EFFECTIVE COMMUNICATION STRATEGIES IN MULTIDISCIPLINARY TEAMS TO IMPROVE PATIENT CARE
REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th10249091536
Romário Pessoa Santos [1]
Lisiane Melo de Carvalho [2]
Maria Eduarda Vieira dos Santos [3]
Carlana Santos Grimaldi Cabral de Andrade [4]
Mesias De Nazaré Campos Soares [5]
Jelber Manzoli dos Anjos [6]
Vinicius Nunes Miranda [7]
João Paulo Duarte Menezes [8]
Marx Felipe Paixão Dornelas [9]
Larissa Mayara Cordeiro Tobias [10]
Élida Lúcia Ferreira Assunção [11]
Resumo
Este estudo aborda as estratégias de comunicação eficaz em equipes multiprofissionais de saúde, destacando seu papel crucial na promoção da qualidade do cuidado ao paciente e na redução de eventos adversos. A pesquisa, baseada em uma revisão sistemática da literatura, teve como objetivo identificar, descrever e sintetizar evidências sobre práticas de comunicação interprofissional, abrangendo estudos publicados entre 2004 e 2024. A busca de dados foi realizada em bases científicas renomadas, como PubMed, Scopus e Cochrane Library, utilizando descritores específicos como “comunicação interprofissional”, “equipes multiprofissionais”, “segurança do paciente” e “resultados clínicos”, combinados com operadores booleanos. Foram incluídos apenas estudos que abordassem intervenções de comunicação entre diferentes profissionais de saúde e seus impactos nos desfechos clínicos, satisfação do paciente e segurança. Os resultados revelam que intervenções como treinamentos em comunicação interprofissional, utilização de tecnologias de informação, rondas multidisciplinares e o uso de ferramentas padronizadas melhoram significativamente a colaboração entre os membros das equipes, promovem maior satisfação dos pacientes e profissionais, e reduzem a incidência de erros médicos. No entanto, apesar das evidências positivas, identificaram-se lacunas no conhecimento sobre quais estratégias são mais eficazes em diferentes contextos clínicos e culturais, bem como a falta de consenso sobre as melhores práticas para a implementação dessas estratégias. Além disso, estudos indicam que a eficácia das intervenções pode variar de acordo com o ambiente institucional e a composição das equipes, sugerindo a necessidade de abordagens personalizadas e adaptativas. Conclui-se que a comunicação eficaz entre equipes multiprofissionais é essencial para otimizar os cuidados de saúde, mas sua implementação enfrenta desafios relacionados à padronização, treinamento inadequado e barreiras culturais e organizacionais. Recomenda-se o desenvolvimento de diretrizes adaptativas que levem em conta as especificidades de cada contexto clínico, promovendo um ambiente de trabalho mais colaborativo, seguro e centrado no paciente.
Palavras–chave: Comunicação interprofissional. Equipes multiprofissionais. Segurança do paciente. Qualidade do cuidado. Intervenções de comunicação.
1 INTRODUÇÃO
A comunicação eficaz em equipes multiprofissionais é um elemento central na promoção da qualidade do cuidado ao paciente, especialmente em contextos de saúde cada vez mais complexos e dinâmicos. A integração de diversos profissionais — médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, entre outros — exige uma articulação constante de informações e estratégias, visando assegurar a continuidade e a segurança do cuidado (Vazirani et al., 2005).
A literatura aponta que falhas na comunicação entre profissionais de saúde são uma das principais causas de erros médicos e eventos adversos; além disso, a ausência de uma comunicação clara e estruturada pode gerar duplicidade de esforços, desgaste profissional e insatisfação dos pacientes. Estratégias de comunicação, como rondas multidisciplinares, treinamentos específicos e uso de ferramentas digitais, são frequentemente recomendadas para mitigar tais problemas e promover uma melhor coordenação do cuidado; ainda, intervenções que incluem treinamentos de comunicação interprofissional e o uso de tecnologias de informação contribuem para a redução de erros e para a melhoria da satisfação do paciente (Shaw et al., 2014; Vazirani et al., 2005).
