ESTRATÉGIAS PARA ALÍVIO DE CÓLICAS EM RECÉM-NASCIDOS: REVISÃO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10737647


Paula Roriz Leite Medeiros1


RESUMO

A cólica em lactente é uma condição dolorosa e ainda não completamente compreendida nos primeiros meses de vida. É definida como choro e agitação incontroláveis por mais de três horas por dia, durante mais de três dias consecutivos e contínua por mais de três semanas. Os possíveis motivos incluem contrações intestinais dolorosas e motilidade intestinal alterada, imaturidade do intestino, intolerância à lactose, hipersensibilidade alimentar, gases intestinais e fatores psicológicos como interação mãe-filho inadequada e ansiedade. Assim sendo, essa pesquisa de revisão bibliográfica, que reúne artigos e literaturas de cunho científico obtidas a partir de motores de busca como Scholar Google, SciElo e PubMed, tem o intuito de evidenciar e descrever as principais estratégias para alívio da cólica abdominal em recém-nascidos, como o emprego de acupuntura, uso de probióticos, uso de plantas medicinais, método mãe-canguru (pele-a-pele) e uso de massagens. Foi evidenciado que essas estratégias reduzem substancialmente o tempo de choro ocasionado pela cólica em recém-nascidos, tendo somente resultados com ideias divergentes relacionados ao uso de chás e de massagens.

Palavras-chave: Cólica abdominal do lactante. Recém-nascidos. Tratamento. 

ABSTRACT

Infant colic is a painful and still not fully understood condition in the early months of life. It is defined as uncontrollable crying and agitation for more than three hours a day, for over three consecutive days, and persisting for more than three weeks. Possible reasons include painful intestinal contractions and altered intestinal motility, immature intestines, lactose intolerance, food hypersensitivity, intestinal gas, and psychological factors such as inadequate mother-child interaction and anxiety. Therefore, this literature review, which compiles scientific articles and literature obtained from search engines such as Google Scholar, SciElo, and PubMed, aims to highlight and describe the main strategies for relieving abdominal colic in newborns, such as acupuncture, probiotic use, use of medicinal plants, kangaroo care method (skin-to-skin), and massage. It was evident that these strategies substantially reduce the crying time caused by colic in newborns, with only divergent ideas related to the use of teas and massages.

Keywords: Infant colic. Newborns. Treatment.

1. INTRODUÇÃO

A cólica em lactentes é uma condição dolorosa e compreendida de forma incompleta nos primeiros meses de vida. A maioria dos estudos sobre cólica infantil definem a cólica abdominal em neonatos como choro e agitação paroxísticos incontroláveis em um paciente pediátrico saudável menor de três meses de idade, com mais de três horas de choro por dia, durante mais de três dias e sucessivamente por mais de três semanas (TRINDADE et al., 2020).

Embora a cólica infantil seja uma condição autolimitada, ela representa um desgaste rigoroso tanto para a criança quanto para os pais. A etiologia é considerada multifatorial. Os possíveis mecanismos incluem fatores fisiológicos como contrações intestinais dolorosas e motilidade intestinal alterada, imaturidade da função intestinal, intolerância à lactose, hipersensibilidade alimentar, alterações flora e gases intestinais e fatores psicológicos como interação mãe-filho inadequada, ansiedade, e temperamento infantil. Elas podem ocorrer em uma faixa que vai de 8% a 40% de todos os bebês recém-nascidos e lactentes, sem relação com o gênero, etnia, tempo de gestação, método de alimentação (seja leite materno ou fórmula) ou situação socioeconômica (GUILHERME et al., 2020). 

Vários estudos que exploraram neonatos e lactentes com o objetivo de examinar as táticas empregadas pelos pais para aliviar a cólica de seus filhos revelaram que muitos optaram por chás de ervas, medicamentos, e alguns recorrem a abordagens físicas, incluindo a aplicação de calor local, pressão ou contato físico (RAMOS et al., 2014).

Assim sendo, esse estudo apresenta como objetivo evidenciar as principais estratégias de alívio para cólicas em recém-nascidos. 

1.1 O Recém-nascido

Ainda durante a vida intrauterina, o feto se encontra confortavelmente imerso nos fluidos maternos, em um ambiente com temperatura e luminosidade constantes. Durante esse período, o feto é continuamente estimulado, principalmente de forma tátil. No entanto, ao nascer, o bebê precisa se ajustar às mudanças ambientais e aos diferentes estímulos que farão parte de sua nova rotina (KOSMINSKY; KIMURA, 2004). 

É importante observar que o bebê pode ser impactado pelo estresse mesmo antes do nascimento, devido aos níveis de hormônios relacionados ao estresse presentes na corrente sanguínea da mãe, os quais atravessam a placenta. Contudo, durante os primeiros meses de vida, o bebê está em processo de adaptação à sua nova rotina e à aquisição de novos hábitos. Essa fase de transição pode ser facilitada por meio de uma adaptação gradual, mantendo elementos familiares para o bebê (FRÓES et al., 2019).

