ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DO BURNOUT NA ENFERMAGEM – UMA REVISÃO LITERÁRIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11480048


Araujo, G1; Sousa, S2; Lury, S3; Jesus, W4; Orientadora: Farias, P5.


RESUMO

Introdução: A síndrome de burnout é um grave problema que afeta muitos profissionais da área de enfermagem. Esta condição resulta do estresse crônico relacionado ao trabalho, caracterizado por exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. Estratégias de prevenção, tanto individuais quanto organizacionais, são essenciais para mitigar esses efeitos e promover um ambiente de trabalho saudável. A pesquisa nesta área é crucial para identificar intervenções eficazes. Objetivo: Evidenciar qual a relação entre a equipe de enfermagem e a síndrome de burnout, com o propósito de compreender os principais fatores que contribuem para o surgimento dessa síndrome nesse grupo de profissionais de saúde, investigando estratégias de prevenção do Burnout entre enfermeiros, visando identificar as abordagens mais eficazes para promover o bem-estar e a saúde mental desses profissionais. Método: A busca foi conduzida nas bases de dados da BVS, PUBMED, e OMS foram utilizados os critérios: recorte temporal de 2019 a 2024; Idiomas: inglês e português; Resultado:  Após a leitura dos títulos, resumos e método dos estudos recuperados permanecem nove artigos que constituíram o material de análise desta revisão. Conclusão: O estudo sobre estratégias de prevenção do Burnout na enfermagem revela a complexidade do desafio e a necessidade de abordagens abrangentes. Analisando fatores de risco e causas subjacentes, identifica-se o impacto significativo do Burnout na prática profissional e na saúde dos enfermeiros. Mulheres na enfermagem são especialmente afetadas, influenciadas por fatores históricos e organizacionais. Medidas preventivas, como programas de suporte psicológico e políticas de redução da carga horária, são essenciais, assim como a promoção de uma cultura de apoio mútuo e educação continuada. O engajamento colaborativo é crucial para garantir ambientes de trabalho saudáveis e sustentáveis, assegurando a qualidade do cuidado ao paciente e o bem-estar dos profissionais

Palavras chaves: Esgotamento Profissional, Estresse, Burnout, Exaustão, Ansiedade, Prevenção, Enfermagem.

INTRODUÇÃO

A profissão de enfermagem desempenha um papel crucial no sistema de saúde, proporcionando cuidados essenciais aos pacientes. No entanto, os enfermeiros enfrentam uma série de desafios que podem comprometer seu bem-estar físico, emocional e mental. Um desses desafios é o Burnout, um fenômeno complexo caracterizado por sentimentos de exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização profissional. O Burnout não apenas afeta o indivíduo em nível pessoal, mas também tem consequências significativas para a qualidade do cuidado ao paciente e para a eficácia do sistema de saúde como um todo. (1)

Este trabalho busca explorar a natureza do Burnout na enfermagem, suas causas subjacentes e seus impactos sobre os enfermeiros e a prática profissional. O Burnout não é simplesmente uma questão de “sentir-se estressado”, mas sim uma condição complexa resultante de uma interação entre fatores individuais, organizacionais e contextuais. Os enfermeiros enfrentam uma variedade de estressores no ambiente de trabalho, incluindo longas horas de trabalho, alta demanda por cuidados, falta de recursos e falta de reconhecimento profissional. (1)

Esses fatores podem desencadear uma resposta de estresse crônico que, se não for gerenciada adequadamente, pode levar ao desenvolvimento do Burnout. Além disso, questões emocionais e interpessoais, como conflitos no ambiente de trabalho e falta de apoio social, também contribuem para o quadro do Burnout entre os enfermeiros. Os impactos do Burnout são vastos e variados, afetando tanto os enfermeiros individualmente quanto a qualidade do cuidado que prestam aos pacientes. (2)

Em termos de saúde do enfermeiro, o Burnout está associado a uma série de problemas físicos e mentais, incluindo fadiga crônica, ansiedade, depressão e até mesmo doenças cardiovasculares. Além disso, o Burnout pode comprometer a qualidade do cuidado ao paciente, aumentando o risco de erros médicos e assistenciais de enfermagem, diminuindo a satisfação do paciente e prejudicando a eficácia do trabalho em equipe. (3)

