ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS AO WEIGHTLIFTING: UM ESTUDO DE REVISĀO DE LITERATURA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410101825
Isabella Cristina da Rocha Souza1
Ana Carolina Lima da Silva Soares2
Lillian Tavares de Lima3
Ronildo Oliveira Figueiredo4
Resumo
Este estudo tem como objetivo relatar as es as estratégias nutricionais aplicadas aos atletas de halterofilismo ou Weightlifting, a fim de abordar o seu aperfeiçoamento físico a partir da alimentação estratégica. A metodologia deste estudo ocorreu através de uma revisão de literatura na qual baseou-se na coleta de dados e obras literárias dos últimos 6 anos (2019 a 2024). Assim, a coleta ocorreu através de periódicos específicos da área da saúde, nutrição e multidisciplinares, como Pubmed, Lilacs, Medline, SciELO, Scopus e SPORTDiscus e revistas eletrônicas de cunho nacional e Internacional, como Elsevier, Genes, Nutrients e outras. Os resultados obtidos destacam que incorporação de estratégias nutricionais para consumir micronutrientes e ingredientes eficazes para atletas de Weightlifting é necessária para apoiar a recuperação do atleta durante a temporada de campeonato. Por fim, considerase importante salientar que os atletas de Weightlifting enfrentam muitos desafios em relação à recuperação durante campeonatos. Devido às oportunidades limitadas de recuperação entre as competições, combinadas com horários de viagem, os atletas devem ser deliberados em suas estratégias de recuperação. Assim, proteínas, carboidratos e ingestão líquida são comumente reconhecidos como componentes importantes do processo de recuperação. Quanto aos micronutrientes e suplementos específicos, estes também podem desempenhar papéis essenciais na recuperação atlética relacionada aos atletas de Weightlifting e suas funções imunes e inflamação mediadora.
Palavras-chave: Estratégias. Nutriçāo. Aperfeiçoamento. Atletas de Weightlifting.
ABSTRACT
This study aims to report the nutritional strategies applied to weightlifting or weightlifting athletes, in order to address their physical improvement from strategic nutrition. The methodology of this study was based on a literature review based on the collection of data and literary works from the last 6 years (2019 to 2024). Thus, the collection took place through specific journals in the area of health, nutrition and multidisciplinary, such as Pubmed, Lilacs, Medline and SciELO, Scopus and SPORTDiscus and electronic journals of national and international nature, such as Elsevier, Genes, Nutrients and others. The results obtained highlight that the incorporation of nutritional strategies to consume micronutrients and effective ingredients for weightlifting athletes is necessary to support the athlete’s recovery during the championship season. Finally, it is important to note that Weightlifting athletes face many challenges regarding recovery during championships. Due to limited opportunities for recovery between competitions, combined with travel schedules, athletes must be deliberate in their recovery strategies. Thus, protein, carbohydrates, and fluid intake are commonly recognized as important components of the recovery process. As for specific micronutrients and supplements, these can also play essential roles in athletes’ athletic recovery and their immune functions and mediating inflammation.
Keywords: Strategies. Nutrition. Improvement. Weightlifting athletes.
1 INTRODUÇÃO
O halterofilismo ou Weightlifting é um esporte cujo intuito é levantar pesos elevados através de uma barra olímpica. Os atletas de Weightlifting ou levantadores de peso, como são comumente chamados, competem entre si para verificar qual suporta levantar a maior carga presente na barra. Esses atletas participam de muitas competições nacionais e internacionais, incluindo as Olimpíadas (Soares et al., 2022).
Nessa perspectiva, no que concerne a recuperação durante as competições do atleta de Weightlifting, deve-se envolver uma abordagem sistemática para manter a prontidão física e mental dos atletas para se apresentarem nas próximas competições. Deste modo, múltiplas variáveis podem influenciar a recuperação, como a nutrição, sono e viagens. Em muitos esportes, há oportunidades limitadas de recuperação devido às altas cargas de treinamento/competição e horários de viagem vigorosos, que podem envolver horários de sono inconsistentes, mudanças de fuso horário e mudanças na altitude, sendo incorporadas também ao halterofilismo (Guadamud et al., 2024).