O estilo de vida das gestantes ou até mesmo das lactantes, pode acarretar impactos significativos para a saúde do bebê. O recém-nascido leva em conta as condições nutricionais e emocionais da mãe, incluindo os fatores hormonais desencadeados por emoções vivenciadas e alimentos que são ingeridos pela mãe lactante. Esses fatores podem culminar em experiências que podem ser desagradáveis ao recém-nascido, como a cólica abdominal (SAAVEDRA et al., 2003). 

1.2 Fatores Etiológicos da Cólica em Recém-nascidos

As cólicas em bebês recém-nascidos e lactentes são caracterizadas por dor abdominal que se manifesta como choro excessivo, repentino e acompanhada de irritabilidade, muitas vezes com retração das pernas em direção ao abdômen. Essas cólicas afetam bebês recém-nascidos e lactentes e geralmente ocorrem entre as duas primeiras semanas e os quatro meses de idade. Elas podem afetar de 8% a 40% de todos os bebês recém-nascidos e lactentes, independentemente do sexo, raça, idade gestacional, tipo de alimentação (leite materno ou fórmula) ou status socioeconômico (ALEXANDER et al., 2017).

O diagnóstico geralmente é baseado na “regra dos três” de Wessel, que define crianças com quadros de cólica quando há choro intenso que dura mais de 3 horas por dia, mais de 3 dias por semana e persiste por mais de três semanas. Em alguns lactentes, os sintomas podem piorar à tarde e no início da noite (GOMES et al., 2015).

A causa das cólicas geralmente é desconhecida, mas vários estudos identificaram fatores desencadeantes que podem estar relacionados a aspectos gastrointestinais, biológicos e psicossociais. Os fatores gastrointestinais incluem hiperalimentação, alimentação muito rápida, imaturidade do sistema nervoso central, desregulação neuroquímica cerebral, alergia à proteína do leite de vaca, intolerância à lactose, imaturidade intestinal, aumento da motilidade intestinal e aumento da microflora fecal. Os fatores biológicos podem envolver técnicas de alimentação incorretas, como a ingestão excessiva de ar, e dificuldade na regulação da atividade motora intestinal, além de hábitos tabagistas dos pais. Os fatores psicossociais podem incluir a depressão materna, hiperestimulação e ansiedade familiar (BARALDI; PRAÇA, 2013).

O prognóstico geralmente é favorável, com a resolução dessas cólicas por volta dos 4 meses de vida do lactente, sem interferir no seu crescimento e desenvolvimento. E é importante observar que o choro constante e intenso de um bebê com cólicas pode ser extremamente estressante para os pais, levando a comportamentos como o abanar do bebê na tentativa de acalmar o choro. No entanto, esse comportamento repetitivo pode ter sérias consequências e causar lesões cerebrais traumáticas. Portanto, é crucial desenvolver estratégias para prevenir e aliviar as cólicas abdominais em recém-nascidos e lactentes, promovendo o conforto deles e fortalecendo o vínculo com os pais, com o objetivo de entender e implementar diversas estratégias para aliviar as cólicas abdominais nesse grupo específico (FRÓES et al., 2019).

Alguns mecanismos gastrointestinais postulados podem acarretar aumento de gás intraluminal, diminuição da motilidade intestinal e dor visceral, mas nenhum deles está comprovado. Pesquisas recentes têm se concentrado no papel da microbiota intestinal, com vários estudos de caso-controle sugerindo que bebês com cólica podem ter distinções na microbiota intestinal em comparação com aqueles sem cólica. 

2. DESENVOLVIMENTO 

Essa pesquisa se trata de uma pesquisa de revisão da literatura do tipo narrativa (tradicional) e é uma pesquisa básica por não apresentar resultados com aplicabilidades em campo com práticas (ARAGÃO; NETA, 2017). 

Dito isso, dentre os estudos que abordam métodos para redução da cólica em recém-nascidos, são exploradas diversas estratégias, destacando-se o emprego da acupuntura, o uso de probióticos e prebióticos, a aplicação do método Mãe-Canguru, a utilização de infusões de plantas medicinais e métodos de massagens. Essas abordagens serão examinadas em detalhes ao longo deste trabalho. 

Assim, a pesquisa visa não apenas compilar informações de fontes confiáveis, mas também analisar criticamente as diferentes estratégias propostas para a redução da cólica em recém-nascidos, proporcionando uma visão abrangente e fundamentada sobre o tema.

2.1 Acupuntura para Recém-nascidos 

A acupuntura é um método de tratamento original chinês que utiliza agulhas de aço finas para penetrar na pele e alcançar o tecido conjuntivo e fibras musculares. A base neurofisiológica dos efeitos observados, especialmente os efeitos de inibição da dor, é relativamente bem compreendida. Dito isso, a acupuntura é uma modalidade de tratamento alternativo frequentemente utilizada em alguns países e também é usada para a cólica infantil. Há uma preocupação fundamentada com relação à ética e às evidências relacionadas ao tratamento alternativo de condições pediátricas (ANDERSSON et al., 2008).

No entanto, alguns ensaios controlados com recém-nascidos com cólica infantil tratadas com acupuntura foram publicados e os estudos concluíram que a acupuntura reduziu significativamente o choro e o comportamento relacionado à dor, sem efeitos adversos visíveis. Os tamanhos dos efeitos foram pequenos, e não houve validação por cegamento.