Diante da gravidade desses impactos, torna-se imperativo desenvolver e implementar estratégias eficazes de prevenção do Burnout na enfermagem. Essas estratégias podem incluir intervenções tanto no nível individual quanto organizacional. No nível individual, os enfermeiros podem adotar práticas de autocuidado, como exercícios físicos regulares, técnicas de relaxamento e gestão do tempo, para mitigar os efeitos do estresse. (4)

Por outro lado, as instituições de saúde devem desempenhar um papel ativo na promoção de um ambiente de trabalho saudável e no apoio ao bem-estar dos enfermeiros. Isso pode incluir políticas e programas que visam reduzir a sobrecarga de trabalho, fornecer suporte psicológico, promover uma cultura de reconhecimento e recompensa, e facilitar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. (5)

A pesquisa desempenha um papel crucial nesse processo, fornecendo insights sobre as estratégias mais eficazes de prevenção do Burnout e avaliando seu impacto na prática profissional e na saúde dos enfermeiros. Ao identificar e implementar intervenções baseadas em evidências, podemos não apenas reduzir a incidência de Burnout, mas também promover uma cultura de cuidado e bem-estar no ambiente de trabalho. (2)

Neste contexto, este trabalho se propõe a investigar as estratégias mais promissoras de prevenção do Burnout na enfermagem e a avaliar seu impacto na prática profissional e na saúde dos enfermeiros. Ao fazê-lo, esperamos contribuir para uma compreensão mais abrangente do Burnout na enfermagem e para o desenvolvimento de intervenções eficazes que promovam o bem-estar dos enfermeiros e a qualidade do cuidado ao paciente. 

OBJETIVO 

Geral

– Investigar as estratégias de prevenção do Burnout entre enfermeiros, visando identificar as abordagens mais eficazes para promover o bem-estar e a saúde mental desses profissionais.

Específicos

  • Avaliar a eficácia das prenvenções individuais, como programas de treinamento em habilidades de enfrentamento, na redução do Burnout entre enfermeiros.
  • Identificar os principais desafios e barreiras na implementação de estratégias de prevenção do Burnout em contextos de saúde.
  • Propor recomendações práticas para instituições de saúde com o objetivo de desenvolver políticas e programas eficazes de prevenção do Burnout entre seus profissionais de enfermagem.

METODOLOGIA

O presente artigo foi baseado em uma revisão bibliográfica da literatura com o objetivo de compreender os principais fatores que contribuem para o surgimento da síndrome de burnout ligado ao grupo de profissionais de saúde. Assim, delimitou-se as seguintes etapas para o desenvolvimento da pesquisa: 1. a identificação do tema; 2. o estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de artigos; 3. a definição das informações extraídas das literaturas; 4. na avaliação dos estudos incluídos na revisão bibliográfica; 5. a interpretação dos resultados; 6. a conclusão da pesquisa. 

A busca da literatura baseou-se nos achados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com destaque para PUBMED e Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio dos seguintes descritores e cruzamentos: “esgotamento profissional” AND “enfermeiras e enfermeiros” AND “Esgotamento profissional”, AND “Estresse”, AND “Exaustão” AND “Ansiedade” “prevenção”. 

O período de busca da literatura ocorreu entre 22/03/2023 a 30/03/2024 conforme a disposição de descritores e cruzamentos, onde foram encontrados um total de 186 artigos. Seguindo os critérios de inclusão, como publicação no período dos últimos 5 anos (entre 2019 e 2024), na língua portuguesa e inglesa, disponibilidade do texto integral e artigos disponíveis na íntegra com acesso gratuito, obtivemos um total de 40 artigos. Conforme os critérios de exclusão, foram retirados trabalhos parcialmente disponíveis, duplicados, publicados fora do período estipulado e que fugissem à temática proposta. Após a aplicação dos filtros, levando em consideração os critérios supracitados, restaram um total de 31 artigos, dos quais foram escolhidos 9 para incluírem a revisão bibliográfica deste trabalho.  

O presente artigo foi baseado em uma revisão bibliográfica da literatura com o objetivo de investigar as estratégias de prevenção do Burnout entre enfermeiros utilizando literaturas na língua portuguesa datados entre 2019 à 2024, totalizando 12 artigos na composição da revisão literária deste trabalho.

