REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th10250223
Francisco Sales da Cunha Neto[1]
Ana Kelly da Silva Rabelo[2]
Bruno José Felix da Silva[3]
Dhewsla Aparecida Passarinho Moreira[4]
Jadson Felipe Ferreira de Araújo[5]
Karine dos Santos Matos[6]
Livia Gabriela Santos de Amorim[7
Mabely Freire Lopes[8
RESUMO
Este estudo teve como objetivo analisar estratégias eficazes que auxiliem as famílias no manejo e apoio a indivíduos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), promovendo seu bem-estar e desenvolvimento integral. Por meio de uma revisão narrativa da literatura, foram selecionados artigos publicados entre 2021 e 2024, nas bases PubMed, SciELO e Lilacs, com enfoque no papel da família no manejo comportamental, comunicacional e emocional do TDAH. Os principais resultados indicam que as famílias enfrentam desafios como estresse, conflitos, sobrecarga emocional e financeira, além de dificuldades relacionadas ao estigma social e à falta de informações adequadas. Estratégias identificadas incluem o uso de reforços positivos, a estruturação de rotinas e a promoção de um ambiente emocionalmente seguro. O apoio emocional e a validação dos sentimentos demonstraram ser essenciais para o fortalecimento dos vínculos familiares e para o desenvolvimento social e emocional dos indivíduos com TDAH. Conclui-se que estratégias familiares, quando embasadas em conhecimento sobre o transtorno e realizadas de forma consistente, são eficazes no manejo do TDAH, promovendo não apenas o bem-estar dos indivíduos, mas também a qualidade do ambiente familiar. A participação ativa dos pais no diagnóstico e no tratamento, além da colaboração com profissionais e educadores, é essencial para alcançar o desenvolvimento integral dos indivíduos com TDAH.
Palavras-chave: TDAH. Estratégias familiares. Desenvolvimento integral.
INTRODUÇÃO
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Esse transtorno afeta pessoas de várias idades, incluindo crianças, adolescentes e adultos, sem distinção de sexo, idade ou nível educacional. As dificuldades associadas ao TDAH podem ter um impacto significativo na vida do indivíduo e de seus familiares, afetando especialmente o desempenho escolar, os relacionamentos interpessoais e a qualidade de vida em geral (Fernandes et al., 2023).
O TDAH é considerado um problema de saúde mental que se caracteriza pela dificuldade de concentração e foco. Os sintomas frequentemente se manifestam em situações que exigem maior atenção ou a execução de tarefas repetitivas. Crianças com TDAH podem apresentar inquietação ao brincar, dificuldade em permanecer quietas e uma tendência a se movimentar constantemente, como correr ou escalar. Em casos mais graves, podem ter dificuldades de aprendizado, problemas de comportamento e impulsividade (Ansela; Purba; Daulay, 2024).
As famílias são as primeiras a observar os sintomas e comportamentos associados ao transtorno. O ambiente familiar é o primeiro local onde a criança busca apoio, sendo essencial que os pais estejam preparados para oferecer esse suporte (Lyu, 2023). No entanto, as famílias frequentemente enfrentam desafios ao lidar com as particularidades do TDAH. Pais podem sentir-se sobrecarregados, preocupados e culpados pelas dificuldades apresentadas pelos filhos. Além disso, a falta de conhecimento e habilidades de manejo podem levar a dificuldades na relação pais-filhos e ao desenvolvimento de problemas comportamentais (Ansela; Purba; Daulay, 2024).
O estresse e a tensão nas famílias de crianças com TDAH são significativos. A dificuldade em lidar com comportamentos impulsivos, hiperativos ou desatentos pode gerar conflitos familiares e afetar a qualidade do ambiente doméstico. Além disso, os efeitos colaterais de medicamentos utilizados no tratamento do TDAH podem levar a um aumento de conflitos entre pais e filhos (Fernandes et al., 2023). A família, como a principal base da criança, influencia seu desenvolvimento em vários aspectos, incluindo sua capacidade de adquirir novas habilidades, sua independência e a satisfação de suas necessidades básicas (Lyu, 2023).