Além dessas questões, o treinamento esportivo do Weightlifting apresenta cargas mecânicas significativas e demandas metabólicas que causam fadiga e representam desafios ao processo de recuperação. Após a conclusão da competição ou treinamento, o atleta entra em uma fase de recuperação na qual seu corpo restaura os níveis de combustível (recuperação metabólica) e repara danos ao sistema musculoesquelético (recuperação mecânica) (Bompa; Buzzichelli, 2022).
Assim, inúmeras estratégias podem ser utilizadas para melhorar a recuperação destes atletas, sendo os principais a nutrição e descanso. Quanto as estratégias nutricionais para os atletas de halterofilismo, elas objetivam fornecer a regeneração muscular, restauração de glicogênio, redução da fadiga e apoiam a saúde física e imunológica, o que ajuda o atleta a se preparar para a próxima competição ou sessão de treinamento durante os campeonatos (Soares et al., 2022).
Os aspectos nutricionais da recuperação, por sua vez, se concentraram principalmente nos macronutrientes, carboidratos e proteínas, bem como fluidos. Outras estratégias nutricionais para promover a recuperação através do uso de micronutrientes e/ou suplementos, bem como recomendações nutricionais em torno das viagens, têm sido frequentemente consideradas isoladamente, mas raramente apresentadas coletivamente (Guadamud et al., 2024).
Com isso, há uma necessidade de entender estratégias nutricionais adicionais que os atletas de Weightlifting podem implementar para melhorar a recuperação e a prontidão ao longo das competições. Assim, objetiva-se neste artigo de revisão fornecer uma breve visão geral dos aspectos fundamentais dos macronutrientes para recuperação de atletas de Weightlifting e, por conseguinte, um resumo de micronutrientes específicos, suplementos e estratégias nutricionais durante a recuperação e viagens para estes atletas.
No mais, faz-se necessário salientar que este estudo de revisão não objetiva fornecer uma lista exaustiva de micronutrientes e suplementos usados para melhorar a recuperação, nem a intenção de dissociar as estratégias de nutrição baseadas na recuperação daquelas que podem melhorar a adaptação ao treinamento. Em vez disso, discute-se sobre os micronutrientes e suplementos selecionados que são estratégias dietéticas populares entre os atletas de Weightlifting, juntamente com pesquisas emergentes e novas sobre sua eficácia para melhorar a recuperação durante as competições.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Revisāo Geral dos Macronutrientes para Atletas de Weightlifting
No nível de macronutrientes, a ingestão ideal de proteína na dieta fornece um aspecto fundamental para promover a recuperação de atletas de Weightlifting. O papel multifatorial da proteína na recuperação inclui facilitar o reparo muscular, a remodelação muscular e a função imunológica (Tumnark et al., 2020).
A natureza intermitente e multidirecional dos padrões de movimento realizados por atletas exigem contrações musculares excêntricas repetidas e explicam, pelo menos em parte, os índices de dano muscular muitas vezes experimentados 2 e 3 dias após o campeonato. No contexto da reparação de proteínas musculares danificadas, resultados mistos foram relatados em estudos que administram fontes de proteína intactas. Por outro lado, vários estudos replicaram a descoberta de que a ingestão de aminoácidos de cadeia ramificada ou consumo de laticínios acelera a recuperação do exercício que prejudica os músculos (Bazzarre, 2022).
Juntamente com o reparo de velhas proteínas musculares danificadas, a remodelação de novas proteínas musculares funcionais também é importante para promover a recuperação de atletas de Weightlifting. Um componente-chave do processo de remodelação muscular é a síntese de proteínas musculares (SPM). Vários fatores, incluindo a fonte, por dose de refeição, padrão diurno e tempo (em relação ao exercício) da proteína ingerida, bem como a (co)ingestão de outros nutrientes, modulam a resposta da SPM à ingestão de proteínas (Kikuchi et al., 2021).
Fontes rapidamente digeridas ricas em leucina, como a proteína de soro de leite, demonstraram provocar uma maior estimulação da SPM durante a recuperação em comparação com proteínas digeridas lentamente de menor composição de leucina, como soja e caseína micelar. A leucina aumenta a SPM ativando diretamente o alvo mecanista do complexo de rapamicina 1 (mTORC1) através da proteína de ligação à leucina sestrin2 (Bompa; Buzzichelli, 2023).
