STUDY OF PATHOLOGICAL MANIFESTATIONS IN HYDROSANITARY BUILDING INSTALLATIONS AND THEIR POSSIBLE SOLUTIONS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202412132311
Bruno Leal Coelho Pacifico1,
Matheus dos Santos de Amorim2,
Orientador: Gil Alves dos Santos Júnior3
RESUMO
O sucesso de uma obra e o funcionamento adequado de uma edificação dependem diretamente da integração eficaz entre os projetos, que devem estar bem elaborados, e as equipes responsáveis pela execução das atividades. Esse alinhamento é fundamental para garantir a qualidade e a segurança das instalações. Este artigo busca realizar uma revisão bibliográfica sobre as patologias que afetam as instalações hidrossanitárias, tanto as de água fria quanto as de esgoto sanitário. Embora as normas técnicas vigentes estabeleçam diretrizes que visam garantir conforto e segurança para os usuários, essas patologias continuam a surgir em muitas edificações, comprometendo a funcionalidade dos sistemas. A pesquisa, de caráter qualitativo, foi conduzida por meio de um estudo de campo realizado em edificações residenciais, complementado com o levantamento de fontes bibliográficas sobre o tema. O objetivo foi identificar corretamente as patologias presentes, analisar suas causas e consequências, e propor soluções adequadas para mitigar ou eliminar os problemas identificados. A análise descritiva e exploratória permitiu que, a partir de dados coletados por registros fotográficos e consultas bibliográficas, fossem apresentadas soluções para as falhas observadas. Essa investigação é de extrema importância, pois muitas das patologias podem ser evitadas ou minimizadas com medidas preventivas e corretivas, garantindo a durabilidade das instalações e o bem-estar dos usuários.
Palavras-chave: Instalações Hidrossanitárias. Patologias. Soluções.
1 INTRODUÇÃO
Instalações prediais hidrossanitárias referem-se aos sistemas que fornecem água potável e tratam os resíduos líquidos em edifícios residenciais, comerciais e industriais. Esses sistemas são essenciais para garantir o conforto, saúde e segurança dos ocupantes dos edifícios, além de contribuir para a preservação do meio ambiente. Essas instalações incluem uma variedade de componentes, como tubulações de água potável, sistemas de distribuição de água quente e fria, dispositivos de controle de fluxo, como torneiras e válvulas, e sistemas de coleta e tratamento de esgoto. Esses sistemas devem ser projetados, instalados e mantidos de acordo com normas técnicas e regulamentos específicos para garantir seu desempenho adequado e conformidade com os padrões de saúde e segurança (CARVALHO JUNIOR, 2020).
A manifestação patológica trata-se de anomalias no produto em decorrência de diversos processos, trazendo problemas causados pela presença de água. A história mostra os mais catastróficos resultados e na engenharia não poderiam ser diferentes, além de sinistros de baixo até o mais alto grau, provocado pela água. É possível notar também o enfraquecimento da estrutura devido à falta de reforço nas passagens de materiais hidrossanitário, pela falta de projeto ou de compatibilização (BELON, 2019).
A compreensão das causas patológicas em sistemas hidráulico e sanitários é fundamental para sua prevenção e correção eficaz. Torna-se necessário, assim, tomar medidas imprescritíveis para interceptar tal problema, por meio de revisões programadas e periódicas, compatibilização com outros projetos, fiscalização rigorosa das etapas de execução e uso de matérias de boa qualidade. Através de boas práticas, estudos de casos e exemplos práticos podendo-se chegar a um cenário positivo, sanando possíveis problemas futuros a estrutura como um todo (BOTTEGA et al, 2022).
Diante disso surgiu o seguinte problema de pesquisa: quais as manifestações patológicas mais frequentes nas instalações prediais hidrossanitárias?