RESULTADOS

O fluxograma apresentado abaixo visa esclarecer e orientar a abordagem metodológica utilizada para a identificação e escolha dos materiais que comporão a discussão deste estudo.

Figura 1 – Fluxograma de Seleção de Artigos

Fonte: Autores

Figura 2 – Fluxograma de Seleção de Artigos

Fonte: Autores

Portanto, foram coletados dez artigos, sendo que apenas nove se encaixavam na temática discutida. Os mesmos se encontram no Quadro 1, identificados por ordem numérica:

Tabela 1 – Síntese dos artigos utilizados

TítuloAutor/anoPeriódico/tipo de estudo e amostraObjetivoResultadoConclusão
Estresse e burnout em enfermeiros da emergência de um hospital referência em urgência e traumaFerreira, Maria Clara Leandro; Silva, Silmar Maria; Souza, Sandra. 2022.Estudo transversal, descritivo, quantitativo, com 46 enfermeiros da emergência, realizado a partir da Job Stress Scale, do Maslach Burnout Inventorye de uma ficha de dados sociodemográfico s.Investigar o estresse e Burnoutnos enfermeiros da emergência de um pronto- socorro referência em trauma em Belo Horizonte.65,22% dos enfermeiro s possuíam alta demanda psicológica. No Modelo Demanda- Controle, 34,78% dos enfermeiro s estavam trabalhand o ativamente e 30,43% em alto desgaste, ocasionand o efeitos nocivos à saúde. Quanto ao Burnout, 23,91% apresentara m alto desgaste emocional, 21,74% alta despersona lização e 28,26% baixa realização profissiona l, sendo que três enfermeira s já estavam em Burnout.existe correlação entre estresse e Burnout. Os enfermeiros estão expostos a um ambiente laboral altamente estressante, propício ao desenvolviment o de Burnout. É preciso implementar estratégias objetivando o enfrentamento do estresse e a prevenção de Burnout, além de tratar os já adoecidos.
Influência dos estilos de liderança no burnout dos enfermeiros: uma scoping reviewLoureiro, Rita; Maria Novo Lima, Andreia; Margarida Ferreira, Maria; Teresa Ferreira Moreira, Maria; Manuela Guerra, Maria; Santos, José, 2022.Scoping review, realizada em abril de 2021, conduzida de acordo com a metodologia de Joanna Briggs Institute. Dois revisores independentes avaliaram a relevância dos artigos, a extração e síntese dos dados.Identificar quais os estilos de liderança utilizados por enfermeiros gestores e compreender a sua influência no burnoutdos enfermeiros no contexto de trabalho.Foram identificad os 3.532 estudos na pesquisa bibliográfic a, dos quais sete estudos apresentaram as característi cas de elegibilida de para a inclusão na revisão. Os estilos de liderança identificad os na literatura foram a liderança transforma cional e liderança autêntica que revelam um impacto positivo na redução do burnout; a liderança laissez- faire que, pelo contrário, promove um ambiente facilitador do desenvolvi mento da síndrome em estudo; a liderança transaciona l, por sua vez, não demonstro u resultados significativ os na diminuição e prevenção de burnout, assim como, a liderança autocrática, carismática e situacional cujos resultados não se demonstrar am quantificáv eis para a sua prevenção.O estilo de liderança transformacion al foi aquele que maior relevância demonstrou tanto na prevenção como diminuição do desenvolviment o de burnoutnos enfermeiros.
Violência laboral e qualidade de vida profissional entre enfermeiros da atenção primáriaViolência laboral e qualidade de vida profission al entre enfermeiro s da atenção primária; 2022.Estudo descritivo, transversal e analítico desenvolvido com 101 enfermeiros da atenção primária, cujos dados foram coletados por instrumento de características sociodemográfica s, ocupacionais e de hábitos de vida, o Survey Questionnaire Workplace Violence in the Health Sector e a Professional Quality of Life Scale, para avaliar a violência laboral e a qualidade de vida profissional, respectivamente. Os dados analisados descritiva e inferencialmente, por meio do teste qui-quadrado de Wald considerando-se p<0,05 como significância estatística.Verificar associação entre a violência no trabalho e qualidade de vida profissional em enfermeiros de Unidades Básicas de Saúde.As prevalência s dos tipos de violência foram de 65,3% para a verbal, 29,7% assédio moral, 17,8% física, 1% assédio sexual e 1% discriminaç ão racial. A baixa satisfação por compaixão ocorreu com 54,5% dos pesquisado s, de alto burnout com 58,4% e de alto estresse pós- traumático, 57,4%. A satisfação por compaixão foi associada com assédio moral no trabalho (p=0,047), estímulo para relatar a violência (p=0,040) e ter havido consequênc ias para o agressor (p=0,018). Não houve associação entre os tipos de violência com o burnout. O estresse pós- traumático esteve associado à violência física no trabalho (p=0,047) e com a existência de procedime ntos para relatar a violência (p=0,018).Houve associação da violência laboral com a qualidade de vida profissional. É necessário a criação de medidas institucionais para a promoção da qualidade de vida profissional, prevenção da violência laboral e procedimentos padrões para orientar os profissionais diante dos atos violentos.
