REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202504160859
Luciano Augusto Maia Rezende Filho
Macerlane de Lira Silva
Caio Visalli Lucena da Cunha
Ankilma do Nascimento Andrade Feitosa
RESUMO
Introdução: O Diabetes Mellitus (DM) é considerado uma doença grave, crônica, de evolução lenta e progressiva, caracterizada por altas concentrações de glicemia plasmática decorrente de distúrbio metabólico no pâncreas. A patogênese do DM, está centrada, basicamente, na produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. As principais complicações do DM envolvem: neuropatia diabética, doença renal, glaucoma, catarata, problemas arteriais e amputações, aterosclerose. Objetivo: Promover estratificação das complicações do diabetes mellitus na cidade de Brejo do Cruz, Paraíba. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa exploratória de campo, quantitativa, do tipo documental. A pesquisa será realizada no município de Brejo do Cruz, Paraíba, nas unidades básicas de saúde Manuel Cícero Dantas, Maria Olívia Maia, Alderi Gomes Fernandes, Francisco Alves Feitosa, Dr. Evilásio Olimpio Maia, utilizando o sistema de pesquisa SISAB. A população e amostra se baseará no prontuário dos pacientes com DM presentes no SISAB das unidades básicas de saúde supracitadas. Para coleta de dados, serão feitas visitas em cada unidade básica de saúde (UBS), acessado o sistema e coletado os dados dos pacientes com DM do município utilizando como ferramenta o SISAB. Resultados esperados: Espera-se que este estudo ofereça uma análise objetiva e abrangente das possíveis complicações decorrentes do diabetes, proporcionando aos profissionais contribuição para a melhoria da assistência a essa linha de cuidado.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus, Complicações, Insulina, Brejo do Cruz.
1 INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus (DM) é considerada uma doença grave, crônica, de evolução lenta e progressiva, caracterizada por altas concentrações de glicemia plasmática decorrente de distúrbio metabólico no pâncreas. A patogênese do DM, está centrada, basicamente, na produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo (ARAÚJO, GARDENIA MENEZES. 2017).
É relevante destacar que o diabetes mellitus é uma doença de caráter global e em franco crescimento. Em 2017, a Federação Internacional do Diabetes (IDF) estimou que 8,8% da população mundial com 20 a 79 anos de idade vivia com diabetes mellitus, o que corresponde a cerca de 424,9 milhões de pessoas. Projeções feitas pela mesma federação estimam que em 2045, esse número seja de 628,6 milhões de pessoas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. 2019). No Brasil, o Ministério da Saúde (2022) destaca que existem cerca de 13 milhões de pessoas vivendo com o DM, o que representa cerca de 6,9% da população nacional. Na Paraíba, cerca de 5,3% da população possui diagnóstico de diabetes mellitus, o que corresponde a cerca de 209 mil. Somando a esse contexto, a Sociedade Brasileira de Diabetes (2022) apresenta que cerca de 50% dos casos de DM no adulto não são diagnosticados. (FALCÃO, J. 2016)
O aumento da prevalência do diabetes está diretamente relacionado a fatores, como rápida urbanização, transição epidemiológica, transição nutricional, maior frequência de estilo de vida sedentário, maior frequência de excesso de peso, crescimento e envelhecimento populacional e, também, à maior sobrevida dos indivíduos com diabetes (GARCIA, GEORBELIS LEGUEN. 2018)
Quanto ao diagnóstico, um ponto marcante é que as alterações fisiopatológicas precedem em muitos anos a confirmação da doença, que é feita, fundamentalmente, analisando-se as alterações da glicose plasmática de jejum ou após uma sobrecarga de glicose por via oral. (Brasil. 2022). Os critérios padrões que envolvem o diagnóstico baseiam-se, tradicionalmente, em determinações glicêmicas, em jejum, ao acaso ou durante a prova de tolerância à glicose oral com 75g, além da clínica do paciente (CAVALHEIRO, M, 2020).
Independente da classificação do DM do paciente, é essencial que haja um controle nutricional e mudança no estilo de vida. O controle metabólico é apontado como a pedra angular do manejo do diabetes, pois alcançar um bom controle reduz o risco de complicações microvasculares e pode, também, minimizar as chances de doenças cardiovasculares (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019). Ademais, é importante estimular a prática de exercícios físicos e reduzir/cessar hábitos como o tabagismo e alcoolismo.
O tratamento do paciente diabético tem como objetivo reduzir o índice de complicações inerentes à doença e evitar descompensações que coloquem o indivíduo em risco de vida, além de aliviar os sintomas. Para isso, deve-se propor medidas não-farmacológicas para todos os pacientes. Deve-se aplicar, também, medidas farmacológicas, sendo esta variável de acordo com a classificação do diabetes (VILAR, LÚCIO. 2020).
Assim, nota-se que a abordagem desse tema é fundamental para todo um desenvolvimento social, ajudando a identificar meios para melhores abordagens dos pacientes, um melhor direcionamento e maior eficácia dos gastos públicos em âmbito municipal, estadual, regional e nacional.