Um estudo realizado por Andersson e colaboradores (2008), onde participaram quarenta crianças recém-nascidas que sofriam de choro excessivo sem resposta aos tratamentos convencionais relatou que a acupuntura resultou em uma redução significativa na intensidade do choro avaliada por meio da Escala de Desenvolvimento Motor (Rosa Neto, 2010), por uma classificação numérica de 0 a 10. Durante o período da manhã, das 6 às 12 horas, a intensidade média (intervalo) do choro avaliada mudou de 6 antes do tratamento para 2 após o tratamento, no grupo de punção leve. A diferença entre os grupos foi significativa. Também houve diferenças significativas entre os grupos para os períodos da tarde e da noite. Comportamentos relacionados à dor, como expressão facial, também foram significativamente menos pronunciados no grupo de acupuntura em comparação com o grupo controle após o tratamento. Os pais classificaram esse método como mais eficaz na melhoria dos sintomas do que o grupo controle.

Uma outra pesquisa elaborada por Landgren e colaboradores (2010), onde 90 bebês saudáveis, com idade média de 4 semanas e que sofriam de cólica infantil, foram avaliados quanto ao uso de acupuntura para tratamento de cólica. Houve uma diferença a favor do grupo de acupuntura no tempo que decorreu desde a inclusão até o momento em que o bebê não sentia mais cólica. A duração do tempo de inquietação foi menor no grupo de acupuntura na primeira e segunda semana, assim como a duração do choro cólico na segunda semana de intervenção foi menor no grupo de acupuntura. A duração total de inquietação, choro e choro cólico foi menor no grupo de acupuntura durante a primeira e a segunda semana de intervenção.

Os dados levantados em relação à acupuntura para neonatos são demonstrados na tabela 1. 

Tabela 1. Identificação, objetivos do estudo, metodologia e resultados dos artigos relacionados à acupuntura para neonatos com cólicas.

Identificação do artigoObjetivosMetodologiaResultados
Efeitos da acupuntura mínima em crianças com cólica infantil – um ensaio clínico prospectivo, quase randomizado, cego e controlado.
 Andersson et al. (2008)
Testar o efeito de agulhamento leve (acupuntura mínima) no choro em neonatos com cólica.Quarenta crianças com choro excessivo por cólica randomizadas para o grupo de controle ou tratamento com acupuntura que receberam acupuntura com agulhamento leve em ambas as mãos por aproximadamente 20 segundos em quatro ocasiões. O agulhamento leve resultou em uma redução significativa na intensidade do choro avaliada por uma escala de classificação. Comportamentos relacionados à dor, como expressão facial, também foram significativamente menos pronunciados no grupo de agulhamento leve em comparação com o grupo de controle pós-tratamento. 
Acupuntura reduz o choro em bebês com cólica infantil: um estudo clínico randomizado, controlado e cego.
Landgren et al. (2010) 
Investigar se a acupuntura reduz a duração e intensidade do choro em bebês com cólica.90 bebês com cólica infantil divididos em 2 grupos, um designado para receber acupuntura mínima e padronizada por 2 segundos no ponto da mão e outro controle.A duração total do choro cólico foi menor no grupo de acupuntura durante a primeira e segunda semana de intervenção, demonstrando favorabilidade ao grupo de acupuntura.

Andersson e colaboradores (2008) ressaltam que a acupuntura nas mãos dos recém-nascidos que apresenta choro oriundo de cólicas pode ser minimizada pelo tratamento com acupuntura leve. Ademais, esse fato é ratificado por Landgren e colaboradores (2010) que também utilizou uma metodologia de agulhamento leve em neonatos, afirmando que o choro por cólicas foi reduzido. 

2.2 Uso de Probióticos

Uma microbiota intestinal anormal em bebês com cólica foi inicialmente postulada por alguns pesquisadores que demonstraram aumento de espécies de Escherichia coli e redução de Lactobacilli. Portanto, é implicado que recém-nascidos com cólica podem ter um microbiota intestinal anormal e o intestino pode estar inflamado em neonatos com cólica, com base em altos níveis de proteínas inflamatórias oriundas do metabolismo de enterobactérias intestinais como a E. coli; e o uso de probióticos pode reduzir a inflamação intestinal associada a essa disbiose (SUNG; CABANA, 2017).

Um estudo realizado por Thomas e colaboradores (2017), onde participaram no total 117 recém-nascidos onde 20 receberam doses de probióticos durante 21 dias, relatou que no início, não houve diferenças significativas entre os grupos de tratamento e placebo em relação às características iniciais, incluindo sexo, etnia, peso, índice de massa corporal. Todos os bebês estavam saudáveis, com índices de crescimento normais. Ademais, não houve diferença significativa no tempo total de choro e agitação em recém-nascidos tratados com Prebióticos nos 21 dias em relação aos que não foram tratados. 