É essencial que as famílias compreendam a natureza do TDAH, busquem informações precisas e aprendam estratégias eficazes de gerenciamento. O conhecimento adequado do transtorno pode auxiliar os pais a reconhecerem os sinais e sintomas precocemente, a buscarem ajuda profissional e a implementarem abordagens de educação e cuidado mais adequadas (Ansela; Purba; Daulay, 2024). Além disso, o envolvimento da família no processo de tratamento é fundamental para que este seja bem-sucedido, sendo que o tratamento deve englobar todo o contexto social da criança, incluindo pais e professores (Fernandes et al., 2023).
Diante deste cenário, surge a seguinte questão: Quais são as estratégias mais eficazes que as famílias podem utilizar para gerenciar e apoiar indivíduos com TDAH, de modo a melhorar sua qualidade de vida e desenvolvimento? Nesse sentido, tem-se como objetivo geral analisar as estratégias eficazes para as famílias gerenciarem e apoiarem indivíduos com TDAH, promovendo seu bem-estar e desenvolvimento. E os objetivos específicos são: identificar desafios enfrentados pelas famílias no cuidado de indivíduos com TDAH; analisar o papel da família no processo de diagnóstico e tratamento do TDAH; descrever estratégias de manejo comportamental, comunicação e apoio emocional que as famílias podem utilizar; verificar a importância de que os pais sejam agentes ativos no processo de desenvolvimento de seus filhos, auxiliando-os em todos os aspectos de suas vidas.
Este estudo utilizou uma metodologia de revisão narrativa da literatura, que envolveu uma busca abrangente por artigos científicos, livros e outras publicações relevantes sobre o tema. A análise dos dados foi conduzida qualitativamente, para interpretar e confrontar as informações obtidas, apoiando-se na experiência de diversos autores que tratam do TDAH.
A realização deste estudo se justifica pela relevância do TDAH como um problema de saúde mental e seu impacto nas famílias. A pesquisa também procura destacar o papel essencial da família como um refúgio e um agente de mudança para o indivíduo com TDAH. É de suma importância a família ter acesso ao conhecimento sobre o transtorno para poderem ter condições de lidar com seus filhos.
METODOLOGIA
Este estudo foi conduzido por meio de uma revisão narrativa da literatura, para identificar e analisar estratégias familiares eficazes para o manejo e apoio de indivíduos com TDAH. A pesquisa foi realizada em três bases de dados: PubMed, Scientific Electronic Library (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), devido à relevância e abrangência dessas fontes na área da saúde e ciências humanas. Foram utilizados descritores em português e inglês, como “TDAH”, “estratégias familiares”, “manejo comportamental” e “apoio emocional”, combinados com operadores booleanos para refinar os resultados.
Para a seleção dos estudos, foram aplicados dois critérios de inclusão: artigos publicados nos últimos dez anos (2021-2024), garantindo a atualidade das informações, e publicações que abordassem diretamente o papel das famílias no manejo do TDAH, incluindo estratégias comportamentais, comunicacionais e emocionais. Foram excluídos artigos que não estavam disponíveis na íntegra ou que se concentravam exclusivamente no tratamento farmacológico do TDAH, sem considerar a dimensão familiar.
Os dados foram analisados qualitativamente, organizando-se as informações em categorias temáticas, como os desafios enfrentados pelas famílias, o papel da família no diagnóstico e tratamento do TDAH, as estratégias de manejo comportamental e o apoio emocional, além da atuação dos pais como agentes ativos no desenvolvimento dos filhos. As informações extraídas foram comparadas e integradas para identificar convergências, lacunas e recomendações na literatura, permitindo uma visão abrangente sobre o tema e contribuindo para a reflexão e discussão acerca da importância do envolvimento familiar no manejo do TDAH.