Com o presente trabalho, há o desejo de expor a atual situação do DM no município de Brejo do Cruz-Pb, aumentar o debate sobre o assunto, trazer à tona os possíveis problemas e soluções e, dessa forma, melhorar a qualidade de vida na sociedade.
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
Realizar a estratificação de riscos e complicações do diabetes mellitus na cidade de Brejo do Cruz, Paraíba.
2.2 ESPECÍFICO
- Traçar o perfil clínico dos pacientes com diabetes mellitus no município de Brejo do Cruz-PB.
- Estimar a prevalência das principais complicações.
- Averiguar os fatores de risco para possíveis complicações
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 DIABETES MELLITUS: DEFINIÇÃO E FATORES DE RISCO
O diabetes mellitus é uma síndrome do metabolismo defeituoso de carboidratos, lipídios e proteínas, causada tanto pela ausência de secreção de insulina como pela diminuição da sensibilidade dos tecidos à insulina. (GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 14. ed. 2021). A Organização Mundial da Saúde (OMS), classifica o diabetes mellitus em tipo 1 (DM1), tipo 2 (DM 2), Diabetes Gestacional e outros tipos específicos de DM. O DM tipo 1 é comumente mediado por processo autoimune, predominante na infância, enquanto o DM tipo 2, forma mais prevalente (corresponde a quase 90% do total de casos registrados no mundo), está associada ao envelhecimento da população e ao estilo de vida da sociedade moderna. O DM gestacional é aquela que se inicia durante a gestação atual, sem ter previamente preenchido os critérios diagnósticos de DM. (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DO DIABETES, 2019)
A patogênese do DM está diretamente relacionada com a produção e ação da insulina, que é um hormônio produzido no pâncreas e a sua principal função é a quebra de glicose (açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo. Com a ação insuficiente da insulina e/ou baixa produção e altos níveis de glicose, instaura-se o diabetes mellitus e, com isso, o maior risco para toda uma série de complicações, afetando coração, artérias, olhos, rins e nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte. A combinação desses fatores, cronicamente, resulta no surgimento de uma série de complicações como angiopatia, nefropatia, retinopatia, neuropatia e entre outras. Isso acaba por reduzir a expectativa de vida e o bem-estar social do paciente com diabetes mellitus. (BRASIL, 2022).
Os fatores de risco para o DM são: idade maior que 45 anos; sobrepeso (Índice de massa corporal > 25); obesidade central (cintura abdominal >102 cm para homens e >88cm para mulheres, medida na altura das cristas ilíacas); antecedente familiar (mãe ou pai) de diabetes; hipertensão arterial (>140/90 mmHg); colesterol HDL >35 mg/Dl e triglicerídeos >150 mg/Dl; história de macrossomia ou diabetes gestacional; diagnóstico prévio de síndrome de ovários policísticos e doença cardiovascular, cerebrovascular ou vascular periférica (DIAS, FLAVIA APARECIDA. 2012)
Os critérios diagnósticos baseiam-se na avaliação clínica e laboratorial do paciente. Os sintomas clássicos do DM, como poliúria, polidipsia e polifagia, associadas à perda ponderal, são bem mais característicos. A análise laboratorial baseia-se na glicose plasmática de jejum (8 horas), nos pontos de jejum e de 2h após sobrecarga oral de 75g de glicose (teste oral de tolerância à glicose – TOTG) e na medida da glicose plasmática casual. O diagnóstico é feito quando há uma glicemia plasmática de jejum ≥ 126 mg/dl, glicemia duas horas após sobrecarga de 75g de glicose anidra ≥ 200 mg/dl, HbA1c ≥ 6,5%, sendo necessários dois exames alterados para confirmação diagnóstica. (VILAR, LÚCIO. 2020).
Como já citado, o tratamento do diabetes mellitus envolve medidas farmacológicas e não farmacológicas. Assim, além de mudança de hábitos de vida, deve haver um tratamento farmacológico, que sofrerá alterações de acordo com a classificação do DM do paciente: Os pacientes que apresentam diabetes do Tipo 1 e DM gestacional precisam de injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em valores considerados normais. Já para os pacientes que apresentam diabetes Tipo 2, o tratamento consiste em identificar o grau de necessidade de cada pessoa e indicar, conforme cada caso, podendo-se utilizar inibidores de alfablicosidase, sulfanilureias e glinidas (BRASIL, 2022)
3.2 COMPLICAÇÕES DECORRENTES DO DIABETES MELLITUS
As complicações crônicas do diabetes mellitus (DM) são decorrentes principalmente do controle inadequado, do tempo de evolução e de fatores genéticos da doença. Na hiperglicemia crônica, provocada pelo DM, a glicose forma pontes covalentes com as proteínas plasmáticas através de um processo não enzimático, conhecido como glicação. A glicação proteica e a formação de produtos finais de glicação avançada (AGEs) desempenham um papel importante na patogênese das complicações diabéticas. A glicação das proteínas interfere nas funções normais pela modificação das conformações moleculares, alterando a atividade enzimática e interferindo no funcionamento dos receptores (GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 14. ed. 2021)
As complicações crônicas microvasculares englobam a nefropatia diabética, a retinopatia diabética e a neuropatia diabética. As complicações crônicas macrovasculares, como o próprio nome diz, são resultantes de alterações nos grandes vasos e causam infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica. Outro ponto a ser relatado é que as complicações vasculares como infarto, acidente vascular cerebral, são três vezes mais comuns em pacientes portadores de diabetes mellitus, sendo responsável por até 80% dos óbitos nos pacientes com essa doença (TSCHIEDEL BALDUINO, 2014).