Ademais, uma meta-análise feita por Savino e colaboradores (2020), onde participaram 45 recém-nascidos tratados diariamente com probióticos para tratamento da cólica, demonstrou uma redução significativa no tempo de choro em 51 minutos por dia. Em sua pesquisa, os probióticos também demonstraram serem eficazes após a administração durante 28 dias, reduzindo pela metade o número de dias de choro.

Os dados obtidos sobre uso de probióticos são demonstrados na tabela 2.

Tabela 2. Identificação, objetivos do estudo, metodologia e resultados dos artigos relacionados ao uso de probióticos para recém-nascidos com cólicas.

Identificação do artigoObjetivosMetodologiaResultados
Lactobacillus reuteri para bebês com cólica: um ensaio clínico duplo-cego, controlado por placebo e randomizado. 
Thomas e colaboradores (2017)
Avaliar a administração diária a bebês saudáveis com cólica e determinar o efeito da cepa L. reuteri no choro cólico.Ensaio controlado, duplo-cego com 117 neonatos com cólica, divididos em grupo teste e grupo placebo. Eles foram randomicamente designados para receber a cepa Lactobacillus reuteri (5 × 10^8 unidades formadoras de colônias diariamente) ou placebo por 42 dias, sendo acompanhados por 134 dias.A cepa Lactobacillus reuteri não alterou significativamente o tempo de choro cólico. Nos bebês com predominância de gram-negativos fecais (Klebsiella, Proteus e Veillonella), a resolução da cólica foi associada a diminuição marcantes desses microrganismos.
Abordagem aos probióticos em pediatria: o papel dosLactobacillus rhamnosus GG.
Marzet e colaboradores (2022)
Realizar uma revisão descritiva do uso de probióticos em pediatria com foco em Lactobacillus reuteri e Lactobacillus rhamnosus GG para manejo da cólica em neonatos.Revisão bibliográfica de estudos publicados no PubMed, selecionando aqueles que consideravam relevantes para inclusão neste artigo. L. reuteri DSM 17938 e L. rhamnosus GG foram eficazes no manejo da cólica infantil. 
Lactobacillus rhamnosus GG (ATCC 53103) para o tratamento de cólicas infantis: um ensaio clínico randomizado
Savino e colaboradores (2020)
Investigar a eficácia de Lactobacillus rhamnosus ATCC 53103 no tratamento da cólica infantil.Quarenta e cinco lactentes com cólica foram randomizados consecutivamente para receber L. rhamnosus por 28 dias, na dosagem de 5 × 10^9 UFC por dia, ou placebo. Amostras fecais foram coletadas antes do início da suplementação e no final do período do estudo e foram analisadas imediatamente.Após 28 dias de suplementação com Lactobacillus rhamnosus ATCC 53103, observou-se uma redução no choro diário associado às cólicas, considerando sua intensidade global. Esses efeitos positivos não foram observados no grupo que recebeu o placebo.

Assim sendo, o estudo clínico realizado por Savino e colaboradores (2020) e o estudo de revisão elaborado por Marzet e colaboradores (2022) apresentaram uma redução no que diz respeito ao choro cólico a partir da suplementação com cepas de espécies de Lactobacillus sp. Ambos os autores utilizaram dosagens aproximadas por períodos distintos. Já o ensaio controlado conduzido por Thomas e colaboradores (2017), não resultou em melhora na redução do choro cólico em neonatos. 

2.3 Método Mãe-Canguru (pele-a-pele)

No método “Mãe-Canguru”, o adulto segura o bebê vestido apenas com a fralda junto à sua pele, na posição vertical no peito do adulto. Uma mãe que amamenta pode permitir ao bebê acesso autônomo ao seu seio. O adulto deve estar sem roupas da cintura para cima; um cobertor pode cobrir tanto o bebê quanto o adulto. Foi descoberto que os bebês prematuros mantidos em contato “pele a pele” permaneciam suficientemente aquecidos e tinham ritmos cardíacos e respiratórios regulares, mais sono profundo e inatividade alerta, menos choro, nenhum aumento nas infecções, ganho de peso maior e alta hospitalar mais precoce. A lactação é mais produtiva e de maior duração. Também é evidente que os pais se apegam mais aos seus bebês e se sentem mais confiantes em cuidar deles (SANTOS; DE AZEVEDO FILHO, 2016). 

Uma pesquisa realizada por Ellett e colaboradores (2004), onde participaram setenta e cinco pais e mães de recém-nascidos, relatou que 70% dos pais declararam que não se encaixavam nesse método porque estavam muito ocupados para sentar e segurar seus bebês por 2 a 3 horas seguidas, mesmo que seus bebês estivessem chorando. Porém, os participantes que empregaram o método em sua totalidade, relataram que durante a cólica no recém-nascido, o tempo médio que ele passava chorando diminuiu 1 hora por dia. O tempo médio que ele passava resmungando diminuiu quase meia hora por dia. O tempo que ele passava em sono ativo aumentou em média cerca de meia hora por dia, e o tempo que ele passava em sono tranquilo diminuiu em média aproximadamente a mesma quantidade de tempo por dia. 