DESAFIOS ENFRENTADOS PELAS FAMÍLIAS NO CUIDADO DE INDIVÍDUOS COM TDAH
Os desafios enfrentados pelas famílias no cuidado de indivíduos com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) revelam uma dinâmica complexa que afeta tanto o bem-estar emocional quanto a estrutura familiar na totalidade. Segundo Knecht et al. (2024), lidar com comportamentos impulsivos, desatenção e hiperatividade pode ser uma fonte significativa de estresse, gerando conflitos e frustrações no âmbito familiar. Esses fatores podem ser agravados pela necessidade constante de adaptação às demandas escolares e sociais, o que é frequentemente exacerbado pela falta de compreensão por parte de terceiros. Essa realidade contribui para um sentimento de isolamento e sobrecarga emocional entre os cuidadores, que necessitam de suporte contínuo para promover um ambiente mais saudável e funcional.
Nesse contexto, Anauate et al. (2024) destacam que a necessidade de adaptar rotinas e desenvolver estratégias de ensino específicas pode ser exaustiva, especialmente quando os pais não têm acesso a informações adequadas ou apoio profissional. Isso pode resultar em um ciclo de culpa e insegurança, onde os cuidadores se sentem incapazes de proporcionar o ambiente ideal para o desenvolvimento dos filhos. Essa visão é corroborada por Ferreira, Rodrigues e Cunha (2024), que ressaltam o impacto do estigma social associado ao TDAH. Esse estigma faz frequentemente com que as famílias sintam culpa e inadequação, além de dificultar a busca por ajuda profissional, o que pode atrasar tanto o diagnóstico quanto as intervenções necessárias.
Outro aspecto relevante, apontado por Neves, Farinon e Coronel (2024), é a falta de compreensão e apoio por parte da sociedade e das instituições educacionais, que agrava o isolamento vivido por essas famílias. Esse cenário obriga os cuidadores a buscarem, muitas vezes de forma autônoma, informações e recursos para entender o transtorno e desenvolver estratégias eficazes de manejo. Essa realidade é enfatizada por Viana et al. (2024), que apontam para a exaustão enfrentada pelas famílias, devido ao esforço constante de adaptação e aprendizagem, muitas vezes em um contexto de falta de preparo dos educadores e de outras instituições.
A sobrecarga emocional e financeira é outro ponto crítico destacado por Ferreira, Rodrigues e Cunha (2024). O custo do tratamento e da obtenção de recursos especializados nem sempre está ao alcance de todas as famílias, contribuindo para um ambiente familiar marcado pelo estresse e por desafios significativos. Rocha et al. (2021) e Carvalho et al. (2024) reforçam que a combinação de falta de informações e ausência de suporte especializado pode gerar um ciclo de estresse que compromete a saúde mental de todos os membros da família, criando barreiras adicionais para o manejo eficaz do TDAH.
Por fim, destaca-se a importância de uma rede de apoio que ofereça informações qualificadas, orientação profissional e suporte emocional. Estratégias que visam à conscientização e desestigmatização do TDAH são essenciais para promover uma convivência mais acolhedora e reduzir o impacto emocional sobre as famílias. Knecht et al. (2024) ressaltam que políticas públicas voltadas para facilitar o acesso a recursos e serviços especializados são vitais para melhorar a qualidade de vida tanto do indivíduo com TDAH quanto de seus cuidadores. Além disso, Viana et al. (2024) sublinham a necessidade de preparar educadores e instituições para atender às demandas específicas do transtorno, criando condições mais favoráveis para o desenvolvimento integral da criança ou adolescente.
Os desafios enfrentados pelas famílias no cuidado de indivíduos com TDAH exigem um esforço conjunto entre família, sociedade e instituições. A combinação de suporte emocional, informações adequadas e recursos especializados pode minimizar os impactos negativos e proporcionar um ambiente mais acolhedor, contribuindo para o bem-estar de todos os envolvidos.
PAPEL DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO TDAH
A análise dos resultados ressalta o papel fundamental da família nos processos de diagnóstico e tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Ferreira, Rodrigues e Cunha (2024) afirmam que os pais são instrumentais, sendo frequentemente os observadores iniciais de desvios de comportamento, facilitando assim a busca pela avaliação profissional. Esses estudiosos enfatizam que as narrativas familiares sobre o comportamento das crianças em diversos ambientes, incluindo ambientes domésticos e educacionais, são cruciais para alcançar um diagnóstico preciso. Além disso, o envolvimento proativo da família em terapias comportamentais e tratamentos médicos promove o estabelecimento de uma estrutura crítica de apoio que conduza ao desenvolvimento geral da criança.