Síndrome de burnout: conhecimento da equipe saúde do trabalhadorPascoal, Francilene Figueirêdo da Silva; Evangelist a, Carla Braz; Pascoal, Kelly Patrícia Medeiros Falcão; Batista, Jaqueline Brito Vidal; Rodrigues, Mariana de Sousa Dantas; Souza, Gabrielle Porfirio; 2021Pesquisa exploratória, qualitativa, realizada com nove trabalhadores de um hospital universitário. Aplicaram-se para a coleta de dados, um questionário e um roteiro de entrevista semiestruturado, analisados por meio da técnica de Análise de conteúdo.Investigar o conheciment o da equipe de Saúde do Trabalhador, sobre a Síndrome de Burnout.Emergiram -se, pelo material empírico oriundo das entrevistas, as seguintes categorias Conhecime nto sobre a Síndrome de Burnout; Sinais e sintomas do burnout; Vulnerabili dade ocupacional para o desenvolvi mento de Burnout; Consequên cias do burnout para a saúde do trabalhadorÉ imprescindível disseminar o conhecimento sobre o burnout entre os trabalhadores, para se propor estratégias eficazes de prevenção e promoção de saúde em um hospital universitário
Desenvolvimento de protótipo de tecnologia digital gamificada para apoio aos profissionais de enfermagem frente ao estresse ocupacional: proposta de intervençãoRamon Azevedo Silva de Castro; 2021Trata-se de pesquisa aplicada, de produção tecnológica, exploratória e descritiva, que terá como resultado a criação de uma tecnologia digital gamificada.O objetivo deste trabalho foi desenvolver e avaliar protótipo de tecnologia digital gamificada para abordagem de conteúdos relacionados à prevenção e identificação de estresse ocupacional junto aos profissionais da equipe de enfermagem .Por fim, esse trabalho mostra a relevância de uma tecnologia digital gamificada para a saúde e enfermage m, tendo sido elaborado em um momento crítico vivenciado pela população mundial devido à pandemia pelo Novo Coronavíru s.O fato do protótipo não ter sido testado pelo público alvo também pode ser um fator limitante por não permitir conhecer as reais necessidades que devem ser abordadas para aqueles que realmente farão uso da tecnologia digital gamificada. A aplicação da roda de conversa por meio de um chat moderado pode ser um fator limitante se os moderadores responsáveis por direcionar as discussões no chat on-line não tiver destreza e habilidades suficientes para manejar situações conflituosas no momento de abordagem de determinados assuntos que estejam em discussão. Ainda são necessários novos estudos para avaliar a real eficácia do uso de tecnologias digitais gamificadas para a saúde dos profissioanais da equipe de enfermagem
A relação da Síndrome de Burnout com os profissionais de enfermagem.Larré, Mariana Abud, Ana Inagaki, Ana Ano: 2018Revisão integrativaObjetivou-se identificar a ocorrência da sindrome de burnout no profissional de enfermagemConstatouse que as característc as do ambiente de trabalho, individuais e da profissão favorecem o desenvolvi- mento da doença.Os profissionais de enfermagem precisam buscar informações e conhecimentos acerca da doença a fim de promovera prevenção, assim como os gestores precisam lançar metas eficazes para melhoria da saúde mental da equipe.
Burnout e estratégias de enfrentamento em profissionais de enfermagemPimentel Silva, Renata, Cruz Barbosa, Silvânia, Sandra, Figueiredo Patrício.  Ano: 2019Aplicaram-se as escalas MBI, EMEP e uma Ficha Sociodemográfica em 193 profissionais. Efetuaram-se análises descritivas, de Cluster e o Teste t de Student.Burnout e estratégias de enfrentamen to em profissionais de enfermagemIdentificara m dois grupos com as seguintes configuraç ões de burnout Avançado ModeradoOs resultados da pesquisa revelam altos níveis de burnout em um contingente expressivo de profissionais de enfermagem (84%) e baixa eficiência no uso de estratégias combativas aos estressores laborais.
Burnout entre profissionais de enfermagem em hospitais no BrasilHerica dutra, Paola aparecida, Roberta nereu, Henrique ceretta, Sandra cravalho, Edinêis brito.  Ano: 2019Estudo transversal com 452 profissionais de enfermagem do Estado de Minas Gerais, Brasil. Foram usados uma ficha de caracterização pessoal e profissional e o Inventário de Burnout de Maslach.O objetivo desta pesquisa foi avaliar a ocorrência de Burnout entre os profissionais de enfermagem de três hospitais públicos.O sentimento de realização foi melhor entre os profissiona is que trabalhava m no hospital no turno diurno.Características pessoais e profissionais foram relacionadas ao Burnout entre profissionais de enfermagem. É importante desenvolver ações capazes de minimizar a ocorrência de Burnout entre os profissionais de enfermagem.
Síndrome de burnout no contexto da enfermagemArtemísia Lima,  Anne Carolinne,  Erica Micaelle, Katherine Jeronimo Ano: 2017Trata-se de uma revisão críticoreflexivaAbordar as experiências inerentes ao contexto dos profissionais da enfermagem e suas possíveis relações com a síndrome de burnout.Os resultados mostraram que entre os transtornos por situações de estresse no âmbito da enfermage m essa síndrome está presente como um transtorno ocupacionalConcluiu-se que é preciso traçar estratégias que propiciem prevenção, intervenção e manejo adequado do enfrentamento dessa síndrome.
Fonte: Autores 