3.2.1 Angiopatia diabética
Quando as proteínas plasmáticas e da membrana celular estão expostas a concentrações elevadas de glicose por períodos prolongados elas sofrem glicação não-enzimática (forma os AGEs) podendo se depositar na camada subendotelial e induzir disfunção endotelial. Com efeito, AGEs (produtos finais da glicação avançada) podem inativar o óxido nítrico e daí determinar impedimento da vasodilatação endotélio-dependente. Também se mostrou que podem aumentar a permeabilidade vascular e a sua captação por macrófagos subendoteliais resulta em ativação da resposta local inflamatória, também contribuindo para o estresse oxidativo. Outro fator que revelou aumento do estresse oxidativo foi o acentuado aumento do metabolismo da glicose (aumenta o número de radicais livres e consequentemente, a oxidação). Uma das principais consequências desse estresse oxidativo é a redução da quantidade de prostaciclina, causando vasoconstrição (WAJCHENBERG, BERNARDO LÉO. 2012).

(WAJCHENBERG, BERNARDO LÉO. 2012).
Outro ponto a se destacar, é que a glicação enzimática fará, ainda, com que componentes celulares, como plaquetas, se tornem hiperreativos, aumentando a agregação e a estase, predispondo a formação de trombos. Além disso, a formação de pontes cruzadas entre os AGEs e o colágeno, assim como com a elastina, causa um aumento na área de matriz extracelular, o que conduz a um aumento da rigidez vascular (JÚNIA, H.P. BARBOSA, et al. 2018)
3.2.2 Nefropatia Diabética
A nefropatia diabética é uma complicação crônica do DM que afeta 20% – 30% dos pacientes, seja com o DM 1 ou 2. Essa nefropatia se caracteriza por lesões glomerulares específicas associadas ao aumento gradual da albumina urinária, presença de hipertensão arterial e diminuição da taxa de filtração glomerular (AGAPITO, A, 2021)
O comprometimento glomerular no DM inicia-se, geralmente, cinco a 10 anos depois da evolução do diabetes, apresentando um aumento de incidência após 15 anos de doença. Inicialmente, o indivíduo apresenta aumento da taxa de filtração glomerular devido a uma vasodilatação da arteríola aferente (principalmente, devido uma hiperfunção de um cotransportador tubular de sódio e glicose chamado SGLT-2, que tem a função de reabsorver essas substâncias. No diabético, ele está hiperfuncionante. Com isso, mais sódio e glicose serão reabsorvidos. O filtrado glomerular, ao chegar no túbulo contorcido distal, onde há a mácula densa, com pouco sódio, estimulará a vasodilatação da arteríola aferente), aumentando o volume sanguíneo, a pressão e a taxa de filtração intraglomerular. Essa hiperfiltração glomerular levará a uma lesão direta e progressiva do glomérulo (AZEVEDO, GABRIELLE, ET ALL, 2012).
Outra consequência do aumento da pressão glomerular, é um estiramento da parede do glomérulo, que causa lesão glomerular e do endotélio. A partir disso, ocorre ativação do sistema de coagulação, ativação plaquetária, acúmulo de fibrina, formação de microtrombos, oclusão capilar e uma isquemia renal. Além disso, a hipertensão glomerular, irá levar a uma ruptura, apoptose e necrose dos podócitos. Com isso, há uma redução da barreira de filtração e início de passagem de proteínas maiores, como albumina (microalbuminúria) (FREITAS, GIORDANNE. 2018).
A hiperglicemia pode causar uma glicação das proteínas plasmáticas e endoteliais, alterando as suas funções e alterar a sua carga elétrica, reduzindo a repulsão elétrica de diversas proteínas sanguíneas, que passam a atravessar a barreira de filtração (FREITAS, GIODANNE, 2018).
A hiperglicemia também aumenta a liberação de renina-angiotensina-aldosterona, que induz a formação de fatores de crescimento e hipertrofia da matriz extracelular glomerular, causando uma progressão da patogênese da nefropatia. Com o avançar da doença, a proteinúria começa a ter originalidade glomerular e tubular, os túbulos renais perdem a sua capacidade de reabsorção das proteínas filtradas (macroalbuminemia), possibilitando assim o desenvolvimento da doença renal crônica (insuficiência renal terminal) (AZEVEDO, GABRIELLE, ET ALL, 2012).
