ESTRATÉGIAS ODONTOLÓGICAS PREVENTIVAS E DE TRATAMENTO NO BRUXISMO EM ADULTOS: COM FOCO EM PLACAS DE MORDIDA ASSOCIADAS À HÁBITOS SAUDÁVEIS PARA SAÚDE ORAL

PREVENTIVE AND TREATMENT DENTAL STRATEGIES FOR BRUXISM IN ADULTS: FOCUSING ON BITE PLATES ASSOCIATED WITH HEALTHY HABITS FOR ORAL HEALTH

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202509101429


Matheus de Souza Lopes1
Rafael Pugas Ferreira1
Me. José Henrique Nascimento Souza Junior2


RESUMO

Este artigo aborda estratégias odontológicas preventivas e terapêuticas para o bruxismo em adultos, com foco no uso de placas de mordida associadas a hábitos saudáveis para promover a saúde oral. O bruxismo, caracteriza-se por apertamento ou ranger dos dentes, está ligado a fatores como estresse, distúrbios do sono, estimulantes e alterações oclusais. A pesquisa, de natureza qualitativa e método hipotético-dedutivo, baseou-se em revisão bibliográfica. As estratégias incluem educação, controle do estresse, higiene do sono e eliminação de hábitos nocivos. As placas interoclusais, especialmente as rígidas estabilizadoras, destacam-se por proteger os tecidos dentários e articulares, aliviar sintomas musculares e auxiliar na reprogramação neuromuscular. O tratamento integrado com mudanças comportamentais e acompanhamento interdisciplinar mostra-se eficaz. Conclui-se que o manejo do bruxismo deve ser individualizado e multidisciplinar.

Palavras-chave: Bruxismo. Prevenção. Tratamento. Placas de mordida.

ABSTRACT

This article addresses preventive and therapeutic dental strategies for bruxism in adults, focusing on the use of bite splints combined with healthy habits to promote oral health. Bruxism, characterized by clenching or grinding of the teeth, is linked to factors such as stress, sleep disorders, stimulants, and occlusal alterations. This qualitative research, using a hypothetical-deductive method, was based on a literature review. Strategies include education, stress management, sleep hygiene, and elimination of harmful habits. Interocclusal splints, especially rigid stabilizing splints, are known for protecting dental and joint tissues, alleviating muscle symptoms, and aiding in neuromuscular reprogramming. Integrated treatment with behavioral changes and interdisciplinary monitoring has proven effective. The conclusion is that bruxism management should be individualized and multidisciplinary.

Keywords: Bruxism. Prevention. Treatment. Bite splints.

1 INTRODUÇÃO

O bruxismo é um distúrbio parafuncional caracterizado por hiperatividade da musculatura orofacial, manifestando-se como apertamento ou atrição dentária. Apresenta-se em duas modalidades: bruxismo do sono, involuntário durante a noite, e bruxismo em vigília, consciente ou inconsciente ao longo do dia (Lavigne et al., 2010).

Essa condição apresenta etiologia multifatorial, envolvendo fatores genéticos, psicológicos, fisiológicos e ambientais, destacando-se o estresse corriqueiro, distúrbios do sono e o consumo de substâncias psicoativas.

O bruxismo em adultos configura um desafio significativo para a prática odontológica devido às suas múltiplas causas e manifestações clínicas que impactam diretamente a saúde bucal e a qualidade de vida dos pacientes.

Apesar da ampla utilização das placas de mordida como recurso terapêutico, ainda há controvérsias e lacunas quanto à sua eficácia isolada, especialmente quando não associadas à adoção de hábitos saudáveis que promovam o equilíbrio muscular e emocional. 

O bruxismo provoca impactos significativos na saúde bucal, incluindo desgaste dentário, dores musculares, alterações na articulação temporomandibular e comprometimento da qualidade de vida dos pacientes, dessa forma o diagnóstico precoce e o manejo adequado são fundamentais para prevenir consequências irreversíveis (Lobbezoo et al., 2012). 

No âmbito terapêutico, as placas interoclusais, conhecidas popularmente como placas de mordida, são amplamente recomendadas para o controle do bruxismo. Elas protegem as superfícies dentárias contra o desgaste, promovem a estabilização oclusal e contribuem para a reprogramação neuromuscular (Okeson, 2019; Lobbezoo et al., 2013).

Além do uso das placas, o tratamento deve contemplar a abordagem dos fatores psicossociais envolvidos, como o controle do estresse e a aplicação da técnica de higiene do sono, adotando um enfoque multidisciplinar que potencialize os resultados clínicos (Hennessy et al, 2023).

