a existência de quatro tipos de EC, sendo eles: caso único holístico; caso único integrado; casos múltiplos holísticos; casos múltiplos integrados.  A tipologia de EC holístico requer uma unidade de análise, ao passo que os ECs integrados e múltiplos exigem mais de uma unidade de análise. Entretanto, ressalta-se que Yin (2015) aponta que a tipologia de EC do tipo múltiplo possuem evidências mais robustas, visto que há possibilidade de chegar a conclusões mais convincentes a respeito do objeto estudado, em termos da validade interna e externa dos dados encontrados.

No entendimento de Stake (2000), o EC é definido como um interesse em casos individuais e não por métodos de investigação. O autor salienta que nem tudo pode ser considerado como caso, que precisa ser avaliado a partir de uma unidade específica e sistema delimitado cujas partes são integradas, defendendo a utilização de três tipos de EC: intrínseco, instrumental e coletivo (Stake, 1995). A relevância do pesquisador na área se dá a partir da publicação do artigo “O método de estudo de caso na investigação social”, de 1978. 

Para Yin (2015), a herança pós-positivista apresenta-se na construção dos EC através da escolha das estratégias de análise, que se baseiam em codificações por meio de padrões, séries temporais, modelos lógicos e sínteses cruzadas. A construção de protocolo previamente desenvolvido, acreditando-se que deste modo haveria maior possibilidade de generalização da replicação, é um exemplo.  Neste protocolo, além de outras diversas informações, devem estar presentes as proposições que advém da teoria, que deve ser escolhida de antemão à coleta e ao tratamento dos dados (Colla et al., 2021). Estão também presentes nesta perspectiva os conceitos de validades do construto, interna, externa e confiabilidade, bem como a utilização da triangulação de dados no momento da análise dos resultados (Yin, 2015).

Por sua vez, as concepções cunhadas por Stake (2000) sobre EC convergem para um paradigma construtivista e existencialista (não determinístico), já que o autor defende que o pesquisador deve fornecer ao leitor sua visão sobre o conhecimento e a realidade que o cerca (Colla et al., 2021). O autor, ainda, defende que o conhecimento é construído e cabe ao pesquisador interpretá-lo, sendo impossível a compreensão absoluta do fenômeno estudado  (Stake, 1995). Percebe-se também uma preferência por EC do tipo único, considerando que nessa tipologia há mais compreensão sobre o fenômeno. Em relação ao projeto de pesquisa, Stake (2000) considera que se faz necessário uma pergunta norteadora, porém, ao contrário de Yin (2015), o EC deve ocorrer de forma mais livre, sendo condizente com o surgimento dos dados. Não há, dessa forma, um protocolo prévio sobre o projeto de pesquisa nos estudos de caso.

Stake (1995) salienta a importância da utilização unicamente de dados qualitativos, bem como uma análise dos dados baseada na categorização e interpretação dos mesmos, buscando uma maior compreensão do fenômeno. A teoria pode surgir por meio do EC, o que corrobora com o paradigma construtivista e contraria Yin (2015), já que este último defende a escolha prévia da teoria. Já Stake se alinha com a epistemologia construtivista, defendendo que o EC deve ser compreendido através de uma visão holística, considerando o fenômeno como único e restando ao pesquisador apenas o papel de interpretá-lo. Por fim, vale ressaltar que Yin (2015) se ampara em perspectivas pós-positivistas para o desenvolvimento do EC como ferramenta metodológica, portanto, há interpretações a partir de perspectivas dedutivas, ao passo que Stake (2000) apresenta como perspectiva filosófica um raciocínio mais indutivo, compreendendo o fenômeno a partir da intuição do pesquisador.

A partir dos apontamentos realizados até aqui, torna-se evidente a importância de que os pesquisadores tenham clareza acerca dos diferentes pontos de vista e orientações filosóficas que existem dentro de um mesmo método, a fim de minimizar equívocos na condução do estudo (Colla et al., 2021). Em seguida, continuamos nossas reflexões e adentramos no campo das ciências Psi e o diálogo com a metodologia de EC.