Nesse sentido, Rocha et al. (2021) elucidam que o reconhecimento precoce dos sintomas e a posterior busca pela avaliação profissional são fundamentais para a eficácia dos protocolos de tratamento. Eles reiteram que o envolvimento dos pais não apenas melhora a comunicação eficaz com os profissionais de saúde, mas também ajuda na seleção de intervenções adaptadas para atender às necessidades abrangentes do indivíduo. A participação da família promove a adesão aos esquemas de tratamento, gerando resultados mais favoráveis. Correspondentemente, Knecht et al. (2024) enfatizam que a colaboração entre familiares e profissionais de saúde é indispensável para a execução de estratégias integradas que abrangem as dimensões comportamentais e emocionais do transtorno.
Em uma veia complementar, Anauate et al. (2024) ressaltam a importância do envolvimento da família na compreensão do TDAH, destacando que a comunicação transparente entre pais e profissionais é essencial para fazer os ajustes necessários ao tratamento. Esses pesquisadores indicam que o envolvimento ativo em sessões terapêuticas e na educação sobre o transtorno cria um ambiente propício ao crescimento emocional e social da criança. Esse ponto de vista é refletido no trabalho de Névoa et al. (2024), que afirmam que a colaboração familiar gera insights críticos para o diagnóstico e garante que o tratamento seja adaptado às necessidades da criança, promovendo uma abordagem integrativa que engloba contextos clínicos, familiares e educacionais.
O discurso é ainda mais reforçado pelas contribuições de Neves, Farinon e Coronel (2024), que acentuam a importância da comunicação transparente entre famílias e profissionais para fazer as modificações necessárias no tratamento. Eles destacam que os pais desempenham um papel relevante na execução das intervenções recomendadas e, ao mesmo tempo, cooperam com os educadores para atender de forma abrangente às necessidades das crianças. Essa perspectiva é apoiada por Viana et al. (2024), que enfatizam que as observações dos pais em contextos variados são vitais para fornecer informações detalhadas aos profissionais, facilitando assim diagnósticos e intervenções mais precisos.
Em última análise, Carvalho et al. (2024) enfatizam que o envolvimento da família no tratamento é essencial não apenas para monitorar o progresso, mas também para criar um ambiente estruturado e estimulante. De acordo com esses autores, a cooperação entre familiares e profissionais de saúde permite a adaptação do tratamento às características particulares do indivíduo, promovendo assim uma compreensão mais profunda do TDAH e suas implicações associadas.
As descobertas apresentadas por vários estudiosos convergem para ressaltar a importância do papel da família no diagnóstico e tratamento do TDAH. A atenção cuidadosa, a comunicação transparente e a participação ativa dos pais são fundamentais para o êxito das intervenções, promovendo o desenvolvimento integral da criança e melhorando sua qualidade de vida.
ESTRATÉGIAS DE MANEJO COMPORTAMENTAL, COMUNICAÇÃO E APOIO EMOCIONAL QUE AS FAMÍLIAS PODEM UTILIZAR
Como apontado por Knecht et al. (2024), o uso de reforços positivos, sistemas de recompensa e a estruturação de rotinas têm se mostrado eficazes na promoção de comportamentos desejáveis e na redução da impulsividade. Essas práticas não apenas auxiliam na regulação do comportamento, mas também proporcionam à criança um senso de previsibilidade e segurança.
Segundo Rocha et al. (2021), a comunicação clara e aberta entre os membros da família é essencial para que a criança se sinta ouvida e compreendida. Essa abordagem não apenas diminui a ansiedade e a frustração, mas também fortalece os laços familiares, criando um ambiente emocionalmente seguro. Além disso, conforme destacado por Ferreira, Rodrigues e Cunha (2024), o apoio emocional, que inclui a validação dos sentimentos e a promoção da autoestima, desempenha um papel relevante no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais.