Analisando o quadro 1, percebe-se, portanto, que a maioria dos pesquisadores envolvidos nessas investigações são enfermeiros ou profissionais atuantes em campos relacionados à saúde. Esses estudos dedicados à síndrome de burnout têm desempenhado um papel significativo na ampliação da compreensão desse fenômeno complexo e de suas implicações em diversas esferas. Cada pesquisa dedicada a essa síndrome exaustiva traz consigo perspectivas singulares, abordagens diversas e percepções valiosas para o debate em curso.

Além disso, por meio de uma variedade de abordagens metodológicas, tais como pesquisas qualitativas e quantitativas, análises de casos e revisões bibliográficas, esses estudos oferecem um vasto leque de conhecimentos sobre os fatores de risco, os impactos nas diversas dimensões da vida, as estratégias de prevenção e intervenção, e até mesmo as implicações culturais associadas ao burnout.

Em síntese, os estudos dedicados à síndrome de burnout são cruciais para esclarecer as complexidades e consequências desse fenômeno, além de orientar a formulação de estratégias eficazes de prevenção e intervenção. Ao reunir diferentes perspectivas e abordagens, essas pesquisas, de forma coletiva, enriquecem nosso entendimento do burnout e seu impacto tanto a nível individual quanto societal.

Esses estudos, ao analisarem as nuances do burnout, possibilitam não apenas uma compreensão mais profunda dos mecanismos subjacentes a essa condição, mas também oferecem insights valiosos para a prática clínica e a formulação de políticas de saúde. Ao abordar as diversas facetas do burnout, desde os fatores de risco até as estratégias de intervenção, essas pesquisas fornecem uma base sólida para a implementação de medidas preventivas e a promoção do bemestar dos profissionais de saúde e da sociedade em geral.

Ademais, é importante ressaltar que esses estudos não apenas delineiam os desafios enfrentados pelos profissionais de saúde, mas também destacam a necessidade urgente de uma abordagem holística e proativa para lidar com o burnout. Ao considerar não apenas os aspectos individuais, mas também os contextos organizacionais e culturais, essas pesquisas fornecem uma visão abrangente e fundamentada para enfrentar essa questão crescente no campo da saúde.