3.2.3 Neuropatia Diabética
A neuropatia diabética é a complicação tardia mais frequente do diabetes (50% dos pacientes apresentarão essa complicação). Ela constitui um grupo heterogêneo de manifestações clínicas ou subclínicas, que acometem o sistema nervoso periférico (SNP) como complicação do diabetes mellitus (DM). A maioria dos pacientes sintomáticos experimentam sintomas sensitivos positivos (resposta excessiva a um estímulo ou espontaneamente), como parestesias e dor, porém, em alguns casos podem apresentar ataxia proprioceptiva. São referidas como sensações de dormência, formigamento, desequilíbrio e quedas, choques, picadas e principalmente queimação. Distribuem-se nas extremidades dos MMII, podendo evoluir para os MMSS e caracteristicamente os pacientes relatam piora noturna. Porém, o quadro pode evoluir para sintomas sensitivos negativos (resposta reduzida a um determinado estímulo), os quais são referidos como perda da sensibilidade no segmento envolvido (NASCIMENTO, O. J. M. DO, 2016).
Dois fatores contribuem para o aparecimento da neuropatia diabética no DM, sendo um fator metabólico e um fator vascular: Quanto ao fator metabólico, em uma situação de hiperglicemia, a glicose penetra em níveis anormalmente altos dentro dos nervos periféricos e é convertida em sorbitol pela enzima aldose redutase presente normalmente no axonoplasma. O acúmulo de sorbitol intracelular provoca diminuição do transporte ativo de vários metabólitos entre eles o mioinositol, o qual altera os mecanismos de regulação intracelular, reduzindo da enzima sódio-potássio-ATPase e, consequentemente, a atividade da bomba de sódio-potássio. O resultado é uma alteração do potencial de ação neuronal, reduzindo a velocidade de condução e função normal do nervo periférico (CARNEIRO, ARMANDO PEREIRA, ET AL. 2012).
Já quando se trata do fator vascular, a microangiopatia causada pelo DM, decorrente da vasoconstrição, leva a uma hipoxia neuronal como resultado da irrigação endoneural. O resultado disso é uma isquemia neuronal e uma posterior perda de função (CARNEIRO, ARMANDO PEREIRA, ET AL. 2012).
O diagnóstico dessa complicação envolve manifestações clínicas e testes como eletroneuromiografia, teste quantitativo de sensibilidade, potencial evocado. Já o tratamento, envolve o controle glicêmico rigoroso para estabilização do quadro. Alguns fármacos em estudo buscam tentar restabelecer a função do nervo, mas ainda não há dados conclusivos. (NASCIMENTO, O. J. M. DO, 2016
3.2.4 Retinopatia Diabética
A retinopatia diabética (RD) é a principal causa de novos casos de cegueira entre 20 e 74 anos. Quase 100% dos pacientes com DM1 apresentarão retinopatia após 15 anos de doença (BOSCO, A, et al, 2015)
As principais alterações são decorrentes da angiopatia diabética. A progressão da doença causa diminuição da perfusão capilar, com várias hemorragias intrarretinianas, alterações no calibre venoso e anormalidades microvasculares na retina. Ela pode ser classificada em retinopatia não proliferativa (RDNP) e proliferativa (RDP) (TSCHIEDEL BALDUINO. 2014).
A RDNP é caracterizada por alterações intra-retinianas associadas ao aumento da permeabilidade capilar e à oclusão vascular que pode ou não ocorrer nesta fase. Encontraremos, portanto, nesta fase, microaneurismas, edema macular e exsudatos duros (extravasamento de lipoproteínas). Este nível deve ser esperado em quase todos os pacientes com aproximadamente 25 anos de DM, e em muitos casos pode não haver evolução significativa. A progressão da RDNP está associada à presença de extensas áreas de isquemia capilar caracterizada pelos exsudatos algodonosos (redução do fluxo axoplasmático das células da camada de fibras nervosas); veias tortuosas e dilatadas, em formato de contas; hemorragias na superfície da retina (hemorragia em chama de vela) e pelas anormalidades microvasculares intra-retinianas. (BOSCO, A, et al, 2015)
Quando a neovascularização aparece na interface vítrea da retina, a retinopatia é considerada então estágio proliferativo, a chamada RDP. A neovascularização origina-se usualmente no disco óptico e/ou nas grandes veias da retina, podendo estender-se para o vítreo (7,18,45). Esse é um estágio bastante grave, pois o rompimento dos vasos neoformados pode causar sangramentos maciços na cavidade vítrea e/ou no espaço pré-retiniano, resultando (40,41) no aparecimento de sintomas visuais como os “pontos flutuantes” ou “teias de aranha” no campo visual e/ou a perda da visão se não tratado a tempo (BOSCO, A, et al, 2015).
O diagnóstico envolve o exame oftalmológico completo incluindo a oftalmoscopia (direta e indireta) e a biomicroscopia da retina sob midríase medicamentos, sendo fundamental para a detecção (86%) e estadiamento da retinopatia. A documentação fotográfica (retinografia) também é importante para a detecção, ou seja, a avaliação da progressão da doença e dos resultados do tratamento (TSCHIEDEL BALDUINO. 2014).