Uma outra pesquisa feita por Saeidi e colaboradores (2013), onde participaram 48 recém-nascidos comparou o cuidado canguru com um grupo de controle (que balançava seus bebês no berço) e constatou uma redução no tempo de choro de 1,8 horas por dia em relação ao período inicial no grupo que recebeu cuidado canguru, em comparação com uma redução de 0,3 horas por dia no grupo instruído a balançar seus bebês no berço.

As informações referentes aos artigos encontrados sobre o método mãe-canguru são expostas na tabela 3. 

Tabela 3. Identificação, objetivos do estudo, metodologia e resultados dos artigos relacionados ao uso do método mãe-canguru para recém-nascidos com cólicas.

Identificação do artigoObjetivosMetodologiaResultados
Viabilidade do uso de cuidados canguru (pele a pele) em bebês com cólica.
Ellet et al. (2004)
Examinar a possibilidade de implementar o método mãe-canguru no início dos episódios de cólica.Estudo de caso onde 75 mães de bebês com cólica começaram o estudo preenchendo a Escala de Cólica Infantil online e registrando em um diário de estado de alerta por 3 dias. Em seguida, elas implementaram o cuidado canguru no início de quantos episódios de cólica fossem possíveis por 2 semanas, enquanto registravam em um segundo diário de estado de alerta. Depois, interromperam o cuidado canguru por 2 dias, continuando a registrar no segundo diário de estado de alerta, e, por fim, foram questionadas sobre como o cuidado canguru funcionou para elas.A pesquisa demonstrou que realizar tal intervenção não é uma abordagem viável. Porém, os pais relataram que durante a cólica no recém-nascido, o tempo médio que ele passava chorando diminuiu 1 hora por dia. O tempo médio que ele passava resmungando diminuiu quase meia hora por dia. O tempo que ele passava em sono ativo aumentou em média cerca de meia hora por dia, e o tempo que ele passava em sono tranquilo diminuiu aproximadamente a mesma quantidade de tempo por dia. 
A eficácia da interação mãe-bebê nas cólicas infantis.
Saeidi et al. (2014)
Avaliar a evolução do Método Mãe-Canguru e seu efeito na cólica infantil.Ensaio clínico randomizado, realizado de 1º de maio de 2008 a 1º de maio de 2009, com um total de 70 crianças que apresentavam sintomas persistentes de cólica infantil. Todos os casos foram divididos aleatoriamente em grupo de cuidados canguru e grupo de cuidados convencionais. No início do estudo, o grupo de cuidados canguru tinha um choro de 3,5 horas por dia e, após a intervenção, diminuiu para 1,7 horas por dia, com diferença significativa. A duração do sono também aumentou significativamente no grupo de cuidados canguru.

O método mãe canguru, de acordo com Ellet e colaboradores (2004) necessita de maior quantidade de tempo em relação à atenção ao neonato, despendendo de horas para executar a prática com os recém-nascidos, no entanto, os autores, juntamente com Saeidi e colaboradores (2013) relatam que há melhoras no quadro de choros cólicos em crianças que apresentam tal sintomatologia durante as primeiras semanas de vida.  

2.4 Uso de Infusões de Plantas Medicinais

A utilização de vegetais tem sido uma alternativa de tratamento para diversas enfermidades ao longo da história, incluindo as cólicas abdominais, e muitas substâncias obtidas a partir dessas fontes naturais serviram como base para os medicamentos utilizados na prática médica moderna. De acordo com o estudo feito por Vaz e Vieira (2021), mais da metade da população global depende de terapias tradicionais, especialmente aquelas que envolvem o uso de ervas, como parte de sua abordagem de cuidados com a saúde. 

Portanto, uma pesquisa de estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, realizada por Barata (2003), examinou 72 recém-nascidos saudáveis, com idades entre 2 e 8 semanas, que apresentavam cólica. Foram administrados chás de camomila (Matricaria chamomilla), verbena (Verbena officinalis), alcaçuz (Glycyrrhiza glabra), erva-doce (Foeniculum vulgare) e melissa (Melissa officinalis). Após 7 dias de terapia, a pontuação de melhoria da cólica foi significativamente melhor no grupo do chá de ervas. Mais bebês no grupo de tratamento eliminaram a cólica em comparação com o grupo do placebo. 

Num outro estudo feito por Pace (2017), 93 bebês com cólica que eram amamentados foram incluídos. O diagnóstico foi feito de acordo com os critérios de Wessel onde os bebês foram divididos aleatoriamente em dois grupos. Um grupo recebeu um infusões de plantas medicinais e o outro recebeu um placebo, ambos administrados duas vezes ao dia por 1 semana. Os resultados mostraram que foi observada uma redução no tempo de choro em 85,4% dos bebês que receberam o agente fitoterápico e em 48,9% dos bebês que receberam o placebo. Não foram relatados efeitos colaterais. Esse estudo demonstrou que a cólica em bebês recém-nascidos melhora dentro de 1 semana de tratamento com um extrato à base de plantas medicinais, como camomila, funcho e erva-cidreira.