DISCUSSÃO 

De acordo com o estudo conduzido por Larré, diversas características do ambiente de trabalho, dos indivíduos e da própria profissão contribuem para o desenvolvimento da patologia do Burnout. Nesse sentido, é fundamental que os profissionais estejam cientes dos sinais e sintomas do Burnout para implementar medidas preventivas, enquanto os gestores devem estabelecer metas eficazes, como a redução da carga horária e dos turnos de trabalho, visando bloquear potenciais fatores desencadeantes. Além disso, investir na melhoria dos recursos humanos, materiais, no plano salarial e na educação corporativa contínua são medidas essenciais para mitigar os riscos de Burnout no ambiente de trabalho. (6) (7)

De acordo com estudos que avaliaram profissionais com diagnóstico da Síndrome de Burnout, foi observado um maior índice entre indivíduos do gênero feminino, influenciado por fatores históricos, sociais e culturais. Esses incluem a predominância das mulheres no campo de atuação da enfermagem e a tradição histórica de associar o cuidado com as mulheres, o que perpetua a presença feminina nessa profissão. (8)

Conforme apontado por Pimentel, o desenvolvimento da patologia do Burnout está mais frequentemente associado ao sexo feminino, uma vez que as mulheres frequentemente enfrentam o desafio de conciliar uma dupla jornada de trabalho com suas responsabilidades pessoais. Essa realidade é agravada pelo fato de que muitas enfermeiras são obrigadas a trabalhar em turnos consecutivos, seja em dias ou horários alternados, destacando assim o considerável potencial de acumulação de trabalho existente na enfermagem. (6)

Além disso, é importante ressaltar que as demandas emocionais e físicas da profissão também contribuem para o aumento do risco de Burnout entre as enfermeiras. O constante contato com o sofrimento humano, a pressão por desempenho e a falta de reconhecimento profissional podem sobrecarregar ainda mais essas profissionais, aumentando sua vulnerabilidade ao esgotamento. (6) (2)

Outro ponto a ser considerado é a escassez de recursos e a falta de apoio institucional adequado enfrentados pelos profissionais de enfermagem. A falta de pessoal, equipamentos inadequados e condições de trabalho desafiadoras podem agravar os níveis de estresse e exaustão entre as enfermeiras, tornando-as mais suscetíveis ao desenvolvimento do Burnout. (7)

Tanto o estudo de Larré quanto o de Gasparino convergem ao destacar a prevalência significativa da síndrome de Burnout entre os profissionais de enfermagem, com uma tendência particularmente alta entre indivíduos do sexo feminino. Essa observação é respaldada pela constatação de que as mulheres enfrentam fatores de estresse mais acentuados em comparação com os homens, incluindo questões hormonais que podem contribuir para a exaustão emocional. Esses estressores estão intimamente ligados à rotina de trabalho intensa e desafiadora enfrentada pelos profissionais de enfermagem, o que, por sua vez, aumenta o risco de problemas de saúde mental, como o Burnout. (5) (9)

Além disso, tanto Larré quanto Gasparino ressaltam a importância de abordar não apenas os aspectos individuais, mas também os fatores organizacionais que contribuem para o Burnout na enfermagem. Ambos os estudos destacam a sobrecarga de trabalho, a falta de recursos adequados e o déficit de apoio institucional como elementos cruciais que exacerbam o estresse e a exaustão entre os enfermeiros. Essa abordagem holística reconhece que as condições de trabalho e o ambiente organizacional desempenham um papel fundamental na saúde mental e no bem-estar dos profissionais de enfermagem. (5) (9) (3)

Ambos os estudos chamam a atenção para a necessidade de implementar medidas preventivas e intervenções eficazes para reduzir o risco de Burnout na enfermagem. Isso inclui não apenas o desenvolvimento de programas de autocuidado e suporte psicológico para os profissionais, mas também mudanças estruturais nas instituições de saúde para promover uma cultura de trabalho saudável e sustentável. Ao reconhecer e abordar esses desafios, é possível melhorar significativamente o bem-estar e a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem, bem como a qualidade do cuidado prestado aos pacientes. (5) (9)