A dose ideal de curto prazo de proteína para maximizar a estimulação da SPM equivale a 0,25 g/kg de massa corporal, exceto após o treinamento de corpo inteiro, quando uma dose maior, de aproximadamente 0,4 g/kg de massa corporal, pode ser necessária. Há evidências de que essa dose ideal de proteína deve ser distribuída uniformemente ao longo do dia. A coingestão de outros nutrientes, como carboidratos ou n-3 PUFA com proteína não confere vantagem em termos de remodelação muscular quando uma dose recomendada de proteína é consumida (Parducho, 2024).
Em contraste, a descoberta de que beber uma grande quantidade de álcool, entre 1,5 g/kg, afetou a resposta do SPM pós-exercício à ingestão de proteínas através da inativação do mTORC1, na qual implica um papel prejudicial para o consumo compulsivo de álcool durante o processo de remodelação muscular (Tumnark et al., 2020).
O conselho para atletas de Weightlifting envolvidos em períodos de treinamento intensificado é consumir uma dieta rica em carboidratos, inclusive nas horas seguintes ao exercício. A justificativa por trás de tal dieta durante o treinamento intensificado inclui o apoio às demandas diárias de combustível, mitigação do déficit energético, fadiga e lesões associadas, manutenção da função imunológica e prevenção do excesso de treinamento (De Paula et al., 2022).
A disponibilidade inadequada de carboidratos endógenos está associada ao desempenho esportivo de atletas de Weightlifting prejudicado. Como tal, cenários em que várias sessões de treinamento são agendadas para o mesmo dia ou durante períodos de treinamento intenso e/ou competição têm o potencial de esgotar as reservas de carboidratos endógenos. Mesmo depois de uma única partida competitiva, pode levar até 72 horas para a restauração completa do glicogênio muscular, apesar dos regimes dietéticos que visam a substituição de carboidratos e proteínas (Kikuchi et al., 2021).
Nesses cenários, com o objetivo principal de restaurar as reservas de glicogênio musculares e hepáticas o mais rápido possível, recomendações práticas de carboidratos focadas na recuperação para atletas de Weightlifting incluem o consumo de 1,0–1,2 g/kg/h dentro da primeira hora de cessação do exercício e a continuação de uma ingestão de carboidratos de 1,0– 1,2 g/kg/h por 4 a 6 h, ou até que as refeições regulares sejam retomadas (Córdoba Palacios; Gómez Arbeláez; Marmolejo Moreno, 2019).
Uma variedade de fontes de carboidratos de alimentos e fluidos são eficazes na restauração das reservas de glicogênio; a escolha é determinada pela preferência do atleta, praticidade e disponibilidade. As escolhas de carboidratos de índice glicêmico moderado a alto são prudentes porque o armazenamento de glicogênio será, em parte, regulado pelo rápido suprimento de glicose e resposta à insulina (Bazzarre, 2022).
A sacarose pode ser preferencial à glicose, devido ao aumento da reposição de glicogênio hepático e, onde a ingestão de carboidratos é sub ótima, a adição de proteína, cerca de 0,3 a 4 g/kg/h, pode ajudar a maximizar a ressíntese de glicogênio. Finalmente, o álcool deve ser limitado após o exercício, pois as escolhas dietéticas sub ótimas que muitas vezes acompanham o álcool podem comprometer o reabastecimento do glicogênio muscular (Córdoba Palacios; Gómez Arbeláez; Marmolejo Moreno, 2019).
A reidratação, isto é, a substituição de perdas de suor e a restauração do equilíbrio de fluidos corporais é uma parte importante do processo de recuperação, particularmente quando os atletas precisam participar de uma sessão de exercícios subsequente dentro de um curto período de tempo. De fato, iniciar o exercício em um estado hipohidratado pode prejudicar o desempenho, especialmente ao treinar ou competir no calor (Tumnark et al., 2020).
A composição de uma bebida consumida após o exercício pode ter um impacto significativo no processo de reidratação. A presença de sódio aumenta a palatabilidade e estimula a sede fisiológica, enquanto o consumo de água pura reduz o desejo de beber antes que o volume de água corporal seja totalmente restaurado. Além disso, é claro que o sódio melhora significativamente a reidratação pós-exercício através de seu impacto na retenção de fluidos. O aumento da concentração plasmática de sódio e osmolaridade com a ingestão de sódio estimula a reabsorção renal de água (ou seja, diminui a diurese) e promove a restauração do volume plasmático (Parducho, 2024).
