ESTRATÉGIAS PARA COMBATER EPIDEMIAS E PROMOVER A IMUNIZAÇÃO EM POPULAÇÕES VULNERÁVEIS

STRATEGIES TO COMBAT EPIDEMICS AND PROMOTE IMMUNIZATION IN VULNERABLE POPULATIONS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202502260737


Thiago de Sousa Farias1; Samara Santos Torres2; Carolinne Maranhão Melo Marinho Lopes3; Matheus Henrique Silva Queiroz4; Patrícia dos Santos Silva Queiroz5; Márcia Costa da Silva6; João Gabriel Soares de Araújo7; Claumir Gonçalves Medrado Júnior8; Maria de Fátima Pereira dos Santos9; Maria Alda Carneiro de Oliveira10; Ule Hanna Gomes Feitosa Teixeira11; André Luis Bernuzzi Leopoldino12; Dâmarys Larissa Morais Rodrigues13; Melina Even Silva da Costa14


RESUMO

As estratégias para combater epidemias e promover a imunização em populações vulneráveis são essenciais para garantir a saúde pública e reduzir o impacto de surtos de doenças infecciosas. Essas estratégias envolvem a implementação de programas de vacinação eficazes, com foco na educação e conscientização da população, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos, comunidades rurais e minorias. A capacitação contínua dos profissionais de saúde, a utilização de dados para monitoramento de vacinas e o fortalecimento da atenção primária à saúde são pilares fundamentais para alcançar altas taxas de cobertura vacinal. Além disso, a promoção de campanhas de vacinação acessíveis, como a vacinação móvel, e a colaboração interinstitucional entre governos, organizações internacionais e a sociedade civil são essenciais para garantir a distribuição equitativa de vacinas. A vigilância epidemiológica desempenha um papel importante na detecção precoce de surtos e na resposta rápida para conter a propagação de doenças. Em resumo, o sucesso no combate a epidemias e na promoção da imunização depende de uma abordagem integrada que considere a educação, o acesso, a formação profissional e a colaboração entre diferentes setores da sociedade.

Palavras-chave: Cobertura Vacinal; Estratégias; Populações vulneráveis.

ABSTRACT

Strategies to combat epidemics and promote immunization in vulnerable populations are essential to ensure public health and reduce the impact of infectious disease outbreaks. These strategies involve the implementation of effective vaccination programs, focusing on education and awareness among the population, especially among the most vulnerable groups, such as children, the elderly, rural communities and minorities. The continuous training of health professionals, the use of data to monitor vaccines and the strengthening of primary health care are fundamental pillars for achieving high vaccination coverage rates. Furthermore, promoting accessible vaccination campaigns, such as mobile vaccination, and inter-agency collaboration between governments, international organizations and civil society are essential to ensure equitable vaccine distribution. Epidemiological surveillance plays an important role in early detection of outbreaks and rapid response to contain the spread of diseases. In summary, success in combating epidemics and promoting immunization depends on an integrated approach that considers education, access, professional training and collaboration between different sectors of society.

Keywords: Vaccination Coverage; Strategies; Vulnerable populations.

INTRODUÇÃO

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi criado em 1973, antes mesmo da formalização do Sistema Único de Saúde (SUS)em 1988, e tornou-se uma das principais iniciativas de saúde pública no Brasil. Com o objetivo de coordenar e expandir as ações de vacinação em todo o país, o PNI desempenhou um papel fundamental na erradicação da varíola, na eliminação da poliomielite e no controle de diversas doenças imunopreveníveis, como o sarampo e a rubéola. Ao longo das décadas, o programa se consolidou como referência mundial, garantindo acesso universal e gratuito a vacinas para todas as faixas etárias (Neufeld, 2021).

Além disso, sua estrutura permite a realização de campanhas nacionais de imunização, a inclusão de novas vacinas no calendário vacinal e a resposta rápida a surtos e epidemias. A integração com o SUS fortaleceu ainda mais a atuação do PNI, possibilitando uma ampla cobertura vacinal e a descentralização das ações de imunização para estados e municípios. Mesmo com seus avanços, o PNI enfrenta desafios como a queda nas taxas de vacinação nos últimos anos, impulsionada por fatores como desinformação, resistência às vacinas e dificuldades logísticas em áreas remotas. Para garantir a continuidade do sucesso do programa, é essencial reforçar campanhas educativas, melhorar a distribuição de imunizantes e ampliar a confiança da população na vacinação como estratégia essencial de saúde pública (Neufeld, 2021; Souza, 2020).