Gasparino destaca que o esgotamento emocional é um fator crucial que contribui para a deterioração da qualidade de vida e saúde dos enfermeiros. Além disso, ele ressalta que esse esgotamento, acompanhado da sensação de falta de energia e estresse, é resultado direto das condições desafiadoras enfrentadas por esses profissionais. Com recursos escassos e o contato direto com o sofrimento dos pacientes, somado às características individuais de cada enfermeiro, o processo de estresse é desencadeado, culminando no desenvolvimento da Síndrome de Burnout. (8) (9)

É fundamental ressaltar a crescente preocupação com as condições de trabalho dos enfermeiros nos hospitais, o que tem atraído a atenção dos pesquisadores devido aos riscos inerentes a esse ambiente e às atividades específicas da assistência de enfermagem. Essa preocupação não se limita apenas às questões físicas do ambiente de trabalho, mas também abrange os desafios emocionais enfrentados diariamente pelos profissionais de enfermagem. (7)  

Diante desse cenário, é imperativo que os enfermeiros, juntamente com suas equipes, participem ativamente da identificação dos problemas existentes e reconheçam os agentes estressores inerentes à profissão. Ao promover uma cultura de comunicação aberta e apoio mútuo, é possível não apenas mitigar os efeitos do estresse no ambiente de trabalho, mas também desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção para combater o Burnout e promover o bem-estar dos profissionais de enfermagem. (9)

Trabalhar em um hospital representa, portanto, uma carga de trabalho excessiva, que acarreta elevada tensão e riscos para o trabalhador e outras pessoas. Está relacionado a problemas interpessoais tanto de quem presta assistência direta aos seus pacientes quanto à sua carga de trabalho. A equipe de enfermagem exige dedicação no desempenho de suas funções, o que aumenta a possibilidade de esgotamento físico e emocional e os torna vulneráveis ao burnout. Nesse sentido, aparecem nervosismo, irritabilidade, explosões de raiva, dores de cabeça, distúrbios do sono, fadiga, dores precordiais, palpitações, ansiedade, até distúrbios do aparelho locomotor, períodos de depressão, problemas estomacais e perda de concentração. Os distúrbios são uma grande preocupação de saúde pública para os enfermeiros e para a equipe de enfermagem, pois constituem um grupo de risco para os enfermeiros devido à postura e ao uso da mecânica corporal. (7)

Além de cumprir suas obrigações no ambiente hospitalar, o enfermeiro frequentemente se vê obrigado a realizar tarefas domésticas diárias, além das responsabilidades profissionais, o que pode resultar em sobrecarga física e emocional. Ademais, é importante considerar os fatores externos, como a dificuldade de separação entre questões pessoais e profissionais, que têm um impacto direto na vida cotidiana desses profissionais. (6)

CONCLUSÃO

Em síntese, ao explorar o tema das estratégias de prevenção do Burnout na enfermagem, tornase evidente a complexidade desse desafio e a necessidade de abordagens multifacetadas para lidar com ele de maneira eficaz. Ao longo deste trabalho, discutimos amplamente os fatores de risco e as causas subjacentes ao Burnout na enfermagem, desde a sobrecarga de trabalho até os desafios emocionais e interpessoais enfrentados pelos profissionais. Identificamos também os impactos significativos do Burnout na prática profissional e na saúde dos enfermeiros, destacando sua relevância tanto para a qualidade do cuidado ao paciente quanto para o bemestar individual dos profissionais.

Ao revisar a literatura disponível, foi possível observar que o Burnout afeta de forma desproporcional os profissionais do sexo feminino na enfermagem, sendo influenciado por fatores históricos, sociais e culturais. Além disso, diversos estudos apontaram para a importância de considerar não apenas os aspectos individuais, mas também os fatores organizacionais que contribuem para o desenvolvimento do Burnout. A escassez de recursos, a falta de apoio institucional adequado e as condições de trabalho desafiadoras foram identificadas como elementos-chave que aumentam o risco de Burnout entre os enfermeiros.

Diante desse cenário, torna-se imperativo adotar medidas preventivas e intervenções eficazes para combater o Burnout na enfermagem. Essas medidas devem abranger tanto o nível individual quanto o organizacional, promovendo o autocuidado dos profissionais e implementando mudanças estruturais nas instituições de saúde. Estratégias como programas de suporte psicológico, políticas de redução da carga horária e investimentos na melhoria das condições de trabalho são essenciais para promover um ambiente de trabalho saudável e sustentável para os enfermeiros.