Além disso, Evans e colaboradores (2022) relataram que seu estudo demonstrou um efeito altamente significativo no uso de chás de Carbo vegetabilis (carvão vegetal), Prunus spinosa (espinheiro-negro), Carum carvi (cominho), Matricaria chamomilla (camomila), Foeniculum vulgare (funcho), Zingiber officinale (gengibre), Melissa officinalis (erva-cidreira), e Mentha piperita (hortelã-pimenta) para alívio da cólica em recém nascidos, com um bom índice de tolerabilidade, na redução do tempo diário de choro inconsolável de bebês quando administrado por 14 dias. Em seu estudo, foram avaliados 32 recém-nascidos de 2 a 6 semanas de idade no qual foram administrados 1,25 mg de extratos das plantas supracitadas a cada duas horas no dia. 

Em um estudo descritivo, onde participaram 58 mães, realizado por Motta, Lima e Vale (2016), que avaliou o uso de preparações à base de ervas, o chá de funcho foi utilizado por aproximadamente 77% das mães para tratar as dores de cólica e constipação de seus filhos recém-nascidos. Essa pesquisa sobre ervas demonstrou a eficácia do funcho em diferentes preparações (óleo de semente, chá ou em combinação com outras ervas) na redução dos episódios de choro em bebês com cólica (faixa etária de 2 a 12 semanas) por meio de quatro ensaios clínicos randomizados. Nenhum efeito colateral foi relatado nesses estudos.

Contudo, Wagner e colaboradores (2019) relataram um ponto de vista controverso sobre o uso de um chá à base de ervas para recém-nascidos. Em seu estudo contendo 60 mães com bebês lactentes de idades de 15 e 20 dias apresentavam falta de ganho ponderal provocada por dificuldade na alimentação devido às cólicas abdominais. Os pais relataram agitação e vômitos durante o dia. Após as mães interromperem o uso de chá de ervas, os bebês apresentaram melhora em 24 a 36 horas. Ambos os bebês estavam bem aos 6 meses de idade. Os autores atribuíram os sintomas infantis ao anetol, que é encontrado tanto na erva-doce quanto no anis.

Os dados são sintetizados na tabela 4. 

Tabela 4. Identificação, objetivos do estudo, metodologia e resultados dos artigos relacionados ao uso de infusões com plantas medicinais para recém-nascidos com cólicas.

Identificação do artigoObjetivosMetodologiaResultados
Medicina popular obtém reconhecimento científico. 
Barata, Germana (2003)
Verificar a eficácia de infusões com plantas medicinais para redução de cólicas em recém-nascidos. Estudo prospectivo, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo com 72 recém-nascidos. Foram administrados durante 7 dias no grupo de tratamento chás de camomila (Matricaria chamomilla), verbena (Verbena officinalis), alcaçuz (Glycyrrhiza glabra), erva-doce (Foeniculum vulgare) e melissa (Melissa officinalis).Após 7 dias de terapia, a pontuação de melhoria do choro cólico foi significativamente melhor no grupo do chá de ervas. Mais bebês no grupo de tratamento eliminaram a cólica em comparação com o grupo do placebo.
Cólica Infantil: O que saber no ambiente de atenção primária.
Pace, Chinonyerem Ashley (2017)
Avaliar a eficácia de infusões com plantas medicinais para redução de cólicas em recém-nascidos.93 bebês com cólica foram divididos aleatoriamente em dois grupos. Um grupo recebeu um infusões de plantas medicinais e o outro recebeu um placebo, ambos administrados duas vezes ao dia por 1 semanaOs resultados mostraram que foi observada uma redução no tempo de choro em 85,4% dos bebês que receberam o agente fitoterápico e em 48,9% dos bebês que receberam o placebo.
Eficácia e segurança de um remédio para alívio de cólicas em cólicas infantis.
Evans e colaboradores (2022)
Avaliar o efeito da administração de infusões com plantas medicinais por via oral para alívio da cólica no tempo médio diário de choro em bebês em comparação com a linha de base.Estudo clínico com trinta e dois bebês, com idades entre 3 e 16 semanas e sem doença clínica significativa que foram testados com administração de Carbo vegetabilis (carvão vegetal), Prunus spinosa (espinheiro-negro), Carum carvi (cominho), Matricaria chamomilla (camomila), Foeniculum vulgare (funcho), Zingiber officinale (gengibre), Melissa officinalis (erva-cidreira), e Mentha piperita (hortelã-pimenta) durante 14 dias.O tempo diário de choro cólico foi significativamente reduzido dentro de uma semana de intervenção, e um efeito sustentado foi observado após a descontinuação do produto.
Levantamento do uso de Plantas Medicinais em um Centro de Educação Infantil em Goiânia–GO.
Motta, Lima e Vale (2016)
Identificar as espécies de plantas medicinais mais utilizadas pela comunidade escolar de um Centrode Educação Infantil em Goiânia-Goiás para mães com recém-nascidos que apresentavam cólicas.Estudo de revisão prospectivo onde questionários sobre uso de chás foram aplicados aos participantes para tratar as dores de cólica e constipação de seus filhos recém-nascidos.Quase 80% das mães entrevistadas relataram usar chá de funcho (Foeniculum vulgare) com resultados positivos para minimização das dores ocasionadas por cólicas em seus filhos. 
A segurança do chá Mother’s Milk®: resultados de um estudo randomizado, duplo-cego e controlado em mães que amamentam totalmente e seus bebês.
Wagner e colaboradores (2019)
Avaliar os efeitos de um chá industrializado Mothers Milk (herbal tea) em mulheres que amamentam e seus bebês recém-nascidos, analisando os efeitos na redução da cólica a curto e longo prazo.Estudo randomizado, duplo-cego e controlado 60 mulheres lactantes saudáveis randomizadas em um grupo de chá totalmente natural contendo frutas de funcho amargo, anis e coentro; semente de feno-grego; e outras ervas (chá de ervas Mother’s Milk®; grupo de teste) ou um grupo de placebo com folhas de verbena de limão. A qualidade de vida materna e o estado psicológico foram avaliados no início e nas semanas 2 e 4. Nenhum efeito atribuível às intervenções foi relatado como positivo em qualquer ponto do tempo nos bebês. Contudo, na remoção do uso dos chás pelas mães, houve melhora nos quadros de choros por cólica pelos bebês. 