Com isso, este estudo baseia-se em hipóteses que servem como suposições iniciais, com o intuito de guiar e explicar os possíveis resultados, fundamentando-se no conhecimento já existente. Nesse sentido, foram formuladas as seguintes hipóteses para direcionar o desenvolvimento da pesquisa: A utilização inadequada e a falta de qualificação profissional aumentam a probabilidade de surgimento de patologias em sistemas hidrossanitários e, vinculado a isso, tem-se que a ausência de manutenção preventiva e corretiva agrava o problema relacionados ao surgimento de patologias em sistemas hidrossanitários.
Com isso, o objetivo deste estudo é verificar a ocorrência de manifestações patológicas mais recorrentes em edificações e propor soluções conforme normas da ABNT e artigos científicos com embasamento no assunto.
Dado justificativa teórica, a importância de ter os projetos hidrossanitários bem definidos e o estudo de caso garantem que todas as informações técnicas estejam claras e precisas, facilitando a execução e manutenção do sistema. Além disso, o uso do material adequado e previsões de passagens em lajes e vigas são necessários para a majoração de segurança na hora da execução dos projetos estruturais (SILVA, 2021).
Todavia a justificativa prática, mostra que muito se tem a fazer para tornar este parâmetro de compatibilização coeso, desde a informações e preocupações técnicas mais elevadas de quem executa a obra, na tentativa de extinguir ou amenizar problemas estruturais presentes in loco, e possíveis manutenções para momentos mais inesperados (PITALUGA & AMARAL, 2021).
Enquanto, como justificativa social, é notório avanços tecnológicos que visam evitar tais problemas – caso das plataformas BIM – que causam desconforto, estresse e muitas vezes risco a vida e a saúde de pessoas próximas a essas estruturas. Ainda que, muitos profissionais batam constantemente nessa tecla não só para o âmbito estrutura como também para questões econômicas e práticas (FRAZÃO, 2015).
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Instalações Hidrossanitárias Prediais
As instalações hidrossanitárias prediais desempenham um papel crucial na garantia da qualidade de vida e no bem-estar dos ocupantes de edifícios. Esses sistemas incluem redes de água potável, esgoto sanitário, drenagem pluvial e demais estruturas relacionadas ao ciclo da água em ambientes construídos. Compreender as manifestações patológicas nesse contexto é essencial para preservar a saúde pública, evitar danos estruturais e assegurar a funcionalidade das instalações ao longo do tempo (GOMES; DA CONCEIÇÃO, 2023).
As patologias relacionadas aos sistemas prediais hidráulicos e sanitários (SPHS) são as mais frequentes na construção civil, representando cerca de 75% das falhas observadas em edifícios, conforme dados do IBAPE-SP (2014). Esses sistemas, por estarem diretamente ligados ao uso cotidiano dos ocupantes, têm grande impacto no bem-estar físico e psicológico das pessoas. A ausência de inspeções regulares e de manutenções adequadas contribui significativamente para a ocorrência dessas falhas, comprometendo a qualidade de vida dos usuários (LEITE, 2017).
As instalações prediais hidráulicas e sanitárias desempenham um papel essencial na funcionalidade das edificações, pois permitem o uso da água para diversas finalidades e disponibilizam insumos fundamentais aos usuários. Além disso, a qualidade desses sistemas é determinante para o desempenho adequado da edificação ao longo de sua vida útil, garantindo o atendimento às necessidades dos ocupantes e promovendo a utilização racional de recursos, evitando perdas e desperdícios (BARROS, 2004; ARAÚJO, 2004).
Historicamente, as instalações hidráulicas em edificações receberam pouca atenção por estarem ocultas, resultando, muitas vezes, na execução de obras sem projetos complementares, como os hidráulicos. Estudar patologias recorrentes nesses sistemas pode ajudar a prevenir problemas em futuras construções, além de promover melhorias nos projetos, beneficiando projetistas e construtoras (NEVES; MACEDO, 2013).