O tratamento envolve medidas intervencionistas e não-intervencionistas. A principal forma de tratamento envolve a fotocoagulação a laser no edema macular. Isso atua na oclusão dos microaneurismas diminuindo o extravasamento destes vasos incompetentes e estimulando o EPR, reduzindo a degeneração dos fotorreceptores e a progressão da perda da acuidade visual central. Medidas não intervencionistas ainda estão em fase de testes com alguns resultados promissores, como de inibidores angiogênicos como interferon, e inibidores da proteína quinase, mas os resultados ainda não são conclusivos.
3.3 Tipo de estudo
Tratou-se de uma pesquisa exploratória de campo, quantitativa, do tipo documental. Na pesquisa de campo, os resultados obtidos foram discutidos, examinados e ponderados no contexto do conhecimento já existente, que foram adquiridos através dos métodos de coleta dos dados presentes no projeto. O material de estudo que possibilitou a coleta de dados (informações colhidas no SISAB), foi analisado de acordo com o objetivo da pesquisa, a fim de obter melhores resultados. (DUARTE; FURTADO, 2022)
De acordo com Fontelles e colaboradores (2009), a pesquisa quantitativa é expressa sob a forma de dados numéricos e emprega rígidos recursos e técnicas estatísticas para analisar e classificar os dados obtidos durante sua coleta e interpretação. Além disso, apresenta maior confiabilidade e precisão, pois seus dados são passíveis de generalização, já que seu público-alvo da pesquisa apresenta grande fidelidade, isto é, a população de onde foi retirada (FONTELLES et al., 2009).
Ao ser documental, a pesquisa utiliza fontes primárias, isto é, dados e informações que ainda não foram tratados científica ou analiticamente, as quais podem ser feitas no momento da pesquisa ou depois (MARCONI; LAKATOS, 2019)
3.4 Local da pesquisa
A pesquisa foi realizada no município de Brejo do Cruz, Paraíba, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) Manuel Cícero Dantas, Maria Olívia Maia, Alderi Gomes Fernandes, Francisco Alves Feitosa, Dr. Evilásio Olimpio Maia, utilizando o sistema de pesquisa SISAB (Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica), assim como prontuários disponíveis nas referidas UBSs.
O SISAB é uma estratégia do Departamento de Saúde da Família do Ministério da Saúde e que tem como objetivo ampliar a gestão da informação, a automação dos processos, a melhoria das condições de infraestrutura e a melhoria dos processos de trabalho. Esse sistema integra informações da coleta de dados simplificado (CDS), prontuário eletrônico do cidadão (PEC) e aplicativo para dispositivos móveis para a atenção domiciliar (appAD), sendo um processo essencial na obtenção de informações (BRASIL, 2020).
3.5 População e Amostra
O estudo teve como população pessoas que convivem com DM e desenvolveram complicações decorrentes da cronicidade da doença. Os dados utilizados para o estudo compõem o banco de dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB).
Para composição da amostra serão aplicados os seguintes critérios de elegibilidade:
3.6 Critérios de Inclusão e Exclusão
Foram incluídos todos os prontuários de pacientes com diagnóstico de diabetes mellitus que residem nas áreas de abrangência das referidas UBSs, que façam acompanhamento com equipe de saúde e que dispunham de informações sobre a doença e suas possíveis complicações. Foram excluídos, os prontuários dos pacientes com alguma outra patologia que não corresponderam ao foco da pesquisa ou que estiveram com dados incompletos.
3.7 Procedimento de Coleta de Dados
Para coleta de dados, foram feitas visitas em cada unidade básica de saúde (UBS), acessado o sistema e coletado os dados dos pacientes com DM do município utilizando como ferramenta do SISAB. Foi analisada e feita a estratificação das principais complicações do DM. O estudo foi feito entre os anos de 2023-2024.
3.8 Instrumento de Coleta de Dados
Para coleta das informações foi utilizado um formulário dispondo as variáveis selecionados para composição do estudo: Idade, gênero, estado civil, escolaridade, UBS de referência, exames laboratoriais realizados, possíveis complicações decorrentes do diabetes mellitus presentes nos prontuários analisados, incluindo a neuropatia diabética, doença renal, glaucoma, catarata, problemas arteriais e amputações, aterosclerose.
4 ANÁLISE DOS DADOS
Inicialmente, os dados foram organizados em uma planilha no programa Microsoft Excel e, posteriormente, transferido para o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22.0, sendo estes analisados através de estatísticas descritivas. As variáveis quantitativas foram apresentadas em termos de seus valores de tendência central (média) e de dispersão (desvio padrão) e as variáveis qualitativas serão apresentadas em termos de seus valores absolutos e relativos. As análises comparativas foram realizadas pela aplicação do teste qui-quadrado, sendo utilizado um nível de significância de 5% (p<0,05).
5 RESULTADO
Análise dos dados
Os dados foram analisados e apresentados de acordo com a frequência absoluta e relativa. As análises comparativas foram realizadas pela aplicação do teste qui-quadrado, sendo utilizado um nível de significância de 5% (p<0,05).