 3.2 O Estudo de caso como estratégia de pesquisa nas ciências psicológicas

Através das buscas realizadas e do exercício reflexivo proposto, destacam-se os pontos a seguir. O primeiro deles é que grande parte dos artigos encontrados eram relatos de EC em Psicologia, e não estudos teóricos sobre o tema. Foram também encontrados artigos sobre o emprego do EC como técnica de ensino (metodologias ativas de aprendizagem), assim como sua utilização em outras áreas do conhecimento, tais como Fonoaudiologia, Administração e Educação.                  

Para além da literatura escassa, autores consultados afirmam que os relatos de EC encontrados usualmente nos periódicos especializados de Psicologia vêm sendo tradicionalmente conduzidos de forma intuitiva e pouco sistematizada, apresentando limitações que comprometem a validade interna e externa dos dados produzidos (Peres & Santos, 2005; Serralta et al., 2011). Carneiro (2018) relata que existe uma grande confusão entre EC como método de pesquisa e como forma de manter registros, importantes para a prática clínica, mas que não atendem às exigências do método científico. Como exemplo, a autora cita que na psicanálise é comum a publicação de extratos clínicos com a função de exemplificar aspectos da teoria sem, contudo, se constituir num EC propriamente dito, por não produzir dados a partir do rigor científico exigido.

De acordo com Serralta et al. (2011), o EC empírico é diferente do clínico, tradicional na Psicologia, em termos de objetivos e métodos. Enquanto para a condução do primeiro tipo tem-se como pré-requisito uma metodologia específica, que visa assegurar a validade dos dados encontrados, o segundo pode ser conduzido sem qualquer preocupação com o rigor metodológico, tendo como objetivo descrever, informar, compartilhar experiências e ilustrar teorias e técnicas. Messer (2007) aborda essas diferenças denominando o primeiro como estudo de caso pragmático e, a partir de uma lista com cinco limitações do estudo de caso clínico, estabelece parâmetros para melhorar a qualidade e o rigor do conhecimento adquirido a partir de estudo de caso com um único paciente e de base psicanalítica. Segundo o autor, a primeira limitação do estudo de caso clínico relaciona-se ao fato de que a narrativa do caso baseia-se na memória do terapeuta, estando sujeita aos seus sentimentos e expectativas. Outro problema identificado por Serralta et al. (2011) refere-se à análise e interpretação dos dados coletados, cuja fonte é restrita somente ao profissional responsável pelo caso. O recorte do material a ser analisado ocorre sem nenhum controle de viés de seleção, além de apresentar poucos dados contextuais que permitam ao leitor confirmar ou refutar hipóteses sobre o significado do material. Por fim, o autor ainda argumenta que a interpretação do material segue teoria dominante, ignorando outras possibilidades de compreensão do fenômeno.

Diante dessas limitações na validade dos dados produzidos pelos estudos de caso clínicos, Serralta et al. (2011) afirmam que um dos maiores desafios para pesquisadores em psicoterapia na atualidade seria o desenvolvimento de estratégias de pesquisa que atendam às exigências de objetividade das ciências empíricas, ao mesmo tempo que seja também capaz de abarcar a alta complexidade e a subjetividade inerente à relação terapêutica. Essa necessidade vem de um movimento crescente nas áreas de saúde, inclusive na Psicologia, de desenvolver subsídios para uma psicoterapia baseada em evidências, que aumente a compreensão sobre seus mecanismos de ação terapêutica tanto em termos de resultados (mudanças que ocorrem durante a terapia) quanto de processos (como/devido a quê essas mudanças ocorrem). Assim, tem-se por um lado os estudos de caso clínicos, os quais atendem às necessidades do contexto subjetivo das intervenções próprias ao setting clínico, mas que apresenta limitações em termos de produção de evidências embasadas cientificamente. Por outro lado, temos uma demanda crescente de estudos que possam apresentar dados acerca dos fenômenos psicológicos e as intervenções neste campo, baseados numa metodologia que garanta todos os benefícios advindos do conhecimento científico.