A imunização é uma das estratégias mais eficazes para prevenir doenças infecciosas e proteger a saúde pública. Por meio da vacinação, o organismo desenvolve uma resposta imune que reduz a incidência de enfermidades, diminui a sobrecarga nos sistemas de saúde e contribui para a erradicação de diversas doenças. Para garantir a cobertura vacinal adequada, é essencial promover campanhas de conscientização, combater a desinformação e facilitar o acesso às vacinas, especialmente em populações vulneráveis. Estratégias como a disponibilização de postos móveis, vacinação domiciliar e parcerias com escolas e locais de trabalho ajudam a ampliar o alcance da imunização. Além disso, o monitoramento epidemiológico e a atualização dos calendários vacinais são fundamentais para garantir a proteção contínua da população (Oliveira et al., 2023).

A imunização também desempenha um papel crucial no controle de surtos e epidemias, reduzindo a disseminação de vírus e bactérias. A adoção de políticas públicas que incentivem a vacinação, aliadas ao investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas vacinas, fortalece a capacidade de resposta diante de novas ameaças à saúde global. A imunização em populações vulneráveis é um desafio que exige estratégias adaptadas às realidades sociais, econômicas e culturais dessas comunidades (Brasil, 2003; Neto, 2021).

A principal abordagem envolve a ampliação do acesso às vacinas por meio de postos móveis, campanhas de vacinação em locais estratégicos, visitas domiciliares e horários flexíveis para atender trabalhadores informais e comunidades isoladas. Além disso, é fundamental estabelecer parcerias com lideranças locais, agentes comunitários de saúde e organizações sociais para fortalecer a confiança nas vacinas e combater a desinformação (Neto, 2021).

O uso de tecnologia na vigilância epidemiológica também é essencial, permitindo mapear áreas de maior risco e planejar ações mais eficazes. Campanhas educativas devem ser direcionadas para esclarecer dúvidas e mitigar resistências culturais, garantindo que a comunicação seja clara, acessível e sensível às particularidades de cada grupo. Incentivar a participação ativa da comunidade na organização das campanhas ajuda a aumentar a adesão e fortalecer a autonomia local no cuidado com a saúde (Ferreira et al., 2017).

Outro ponto essencial é a integração entre imunização e assistência social, garantindo que populações em situação de vulnerabilidade, como pessoas em situação de rua, comunidades indígenas, refugiados e moradores de áreas remotas, tenham acesso não apenas às vacinas, mas também a serviços básicos como alimentação, saneamento e acompanhamento médico. Essa abordagem intersetorial contribui para uma imunização mais eficaz e sustentável, reduzindo a propagação de doenças e promovendo a equidade em saúde (Oliveira et al., 2017). O enfoque adotado é sistêmico e visa analisar as estratégias para combater epidemias e promover o acesso universal à saúde no país através da imunização em populações vulneráveis.

MÉTODO

Esta é uma revisão bibliográfica que utilizou artigos provenientes das bases de dados PubMed, Scopus e SciELO. Foram incluídos artigos originais e revisões sistemáticas que abordaram as estratégias para combater epidemias e promover a imunização em populações vulneráveis.

A pesquisa foi realizada utilizando as palavras-chave presentes nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Cobertura Vacinal, Estratégias e Populações vulneráveis, combinadas entre si com o operador booleano “AND”. Os critérios de inclusão para seleção dos artigos foram: publicações em português ou inglês, publicadas entre 2018 e 2024, e disponíveis nas bases de dados mencionadas, com foco na temática proposta. Os artigos excluídos foram aqueles que não abordaram o tema central, estavam duplicados ou publicados fora do período estabelecido. Após a busca inicial, os títulos e resumos dos artigos selecionados foram avaliados para determinar sua relevância para os objetivos da revisão. No final, nove artigos foram escolhidos para a confecção desta revisão bibliográfica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mercado global de vacinas

O mercado global de vacinas é um dos setores mais dinâmicos da indústria farmacêutica, movimentando bilhões de dólares anualmente e desempenhando um papel essencial na prevenção de doenças infecciosas e emergentes. Com o avanço da biotecnologia e a crescente demanda por imunização, o setor tem experimentado um crescimento acelerado, impulsionado especialmente pela pandemia de COVID-19, que trouxe inovações tecnológicas e mudanças na dinâmica de produção e distribuição (Schenk et al., 2021).