2.2 Instalações De Água Fria
A NBR 5626/1998 (Instalações Prediais de Água Fria) define as instalações prediais de água fria como o conjunto de tubulações, conexões e acessórios que transportam a água da rede pública até os pontos de consumo na edificação. A distribuição desse sistema conecta o reservatório aos pontos de uso, garantindo o fornecimento eficiente de água em todo o imóvel, como mostra a figura 01 (ABNT, 1998).
Figura 01. Distribuição da água para os pontos de consumo.
As instalações de água fria devem ser projetadas e executadas para garantir fornecimento contínuo e adequado, com pressão e velocidade que assegurem o funcionamento eficiente do sistema e das peças de utilização. A norma também recomenda promover a economia de água e energia, facilitar a manutenção, e proporcionar conforto aos usuários com peças bem localizadas, fáceis de operar e com vazões que atendam às necessidades (LEITE, 2017).
2.3 Instalações Prediais De Esgoto
De acordo com a ABNT NBR 8160/1999 (Sistemas prediais de esgoto sanitário), o sistema de esgoto sanitário é composto por tubulações e acessórios projetados para coletar e transportar os despejos provenientes dos aparelhos sanitários até um destino apropriado. Além de permitir o escoamento eficiente das águas residuárias, esse sistema deve encaminhar os gases gerados para a atmosfera, evitando que sejam direcionados para os ambientes internos da edificação, garantindo assim a salubridade e a funcionalidade dos espaços (ABNT, 1999).
Os sistemas de esgoto incluem componentes principais como aparelhos sanitários, tubulações, desconectores, ralos e caixas sifonadas, que desempenham funções essenciais no escoamento e tratamento dos resíduos (CARVALHO JÚNIOR, 2020). Conforme a NBR 8160, as peças sanitárias são definidas como “aparelhos conectados à instalação predial, destinados ao uso de água para fins higiênicos ou ao recebimento de dejetos e águas servidas”, evidenciando sua importância na funcionalidade e higiene dos sistemas prediais (ABNT, 1999). Abaixo estão alguns dos componentes de sistemas de esgoto.
Figura 02. Elementos do sistema de esgoto sanitário em banheiro.
2.4 Patologias Em Sistemas Hidrossanitários
Entre os diversos sistemas presentes na construção civil, o hidrossanitário é o que mais interage diretamente com os usuários. A falta de qualidade na execução e a ausência de manutenção adequada podem resultar em desconfortos físicos e psicológicos para os ocupantes. Além disso, essas instalações estão suscetíveis a falhas frequentes, que, se não forem corrigidas rapidamente ou se não houver manutenções periódicas, podem gerar problemas de grande escala, comprometendo a funcionalidade e a segurança da edificação (PIMENTEL, 2022).
As principais patologias observadas nos sistemas hidrossanitários geralmente decorrem do descumprimento dos requisitos estabelecidos pelas normas técnicas, de falhas nas etapas de concepção dos projetos e da utilização de mão de obra inadequada ou não qualificada. Esses fatores comprometem a eficiência e a durabilidade das instalações, resultando em problemas que poderiam ser evitados com planejamento adequado e capacitação técnica dos profissionais envolvidos (CARVALHO JÚNIOR, 2020).
As principais patologias em instalações hidrossanitárias podem ser divididas em dois grupos, conforme a sua funcionalidade: as patologias nas instalações hidráulicas de água fria e as patologias no sistema de esgoto das edificações. Por sua vez, as falhas de projeto são responsáveis por 40% das patologias, seguidas pelas falhas de execução (28%), pela qualidade dos materiais (18%), pela utilização inadequada (10%) e por fatores diversos (4%) (NASCIMENTO, 2024).