Em resposta a esse paradoxo, nas últimas décadas, enormes esforços têm sido despendidos na busca por refinar instrumentos e métodos aplicáveis ao estudo de caso individual, seja na clínica psicológica ou demais contextos de atuação do psicólogo, gerando assim uma maior integração entre as abordagens clínica e empírica, idiográfica e nomotética (Serralta et al., 2011). Segundo estes autores, a estratégia de pesquisa denominada Estudo de Caso surge como alternativa plausível para a Psicologia, compartilhando com o estudo de caso clínico a abordagem idiográfica e o estudo contextualizado do fenômeno. Seu diferencial seria adotar, durante sua execução, cuidados metodológicos, os quais visam assegurar a validade interna e externa dos resultados e conclusões da investigação. Concordando com estes autores, também Peres e Santos (2005) sugerem que uma forma de superar o problema acima apresentado, seria adotar a metodologia proposta por Yin (1994), ou seja, utilizar os ECs nas pesquisas em Psicologia.

Serralta, et al. (2011) argumentam que essa estratégia de pesquisa seria o elemento de ligação entre a pesquisa empírica e a prática clínica (especialmente a psicanalítica), demonstrando que não são atividades antagônicas e incompatíveis. Os autores afirmam, inclusive, que uma posição não exclui a outra, mas é possível encontrar estratégias para alinhá-las. Corroborando essa posição, para Carneiro (2018), o EC visa compreender fenômenos sociais e psicológicos complexos, em que múltiplas variáveis intervêm. Nessa direção, a autora defende que, apesar do rigor metodológico que norteia essa estratégia de pesquisa, ao utilizarmos a psicanálise (e poderíamos aqui extrapolar a afirmação da autora para “ao utilizarmos as abordagens teóricas da Psicologia”) como teoria de referência, sabemos que a singularidade terá sempre um lugar de destaque na compreensão do caso. De acordo com a autora, no modelo médico o caso remete sempre ao sujeito anônimo que é representativo de uma doença. Já no modelo psicológico, um caso exprime a própria singularidade do ser que sofre. Sendo assim, a metodologia de pesquisa denominada Estudo de Caso, por suas próprias características levaria em conta essa singularidade, sendo portanto pertinente aos estudos científicos em Psicologia.

Considerando as especificidades da pesquisa no campo da Psicologia e suas perspectivas, Serralta et al. (2011) apresentam o modo como uma série de características do EC se relacionam com essa área de construção de saber. A primeira característica destacada pelos autores é a de que o EC é uma estratégia de pesquisa pluralista do ponto de vista metodológico. Apesar de ser tradicionalmente reconhecido como um dos tipos de pesquisa qualitativa, ele pode envolver tanto a coleta de dados quantitativos como qualitativos, ou ainda conjugar as duas abordagens, sendo assim aplicável à diversidades das características próprias do objeto de estudo da Psicologia, seja ele a mente, o comportamento humano, as relações sociais etc.

Outra característica destacada por Serralta et al. (2011) reside na definição de que um caso é um fenômeno individual que é tomado como unidade de análise e interesse. O que define o caso é o fato dele constituir uma unidade específica, um sistema cujas partes estão integradas. Para Carneiro (2018), um caso é sempre um recorte da realidade e, ainda que seja uma pessoa ou um grupo, será um aspecto específico ou conjunto de características que o tornarão um caso a pesquisar. Assim, de acordo com Peres e Santos (2005), o EC, ao realizar uma análise em profundidade do objeto e preocupar-se com seu aspecto unitário, destaca-se como um valioso recurso para a execução de pesquisas científicas e o desenvolvimento de práticas – sejam elas clínicas, organizacionais, educacionais ou de qualquer outra ordem – em Psicologia.