Atualmente, o mercado global de vacinas está avaliado em mais de US$ 60 bilhões e deve ultrapassar US$ 100 bilhões até 2030, conforme projeções do setor. Esse crescimento é impulsionado pelo aumento da demanda por vacinas contra doenças infecciosas emergentes, o envelhecimento da população e o desenvolvimento de novas vacinas para doenças como câncer e HIV. O mercado é altamente concentrado, com um pequeno número de grandes empresas dominando a produção e distribuição global. Entre os principais fabricantes estão Pfizer-BioNTech, que se destacou com a vacina de mRNA contra COVID-19; Moderna, inovadora na tecnologia de mRNA e em expansão para outras vacinas; AstraZeneca, que desenvolveu a vacina contra COVID-19 em parceria com a Universidade de Oxford; Johnson & Johnson, com produção de vacinas de vetor viral; Sanofi e GlaxoSmithKline (GSK), fortes no setor de vacinas pediátricas e contra gripe; e Merck (MSD), que se destaca na vacina contra HPV e outras doenças infecciosas (Ferreira et al., 2017; Yokokura et al., 2013)

Além dessas multinacionais, países como China, Índia e Brasil têm investido na produção local de vacinas, com instituições como o Instituto Serum na Índia, Sinovac na China e Instituto Butantan e Fiocruz no Brasil ganhando protagonismo na fabricação e exportação de imunizantes. A indústria de vacinas está passando por uma revolução tecnológica, com novos métodos que prometem maior eficácia e rapidez na resposta a epidemias (Yokohura et al., 2013).

Entre as principais inovações estão as vacinas de mRNA, desenvolvidas por Pfizer-BioNTech e Moderna, que permitiram respostas rápidas à COVID-19 e estão sendo adaptadas para outras doenças como gripe e HIV; as vacinas de vetor viral, como as da AstraZeneca e da Johnson & Johnson, usadas na COVID-19 e sendo estudadas para outras doenças; as vacinas de proteínas recombinantes, promissoras para imunização contra doenças como HPV e hepatite B; e as vacinas terapêuticas, em desenvolvimento para câncer e doenças autoimunes, oferecendo uma nova abordagem à medicina preventiva (Silva et al., 2023).

Apesar do crescimento, o mercado enfrenta desafios significativos, como a desigualdade no acesso, pois países de baixa renda ainda têm dificuldades na distribuição de vacinas devido a preços elevados, logística complexa e barreiras de patentes; a resistência à vacinação, com o crescimento do movimento antivacina em alguns países, prejudicando as taxas de cobertura vacinal e aumentando o risco de surtos de doenças preveníveis; e a necessidade de produção descentralizada, já que a dependência de poucos fabricantes levou a crises de fornecimento durante a pandemia, o que impulsionou investimentos em fábricas locais para reduzir a vulnerabilidade global. Por outro lado, há oportunidades significativas para expansão, especialmente em vacinas personalizadas, novas imunizações para doenças tropicais negligenciadas e aprimoramento de vacinas já existentes para maior duração da imunidade (Brasil, 2003; Oliveira et al., 2023; Yokokura, 2013).

O mercado global de vacinas continuará crescendo e evoluindo com os avanços tecnológicos e políticas de saúde pública. O desenvolvimento de vacinas universais, que protejam contra múltiplas variantes de vírus como influenza e coronavírus, é um dos focos de pesquisa. Além disso, há uma tendência crescente de parcerias entre governos e empresas privadas para garantir produção e distribuição mais equitativas. No cenário pós-pandemia, a indústria precisará equilibrar inovação, acesso global e sustentabilidade econômica para garantir que os avanços científicos beneficiem todas as populações (Oliveira et al., 2023).