2 METODOLOGIA 

A presente pesquisa possui caráter eminentemente qualitativo e foi desenvolvida por meio do método hipotético-dedutivo, com o objetivo de compreender, com base em dados teóricos, as estratégias odontológicas preventivas e terapêuticas aplicadas ao bruxismo em adultos.

A investigação fundamentou-se em revisão bibliográfica de artigos científicos, livros, dissertações e teses publicados nos últimos anos, selecionados a partir de bases de dados confiáveis, como Google Acadêmico.

O recorte foi direcionado a estudos que abordam o uso de placas oclusais (placas de mordida) em associação com hábitos saudáveis voltados à promoção da saúde bucal e à redução dos sintomas e causas relacionadas ao bruxismo.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
3.1 Definição de bruxismo

 Na visão de Lavigne et al. (2008), o bruxismo refere-se a atividades oromandibulares não funcionais, sendo caracterizada por movimentos como apertar, encostar, ranger ou bater os dentes, ou ainda por manter a mandíbula em posição fixa por tempo prolongado, podendo ocorrer tanto durante o sono quanto durante o dia, porém este último é menos perceptível.

Etiologicamente, o bruxismo pode ser classificado como primário, de causa idiopática, ou secundário, quando relacionado a distúrbios neurológicos, transtornos psiquiátricos, alterações do sono ou ao uso de substâncias e medicamentos com ação no sistema nervoso central.

O bruxismo é classificado em níveis de gravidade leve, moderado e severo, sendo essencial planejamento terapêutico, pois os fatores etiológicos, a intensidade dos sinais e sintomas clínicos, e a complexidade do tratamento, variam conforme a severidade do quadro (Lobbezoo et al., 2023).

A pressão exercida pelas atividades parafuncionais pode resultar em desgaste e mobilidade dentária. Em quadros mais avançados, há risco de comprometimento ósseo, alterações gengivais e disfunções na articulação temporomandibular (ATM).

Compreende-se, a partir de Okeson (2019) na sua obra de 8º edição que, essa condição pode estar relacionada a fatores genéticos, estados de estresse, tensão emocional, ansiedade, bem como distúrbios físicos, como a má oclusão ou o fechamento inadequado da arcada dentária.

A crescente incidência de sinais e sintomas de bruxismo em adultos tem sido amplamente presenciada. De acordo com Paulino et al. (2018), esse fenômeno está associado a fatores emocionais, como estresse crônico, ansiedade, refluxo estomacal, alguns medicamentos utilizados antidepressivos, uso de drogas, além de pressões externas e internas.

Esses elementos, combinados à presença de hábitos parafuncionais, contribuem significativamente para o surgimento e agravamento das disfunções temporomandibulares (DTM), evidenciando a necessidade de uma abordagem terapêutica multidisciplinar voltada tanto aos aspectos físicos quanto psicossociais do paciente.

3.2 Fatores de risco

Klasser et al. (2015) identificaram a oclusão como um dos principais fatores de risco associados à ocorrência e manutenção do bruxismo. No entanto, evidências clínicas mais recentes não encontraram relação direta entre interferências oclusais ou características anatômicas do esqueleto orofacial, indicando assim que múltiplos fatores, como de origem biopsicossocial, estão envolvidos no seu desenvolvimento.

Lavigne et al. (2008) em sua obra aborda que a genética é um fator de risco. Através de estudos os autores chegaram à conclusão de que 21% a 50% dos pacientes que são diagnosticados com bruxismo, têm algum parentesco em primeiro grau que possui tal hábito parafuncional.

Balasubramaniam et al. (2014) relatam que, com base em revisão de literatura e análises genéticas em famílias, incluindo principalmente gêmeos, o bruxismo do sono possui forte influência hereditária. Segundo os autores, estudos apontam que entre 35% e 90% dos casos de bruxismo do sono na infância tendem a persistir até a vida adulta, evidenciando o padrão genético.

Além dos múltiplos fatores que influenciam o desenvolvimento do bruxismo, Blum e Della Bona (2016) ressaltam que o uso de substâncias psicoestimulantes continua sendo um dos fatores clássicos e comumente associados à manifestação do distúrbio.

Substâncias como tabaco, álcool e cafeína têm sido relacionadas ao aumento da atividade muscular mastigatória involuntária, especialmente durante o sono. Esse estímulo pode intensificar os episódios de bruxismo noturno, favorecendo sua frequência e dificultando o controle do quadro.