Apesar das evidências sobre a importância da comunicação eficaz, ainda há lacunas no conhecimento sobre quais estratégias são mais eficazes em diferentes ambientes clínicos e culturais; há uma falta de consenso quanto às melhores práticas para a implementação dessas estratégias e suas adaptações específicas a cada contexto. Existe, portanto, uma necessidade de investigações que investiguem essas nuances e desenvolvam abordagens mais adaptativas e personalizadas. Epstein (2014) indica que intervenções eficazes podem variar amplamente dependendo da configuração da equipe e do ambiente institucional, mas poucos estudos sistemáticos oferecem diretrizes claras sobre como essas intervenções podem ser melhor implementadas.
Pesquisas anteriores têm destacado o impacto positivo de intervenções como treinamentos interprofissionais e o uso de tecnologias de informação para melhorar a comunicação em equipes multiprofissionais; contudo, os resultados variam amplamente, dependendo do contexto de implementação, da composição das equipes e das barreiras institucionais enfrentadas. Há, ainda, uma heterogeneidade nas metodologias e nos resultados, sugerindo que mais estudos são necessários para compreender plenamente a eficácia dessas intervenções (Horlait et al., 2016; Deering et al., 2011).
Diante das evidências e lacunas identificadas, o presente estudo propõe investigar quais estratégias de comunicação são mais eficazes em diferentes contextos clínicos, buscando entender as adaptações necessárias para maximizar os resultados positivos na prática multiprofissional. Esta pesquisa se justifica pela necessidade de desenvolver diretrizes mais claras e adaptáveis para melhorar a comunicação interprofissional, contribuindo para a redução de erros médicos, o aumento da segurança do paciente e a promoção de um ambiente de trabalho mais colaborativo e satisfatório para os profissionais de saúde. Como Vazirani et al. (2005) e Shaw et al. (2014) sugerem, abordagens específicas de comunicação podem influenciar diretamente a qualidade dos cuidados de saúde e a segurança do paciente.
O objetivo deste estudo é identificar e analisar as estratégias de comunicação eficazes em equipes multiprofissionais de saúde, avaliando seu impacto na qualidade do cuidado ao paciente e na redução de eventos adversos. Busca-se entender quais práticas comunicacionais são mais eficazes em diferentes contextos clínicos e culturais, considerando as barreiras e facilitadores específicos para sua implementação.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Referencial Teórico
A comunicação eficaz em equipes multiprofissionais tem sido amplamente estudada em diversos campos do conhecimento, especialmente na área da saúde, onde a colaboração entre diferentes profissionais é fundamental para a prestação de cuidados de alta qualidade. O conceito de equipes multiprofissionais envolve grupos compostos por profissionais de diferentes áreas que trabalham de forma integrada, compartilhando conhecimentos, habilidades e responsabilidades para alcançar objetivos comuns. Essa abordagem tem se mostrado fundamental para lidar com a crescente complexidade dos cuidados de saúde modernos, que exige a combinação de múltiplas perspectivas para o manejo eficaz de condições clínicas complexas e o atendimento às necessidades diversificadas dos pacientes (Epstein, 2014).
Diante disso, a comunicação é um elemento central na formação e funcionamento de equipes multiprofissionais, pois permite a troca de informações relevantes, o planejamento conjunto de intervenções e o monitoramento contínuo do progresso do paciente. O diálogo aberto e a partilha de conhecimentos são vistos como fatores que aumentam a confiança entre os membros da equipe, minimizam mal-entendidos e promovem a coesão do grupo, o que é essencial para o desempenho eficaz das equipes (Deering et al., 2011; Horlait et al., 2016).