Anauate et al. (2024) reforçam que a comunicação consistente e a definição de expectativas claras são fundamentais para que a criança compreenda as consequências de suas ações, facilitando o aprendizado de novos padrões comportamentais. Paralelamente, a criação de um espaço emocionalmente acolhedor é essencial para que a criança se sinta segura e confiante, conforme apontado por Névoa et al. (2024). A escuta ativa e a validação dos sentimentos auxiliam na construção da resiliência e do autocontrole, contribuindo para que o indivíduo com TDAH lide de forma mais eficaz com os desafios impostos pelo transtorno.
Outro ponto relevante é abordado por Viana et al. (2024), que destacam que o uso de reforços positivos não apenas incentiva a adesão às regras e rotinas, mas também promove uma compreensão clara das expectativas dos pais em relação às crianças. Essa abordagem, quando combinada com comunicação clara e consistente, possibilita a criação de um ambiente que favorece tanto o desenvolvimento emocional quanto a regulação do comportamento. Já Neves, Farinon e Coronel (2024) salientam que essas estratégias têm impacto positivo não apenas na gestão dos sintomas do TDAH, mas também no fortalecimento dos laços familiares, criando um espaço de apoio e compreensão mútuos.
Carvalho et al. (2024) expandem essa perspectiva ao ressaltar que a combinação de rotinas estruturadas e previsíveis com feedback construtivo é uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento em crianças com TDAH. Essa abordagem evita críticas excessivas, que podem prejudicar a autoestima da criança, e promove um ambiente acolhedor onde ela se sente à vontade para expressar suas emoções.
Dessa forma, as estratégias discutidas reforçam a importância de uma atuação familiar que integre diferentes dimensões do cuidado, proporcionando não apenas suporte imediato, mas também contribuindo para o desenvolvimento integral do indivíduo com TDAH. Seja através do manejo comportamental, da comunicação clara ou do apoio emocional, essas práticas evidenciam que o papel da família é essencial na construção de um ambiente que favoreça o crescimento pessoal e emocional da criança.
ATUAÇÃO DOS PAIS COMO AGENTES ATIVOS NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DOS FILHOS COM TDAH
A participação ativa dos pais no desenvolvimento integral dos filhos com TDAH é amplamente reconhecida como um fator relevante para o sucesso das intervenções e para o bem-estar geral das crianças. A literatura revisada destaca diferentes dimensões dessa atuação, abrangendo desde o envolvimento na educação escolar até a promoção de habilidades sociais e emocionais. Knecht et al. (2024) enfatizam que a busca por recursos educacionais, a participação em grupos de apoio e a promoção de interações sociais saudáveis são iniciativas que favorecem não apenas o desempenho acadêmico e social das crianças, mas também o fortalecimento dos laços familiares e a criação de um ambiente de compreensão e apoio.
De forma semelhante, Neves, Farinon e Coronel (2024) destacam a importância de os pais se tornarem defensores eficazes dos direitos e necessidades de seus filhos, tanto em casa quanto na escola. Essa postura não apenas contribui para superar os desafios associados ao transtorno, mas também promove o desenvolvimento da autoestima e da autoconfiança da criança, elementos essenciais para sua formação integral. Em complemento, Anauate et al. (2024) reforçam a necessidade de os pais colaborarem ativamente com professores e terapeutas, buscando criar um plano de apoio individualizado que contemple as especificidades do TDAH. A promoção de atividades que estimulem habilidades sociais e emocionais, como esportes ou a participação em grupos de apoio, também é destacada como essencial para o desenvolvimento dessas competências.
Para Rocha et al. (2021), a atuação dos pais também envolve ser um modelo e guia para seus filhos, incentivando a participação em atividades extracurriculares que promovam confiança, resiliência e interação social. A colaboração entre pais, educadores e profissionais de saúde é destacada como uma estratégia que permite o acesso às melhores práticas de intervenção, garantindo que a criança receba suporte integral. Já Viana et al. (2024) apontam que o envolvimento dos pais em atividades que estimulem habilidades sociais, acadêmicas e emocionais oferece oportunidades para o desenvolvimento dessas competências em um ambiente seguro, fortalecendo o vínculo familiar e criando uma base sólida para o futuro da criança.