2.4.1 Patologias Em Sistemas Hidráulicos de Água Fria
O primeiro grupo de patologias, relacionado às instalações de água potável, inclui problemas como vazamentos, entupimentos, corrosão, baixa pressão, ruídos nas tubulações e contaminação da água (SANTOS, 2018). Abaixo estão descritas as patologias mais recorrentes em sistemas de água fria:
Os vazamentos em tubulações embutidas geralmente se manifestam como umidade visível nas alvenarias. Esses vazamentos podem ocorrer em tubulações metálicas devido à corrosão, enquanto nas tubulações de PVC, os problemas são frequentemente causados pelo uso de materiais de baixa qualidade, deformações excessivas ou por solicitações mecânicas superiores às especificações do fabricante. Além disso, rupturas podem ocorrer devido a tensões ou impactos, falhas nos processos de instalação, como em juntas soldáveis, roscáveis ou mecânicas (ANDRADE, 2021).
O acúmulo de ar nas tubulações pode afetar o desempenho dos sistemas de água fria, especialmente quando há interrupções no fornecimento de água. Esse acúmulo reduz a vazão nas tubulações. Além disso, bolhas de ar podem ser geradas nas tubulações, seguindo o fluxo da água, o que também resulta na diminuição da vazão (LEITE, 2017).
A corrosão é uma patologia que afeta tubulações e conexões metálicas em contato com águas que possuem características favoráveis ao processo corrosivo. Além disso, a presença de argamassa não removida nas tubulações também contribui para o agravamento do problema. Esse fenômeno compromete a integridade das instalações, tornando-as vulneráveis a vazamentos e outros danos (ABNT, 1998).
Quando a velocidade de escoamento nas tubulações excede o limite recomendado pela norma, podem surgir ruídos que ultrapassam os valores estabelecidos pela NBR 10152, causando o fenômeno da cavitação. Para evitar esses problemas, a NBR 5626 sugere a instalação de válvulas redutoras de pressão e dispositivos restritores de fluxo nas peças de utilização. (ANDRADE, 2021).
Além disso, o uso inadequado pelos usuários, falhas no funcionamento dos dispositivos, a falta de manutenção e o subdimensionamento das instalações, como tubulações com diâmetro inferior ao necessário, são fatores que podem levar ao entupimento do sistema de água fria (MACEDO, 2015).
2.4.2 Patologias Em Sistemas Prediais de Esgoto
Os sistemas de esgoto sanitário prediais estão sujeitos a problemas como odores desagradáveis, ruídos, entupimentos, risco de contaminação da água potável e poluição tanto do ambiente interno quanto externo, entre outros. Para garantir o funcionamento adequado desses sistemas e atender plenamente às expectativas dos usuários, é essencial realizar ações de manutenção e limpeza regulares nos dispositivos hidrossanitários, assegurando sua eficácia e preservando a qualidade do ambiente na edificação (LEITE, 2017).
O sistema de esgoto sanitário deve ser projetado para coletar e conduzir rapidamente os efluentes até um destino adequado. Para garantir sua eficácia, o traçado da instalação precisa ser planejado de modo a favorecer o escoamento por gravidade, minimizando ou eliminando pontos que possam obstruir o fluxo e causar o acúmulo de resíduos, que, eventualmente, poderiam obstruir completamente a tubulação. Esse planejamento é fundamental para evitar problemas como entupimentos e falhas no sistema (ABNT, 1999).
As principais causas de mau cheiro em sistemas de esgoto incluem a vedação inadequada na saída das bacias sanitárias, ventilação insuficiente nas instalações, condições de higiene precárias em caixas de inspeção e de gordura, além de rupturas nos desconectores. As caixas sifonadas, por possuírem um fecho hídrico, desempenham um papel essencial ao impedir a passagem de gases e insetos da tubulação primária para a secundária e para o ambiente. No entanto, quando o fecho hídrico é comprometido ou não é realizada a manutenção adequada das caixas sifonadas, aumenta-se a possibilidade de odores desagradáveis nos espaços internos (ANDRADE, 2021).