Soluções de carboidratos que variam entre 6 a 12% demonstraram promover maior retenção de líquidos em comparação com placebos combinados com eletrólitos. O aumento da densidade energética e/ou osmolaridade de soluções de carboidratos altamente concentrados (pode atrasar o esvaziamento gástrico ou a absorção intestinal. Por sua vez, isso retardaria a aparência do líquido na circulação e atenuaria a diurese durante a reidratação. Outros mecanismos propostos, particularmente em relação aos benefícios de retenção de líquidos de menores concentrações de carboidratos, incluem um aumento mediado pela insulina na reabsorção renal de sódio e água (Tumnark et al., 2020).
METODOLOGIA
Uma pesquisa sistemática usando as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA) foi conduzida para estudos que investigaram as estratégias nutricionais de macronutrientes e suplementação de no desempenho do exercício de atletas de Weightlifting usando os bancos de dados como: Medline, Pubmed, SciELO, Scopus e SPORTDiscus até agosto de 2024, usando os seguintes descritores: Estratégias, Nutriçāo, Aperfeiçoamento e Atletas de Weightlifting.
Para a pesquisa, foram utilizados para auxilio os operadores booleanos na língua inglesa: “OR” e “AND” e os descritores foram transcritos para a língua mencionada para ajustar a pesquisa para estudos de cunho internacional, ficando: Strategies OR Nutrition OR Improvement OR Weightlifting athletes ou Strategies AND Nutrition AND Improvement AND Weightlifting athletes.
A pesquisa original retornou com um total de 10.600 estudos. Após a eliminação de artigos duplicados e a triagem para critérios de inclusão, um total de 55 artigos foram lidos e revisados de forma independente por duas autoras (ICRS) e um procedimento de avaliação de qualidade foi realizado pela professora Orientadora (LTL) usando a escala PEDro, a fim de avaliar a qualidade do viéa metodológico de obras cuja tipologia é de Ensaios Clínicos Randomizados (ECRs).
Desta forma, um total de 27 artigos atendeu aos critérios de elegibilidade para a presente revisão de literatura, sendo exemplificados no (Fluxograma 1).
Fluxograma 1 – Etapas e Estratégias de Busca de Obras a partir da Meta-Análise (PRISMA).
Fonte: Elaborado pelas autoras (2024).
Para garantir que a seleção de estudos avaliasse os efeitos das estratégias nutricionais de macronutrientes e suplementação de no desempenho do exercício de atletas de Weightlifting as autoras aplicaram um conjunto de critérios de inclusão:
- Estudos que foram publicados como um artigo completo (ou seja, não um resumo da conferência) e realizados em humanos saudáveis (com idades entre 18 e 65 anos);
- Estudos que incluíram uma intervenção nutricional e (a depender da disponibilidade de estudos) uma placebo;
- Estudos que avaliaram a força de resistência dinâmica voluntária (ou seja, força não isométrica ou isocinética e contrações musculares não involuntárias;
- Estudos que incluíram qualquer uma das seguintes variáveis: i) uma repetição máxima dos atletas de Weightlifting ; ii) movimento de potência ou velocidade; iii) número de repetições para falha com cargas submáximas.
Os quatro estudos selecionados para nossa revisão sistemática incluíram um total de 55 homens, todos treinados em resistência (ou seja, realizaram exercícios de resistência no mínimo duas vezes por semana).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como observação final, a importância da proteína dietética na promoção da recuperação de atletas de Weightlifting pode ir além de facilitar o reparo e a remodelação das proteínas do músculo esquelético. De fato, há evidências preliminares de que o aumento da ingestão de proteínas na dieta melhora a vigilância imunológica durante o treinamento intensificado em ciclistas treinados.
Esses dados podem ter implicações importantes para os atletas de Weightlifting durante períodos de treinamento intenso (ou seja, pré-competição) e/ou competição. Quanto aos carboidratos, compreende-se que menos ênfase é colocada na otimização das diretrizes de carboidratos para recuperação em atletas esportivos de equipe quando a intensidade do exercício é baixa a moderada, a duração do exercício é curta e quando o tempo suficiente separa a próxima ocasião do exercício (Parducho, 2024).