Além disso, é fundamental incentivar uma cultura de comunicação aberta e apoio mútuo entre os membros da equipe de enfermagem. O compartilhamento de experiências, o reconhecimento dos desafios enfrentados e o apoio emocional são elementos-chave para fortalecer o vínculo entre os profissionais e promover o bem-estar no local de trabalho. Ao mesmo tempo, programas de educação continuada e treinamentos sobre gerenciamento do estresse podem capacitar os enfermeiros a desenvolver habilidades de enfrentamento eficazes e promover a resiliência diante das pressões do trabalho.

Por fim, é importante destacar que a prevenção do Burnout na enfermagem é um esforço contínuo que requer o engajamento de todas as partes interessadas, incluindo profissionais de saúde, gestores de instituições de saúde e pesquisadores. Somente por meio de uma abordagem colaborativa e holística, podemos criar ambientes de trabalho que promovam o bem-estar dos enfermeiros e garantam a prestação de cuidados seguros e de qualidade aos pacientes. Assim, encorajo a continuidade dos esforços nesse sentido, visando proporcionar um futuro mais saudável e sustentável para a profissão de enfermagem.

REFERÊNCIAS 

  1. Ferreira, M. C. L.; Silva, S. M.; Souza, S. Estresse e burnout em enfermeiros da emergência de um hospital referência em urgência e trauma. Rev. enferm. Cent.-Oeste Min, v. 12, p. 4413, nov. 2022.
  2. Loureiro, R.; Maria Novo Lima, A.; Margarida Ferreira, M.; Teresa Ferreira Moreira, M.; Manuela Guerra, M.; Santos, J. Influência dos estilos de liderança no burnout dos enfermeiros: uma scoping review. J. Health NPEPS, v. 7, n. 1, p. 1-15, jan.-jun., 2022.
  3. Fabri, N. V.; Martins, J. T.; Galdino, M. J. Q.; Ribeiro, R. P.; Moreira, A. A. O. Violência laboral e qualidade de vida profissional entre enfermeiros da atenção primária. Acta Paul. Enferm., v. 35, p. eAPE0362345, 2022.
  4. Pascoal, F. F. S.; Evangelista, C. B.; Pascoal, K. P. M. F.; Batista, J. B. V.; Rodrigues, M. S. D.; Souza, G. P. Síndrome de burnout: conhecimento da equipe saúde do trabalhador. Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online), v. 13, p. 302-308, jan.-dez. 2021.
  5. Larré, M. A. A. I., ana. A relação da Síndrome de Burnout com os profissionais de enfermagem revisão integrativa. Vol. 21, núm. 237, 2018.  
  6. Pimentel da S. R. da Cruz B. S, Souza da Silva, Sandra, Figueiredo Patrício Danielle . Burnout e estratégias de enfrentamento em profissionais de enfermagem. Arquivos   Brasileiros de Psicologia, vol. 67, núm. 1, 2015, pp. 130-145,2015.
  7. Mourão, A. Lima; Costa, A. C. de Carvalho; Silva, Erica Micaelle Melo; Lima, Katherine Jeronimo Lima. Síndrome de burnout no contexto da enfermagem Rev. baiana saúde pública. Vol. 41, núm. 1, pp. 131-143, 2017.
  8. Silva Dutra H, Aparecida Lopes Gomes P, Nereu Garcia R, Ceretta Oliveira H, Carvalho de Freitas S, de Brito Guirardello E. Burnout entre profissionais de enfermagem em hospitais no Brasil. Vol. 10, núm.1, 2019.
  9. Gasparino, R. C. de B. G. E. Ambiente da prática profissional e burnout em enfermeiros Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, vol. 16, núm. 1, enero-febrero, 2015, pp. 90-96, 2015.

¹Gabriela Araujo Schoen graduando do curso de graduação em enfermagem da Universidade Anhembi Morumbi.
²Saulo de Sousa Silva graduando do curso de graduação em enfermagem da Universidade Anhembi Morumbi.
³Silvana Lury Nogueira Andrade graduando do curso de graduação em enfermagem da Universidade Anhembi Morumbi.
4Wellington Jesus Alves de Almeida graduando do curso de graduação em enfermagem da Universidade Anhembi Morumbi.
5Patrícia Farias Profa. Dr. Docente do curso de graduação em enfermagem da Universidade Anhembi Morumbi.