O retorno de espuma é outro problema frequente em instalações de esgoto. Esse fenômeno pode ocorrer nas caixas sifonadas e ralos, geralmente devido à ligação inadequada dos ramais de esgoto em áreas sujeitas a sobrepressão, comprometendo o funcionamento do sistema e causando desconforto aos usuários (CARVALHO JÚNIOR, 2020).
3 METODOLOGIA
O presente estudo possui abordagem qualitativa, visto que o foco será na análise de causas, impactos e soluções das patologias identificadas. Isso permitirá aprofundar a discussão teórica e aplicar os conhecimentos adquiridos em contextos práticos (RAUPP; BEUREN, 2006).
O estudo possui caráter descritivo, uma vez que busca identificar e caracterizar as manifestações patológicas mais frequentes em instalações prediais hidrossanitárias. Essa abordagem visa traçar características específicas e explorar as possíveis relações entre variáveis. A pesquisa também se caracteriza como exploratória, visto que possibilita levantar hipóteses e propor soluções com base nas melhores práticas disponíveis na literatura técnica (BERND; ANZILAGO, 2016).
A abordagem consistirá em pesquisa de campo, para coletar dados e registros, permitindo a quantificação das ocorrências e a análise de suas proporções, e análise de dados secundários obtidos através de pesquisa bibliográfica. Baseia-se predominantemente nas contribuições de diferentes autores sobre o tema em questão, com o propósito de compreender e esclarecer um problema específico. A seleção será feita com base em critérios de relevância, priorizando fontes confiáveis e normas da ABNT (BERND; ANZILAGO, 2016).
Para a realização do estudo, foi conduzida uma análise documental abrangente, utilizando artigos científicos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses, livros, normas técnicas e resoluções. O objetivo foi construir uma base teórica sólida sobre as principais patologias em sistemas hidrossanitários, além de compreender as formas de prevenção dessas ocorrências. Ademais, foi realizado um levantamento de campo em edifícios residenciais de médio padrão, na zona sul da cidade de Teresina, capital do Piauí, para observância do problema e identificação de patologias comuns.
A coleta de dados foi estruturada em etapas: inicialmente, realizou-se uma leitura rápida do material selecionado para identificar sua relevância em relação ao tema. Em seguida, procedeu-se a uma leitura seletiva, aprofundando-se nos trechos mais significativos para a pesquisa. Por fim, registraram-se as fontes utilizadas, incluindo informações como autores, anos de publicação, metodologias, resultados e conclusões apresentadas. Além disso, foi realizado uma inspeção visual e coleta de dados manual, em que se utilizou de registros fotográficos das residências para registro das principais patologias recorrentes.
Com os dados organizados, foi possível sistematizar as informações sobre o tema, identificando as principais patologias que afetam os sistemas prediais hidrossanitários, suas causas mais frequentes e as soluções preventivas e corretivas, baseados nas normas NBR 5626/1998 e NBR 8160/1999. Isso permitiu sugerir medidas para minimizar danos futuros nessas instalações e promover melhorias nos Sistemas Prediais Hidráulicos e Sanitários, contribuindo para sua maior eficiência e durabilidade.
4 ANÁLISE DOS DADOS
É a principal parte do artigo que contém a exposição ordenada do assunto tratado. Pode se dividir em seções e subseções, que variam em função da abordagem do tema e do método.
A ocorrência de patologias em instalações hidrossanitárias pode ser atribuída a uma variedade de fatores, incluindo:
- Inadequações no projeto: Falhas na concepção inicial, como dimensionamentos incorretos e ausência de compatibilização com outros sistemas.
- Problemas na execução: Erros durante a instalação, como utilização de técnicas inadequadas ou aplicação incorreta dos materiais.
- Deficiências na manutenção: Intervenções insuficientes ou realizadas de maneira inadequada que comprometem o desempenho do sistema.
- Falta de manutenção: Ausência de cuidados regulares para prevenir desgastes e problemas futuros.