A amostra do estudo foi composta por 911 diagnosticados com diabetes mellitus, usuários da Unidade Básica de Saúde do município de Brejo do Cruz, Paraíba. É possível observar que o perfil dos pacientes diabéticos da referida unidade é caracterizado majoritariamente por indivíduos do sexo feminino (61,1%), idosos (53,8%), aposentado ou pensionista (30,2%), de cor parda (59,9%), com ensino fundamental incompleto (46,8%) e sem nenhuma deficiência (91,1%) (Tabela 1).
6 Tabela 1. Características da amostra analisada

7 Na Tabela 2 é apresentada a descrição das comorbidades ou condições de risco relatadas pelos participantes do estudo. A comparação entre as categorias “sim” e “não” de cada variável apresentou uma diferença estatisticamente significativa (p<0,05).
8 Tabela 2. Comorbidades ou condições associadas relatadas pela amostra.

11 DISCUSSÃO
A partir da pesquisa feita entre a população diabética da população do município de Brejo do Cruz, perante os resultados obtidos, pode-se destacar maior prevalência da doença entre a população feminina, seguindo a tendência observada em nível nacional (BRASIL, 2021). Esse achado pode ser atribuído à maior procura pelos serviços de saúde por parte das mulheres, o que favorece o diagnóstico precoce de condições crônicas, como o diabetes mellitus tipo 2 (DM2).
Outro fator relevante identificado foi a associação entre baixa escolaridade e maior risco de DM2. Entre os indivíduos diagnosticados, 62,2% possuíam menos de quatro anos de escolaridade. Essa correlação pode ser explicada pela dificuldade de compreensão e adoção de práticas de autocuidado, prejudicando o manejo adequado da doença. Resultados semelhantes foram observados em estudos realizados no México, onde 70% da população diabética apresentava baixa escolaridade (GONZALES-PEDRASA et al., 2010), e no Brasil, em Ribeirão Preto, onde a média de escolaridade entre pacientes com DM2 foi de quatro anos e meio (OLIVEIRA, et al 2011). Esses dados reforçam a necessidade e maior impacto das políticas públicas educacionais na saúde populacional, uma vez que a baixa escolaridade está associada não apenas a piores condições socioeconômicas, mas também a uma redução na expectativa de vida, estimada em seis anos para indivíduos diabéticos (RODRIGUES, et al, 2012).
Observou-se ainda uma crescente incidência de DM2 em faixas etárias mais jovens. No presente estudo, 46% dos diagnosticados tinham menos de 60 anos, embora a doença ainda predominasse em idosos. Dados epidemiológicos indicam um aumento de 56% nos casos de DM2 entre adolescentes e adultos jovens (15 a 39 anos) entre os anos de 1990 e 2019, passando de 117/100 mil habitantes, para 183/100 mil habitantes (NSC-Risc, 2020). Esse fenômeno pode ser atribuído ao aumento da obesidade, ao sedentarismo e ao consumo de alimentos ultraprocessados, fatores que contribuem para o desenvolvimento precoce da doença e suas complicações, como doenças cardíacas e renais, impactando não apenas a morbimortalidade, mas também a economia devido aos custos associados ao tratamento (OMS, 2021).
Em se tratando das relações entre, ter diabetes e apresentar comorbidades e/ou condições de risco para complicações, é possível observar no estudo (tabela 2), que todos os participantes expressaram uma ou mais, apresentando significância estatística (p<0,05), indicando forte associação entre as comorbidades analisadas e a complicação do DM2.
Dentre as condições mais fortemente correlacionadas ao hábito de ingerir bebida alcoólica (relação<0,001), ocorre em cerca de 1,5% dos pacientes com diagnóstico de diabetes. A relação entre o consumo de álcool e a complicação do DM2 é complexa, podendo variar conforme a quantidade e a frequência do consumo. Enquanto o consumo moderado pode ter efeitos ambíguos na glicemia, o excesso está associado à hiperglicemia e ainda agravando a resistência à insulina (PIMAZONI NETO,2020).
Um outro ponto que deve ser levado em consideração é que bebidas alcoólicas podem ser ricas em calorias e, quando consumidas em excesso, podem contribuir para o ganho de peso e a obesidade, que são fatores de risco significativos no agravamento do quadro clínico e para o desenvolvimento de complicações.
Na atual pesquisa, 6,2% dos participantes possuía alguma doença cardíaca revelando que, pessoas especialmente com DM2, têm um risco significativamente maior de desenvolver doenças cardiovasculares. O risco de doenças cardíacas em indivíduos com diabetes pode ser duas a quatro vezes maior do que em pessoas sem diabetes (FURTADO, POLANCZYK, 2007) . O estudo demonstrou que 66% dos indivíduos possuem o diagnóstico de hipertensão associada ao diabetes. Isso ocorre porque o excesso de glicose no sangue pode danificar os vasos sanguíneos, causando a angiopatia diabética, e afetar o funcionamento dos rins, que também são responsáveis pelo controle da pressão arterial. Esses fatores, quando combinados, aumentam ainda mais o risco de eventos cardíacos.