De acordo com Feu et al. (2013), a nicotina exerce influência direta sobre o sistema nervoso central ao estimular as vias dopaminérgicas, o que pode justificar a maior prevalência do bruxismo em indivíduos fumantes. Estudos indicam que essa condição é aproximadamente duas vezes mais comum entre fumantes quando comparada à população não fumante.

Isso ocorre pois o uso do tabaco pode atuar como um fator agravante no desencadeamento e na manutenção das atividades parafuncionais oromandibulares, especialmente durante o sono, tornando-se relevante na abordagem clínica e preventiva do bruxismo.

Autores como Rintakoski et al. (2010) apud Feu (2013) apontam que a dependência de nicotina está fortemente associada ao bruxismo. Por outro lado, Lavigne et al. (2003) afirma que tal substância  é considerada um fator de risco levemente moderado para desencadear as atividades parafuncionais do sistema estomatognático.

Embora ainda não haja comprovação definitiva, observa-se que o bruxismo é mais prevalente entre indivíduos fumantes. O uso de substâncias químicas é um fator de risco, uma vez que a maior concentração dessa substância no sangue pode influenciar diretamente o sistema nervoso central, favorecendo a ocorrência do bruxismo.

Ansiedade, depressão e estresse estão fortemente associados ao bruxismo em vigília, uma vez que influenciam o sistema nervoso central, elevando a atividade muscular oromandibular e a frequência do apertamento dentário consciente, sendo fatores influente na conduta clínica, conforme apontado por (Lobbezoo et al., 2012).

Em síntese, o bruxismo é uma condição multifatorial que envolve fatores genéticos, psicológicos e estimulantes, demandando intervenção odontológica especializada para proteção dentária, controle muscular e preservação da função do sistema estomatognático.

3.3 Diagnóstico do Bruxismo

O diagnóstico do bruxismo envolve avaliação clínica criteriosa, considerando sinais como facetas de desgaste dentário, fraturas de restaurações, mobilidade anormal e hipertrofia dos músculos mastigatórios, aliados a queixas de dor orofacial e sensibilidade dentária.

A anamnese minuciosa é crucial para identificar hábitos parafuncionais e fatores característicos do bruxismo. Exames como polissonografia e eletromiografia auxiliam no diagnóstico e na diferenciação entre bruxismo do sono e de vigília, permitindo detecção precoce que previne danos estruturais e funcionais ao sistema estomatognático.

A anamnese possibilita a avaliação detalhada da cavidade oral, dentes, mandíbula e articulação temporomandibular (ATM), visando identificar sinais clínicos como desgaste dentário, hipersensibilidade, dores e ruídos articulares, além de investigar o histórico do paciente para detectar potenciais fatores de risco (Okeson, 2013).

O paciente pode manifestar sintomas como fadiga, dor e rigidez muscular, os quais podem resultar em limitação da abertura bucal, constituindo-se como sinais clínicos sugestivos para o diagnóstico de bruxismo.

Feito isso, para obter um diagnóstico dessa parafunção, autores relatam que existem três termos que juntos originam um resultado seguro de maior precisão, sendo eles: o possível, ao qual trata-se do uso de anamnese mais questionários, o provável, que aborda a anamnese e os exames clínicos e por fim, o definitivo, cujo utiliza-se de questionário, exame clínico e polissonografia. 

Os métodos mais comuns e eficazes utilizados para alcançar o diagnóstico, são: questionário, ao qual aborda a identificação de atividade parafuncional voluntária e involuntária, analisando parâmetros como frequência, intensidade, padrão de apertamento ou ranger dentário e os danos decorrentes.

Embora não haja exame exclusivo para confirmar o bruxismo, a polissonografia (PSG) e a eletromiografia (EMG) auxiliam no diagnóstico ao identificar atividade muscular mastigatória rítmica (RMMA), permitindo avaliar a atividade elétrica dos músculos mastigatórios e nervos, relacionados com microdespertares durante o sono.

Este exame clínico geralmente é utilizado para identificar o Bruxismo do sono (BS), pois a avaliação consiste em observar as ações involuntárias dos pacientes, diferentemente do questionário e anamnese.

Em síntese, o diagnóstico do bruxismo requer abordagem integrada, unindo anamnese, exame clínico e exames complementares, permitindo identificação precoce e prevenção de danos, além de direcionar intervenções eficazes.