Atuação da vigilância epidemiológica nas epidemias

A vigilância epidemiológica desempenha um papel fundamental no combate às epidemias, sendo essencial para a prevenção, detecção e controle de surtos de doenças. Ela começa com o monitoramento contínuo da saúde da população, que permite a detecção precoce de surtos e padrões incomuns de transmissão. A vigilância epidemiológica coleta dados sobre a incidência de doenças em tempo real, o que facilita a identificação precoce de epidemias e ajuda na adoção de medidas preventivas e corretivas de forma rápida (Costa, Santos e Vieira, 2022).

Quando um surto é identificado, a vigilância realiza a investigação de casos para determinar as causas, modos de transmissão e populações vulneráveis. Também é realizada a investigação dos contatos de pessoas infectadas, ajudando a interromper a cadeia de transmissão e reduzir a propagação da doença. Com base nas informações coletadas, a vigilância orienta a implementação de medidas de controle, como campanhas de vacinação em massa, promoção de higiene pessoal e uso de equipamentos de proteção individual, além de estratégias como o distanciamento social e restrições de circulação quando necessário (Pereira et al., 2021).

 A vigilância epidemiológica também se ocupa da avaliação contínua da eficácia das ações implementadas para controlar o surto. Analisando dados como o número de novos casos, taxas de hospitalização e mortalidade, a vigilância permite ajustar as estratégias conforme a evolução do surto. Além disso, ela é crucial para o planejamento e coordenação interinstitucional, garantindo que a resposta ao surto seja bem coordenada entre diferentes setores de saúde e órgãos governamentais. Durante uma epidemia, a vigilância auxilia na distribuição de recursos, como medicamentos e vacinas, para as áreas mais afetadas (Borburema et al., 2023).

A comunicação de risco também é um pilar importante da vigilância, garantindo que a população tenha acesso a informações precisas sobre as medidas de prevenção e controle da doença. A educação em saúde é essencial para aumentar a adesão às estratégias de controle e reduzir a disseminação de desinformação. Após o controle de uma epidemia, a vigilância epidemiológica realiza uma análise pós-epidemia, revisando as ações adotadas, identificando pontos fortes e fracos e aprendendo com a experiência para melhorar as respostas futuras (Pereira et al., 2021).

Esse processo de aprendizado contínuo fortalece a preparação para emergências sanitárias futuras, adaptando os sistemas de saúde às necessidades da população e permitindo uma resposta mais eficaz em surtos subsequentes. Em resumo, a vigilância epidemiológica é essencial não apenas durante a epidemia, mas também para a construção de políticas públicas de saúde mais robustas, capazes de lidar com novos desafios em saúde pública (Oliveira et al., 2023).

Cobertura vacinal e suas estratégias na atenção primária à saúde

A cobertura vacinal na atenção primária à saúde é essencial para garantir que a população tenha acesso universal às vacinas e para alcançar altas taxas de imunização. A atenção primária, sendo o primeiro ponto de contato da população com o sistema de saúde, tem um papel fundamental na implementação de programas de vacinação e na promoção de saúde coletiva. Para aumentar a cobertura vacinal, a atenção primária realiza ações de rastreio e acompanhamento dos pacientes, monitorando o histórico vacinal e identificando aqueles que não receberam todas as doses recomendadas, garantindo que sejam vacinados adequadamente (Andrade et al., 2021).

A educação e conscientização também desempenham um papel importante, com profissionais de saúde como médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde atuando como disseminadores de informações corretas sobre a importância das vacinas e o calendário vacinal, combatendo mitos e desinformação. A vacinação no local de atendimento é uma grande vantagem da atenção primária, permitindo que as pessoas recebam a imunização diretamente nas unidades de saúde, como postos de saúde e centros comunitários, além de estratégias de vacinação móvel em áreas de difícil acesso (Krolow, 2023).

A integração de ações de vacinação com outras práticas de saúde preventiva, como acompanhamento de gestantes e monitoramento de doenças crônicas, também é uma estratégia eficaz, criando um ambiente favorável à imunização. A capacitação contínua dos profissionais de saúde é essencial para garantir que estejam atualizados sobre novas vacinas, técnicas de administração e gestão de campanhas, além de técnicas de comunicação para lidar com resistências à vacinação (Andrade et al., 2021; Borborema et al., 2023).