Os autores Wagner e colaboradores (2019) ao utilizarem um produto à base de ervas como teste, alegaram que houve impacto negativo em relação ao choro ocasionado por cólicas, o que foi amenizado após a remoção da ingestão materna desse chá. Já Barata (2003) e Pace (2017) relataram melhoras significativas no consumo de chás para com redução de quadros de choro em crianças recém-nascidas que apresentavam cólicas abdominais. 

2.5 Métodos de Massagem

Compreende-se que a prática de massagem por parte das mães promoverá o relaxamento do recém-nascido, ao mesmo tempo que estabelece um vínculo afetivo poderoso entre a mãe e o bebê, através do simples ato de tocar. A massagem oferece vantagens não apenas no aspecto físico, mas também no emocional, contribuindo para o completo bem-estar do bebê. Nos primeiros meses de vida, o bebê passa pelo processo de transição da sua posição fetal. Para que essa transição ocorra de forma adequada, é essencial que os músculos se esticam, as articulações se abram e os movimentos sejam coordenados. Portanto, a massagem desempenha um papel importante nessa fase, pois auxilia o bebê no processo de recuperação e coordenação dos movimentos (RAMOS, 2014).

Um estudo de revisão sistemática realizado por Carvalho e colaboradores (2023), apontou que 5 referências investigaram o uso da massagem para tratar os sintomas da cólica, concluindo, de modo geral, que ela é eficaz em comparação com outros métodos possíveis. Além disso, destacaram que a massagem é um procedimento seguro e agradável, com baixo risco de efeitos adversos graves. 

De acordo com Ramos e colaboradores (2014), terapias alternativas e complementares, como a massagem, têm efeitos positivos sobre a cólica em recém-nascidos. Em sua pesquisa qualitativa e descritiva que tinha o objetivo de explorar os potenciais aplicações da técnica de massagem para alívio de cólicas em recém-nascidos pelas mães. Foram incluídas um total de 10 mães que tinham filhos recém-nascidos e que apresentavam cólica e por meio de questionário, elas responderam em relação à técnica empregada e ao resultado obtido. Cinco mães expressaram uma avaliação positiva em relação ao uso da massagem, afirmando que incorporaram essa prática em sua rotina de cuidados domiciliares.

Rocha (2017) em seu trabalho de revisão bibliográfica, onde foram selecionados 4 artigos publicados entre 2007 e 2017, abordando o emprego da massagem para redução das cólicas neonatais, revelou que a partir da identificação da cólica neonatal e a aplicação da massagem, a mãe pode auxiliar o bebê a relaxar, reduzindo as cólicas e facilitando a liberação de gases intestinais. 

Browning e Miller (2008), em um ensaio clínico randomizado, examinaram a resposta de 43 recém-nascidos em comparação com o tratamento de massagem em todos os bebês durante 2 semanas. As crianças choravam de cólica em média mais de três horas por dia durante pelo menos quatro dos últimos sete dias. No final da primeira semana do estudo, o número de horas de choro foi reduzido em média 2,1 horas/dia em ambos os grupos. Após duas semanas, o número de horas de sono havia aumentado em ambos os grupos: 1,7 horas/dia no grupo. Quatro semanas após o início do estudo, 82% do grupo massagem na coluna e 67% do grupo de descompressão occipitosacral haviam resolvido a cólica, corroborando que independentemente do tipo de método tátil, o resultado foi positivo para o tratamento de cólica.

Os resultados pertinentes ao uso de massagem para alívio de cólicas em recém-nascidos são demonstrados na tabela 5.

Tabela 5. Identificação, objetivos do estudo, metodologia e resultados dos artigos relacionados à aplicação de massagens para recém-nascidos com cólicas.