Analisando o histórico cardiovascular foi identificado que no município estudado, 3,84% dos diabéticos apresentaram episódio de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e cerca de 2,5% dos indivíduos evoluíram com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Entre os fatores de risco está a angiopatia diabética que, como já citado anteriormente, predispõe o indivíduo diabético ao risco elevado de apresentar insuficiência cardíaca e IAM. Alguns eventos ajudam a explicar essa complicação, como o fato do DM2 está frequentemente associado a outros fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, dislipidemia e obesidade. Além disso, a angiopatia causada pela doença, pode levar a danos nos vasos sanguíneos e nas artérias, um processo conhecido como aterosclerose que é a formação de placas nas paredes das artérias, restringindo o fluxo sanguíneo e aumentando o risco de infarto, ainda promovendo disfunção plaquetária, predispondo a fenômenos isquêmicos e hemorrágicos em diversos órgãos, entre eles, o cérebro.(JÚNIA, H.P. BARBOSA, et al. 2018).
Esse fato é corroborado pelo Ministério da saúde (2018), o qual afirma que o risco de um indivíduo diabético desenvolver um IAM pode quadruplicar quando comparado a um indivíduo sem o diagnóstico da doença. Logo, destaca-se que o controle rigoroso dos níveis de glicose no sangue, da pressão arterial e dos lipídios é fundamental para reduzir este risco. Ainda, mudanças no estilo de vida, como dieta saudável, atividade física regular e, quando necessário, medicação, são essenciais. Contudo, nesse estudo, 73,3% dos pacientes diabéticos cadastrados possuem o peso adequado. Porém, esse evento pode ser explicado pelo fato do diabetes cursar com uma importante perda de peso o que, cronicamente, retornaria o indivíduo a faixa normal de peso.
Em se tratando de hábitos, a pesquisa encontrou que 9,8% dos pacientes com diabetes possuem o hábito de fumar, sendo apresentada uma relação moderada. O tabagismo está associado a um aumento do risco de desenvolver complicações do DM, especialmente o tipo 2. Algumas relações foram encontradas como o fato do tabagismo poder contribuir para a resistência à insulina, que é uma condição em que as células do corpo não respondem adequadamente à insulina (BARRETO, A. ,2021).
Ademais, Fumar provoca um estado inflamatório no corpo, que pode afetar a função das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. A inflamação crônica pode prejudicar a capacidade do corpo de regular a glicose. Uma outra relação que pode predispor e explicar o fenômeno é que fumantes tendem a ter hábitos de vida menos saudáveis, como uma dieta inadequada e menor nível de atividade física, o que também contribui para o aumento do risco do diabetes. Logo, parar de fumar pode melhorar a sensibilidade à insulina e ajudar no controle dos níveis de glicose no sangue, provocando uma redução do risco de complicações relacionadas à diabetes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,2020).
Um ponto analisado foi que 1,75% dos diabéticos apresentaram alguma doença respiratória. A relação entre diabetes e doenças respiratórias é complexa e envolve uma interação entre fatores metabólicos, inflamatórios e imunológicos. O diabetes pode afetar a função respiratória e aumentar o risco de várias condições respiratórias.
O paciente diabético especialmente os com controle glicêmico inadequado, têm um sistema imunológico comprometido, o que aumenta a vulnerabilidade a infecções respiratórias. Níveis elevados de glicose no sangue podem interferir no funcionamento das células do sistema imunológico, dificultando a resposta eficaz contra patógenos. Isso torna indivíduos diabéticos mais suscetíveis a infecções, como pneumonia, bronquite e infecções do trato respiratório superior, como resfriados e sinusites (CALLIARI; ALMEIDA; NORONHA 2019).
Infecções respiratórias em pessoas com diabetes podem ser mais graves e difíceis de tratar. Por exemplo, a pneumonia pode se agravar mais rapidamente, causando complicações mais sérias, como sepse, devido à resposta inflamatória alterada e à presença de comorbidades associadas ao diabetes. Outras doenças como asma, apneia do sono e DPOC, principalmente quando associado a outros fatores de risco como obesidade e tabagismo podem agravar o quadro. O controle adequado da glicemia, a manutenção de um peso saudável e o tratamento de condições respiratórias associadas podem ajudar a prevenir ou minimizar essas complicações (ROCHA et al, 2002)
Os dados desse, também demonstraram que 2,4% dos diabéticos apresentaram algum tipo de câncer. A relação entre DM e o desenvolvimento de câncer tem sido amplamente estudada, e várias evidências sugerem que pessoas com diabetes, especialmente o tipo 2, têm um risco aumentado de desenvolver certos tipos de câncer, especialmente de fígado, pâncreas, câncer colorretal e até mama. Estudos mostraram que níveis elevados de glicose e insulina podem atuar como um fator de crescimento para células tumorais. Altos níveis de insulina podem promover a proliferação celular e inibir a morte celular programada (apoptose), fatores que podem favorecer o desenvolvimento de câncer. Além disso, o paciente diabético está frequentemente associado a um estado de inflamação crônica de baixo grau (ALVES, SD).