3.4 Estratégias odontológicas preventivas 

O bruxismo acarreta o desgaste excessivo dos dentes, dores faciais, dores de cabeça, problemas na articulação temporomandibular e até mesmo interferir no sono, ressaltando a necessidade de adoção de medidas preventivas e estratégias terapêuticas específicas para pacientes portadores desse hábito. 

As abordagens preventivas odontológicas quanto o bruxismo envolvem a identificação precoce dos fatores de risco, orientação do paciente, modificação de hábitos parafuncionais e proteção das estruturas orofaciais.

O exame clínico criterioso e a anamnese detalhada são essenciais para reconhecer sinais iniciais, como desgastes dentários, facetas de atrito, dor muscular e histórico de distúrbios do sono (Lobbezoo et al., 2013).

Quanto ao  consumo de substâncias químicas, é fundamental o esclarecimento ao paciente dos riscos relacionados às atividades parafuncionais a orientação quanto à necessidade de evitar o uso de agentes que possam intensificar a tensão muscular oromandibular, como cafeína, nicotina, álcool, tabaco e substâncias ilícitas (Manfredini et al., 2011).

O controle dos hábitos parafuncionais envolve eliminar comportamentos como morder objetos, roer unhas e mascar goma em excesso. No bruxismo de vigília, indica-se treinamento postural mandibular para manter a posição de repouso, com mínima atividade eletromiográfica e ausência de contatos oclusais (Okeson, 2013).

O paciente deve ser instruído sobre a percepção consciente do apertamento dental diurno, promovendo estratégias de autocontrole e, quando indicado, o uso de técnicas de biofeedback. Em casos com risco de desgaste dentário, mesmo em estágios iniciais do bruxismo, o emprego de placas interoclusais pode ser recomendado como medida preventiva (Okeson, 2019).

A técnica de biofeedback é voltada à prevenção do bruxismo de vigília, uma vez que, para ter plena eficácia, depende da participação ativa do paciente, fato que torna-se limitado no caso da ocorrência do bruxismo noturno.

O biofeedback é uma terapia cognitivo-comportamental voltada ao controle consciente de funções biológicas involuntárias, como frequência cardíaca, tensão muscular e pressão arterial. Seu principal objetivo é auxiliar o paciente no reconhecimento e controle dos comportamentos parafuncionais associados ao bruxismo do sono e de vigília (Machado et al. 2011).

De acordo com Hennessy e Murchison (2023), no contexto preventivo do bruxismo, é essencial priorizar a higiene do sono e estratégias para a redução do estresse, uma vez que ambos exercem papel direto no risco de desenvolvimento dessa parafunção muscular.

A educação do paciente sobre higiene do sono, como manter horários regulares, criar ambiente adequado e evitar estimulantes antes de dormir é fundamental na prevenção. Evidências indicam que o estresse psicológico está fortemente associado ao bruxismo do sono, reforçando a importância do manejo emocional.

Nesse sentido, encaminhamentos para profissionais especializados em saúde mental e intervenções voltadas ao autocontrole emocional são recomendados para minimizar os fatores desencadeantes e proteger a saúde orofacial (Pontes e Prietsch, 2018).

O relaxamento da musculatura, especialmente da articulação temporomandibular, é fundamental na prevenção do bruxismo. Massagens leves, compressas mornas e técnicas de relaxamento ajudam a aliviar a tensão, devendo ser orientados por profissionais especializados em dor orofacial.

3.5Estratégias odontológicas de tratamento 

As placas oclusais popularmente conhecidas com placas de mordida, são amplamente utilizadas no tratamento do bruxismo por protegerem os dentes do desgaste, redistribuir as forças oclusais e reduzir a atividade muscular mastigatória.

Autores como Freitas (2018) afirma que, tanto as placas oclusais quanto os aparelhos intraorais de avanço mandibular promovem equilíbrio oclusal, diminuindo a sobrecarga funcional e prevenindo danos estruturais ao sistema estomatognático.

Por outro lado, Lobbezoo et al. (2018), relata que esses dispositivos não eliminam o bruxismo, porém desempenham papel essencial na prevenção de complicações clínicas, como fraturas dentárias, dores musculoesqueléticas e evitar que haja o ranger dos dentes, além de influenciar diretamente na higiene do sono.

As placas oclusais podem ser adaptadas à maxila, mandíbula ou a ambas, atuando na proteção do sistema estomatognático. Seus efeitos são graduais, proporcionando benefícios a longo prazo no controle das consequências do bruxismo.