- Defeitos nos componentes: Imperfeições de fabricação em tubulações, conexões ou outros elementos que afetam o funcionamento adequado do sistema. A manutenção das instalações é essencial para garantir sua qualidade e prolongar sua vida útil. A manutenção preventiva é a prática de ações programadas e realizadas periodicamente, com o objetivo de evitar falhas e manter os sistemas em pleno funcionamento. Já a manutenção corretiva ocorre após a identificação de defeitos ou falhas, visando restaurar o funcionamento adequado dos sistemas e proteger o valor dos componentes envolvidos. Ambas as abordagens são fundamentais para a gestão eficaz de instalações hidrossanitárias, sendo que a prevenção, quando aplicada durante a execução da obra, é sempre a melhor alternativa (ARAÚJO, 2018)
Mediante as patologias encontradas em campo e em fontes escritas, abaixo serão citadas as principais recorrências, suas prováveis causas e consequências, bem como possíveis soluções.
4.1 PRINCIPAIS PATOLOGIAS
4.1.1 Vazamento
Os vazamentos se destacaram como uma das principais patologias identificadas tanto nas fontes de pesquisa quanto durante a visita em campo. Esses problemas foram atribuídos, em grande parte, a falhas na execução da rede de água fria. Na Figura 03 e 04, observa-se vazamentos causados por uma deficiência na vedação do mangote e do sifão, demonstrando a relevância de uma execução cuidadosa e alinhada às normas técnicas.
Figura 03. Vazamentos.
Figura 04. Vazamento devido falha de vedação.
4.1.2 Mau Cheiro
A figura 05 apresenta um sifão sob o lavatório com uma configuração inadequada, pois não possui o formato em “U” necessário para sua funcionalidade. O fecho hídrico, que é responsável por bloquear a passagem de gases, depende da presença contínua de água, que atua como barreira eficaz contra os odores provenientes do sistema de esgoto.
Figura 05. Sifão inadequado.
Os sifões desempenham um papel essencial na prevenção do retorno de odores desagradáveis provenientes do esgoto. Esses dispositivos são comumente instalados em pias de cozinha, lavatórios de banheiros e tanques de lavar roupas. Sua forma permite a retenção de uma quantidade de água em seu interior, formando o chamado fecho hídrico, que bloqueia a passagem de gases. Entretanto, problemas com odores em ambientes internos frequentemente estão associados ao comprometimento dos fechos hídricos. No caso de sifões articulados de PVC, quando o ajuste manual do sifão é realizado de forma incorreta, ele pode falhar em criar um fechamento eficiente, permitindo a passagem de gases e comprometendo a qualidade do ambiente (LEITE, 2017).
4.1.3 Infiltrações
As infiltrações observadas são causadas por vazamentos nas peças hidrossanitárias. Na figura 06, um vazamento no ralo do apartamento superior resultou em infiltração no andar inferior. Já na figura 07, a infiltração na parede é atribuída a um vazamento no registro de pressão.
Figura 06. Vazamento no ralo do andar superior
Figura 07. Infiltração devido vazamento de registro de pressão.
4.1.4 Entupimentos
O entupimento de encanações e lavatórios pode ocorrer devido ao uso inadequado dos usuários, como o descarte de materiais inapropriados nos aparelhos, além da falta de manutenção e limpeza adequadas. A figura 08 ilustra uma tubulação obstruída por resíduos provenientes do uso humano, evidenciando como esses fatores contribuem para bloqueios no sistema hidrossanitário.
Figura 08. Entupimento de tubulações
4.1.5 Ar nas tubulações
A presença de ar nas instalações hidráulicas pode comprometer significativamente o desempenho de sistemas de canalização pressurizados. O que pode ocorrer na figura 09, devido à ausência de tubo de ventilação.
Figura 09. Ausência de tubo de ventilação.
Se a rede de água for esvaziada, permite que o ar ocupe as tubulações. Ao retomar o fluxo de água, esse ar não tem por onde escapar e é empurrado para os pontos de saída, como torneiras, passando pelo hidrômetro antes de ser expelido. O acúmulo de ar reduz a eficiência do sistema e pode afetar a medição do consumo, além de causar falhas temporárias no abastecimento de água.