Carvalho et al. (2024) e Ferreira, Rodrigues e Cunha (2024) reforçam a importância de uma postura proativa dos pais, destacando que a formação contínua sobre o TDAH capacita os pais a se tornarem defensores informados. Essa atuação inclui a participação em grupos de apoio, a busca por recursos educacionais adaptados e a colaboração com escolas e profissionais de saúde para a implementação de intervenções necessárias. Esse envolvimento não apenas melhora a relação entre pais e filhos, mas também cria um ambiente mais inclusivo e favorável ao aprendizado e ao desenvolvimento das potencialidades da criança.
Névoa et al. (2024) destacam a relevância da colaboração entre pais e educadores na implementação de adaptações pedagógicas que atendam às necessidades específicas dos filhos. A participação ativa nas sessões de terapia e na promoção de um ambiente de aprendizado inclusivo e acolhedor é apontada como essencial para o desenvolvimento acadêmico e social da criança com TDAH. Essa abordagem integrada também fortalece os laços familiares, criando um ambiente de amor e compreensão que favorece o crescimento emocional e psicológico do indivíduo.
As evidências destacam a importância da participação ativa dos pais no desenvolvimento integral dos filhos com TDAH. O envolvimento direto nas áreas acadêmica, social e emocional da vida da criança, combinado com uma educação contínua sobre o transtorno, permite a criação de uma rede de suporte essencial para o sucesso das intervenções. Ademais, a colaboração entre pais, educadores e profissionais de saúde é relevante para assegurar um futuro mais promissor para a criança, promovendo o desenvolvimento de habilidades que possibilitem sua inclusão e prosperidade em diversos aspectos da vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo explorou o papel das famílias no manejo e apoio a indivíduos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Por meio de uma revisão narrativa da literatura, foram analisadas as estratégias mais eficazes para promover o bem-estar e o desenvolvimento desses indivíduos. O objetivo geral foi atingido, uma vez que práticas como o manejo comportamental, a comunicação clara e o apoio emocional foram identificadas, descritas e analisadas, destacando a importância da participação ativa dos pais no desenvolvimento integral dos filhos. A pesquisa também ressaltou os desafios enfrentados pelas famílias e a relevância do suporte especializado e das redes de apoio.
Entretanto, este estudo apresentou algumas limitações. Por ser uma revisão narrativa, a análise baseou-se em fontes secundárias, sem coleta direta de dados empíricos, o que limitou a abrangência e a profundidade de algumas conclusões. Além disso, não foram exploradas especificidades culturais ou regionais que podem influenciar as estratégias familiares e os desafios enfrentados.
Para futuras pesquisas, sugere-se a realização de estudos que investiguem as experiências diretas das famílias, considerando suas dinâmicas específicas e contextos socioculturais. Estudos que explorem intervenções práticas em ambientes familiares e escolares, bem como a eficácia de políticas públicas voltadas ao apoio dessas famílias, também seriam valiosos para aprofundar o entendimento sobre o tema.
REFERÊNCIAS
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[1] Historiador pela Universidade Estadual do Ceará, com especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela e Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Ceará. https://orcid.org/0009-0000-1002-8662
[2] Psicóloga pelo Centro Universitário Nassau.
[3] Psicólogo pelo Centro Universitário Nassau, com especialização em Transtorno do Espectro Autista pela Universidade Christus.
[4] Psicóloga pela Universidade da Amazônia (UNAMA)
[5] Pedagogo pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), com especialização em Educação Especial e Inclusiva e Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica, Faculdade Venda Nova do Imigrante pela FAVEN
[6] Bacharel em Gestão de recursos humanos pela UNIP, Psicóloga pelo Centro Universitário Nassau, com especialização em Psicologia Escolar e o Desenvolvimento da Infância e da Adolescência pela CBI of Miami
[7] Psicóloga pela Universidade Potiguar (UNP) – Mossoró, com especialização em Saúde mental e atenção psicossocial-UNP.
[8] Psicóloga pela Universidade Potiguar (UNP) – Mossoró