Acerca do debate sobre a valorização da subjetividade versus normatização, tão presente nas discussões sobre a pesquisa em Psicologia, Peres e Santos (2005) debatem a polêmica sobre a generalização dos dados produzidos a partir de um EC. Os autores dizem que existem opiniões contraditórias na literatura acerca do tema: alguns defendem que não é possível devido a limitações metodológicas. Outros que é possível desde que adote-se os procedimentos metodológicos apropriados para desenvolvê-la. Peres e Santos (2005) argumentam que os ECs podem ter a finalidade tanto de levar à compreensão de um objeto específico (estudos com objetivos específicos seriam destinados à investigação de casos atípicos) quanto à formulação de generalizações e leis universais (seriam estudos pertinentes aos casos típicos). Segundo estes autores, o que é necessário é o pesquisador definir com clareza o objetivo da sua investigação e os procedimentos necessários e apropriados para alcançá-lo.

Uma terceira característica apresentada por Serralta et al. (2011) refere-se ao fato de que o EC é uma estratégia de pesquisa com planejamento flexível. Esse tipo de investigação permite ao pesquisador, em virtude das necessidades que emergem durante o próprio estudo, alterar a direção prevista ou incluir outro caso, sendo assim uma metodologia  adequada ao estudo de processos psicoterápicos, por exemplo. A possibilidade de desvio do planejamento representa um dos pontos mais fortes do EC, embora isso potencialmente possa tornar o estudo mais trabalhoso e exigir do pesquisador capacidade de adaptação e habilidade em manter o equilíbrio entre flexibilidade e rigor. Peres e Santos (2005) também afirmam que um dos pressupostos epistemológicos do EC é reconhecer que o conhecimento está em constante construção, devendo o pesquisador estar constantemente atento às dimensões adicionais de seu objeto que poderão se mostrar relevantes ao longo do processo de investigação e até mesmo mudar o curso deste. Os mesmos autores ainda afirmam que esta seria uma vantagem do EC no estudo dos objetos típicos das ciências Psi, possibilitando ao pesquisador estabelecer novas ideias e questões de pesquisa sem se limitar pelos pressupostos teóricos iniciais.

A quarta característica relaciona-se à forma como o EC avalia processos, sempre atrelado a uma perspectiva temporal. Assim, através desta metodologia de pesquisa pode-se descrever o caso como um todo, como também explicar como as diversas variáveis observadas se conectam umas com as outras, abarcando mesmo as relações mais complexas. Portanto, através dessa estratégia de estudo busca-se responder a questões do tipo “como?” e “por que?”. Serralta et al. (2011) afirmam que essa metodologia de pesquisa aplica-se, então, de forma pertinente ao estudo dos processos envolvidos na psicoterapia, em todas as suas especificidades e complexidade, possibilitando a “análise longitudinal da imbricada interação entre as diversas variáveis da dimensão processos-resultados” (p. 505) observados no processo terapêutico.

Por fim, Serralta et al. (2011) afirmam que o EC pode ser usado em ambos os contextos: de descoberta (gerar hipóteses – estudo exploratório) e de justificativa (teste de hipóteses – estudo explanatório), atendendo assim aos objetivos das investigações científicas em Psicologia, podendo estar voltadas tanto para a exploração de fenômenos psicológicos quanto para a confirmação de teorias já existentes .

4. Diretrizes para a condução dos  ECs na Psicologia

No texto de Peres e Santos (2005) são apresentadas orientações práticas para o emprego do EC nas ciências Psi. Com base em Yin (1994), estes autores enumeram como sugestões:

1ª) o pesquisador deve estar sempre atento a novos elementos que poderão surgir e serem incluídos no estudo. Uma estratégia interessante seria avaliar sequencialmente o material obtido em vez de concentrar as análises após o término da coleta de dados. Esse procedimento possibilita visualizar o objeto de estudo como ele é e não como o pesquisador deseja/acredita que ele deva ser, assim como corrigir falhas metodológicas que possam estar ocorrendo na coleta de dados.