O uso de dados eletrônicos e tecnologias de saúde digital facilita o monitoramento da vacinação, permitindo que os profissionais identifiquem rapidamente lacunas de imunização e ajam para resolvê-las. As campanhas de vacinação, especialmente em períodos críticos como surtos de doenças, também são fundamentais para reforçar a cobertura vacinal, e devem ser coordenadas pela atenção primária, utilizando unidades de saúde e agentes comunitários de saúde para alcançar as populações de risco. A atenção primária à saúde também deve ter um foco especial em populações vulneráveis, como aquelas em áreas rurais, comunidades marginalizadas, idosos e pessoas com deficiência, garantindo que esses grupos tenham acesso às vacinas (Borborema et al., 2023).

Além disso, o engajamento da comunidade é crucial para o sucesso da vacinação, com líderes locais, agentes comunitários e organizações ajudando a aumentar a confiança nas vacinas e incentivando a adesão ao calendário vacinal. Em resumo, a atenção primária à saúde é um pilar fundamental na garantia de alta cobertura vacinal, atuando no monitoramento, orientação e vacinação direta da população, através de estratégias integradas que promovem o acesso à imunização e a saúde coletiva (Krolow, 2023).

As estratégias de formação e desenvolvimento em imunizações são essenciais para garantir a eficácia dos programas de vacinação e aumentar as taxas de cobertura vacinal em diversas populações. A capacitação contínua de profissionais de saúde é fundamental para assegurar que estejam atualizados sobre as melhores práticas em imunização, incluindo o conhecimento das vacinas disponíveis, suas indicações, contra-indicações e efeitos adversos (Andrade et al., 2021; Borborema et al., 2023).

Programas de educação continuada, como workshops, cursos online e treinamentos práticos, são ferramentas eficazes nesse processo, além da capacitação em comunicação para lidar com dúvidas da população e combater a desinformação. A atualização constante das diretrizes de vacinação também é crucial, garantindo que os profissionais tenham acesso às informações mais recentes e possam aplicar as melhores práticas. Isso inclui a inclusão de novas vacinas e novas abordagens de imunização, como as de mRNA. A educação comunitária e o envolvimento público são igualmente importantes (Oliveira et al., 2023).

A conscientização sobre a importância das vacinas e o combate à resistência vacinal podem ser realizados por meio de campanhas informativas, materiais educativos e o uso de mídias sociais. Essas ações ajudam a aumentar a compreensão da população sobre os benefícios da vacinação e incentivam a adesão às campanhas de imunização. Parcerias interinstitucionais entre governos, organizações internacionais e o setor privado são também fundamentais. Colaborações com entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Gavi podem fortalecer os programas de vacinação, melhorar a distribuição de vacinas e garantir acesso a vacinas em países de baixa renda. Além disso, é essencial melhorar a infraestrutura de saúde para garantir a adequada distribuição e armazenamento das vacinas, com especial atenção à cadeia fria, que mantém as vacinas em condições ideais até a administração (Krolow, 2023).

Capacitar profissionais de saúde em logística e gestão de estoques é essencial para garantir que a imunização seja realizada de forma eficiente. A avaliação contínua dos programas de imunização é outra estratégia importante, permitindo ajustes nas abordagens para atingir as populações que ainda não foram imunizadas. O uso de dados epidemiológicos para monitorar a eficácia das campanhas e a cobertura vacinal também permite identificar populações de difícil acesso e adaptar as ações conforme necessário. Além disso, a promoção da pesquisa e inovação é fundamental para o desenvolvimento de vacinas mais eficazes, de longo prazo e com custos mais acessíveis, especialmente em regiões com recursos limitados (Oliveira et al., 2023).

A inovação inclui o desenvolvimento de novas plataformas de administração de vacinas, como vacinas orais ou de spray nasal, que podem facilitar a adesão à vacinação. Por fim, garantir o acesso equitativo às vacinas, principalmente para populações vulneráveis, é essencial. Isso pode ser alcançado por meio de estratégias de vacinação móvel e campanhas adaptadas culturalmente para superar barreiras sociais e de confiança (Faria e Moura, 2020).