Diversos modelos teóricos têm sido propostos para entender e melhorar a comunicação em contextos interprofissionais. O modelo de “comunicação assertiva”, por exemplo, enfatiza a importância de os profissionais expressarem claramente suas opiniões, preocupações e sugestões, sem desrespeitar os colegas; enquanto o modelo de “aprendizagem interprofissional” propõe que a formação conjunta de profissionais de diferentes áreas promove uma compreensão mais detalhada das competências e responsabilidades de cada um, facilitando o trabalho em equipe (Horlait et al., 2016; Shaw et al., 2014).
Outras abordagens teóricas, como o “modelo de liderança distribuída”, sugerem que a liderança dentro das equipes multiprofissionais deve ser compartilhada entre os membros, dependendo de suas competências específicas e da situação clínica em questão. Esse modelo contrasta com as abordagens tradicionais de liderança, que tendem a ser hierárquicas e centradas em uma única figura de autoridade. Aliderança distribuída pode contribuir para a melhoria da comunicação interprofissional, ao valorizar a contribuição de todos os membros da equipe e promover um ambiente de respeito mútuo e colaboração (Chan et al., 2010).
A literatura também abarca o papel das tecnologias de informação e comunicação (TIC) como facilitadores da comunicação interprofissional. Ferramentas digitais, como prontuários eletrônicos compartilhados e plataformas de comunicação online, têm sido apontadas como instrumentos úteis para melhorar a eficiência da troca de informações entre os profissionais de saúde; no entanto, também se reconhece que o uso inadequado dessas tecnologias pode gerar sobrecarga de informações, distrações e até mesmo aumentar o risco de erros (Epstein, 2014; Griselda et al., 2021).
2.2 Estado da Arte
A revisão de estudos revela que, apesar dos avanços no entendimento da comunicação interprofissional, ainda existem lacunas importantes a serem identificadas e discutidas. O conceito de “prática colaborativa” tem sido cada vez mais enfatizado como uma forma de superar barreiras de comunicação; no entanto, há uma necessidade de mais pesquisas que investiguem a eficácia de diferentes abordagens colaborativas em contextos específicos de cuidado, como a geriatria, a pediatria e as unidades de terapia intensiva (Mercedes et al., 2016).
Além disso, há uma crescente atenção ao papel da “educação interprofissional” no desenvolvimento de habilidades de comunicação entre os futuros profissionais de saúde, indicando que a formação conjunta, desde os estágios iniciais de formação, pode criar uma cultura de respeito e colaboração que persiste ao longo das carreiras dos profissionais, mas a implementação eficaz de tais programas educacionais ainda enfrenta desafios, como a resistência institucional e a falta de recursos (Deering et al., 2011; Chan et al., 2010).
Por outro lado, a “teoria da confiança” tem sido aplicada para entender como a confiança entre os membros das equipes multiprofissionais se desenvolve e afeta a comunicação. Esta teoria sugere que a confiança é construída através de interações repetidas, clareza de papéis e objetivos compartilhados, sendo imprescindível para a manutenção de um ambiente colaborativo e eficiente. No entanto, mais estudos são necessários para investigar como a confiança pode ser restaurada em situações de conflito ou após erros (Shaw et al., 2014; Horlait et al., 2016).
Outro ponto relevante identificado na literatura é a necessidade de adaptar estratégias de comunicação aos contextos culturais e organizacionais específicos das instituições de saúde. Isso porque, a eficácia das intervenções de comunicação pode variar de acordo com as normas culturais locais, os estilos de liderança predominantes e a estrutura hierárquica das equipes. Portanto, há um reconhecimento crescente de que abordagens “tamanho único” podem não ser adequadas, e que intervenções de comunicação devem ser customizadas para melhor atender às necessidades particulares de cada contexto (Griselda et al., 2021; Mercedes et al., 2016).