2ª) Para superar o paradoxo entre o “EC possibilitar a compreensão da totalidade do caso” versus “EC deve ser bem delimitado e possuir contornos possíveis”, deve-se fazer recortes, focalizando aspectos que o pesquisador considera mais relevantes para não se perder. Os critérios utilizados para escolher tal recorte devem ser explicitados a fim de aumentar a compreensão do leitor alheio ao objeto. Além disso, o pesquisador deve fazer o exercício intelectual de análise das variáveis constituintes do caso, relacionando-as. Ajuda neste caso a triangulação dos métodos de coleta e análise de dados.

3ª) O pesquisador deve utilizar diferentes recursos para coleta e análise de dados.

4ª) Não fazer a mera apresentação dos dados coletados, mas estabelecer um diálogo entre os achados oriundos de seu trabalho e a teoria que utiliza como base. Mas lembrando que esse diálogo deve ser uma via de mão dupla, gerando o desenvolvimento de novas ideias.

5ª) Manter uma posição crítica em relação ao próprio trabalho, não correndo o risco de descrever apenas os dados que estão em conformidade com suas interpretações, comprometendo a validade e confiabilidade do estudo.

6ª) Solicitar a colaboração de outro pesquisador na análise dos dados pode favorecer a articulação entre o material obtido e as análises apresentadas no relato, sem deixar que o envolvimento emocional com o caso leve à superestimação do conhecimento construído ou à negligência de aspectos que não foram bem compreendidos.

7ª) Usar linguagem mais acessível do que aquela usualmente utilizada em relatos de pesquisa oriundos de outras estratégias de pesquisa. Essa estratégia facilita o trabalho do pesquisador de reunir de forma coerente um grande volume de informações, assim como o fato de escrever o caso de maneira narrativa e mais informal pode aproximar o leitor do caso analisado.

Além destes aspectos anteriormente apresentados por Peres e Santos (2005) , deve-se discutir um tema importante: a elaboração do projeto de pesquisa. De acordo com Carneiro (2018), o projeto de pesquisa constitui a lógica que une os dados a serem coletados (e as conclusões a serem tiradas) às questões iniciais de um estudo, o que corrobora com as ideias Yin (2015), visto que o autor ressalta a importância do desenvolvimento prévio de um protocolo sistematizado que contempla o instrumento de coleta, os procedimentos e as regras para a aplicação do EC. Isso contribui para a confiabilidade da pesquisa, possibilitando uma maior possibilidade de generalização dos resultados.

Por fim, outro ponto importante no que tange às diretrizes para a condução de um EC em Psicologia, refere-se à questão da generalização dos dados coletados e das análises realizadas pelo pesquisador. Segundo Verztman (2013 apud Carneiro, 2018), independente do objetivo, um EC é um método naturalístico que visa a descrição e a compreensão do singular, contribuindo para a compreensão de uma realidade maior. Nesse sentido, a autora sugere que ao selecionar um caso para estudo, o pesquisador deve buscar o caso mais representativo, ou seja, aquele que supostamente representará melhor o universo de interesse, garantindo a possibilidade de generalização dos dados ou, ainda, utilizar a estratégia do ECs Múltiplos, conforme a definição de Yin apresentada na seção anterior deste texto.

Segundo Carneiro (2018), ao abarcar mais casos na condução de uma investigação em Psicologia, tem-se acesso a mais situações comparativas de análises, contribuindo assim, para incrementar a confiabilidade na triangulação do material produzido. Ou seja, a autora defende que a utilização de várias fontes de evidências incentiva linhas convergentes de investigação, aumentando a validade e confiabilidade dos dados. Porém, a escolha de mais de um caso não visa a replicação, mas a possibilidade comparativa, criando linhas de convergência e divergência sobre os dados coletados. Especificamente na Psicanálise (e porque não na Psicologia), comparar casos é motivo de grande discussão e controvérsia.