O excesso de glicose e a resistência à insulina podem estimular a produção de mediadores inflamatórios (como citocinas e prostaglandinas) que, por sua vez, podem promover o crescimento e a sobrevivência de células tumorais. Porém, vale destacar que o controle adequado dos níveis de glicose, a prática de atividade física e a manutenção de um peso saudável podem reduzir esse risco. Além disso, tratamentos adequados, como o uso de medicamentos como a metformina, também podem ter efeitos protetores contra o câncer (GAGLIARDI, et al, 2012)
Nesse estudo houve uma correlação moderada entre doença renal e diabetes, sendo encontrada em 4,1% dos pacientes. A associação entre diabetes mellitus e doença renal é clara e crítica, especialmente no desenvolvimento da nefropatia diabética, uma complicação grave que pode levar à insuficiência renal crônica. Como já explicado anteriormente, quando os níveis de glicose no sangue permanecem elevados por longos períodos, isso pode danificar os pequenos vasos sanguíneos dos rins (capilares glomerulares), que prejudicam a capacidade de do rim de exercer a sua função de filtração glomerular e, a longo prazo, lesa de forma irreparável o rim (AZEVEDO, GABRIELLE, ET ALL, 2012).
Além disso, os dados revelaram que, dentre os participantes, duas gestantes apresentaram o diagnóstico de diabetes no município, o que representa 0,2% da amostra estudada. A gestação pode levar ao diagnóstico de diabetes, condição essa que afeta a saúde da mãe e do feto, mas que geralmente desaparece após o parto. No entanto, as mulheres que desenvolvem diabetes gestacional têm um risco aumentado de desenvolver DM2 (DE ALMEIDA, et al., 2024). Normalmente, o pâncreas compensa a resistência produzindo mais insulina. No entanto, em algumas mulheres, o pâncreas não consegue produzir insulina suficiente para superar essa resistência, resultando em níveis elevados de glicose no sangue, o que caracteriza a diabetes gestacional. assim como as outras complicações do diabetes, o controle rigoroso da glicemia, uma alimentação equilibrada, a prática de atividades físicas e o monitoramento constante durante a gestação são essenciais para reduzir riscos e complicações para a mãe e o feto.
Outro dado que emergiu da pesquisa, mesmo não sendo objetivo do estudo, foi uma relação entre o diagnóstico de diabetes e de doenças mentais, ocorrendo em 10,5% dos pacientes. A relação entre diabetes e doenças mentais é complexa e bidirecional, ou seja, o diabetes pode aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde mental, e, por sua vez, as doenças mentais podem impactar o controle e a gestão do diabetes. Pessoas com diabetes têm um risco maior de desenvolver condições, como depressão e ansiedade. No seu estudo Akhaury e Chaware (2022), mostram que a prevalência de depressão em pessoas com diabetes pode ser duas a três vezes maior do que na população geral.Viver com uma condição crônica como o diabetes pode ser estressante e desafiador, levando a sentimentos de frustração, tristeza e ansiedade.
O gerenciamento constante do tratamento do DM, incluindo monitoramento de glicose, dieta e medicação, pode contribuir para o desgaste emocional. Além disso, flutuações nos níveis de glicose no sangue, como hiperglicemia (altos níveis de açúcar) e hipoglicemia (baixos níveis de açúcar), podem afetar o humor e a função cognitiva. Esses episódios podem causar irritabilidade, confusão e, em casos extremos, crises de ansiedade. Desse modo, Programas de educação em diabetes que abordam também a saúde mental podem ser benéficos. O apoio psicológico e grupos de suporte podem ajudar os pacientes a lidar com os desafios emocionais associados ao diabetes.
12. CONCLUSÃO
Apesar da relação estatística significativa entre os riscos estratificados, destaca-se que esses foram aferidos após diagnóstico do diabetes. Logo sugere-se aplicação de estudo de acompanhamento para melhor associação.
Como conclusão do estudo, observou-se que são fatores de risco para desenvolvimento da doença no município: sexo feminino, baixa escolaridade, etnia parda, população idosa, hipertensão arterial sistêmica.
Entre as complicações mais comuns encontram-se infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença renal.
Uma reflexão obtida a partir da pesquisa é que o baixo índice de desenvolvimento social da região acaba contribuindo para a redução da eficácia do tratamento e assim, além da esfera social, esse fato atinge a saúde do indivíduo. Um nível de educação mais básico deve ser atingido, para que as campanhas de conscientização atinjam seu efeito pleno e os cidadãos percebam a importância de evitar o desenvolvimento de um quadro de diabetes mellitus.
Um outro ponto importante a ser ressaltado é que a análise dos dados foi prejudicada pela falta de informações no prontuário eletrônico da rede pública de saúde. Muitos dados não foram preenchidos pelos profissionais de saúde. Assim, informações relevantes deixaram de ser filtradas prejudicando o objetivo final do trabalho.
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