Em tais cenários, refeições regularmente espaçadas e ricas em nutrientes são provavelmente suficientes para atender às demandas de recuperação do atleta. Finalmente, uma abordagem flexível, periodizada e personalizada para a disponibilidade de carboidratos durante o período pós-exercício é essencial para garantir que a recuperação de curto prazo seja otimizada e a adaptação a longo prazo aprimorada (Kikuchi et al., 2021).
O leite, que contém uma quantidade comparável de sódio às bebidas esportivas, também foi estudado por sua eficácia na promoção da retenção de líquidos durante a reidratação. Pesquisas recentes sugerem que a proteína do leite – com concentração de 80% de caseína e 20% de soro de leite – pode aumentar a retenção de líquidos pós-exercício em comparação com as bebidas esportivas tradicionais (Bazzarre, 2022).
No entanto, a maioria dos estudos relata que a proteína de soro de leite por si só não confere melhor retenção de líquidos em comparação com água ou bebidas esportivas. O mecanismo para explicar esses resultados pode ser que a coagulação da caseína no leite retarda o esvaziamento gástrico e retarda a absorção de líquidos intestinais em comparação com a proteína de soro de leite ou bebidas de glicose (Dos Santos; Da Silva Martins; De Sales Ferreira, 2021). No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender os mecanismos subjacentes às melhorias de retenção de líquidos relatadas com a ingestão de proteína, bem como bebidas contendo carboidratos após o exercício (Bazzarre, 2022).
Em resumo, a composição da bebida é uma consideração importante para a reidratação pós-exercício e os componentes que têm um impacto positivo significativo são sódio, carboidratos e proteína do leite. Para alcançar uma reidratação rápida e completa, os painéis de especialistas recomendam que os atletas bebam cerca de 1,0 a 1,5 L de um fluido contendo sódio com aproximadamente 20 a 50 mmol/L para cada quilograma de massa corporal perdido (Tukhtarov; Valiyeva; Khidirov, 2023).
No mais, fornecer uma bebida gelada com sabor e doçura pode melhorar a palatabilidade das bebidas e a ingestão voluntária de líquidos após o exercício. Bebidas com mais de 3% de álcool devem ser evitadas, pois o efeito diurético provavelmente prejudicará a reidratação. Uma discussão mais abrangente sobre composição/características de bebidas e reidratação pode ser encontrada em outro lugar (Bompa; Buzzichelli, 2023).
Existem muitos suplementos e estratégias que supostamente suportam a recuperação e o desempenho nas competições, com diferentes níveis de eficácia. Antes de iniciar qualquer suplementação, o atleta deve consumir uma dieta adequada em proteínas, carboidratos, gorduras e micronutrientes. Sem essa base, os benefícios adicionais de suplementos eficazes serão limitados. O objetivo de uma refeição de recuperação é fornecer ao atleta os nutrientes necessários para apoiar a reposição de glicogênio, bem como a reidratação (Do Nascimento et al., 2022).
Um atleta de Weightlifting de 80 kg deve apontar para 20 a 24 g de proteína na refeição de recuperação com 80 a 96 g de carboidratos. Isso poderia ser conseguido através do consumo de 85 a 113 g de carne, aves ou peixe, com 1,5 xícaras de macarrão, além de um vegetal de escolha. O atleta também pode incluir fontes dietéticas de antioxidantes e n-3 PUFA nesta refeição para apoiar a recuperação (Fernandes et al., 2019).
Uma vez que o atleta tenha estabelecido essa base dietética, a suplementação com nutrientes selecionados pode fornecer um benefício adicional para a recuperação. Além de se concentrar em suplementos baseados em evidências, o atleta também deve estar ciente de que os suplementos não são bem regulamentados e podem incluir ingredientes que são proibidos pela Agência Mundial Antidoping. É importante que os atletas escolham suplementos que tenham sido testados por terceiros quanto à qualidade e segurança (Kikuchi et al., 2021).
Assim, Viagens internacionais e residência de curto prazo no exterior são agora uma característica comum do cronograma de competição de um atleta, no entanto, diferentes arranjos alimentares e opções de alimentação quando estiver fora de casa podem influenciar a escolha alimentar de um atleta e, potencialmente, seu desempenho (Bompa; Buzzichelli, 2023).