Por fim, as evidências indicam que, embora o uso de tecnologias de comunicação possa oferecer benefícios, há também riscos associados, incluindo a potencial desumanização dos cuidados e a dependência excessiva de sistemas eletrônicos. Portanto, uma compreensão mais profunda de como balancear o uso dessas tecnologias com a manutenção de interações humanas de alta qualidade é necessária para otimizar a comunicação interprofissional (Epstein, 2014; Griselda et al., 2021).
3 METODOLOGIA
A metodologia adotada para o desenvolvimento deste trabalho caracteriza-se por uma abordagem sistemática da literatura, com foco em identificar, descrever e sintetizar as evidências sobre estratégias de comunicação eficazes em equipes multiprofissionais de saúde e seu impacto no cuidado ao paciente. A revisão sistemática permite uma análise abrangente e detalhada dos estudos relevantes publicados, mapeando intervenções comunicacionais e suas implicações para a prática clínica.
3.1 Tipo de Pesquisa
Este estudo configura-se como uma revisão sistemática da literatura, voltada para a identificação, descrição e síntese de evidências científicas sobre estratégias de comunicação em equipes multiprofissionais de saúde. A escolha por essa abordagem justifica-se pela necessidade de obter um panorama amplo e rigoroso do estado atual do conhecimento na área, avaliando estudos publicados entre 2004 e 2021 que investiguem práticas de comunicação interprofissional e seus efeitos sobre a qualidade e segurança do cuidado ao paciente.
3.2 População e Amostragem
A população-alvo da revisão consiste em artigos científicos indexados em bases de dados renomadas, que discutam intervenções de comunicação em equipes multiprofissionais de saúde. A amostragem foi conduzida de forma não probabilística e intencional, incluindo apenas estudos que atendem aos critérios de inclusão: artigos empíricos ou revisões sistemáticas que abordem intervenções específicas de comunicação entre membros de equipes multiprofissionais, publicados em inglês, português ou espanhol, e que apresentem resultados relevantes para o contexto clínico. Foram excluídos estudos sem metodologia clara, focados em comunicação uniprofissional ou que não discutissem os impactos das intervenções comunicacionais nos desfechos clínicos ou na satisfação do paciente.
3.3 Instrumentos e Procedimentos de Coleta de Dados
A coleta de dados envolveu uma busca estruturada em bases de dados científicas, como PubMed, Scopus e Cochrane Library, utilizando descritores como “interprofessional communication”, “multidisciplinary teams”, “patient safety”, “clinical outcomes”, e “healthcare communication”, combinados com o operador booleano “AND”. A busca foi delimitada a artigos publicados entre 2005 e 2021, garantindo a inclusão de estudos atuais e pertinentes ao tema. Títulos e resumos dos artigos foram inicialmente revisados para verificar a adequação aos critérios de inclusão, seguidos de uma análise detalhada dos textos completos dos estudos selecionados. Dados sobre o tipo de intervenção, contexto clínico, composição das equipes, resultados (desfechos clínicos, satisfação do paciente, segurança do paciente) e aspectos metodológicos (delineamento, tamanho da amostra, métodos de análise) foram extraídos sistematicamente Foi estabelecido a seguinte pergunta norteadora: “Como as diferentes estratégias de comunicação interprofissional impactam a qualidade do cuidado ao paciente em equipes multiprofissionais de saúde, e quais são as práticas mais eficazes para contextos clínicos diversos?”
3.4 Análise de Dados
A análise dos dados extraídos dos estudos selecionados foi realizada qualitativamente, utilizando a técnica de análise de conteúdo. Essa abordagem permitiu identificar categorias e temas emergentes relacionados às práticas de comunicação interprofissional, bem como aos impactos dessas práticas na qualidade do cuidado ao paciente e às barreiras e facilitadores na implementação de estratégias eficazes em diferentes contextos. A análise foi realizada em etapas, começando com a codificação inicial dos dados para identificar temas e subtemas, seguida pela agregação desses temas em categorias maiores, proporcionando uma síntese narrativa dos achados. A triangulação dos dados foi empregada para garantir a validade e confiabilidade das conclusões, comparando os resultados de diferentes estudos e examinando semelhanças e divergências nas abordagens e desfechos relatados.