4.2 POSSÍVEIS SOLUÇÕES
Com base nas observações realizadas, constatou-se que as patologias mais frequentes no sistema hidrossanitário da construção analisada foram vazamentos, entupimentos, infiltrações e odores desagradáveis. Para cada uma dessas ocorrências, foi possível identificar as respectivas medidas preventivas e as manutenções corretivas necessárias – baseados nas NBR 5626/1998 e NBR 8160/1999 e nas referências utilizadas neste trabalho – para solucionar os problemas de forma eficiente, contribuindo para a melhoria do desempenho do sistema e para o conforto dos usuários.
Para eliminar odores desagradáveis nos ambientes, é essencial garantir a correta fixação dos anéis de vedação nas bacias sanitárias. O processo envolve a limpeza e secagem completas das superfícies de aplicação para assegurar uma boa aderência. Realize a limpeza periódica de ralos e sifões de louças, tanques e pias, removendo resíduos que possam causar entupimentos e mantendo o fecho hídrico com a aplicação de água. Essa prática simples previne o mau cheiro proveniente da rede de esgoto.
A NBR 8160/1999 regula as instalações prediais de esgoto e recomenda o uso de sifões com fecho hídrico de 50 mm. Para garantir seu funcionamento adequado, o sifão deve ser instalado corretamente, mantendo sempre o fecho hídrico cheio de água. Caso o sifão não seja utilizado por mais de um mês, é necessário substituí-lo, pois o fecho pode ser comprometido devido à falta de uso dos aparelhos sanitários.
Figura 06. Sifão instalado corretamente.
Vazamentos nas tubulações prediais podem ser causados por diversos fatores, como o envelhecimento natural dos materiais, que fragiliza os componentes do sistema de alimentação. Além disso, a falta de qualificação profissional desempenha um papel significativo nas falhas nas instalações, já que a execução inadequada das técnicas e o uso de práticas incorretas resultam em prejuízos para os usuários e comprometem a eficiência do sistema de abastecimento, como se aplica na patologia da figura 03 e 04.
Para correção dos vazamentos apresentados, o sifão deve ser desmontado, e a vedação deve ser refeito corretamente, utilizando anéis de vedação adequados para garantir que não haja fuga de água. Caso o sifão esteja danificado ou com vazamentos contínuos mesmo após o reparo, ele deve ser substituído por um novo componente, garantindo que o fecho hídrico esteja funcionando corretamente.
A principal forma de correção das infiltrações identificadas, em destaque a figura 06, é a partir da inspeção do ralo, para verificar falhas na vedação ou rachaduras. Caso seja necessário, o ralo deve ser removido e reinstalado com uma nova vedação adequada, utilizando material resistente à água. As conexões de esgoto e as tubulações devem ser verificadas quanto a vazamentos e reparadas ou substituídas conforme necessário.
Para correção da infiltração da figura 07, deve-se substituir o registro de pressão defeituoso, garantindo que o novo componente seja compatível e de boa qualidade para evitar vazamentos futuros. Após a instalação do novo registro, é importante garantir que todas as conexões estejam bem vedadas para evitar qualquer tipo de vazamento nas juntas ou roscas. A área afetada pela infiltração na parede deve ser reparada, com a remoção de materiais danificados, como pintura e gesso, e a readequação da superfície. Durante a instalação do registro de pressão, garantir que todos os componentes sejam instalados de acordo com as especificações técnicas, evitando o uso de peças inadequadas
As tubulações hidráulicas podem entupir por vários motivos, como falta de manutenção e efeitos do temp. No entanto, a principal causa costuma ser o descarte inadequado de materiais, o que gera sérios problemas. Para evitar esses transtornos, é essencial realizar manutenções periódicas, já que o uso de materiais de baixa qualidade e o desgaste natural podem prejudicar as instalações e resultar em vazamentos.