A literatura aponta que as placas oclusais, isoladamente, podem não ser suficientes no manejo do bruxismo, sendo necessária sua associação a terapias complementares, embora existam estudos que relatam eficácia positiva mesmo com seu uso exclusivo, essa variação depende do organismo de cada paciente.

O manejo clínico do bruxismo inclui a prescrição de placas estabilizadoras e aparelhos intraorais de avanço mandibular, os quais são minuciosamente confeccionados conforme a necessidade terapêutica do paciente.

Esses dispositivos visam a preservação do sistema estomatognático, proporcionando benefícios clínicos a longo prazo, incluindo a mitigação de danos ao periodonto, à articulação temporomandibular (ATM), à estrutura dentária e à musculatura mastigatória.

As placas oclusais são individualmente confeccionadas, considerando as condições clínicas de cada paciente e a classificação do bruxismo, de modo a garantir adaptação precisa à arcada dentária (Viana; Ferreira, 2022).

É um dispositivo rígido e removível, desenvolvido para separar as arcadas dentárias superior e inferior, prevenindo o atrito traumático e inibindo os movimentos involuntários de apertamento e ranger, protegendo assim os dentes e a articulação temporomandibular.

A placa oclusal é produzida em resina acrílica transparente e atua na redução gradual da atividade muscular associada ao apertamento e ranger dentário, o que promove a desprogramação neuromuscular. Além disso, o dispositivo possibilita a execução controlada dos movimentos de abertura e fechamento mandibular, favorecendo o equilíbrio da mandíbula (Zequini, 2025).

Alternativamente, também pode ser confeccionada em silicone, material que proporciona maior conforto e facilidade de adaptação ao paciente. No entanto, apresenta eficácia reduzida em comparação ao acrílico e é recomendada principalmente para casos de menor intensidade do bruxismo (Leite, 2021).

Ela envolve todos os dentes de um arco, geralmente o superior, adaptando-se às superfícies incisais e oclusais, de modo a estabelecer contato oclusal prévio com os dentes do arco antagonista (Gama et al. 2018).

Para que o tratamento seja eficaz, a utilização das placas oclusais deve ser constante. Em casos de bruxismo leve a moderado, recomenda-se o uso durante o período noturno. Já nos casos graves ou durante episódios agudos associados a estresse psicológico, o uso deve ser também diurno, garantindo maior proteção.

Ressalta-se que a placa oclusal não promove a cura do bruxismo, atua na redução dos sintomas associados, porém sua eficácia na maioria dos casos depende da prática de hábitos saudáveis que promovam a saúde bucal e o equilíbrio funcional do sistema estomatognático.

Dessa forma, observa-se que o uso adequado das placas oclusais, aliado ao acompanhamento profissional contínuo, representa estratégia clínica eficaz para o controle do bruxismo e a prevenção de suas complicações a longo prazo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo evidencia que o manejo do bruxismo em adultos demanda estratégias integradas, nas quais o uso de placas oclusais desempenha papel central na prevenção de danos estruturais e na manutenção da função do sistema estomatognático.

Observou-se que a eficácia terapêutica está intimamente relacionada à correta confecção, ajuste individualizado e acompanhamento profissional contínuo, permitindo adaptação funcional e conforto ao paciente.

A associação de intervenções odontológicas com hábitos saudáveis e controle do estresse potencializa os resultados clínicos, minimizando sintomas musculoesqueléticos e promovendo equilíbrio neuromuscular.

O planejamento individualizado e multidisciplinar evidencia-se como ferramenta essencial para redução de complicações, preservação dentária e otimização da qualidade de vida, especialmente em casos de bruxismo severo ou associado a fatores psicossociais.

A aplicação sistemática das placas interoclusais, aliada à orientação contínua do paciente, constitui abordagem preventiva e terapêutica eficaz, promovendo proteção funcional a longo prazo e sustentando a estabilidade oclusal.

Em síntese, a integração de placas oclusais, acompanhamento odontológico especializado e práticas de saúde oral consolida uma abordagem protetiva, funcional e preventiva, impactando positivamente a saúde bucal e a qualidade de vida dos pacientes.

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1Discentes do Curso Superior de Odontologia do Faculdade FANORTE – Instituição de Ensino Superior de Cacoal/RO, matheusboerti1@gmail.com e rafaelpugasferreira@gmail.com 

2Docente do Curso Superior de Odontologia do Faculdade FANORTE Instituição de Ensino Superior de Cacoal/RO, jr.fanorte@gmail.com