Contudo, as estratégias de formação e desenvolvimento em imunizações devem ser abrangentes, envolvendo a capacitação de profissionais, a educação comunitária, a colaboração entre instituições, o aprimoramento da infraestrutura de saúde e a promoção da pesquisa científica, com o objetivo de garantir que todos tenham acesso à vacinação e contribuir para a saúde pública global (Oliveira et al., 2023).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As estratégias para combater epidemias e promover a imunização em populações vulneráveis são fundamentais para garantir a saúde pública, especialmente em um contexto global onde doenças infecciosas continuam a representar ameaças à saúde coletiva. A prevenção por meio da vacinação é uma das ferramentas mais eficazes para o controle de surtos e a redução da mortalidade relacionada a doenças evitáveis. No entanto, a promoção da imunização vai além da simples distribuição de vacinas. Exige uma abordagem integrada que envolva a educação e conscientização das populações, o fortalecimento das capacidades do sistema de saúde, especialmente na atenção primária, e a superação das desigualdades no acesso aos serviços de saúde.

A formação contínua dos profissionais de saúde é essencial para garantir que estejam bem preparados para administrar vacinas e esclarecer dúvidas da população, combatendo a desinformação e as hesitações vacinais. Além disso, é crucial que as campanhas de vacinação sejam acessíveis a todas as populações, com atenção especial às mais vulneráveis, como crianças, idosos, pessoas com comorbidades, moradores de áreas remotas e grupos marginalizados. Para alcançar esses grupos, é necessário adotar estratégias flexíveis e inovadoras, como vacinação móvel, parcerias comunitárias e o uso de tecnologias para o monitoramento e gestão de dados de imunização.

Outro ponto importante é a colaboração interinstitucional, que deve unir governos, organizações internacionais, profissionais de saúde, sociedade civil e o setor privado para garantir que os recursos necessários, como vacinas e equipamentos de proteção, cheguem de maneira eficiente e equitativa a todos. A vigilância epidemiológica também desempenha um papel essencial, permitindo a detecção precoce de surtos e a implementação de respostas rápidas e eficazes.

Em síntese, combater epidemias e promover a imunização em populações vulneráveis exige um esforço coletivo e coordenado que envolva a educação, a inclusão social, o fortalecimento da infraestrutura de saúde e o engajamento das comunidades. O sucesso dessas estratégias não depende apenas da distribuição de vacinas, mas também da criação de um ambiente de confiança, acessibilidade e participação ativa da população. Com a adoção dessas medidas, é possível proteger as populações mais vulneráveis e, assim, contribuir para a construção de um sistema de saúde mais justo e resiliente.

REFERÊNCIAS

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YOKOKURA, A. V. C. P. et al. Cobertura vacinal e fatores associados ao esquema vacinal básico incompleto aos 12 meses de idade, São Luís, Maranhão, Brasil, 2006. Cadernos De Saúde Pública, v. 29, n. 3, p. 522–534, 2013.


1Graduando em Enfermagem. Universidade CEUMA. thiagodesousafarias57@gmail.com

2Enfermeira Especialista pela Faculdade de Imperatriz Wyden. enfersamtorres@gmail.com

3Enfermeira Especialista pela UNINOVAFAPI. carolmarinho05@hotmail.com

4Graduando em Medicina pela FACIMPA. matheusqueiroz81168@gmail.com

5Doutora em Enfermagem pela UNESP. patriciasqueiroz@gmail.com

6Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA. marcia.mcsilva@hotmail.com

7Enfermeiro Especialista pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA. enfjoao.gsa@gmail.com

8Enfermeiro Especialista pela Universidade CEUMA. claumir_jr@hotmail.com

9Graduanda em Enfermagem pela  Faculdade Anhanguera. fatimasantos121996@gmail.com

10Assistente Social Especialista pela FUNPAC. alda_carneiro@hotmail.com.

11Enfermeira pela UNITINS. ulehannahanna@gmail.com

12Graduando em Medicina. andreberleo@gmail.com

13Enfermeira pela UFCG. damarysmoraisenf@gmail.com

14Enfermeira especialista pela Universidade Regional do Cariri- URCA. melina.costa@urca.br