As patologias relacionadas ao entupimento de tubulações são comuns em sistemas prediais de esgoto e reforçam a importância dos cuidados com a manutenção. A prevenção, como evitar o descarte de materiais nas tubulações e realizar revisões regulares, é fundamental para a saúde do sistema hidráulico e para prevenir problemas nas instalações.
Em se tratando da presença de ar nas tubulações, a instalação de um tubo ventilador (ou suspiro) é fundamental, pois ele permite a expulsão das bolhas de ar, otimizando o funcionamento do sistema. Esse problema ocorre, geralmente, quando há esvaziamento da rede devido à falta de água, ao retornar o abastecimento, o ar pode ficar preso na tubulação, dificultando a passagem de água. Nesse caso, a ventilação adequada possibilita a remoção do ar acumulado, garantindo o bom desempenho das instalações hidrossanitárias. O tubo deve ter sua extremidade (final) totalmente livre e estar sempre acima do nível máximo de água do reservatório para expurgar o ar existente no interior das instalações. O diâmetro do tubo de ventilação deve ser no mínimo igual ao diâmetro do tubo que desce se possível ser de um diâmetro maior.
Essas soluções são essenciais para corrigir e prevenir problemas comuns em sistemas hidrossanitários, ajudando a manter a eficiência e a integridade das instalações.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização deste estudo possibilitou a identificação e análise detalhada das patologias presentes nos sistemas hidrossanitários, suas origens, impactos e soluções adequadas. Essa abordagem é essencial para assegurar a integridade estrutural da edificação, promovendo não apenas a segurança, mas também o conforto e bem-estar dos seus usuários.
Com base nas análises realizadas, destacou-se a importância essencial de seguir as normas técnicas aplicáveis aos sistemas prediais de água fria e esgoto sanitário, além de garantir práticas adequadas de desempenho e manutenção das edificações. O descumprimento dessas normas pode gerar impactos consideráveis, comprometendo o funcionamento correto e seguro da edificação.
Os resultados apontaram que, durante as visitas técnicas realizadas nos edifícios de estudo, foi possível observar manifestações patológicas frequentes, como vazamentos, mau cheiro, infiltrações e entupimentos. O uso inadequado de fechos hídricos, a má vedação em tubulações, a má utilização das peças hidrossanitárias e a incorreta instalação das peças hidráulicas, estão entre as principais patologias hidrossanitárias, impactando negativamente os sistemas hidrossanitários.
O diagnóstico detalhado dessas patologias proporcionou uma melhor compreensão do estado dos sistemas hidrossanitários, permitindo a aplicação de medidas eficazes para conter e evitar a evolução dos problemas. Além disso, o processo evidenciou a necessidade de conscientização dos moradores e profissionais sobre cuidados essenciais para a preservação dessas instalações.
Esta pesquisa teve como objetivo identificar, analisar e propor soluções, tanto preventivas quanto corretivas, para tais problemas, considerando a falta de conhecimento das normas vigentes e possíveis falhas na leitura e execução dos projetos. Como recomendação para estudos futuros, sugere-se aprofundar a análise das patologias associadas aos sistemas hidrossanitários. Investigações mais detalhadas poderão contribuir significativamente para prevenir falhas, reduzir custos de manutenção e mitigar riscos para os usuários, promovendo maior eficiência e segurança nas edificações.
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1Discente do Curso Superior de Engenharia Civil do Centro Universitário Santo Agostinho e-mail:
88899594matheus@gmail.com
2Docente do Curso Superior de Engenharia Civil do Centro Universitário Santo Agostinho. Pós-Graduação em Engenharia Ambiental e Urbana (UNIFAL). e-mail: prof.giljunior@gmail.com
3Discente do Curso Superior de Engenharia Civil do Centro Universitário Santo Agostinho e-mail: brunoleal1999@hotmail.com