A singularidade e as diferenças de contexto são tão importantes na psicologia que apontam, não raro, para o incomparável (Verztman, 2013 apud Carneiro, 2018). No entanto, Serralta et al. (2011) ressaltam que é importante compreender que a lógica que sustenta a generalização dos dados nos ECs é distinta da lógica dos estudos amostrais. No EC, o pesquisador possui o objetivo de expandir e generalizar teorias (generalização analítica), e não enumerar frequências (generalização estatística). Para os autores, isso significa que a relação proposta entre duas ou mais características encontradas não está baseada na representatividade da amostra, mas sim em um nexo causal plausível entre essas características.

Já Serralta et al. (2011) argumentam que para garantir a confiabilidade dos dados produzidos por um EC em pesquisa sobre psicoterapia deve usar a triangulação, corroborando com Yin (2015), que defende que a triangulação dos dados ajuda a reforçar a validade do constructo do EC, possibilitando uma comprovação mais forte de constructos e hipóteses.

Por fim, vale ressaltar que apesar do autor Robert Yin não lidar especificamente com as orientações para a condução dos ECs em Psicologia, observa-se através dos estudos analisados nesta seção que Yin embasa as produções científicas que utilizaram o EC como método. Assim, os estudos demonstraram preferência na escolha do EC do tipo múltiplo (Carneiro, 2018), pela escolha da triangulação dos dados (Serralta et al.,2011), bem como pela elaboração prévia de um projeto de pesquisa sistematizado (Peres e Santos, 2005), pontos estes abordados por Yin (2015).

5. Considerações finais

No que se refere à reflexão sobre o estudo  de caso  realizada ao longo deste trabalho, percebe-se que há ainda pouca discussão e publicações acerca do EC enquanto metodologia de pesquisa na Psicologia. Os achados apontam uma aproximação da temática com as abordagens clínicas e psicoterapêuticas, em especial, a Psicanálise.  Apesar das divergências de perspectivas e objetivos de trabalho, as referências encontradas têm em comum o desejo de aproximação e aprofundamento na relação com o objeto estudado e sua singularidade.

Como todo método científico, o EC apresenta limitações, sendo exatamente a proximidade do pesquisador com o objeto de estudo, uma delas. Alguns autores vão dizer inclusive, que neste tipo de investigação, a disponibilidade dos pesquisadores e sua disposição para desafios e exposição de seu ponto de vista ao longo do processo serão de grande relevância. Apesar da pouca familiaridade do campo de pesquisa Psi com esta ferramenta, os autores que iniciaram este diálogo na Psicologia destacam a importância de não subestimar o EC como metodologia, que em um primeiro momento pode ser considerada mais simples, mas que revela relações de muita complexidade, de acordo com o que se investiga.

Apesar de reconhecer os limites de nossas reflexões e da possibilidade de generalização a partir dos documentos encontrados, acredita-se que esta produção possa contribuir com o avanço das discussões na área. Mostra-se importante, inclusive, a aplicação da metodologia em outros âmbitos de atuação da Psicologia e a partir de outras lentes teóricas para ampliação das possibilidades de estudo.

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1 AUTOR CORRESPONDENTE. Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia . Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Coordenadora do curso de Enfermagem da Universidade de Itáuna.MG
https://orcid.org/0000-0002-7393-3210

2Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).Mestre em Psicologia.Programa de Pós-graduação em Psicologia . Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.https://orcid.org/0000-0002-0312-1807

3Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia . Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Professora EBTT Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Campus São João Del Rei. https://orcid.org/0000-0003-1263-8960

4Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).Mestranda em Psicologia.Programa de Pós-graduação em Psicologia . Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.https://orcid.org/0000-0003-2573-6092

5 Núcleo Clínico de Psicanálise e Singularidades – Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-4278-3707

6 Programa de Pós-graduação em Psicologia. Núcleo Clínico de Psicanálise e Singularidades – Universidade Federal de Juiz de Fora Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.https://orcid.org/0000-0001-5381-4815