Um atleta precisa consumir alimentos e fluidos adequados antes, durante e depois da competição, a fim de maximizar o desempenho. Embora existam recomendações específicas do esporte para os atletas garantirem que eles consumam energia total suficiente para atender aos requisitos, carboidratos para reabastecer as reservas de glicogênio, proteína para ajudar no reparo e crescimento muscular, bem como fluido para se manter adequadamente hidratado, muito poucas evidências estão disponíveis para verificar se os atletas atendem a essas recomendações em residência durante as principais competições internacionais (Huebner et al., 2022a).
Embora a nutrição adequada seja importante para o desempenho, a investigação sobre a ingestão dietética de atletas de alto desempenho é limitada. Embora pareça haver uma variabilidade individual considerável na ingestão dietética, a maioria dos estudos até o momento mostra que os atletas tendem, em média, a atender às recomendações atuais baseadas em evidências para proteína, mas não ao carboidrato. Assim, vários estudos relataram que a ingestão de proteínas também pode estar abaixo dos requisitos esperados (Huebner et al., 2022a; Huebner, 2022b).
No entanto, esses estudos são limitados pelas dificuldades experimentadas ao tentar medir com precisão a ingestão dietética. Existem discrepâncias entre os métodos de coleta de dados, se o atleta está em uma fase de competição ou treinamento – ou uma combinação de ambos – , se o atleta está morando em casa ou em um local de treinamento, diferentes requisitos fisiológicos, como atletas de força e potência versus atletas de resistência, nível de competição e comportamentos específicos que podem estar associados a um esporte específico, etc (Kreider, 2020).
Assim, a avaliação da ingestão dietética é ainda mais dificultada pela prática de subnotificação, onde os indivíduos relatam consumir menos alimentos do que a ingestão real (Kikuchi et al., 2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os atletas de Weightlifting enfrentam muitos desafios em relação à recuperação na temporada. Devido às oportunidades limitadas de recuperação entre as competições, combinadas com horários de viagem ocupados, os atletas devem ser deliberados em suas estratégias de recuperação.
Proteínas, carboidratos e líquidos são comumente reconhecidos como componentes importantes do processo de recuperação. Micronutrientes e suplementos específicos também podem desempenhar papéis-chave na recuperação atlética relacionada à função imune e inflamação mediadora. Assim, evidências emergentes sugerem que existem suplementos potencialmente benéficos para apoiar a recuperação durante a jornada de campeonato e/ou preparação, embora seja necessária uma pesquisa adicional.
Assim, pesquisas futuras são necessárias para estudar como incorporar doses suplementares à estratégia de recuperação dietética de um atleta. O consumo de antioxidantes através de alimentos integrais na dieta, portanto, fornece benefícios anti-inflamatórios, ao mesmo tempo em que limita o impacto negativo que a ingestão suplementar de antioxidantes pode ter nas adaptações do treinamento.
Por fim, considerações especiais também devem ser feitas para apoiar as demandas de viagens aéreas, central para as quais será a necessidade de planejamento avançado. No geral, uma dieta rica em nutrientes consumida ao longo do dia, em combinação com alguns suplementos selecionados, pode apoiar as metas de recuperação dos atletas durante a jornada competitiva. Finalmente, os atletas devem sempre procurar aconselhamento profissional antes de adotar estratégias nutricionais com a intenção de melhorar a recuperação neste período.
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1 Discente do Curso Superior de Nutriçāo da Universidade Nilton Lins, Campus Manaus/AM. e-mail: isabellabaekhyun@gmail.com.
2 Discente do Curso Superior de Nutriçāo da Universidade Nilton Lins, Campus Manaus/AM.
3 Docente do Curso Superior de Nutriçāo da Universidade Nilton Lins, Campus Manaus/AM. e-mail: Mestre em Nutriçāo pela Faculdade Estácio do Amazonas. E-mail:
4 Graduação em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário do Norte (2009), Graduação em Nutrição pela Faculdade Estácio do Amazonas (2019) e Mestrado em Biologia Urbana pela Universidade Nilton Lins (2012) em ampla Associação com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Especialista em: Saúde Pública, Nutrição Clínica Funcional, Obesidade e Emagrecimento. Tem experiência na área de Gestão, pesquisa e docência do ensino superior. Atuou como Professor e Diretor Acadêmico na Faculdade UNICEL- LITERATUS.