Identificação do artigoObjetivosMetodologiaResultados
Benefícios da massagem infantil em recém-nascidos e lactentes: Revisão integrativa.
Carvalho et al. (2023)
Identificar os benefícios da massagem infantil para cólicas em recém-nascidos    lactentes.Revisão de literatura com 23 artigos encontrados através de busca nos bancos de dados: PubMed, BVS, Web of Science e Scopus. Foram considerados para inclusão os artigos originais publicados nos idiomas inglês, português ou espanhol, no período entre 2014 e 2019.Os resultados encontrados em 5 artigos indicaram que a massagem infantil é uma estratégia não farmacológica eficaz para ser utilizada nessa população para tratamento de cólicas neonatais. 
O uso da massagem para alívio de cólicas e gases em recém-nascidos
Ramos e colaboradores (2014)
Examinar as potencialidades da aplicação da técnica de massagem para mitigar desconfortos relacionados a cólicas em bebês recém-nascidos.Estudo qualitativo descritivo conduzido em 2013 no alojamento conjunto de um hospital universitário no Rio de Janeiro, por meio de entrevistas semiestruturadas com 10 mães.Cinco mães expressaram uma avaliação positiva em relação ao uso da massagem, afirmando que incorporaram essa prática em sua rotina de cuidados domiciliares.
A massagem clássica como alternativa para o alívio de cólicas em crianças.
Rocha, Juliana Pereira de Lima da (2017)
Revelar a interconexão entre o gerenciamento da cólica infantil com massagem por parte das mães e dos profissionais da Estratégia Saúde da Família.Revisão narrativa da literatura conduzida nas plataformas Lilacs e BDENF-Enfermagem. Foram identificados 11 artigos, dos quais foram escolhidos 4 para análise mais aprofundada.Com a massagem tradicional no abdome, a mãe pode desempenhar um papel crucial em auxiliar o bebê a relaxar, reduzindo o desconforto das cólicas e facilitando a eliminação de gases intestinais. O emprego da massagem engloba uma série de efeitos benéficos, abrangendo aspectos fisiológicos, psicomotores e comportamentais. A massagem exerce o poder de promover o bem-estar, contribuindo para o fortalecimento da relação mãe/filho e intensificando os laços emocionais.
Comparação dos efeitos de curto prazo da manipulação espinhal quiroprática e da descompressão occipito-sacral no tratamento de cólicas infantis: um estudo comparativo, cego, randomizado 
Browning e Miller (2008)
Aplicar duas intervenções massoterapêuticas no tratamento da cólica infantil.Um ensaio clínico, único-cego, randomizado com 43 participantes recém-nascidos apresentando cólicas divididas em grupo. Foram aplicados durante duas semanas uma terapia manipulativa na coluna torácica e na região sacral dos participantes.No sétimo e décimo quarto dia do ensaio, a média de horas de choro por dia foi significativamente reduzida em ambos os grupos. Após 14 dias, a média de horas de sono por dia aumentou significativamente em ambos os grupos.

Com base nos achados, Carvalho e colaboradores (2023), por meio de revisão teórica em pesquisa de 5 artigos, relataram que em relação às intervenções não farmacológicas, a massagem é uma das estratégias mais adequadas para redução da cólica em neonatos. Ademais, Rocha (2017), também por meio da revisão de 4 literaturas relacionadas ao tema, relatou que além da melhora no quadro sintomatológico das cólicas abdominais em neonatos, a massagem pode aumentar os aspectos emocionais da mãe para com o filho. 

Ramos e colaboradores (2014) em sua pesquisa, confirmou por meio de entrevista a 5 mães que tinham filhos neonatos no qual apresentavam cólicas, que a massagem é uma tática eficiente na redução do choro oriundos de cólicas abdominais. Já Browning e Miller (2008), realizaram sua pesquisa com base clínica em 43 neonatos, revelou que o emprego de dois tipos distintos de massagem na região posterior do torso (coluna torácica e sacral) em neonatos com cólicas é benéfica e reduz o choro ocasionado por cólicas. 

3. CONCLUSÃO  

Em síntese, as distintas abordagens examinadas para mitigar as cólicas em recém-nascidos representam uma rica variedade de opções no domínio do cuidado infantil. A diversidade de métodos investigados, como o método mãe-canguru, infusões de plantas medicinais e massagem, destaca a importância de estratégias não farmacológicas que não apenas visem aos sintomas físicos, mas também fortaleçam os laços emocionais entre pais e filhos.

Dito isso, a utilização de infusões de plantas medicinais, apesar de gerar opiniões divergentes, surge como uma alternativa natural e economicamente acessível. As técnicas de massagem, respaldadas por estudos e relatos maternos, se destacam como intervenções seguras e eficazes no alívio das cólicas neonatais. Assim, ressalta-se a relevância desta abordagem integrativa, que transcende o tratamento dos sintomas, procurando promover uma perspectiva abrangente no cuidado neonatal.

Dessa forma, reitera-se a necessidade de uma abordagem personalizada no cuidado infantil, voltada para o bem-estar integral dos recém-nascidos. Conclui-se, portanto, que ao considerar o contexto amplo do cuidado neonatal, as estratégias não farmacológicas discutidas neste estudo oferecem contribuições significativas para a promoção da saúde e do bem-estar dos recém-nascidos, sempre respeitando a singularidade de cada criança e sua família.

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1Médica pela Universidade Brasil. E-mail: drapaulaleitemedeiros@gmail.com