3.5 Ferramentas e Recursos Utilizados
O software NVivo foi utilizado para a organização e gerenciamento dos dados, facilitando a categorização e a análise temática dos textos extraídos dos artigos selecionados. Adicionalmente, ferramentas de busca avançada nas bases de dados permitiram a aplicação de filtros precisos para a identificação de estudos relevantes, aumentando a eficácia do processo de coleta de dados.
3.6 Considerações Éticas
Embora a presente pesquisa seja uma revisão de literatura e não envolva diretamente sujeitos humanos, todas as etapas seguiram rigorosamente as diretrizes éticas aplicáveis às revisões sistemáticas. Os autores dos estudos analisados foram devidamente citados e reconhecidos, respeitando-se os direitos autorais e as normas de integridade acadêmica.
3.7 Limitações Metodológicas
Este estudo, como qualquer revisão sistemática, pode estar sujeito a vieses de publicação, visto que estudos com resultados negativos ou neutros são menos frequentemente publicados. Além disso, a limitação da busca a artigos em inglês, português e espanhol pode restringir a abrangência dos resultados. Contudo, tais limitações não comprometem a validade geral dos achados, dado que o objetivo principal é fornecer uma síntese abrangente das práticas de comunicação em equipes multiprofissionais de saúde, com base nas melhores evidências disponíveis.
4 RESULTADOS
O processo de seleção dos estudos se deu conforme mostra o fluxograma (figura 1)
Figura 1- Fluxograma
Já sobre os estudos selecionados, estes foram sintetizados em uma tabela, conforme mostra abaixo.
Tabela 1- Estudos selecionados
N | Autor | Ano | Título | Objetivo | Método | Resultados |
1 | Fleissig et al. | 2006 | Multidisciplinary teams in cancer care: are they effective in the UK? | Examinar a eficácia de equipes multiprofissionais em cuidados oncológicos no Reino Unido. | Revisão de literatura sobre equipes multiprofissionais em oncologia. | Barreiras à implementação eficaz; impacto positivo percebido, mas evidências limitadas. |
2 | Vazirani et al. | 2005 | Effect of a multidisciplinary intervention on communication and collaboration among physicians and nurses. | Determinar o impacto de uma intervenção multidisciplinar na comunicação e colaboração entre médicos e enfermeiros. | Estudo observacional comparando unidades de cuidados agudos com diferentes intervenções. | Melhoria na colaboração e comunicação entre médicos e enfermeiros; maior satisfação dos profissionais. |
3 | Epstein | 2014 | Multidisciplinary in-hospital teams improve patient outcomes: A review | Revisar como equipes hospitalares multiprofissionais podem melhorar os resultados dos pacientes. | Revisão de artigos de diversas disciplinas médicas. | Redução de eventos adversos e aumento da satisfação dos pacientes e profissionais. |
4 | Chan et al. | 2010 | Finding common ground? Evaluating an intervention to improve teamwork among primary health-care professionals. | Avaliar a eficácia de uma intervenção para melhorar o trabalho em equipe entre profissionais de saúde primários. | Estudo qualitativo com entrevistas e observações. | Aumento da colaboração e confiança entre profissionais de diferentes disciplinas. |
5 | Codispoti et al. | 2004 | The use of a multidisciplinary team care approach to improve glycemic control and quality of life by the prevention of complications among diabetic patients. | Demonstrar os benefícios da abordagem de equipe multiprofissional no controle glicêmico e qualidade de vida de pacientes diabéticos. | Estudo de caso sobre o manejo de diabetes usando equipes multiprofissionais. | Melhorias no controle glicêmico e qualidade de vida, além de ganhos em custo-efetividade. |
6 | Shaw et al. | 2014 | Multidisciplinary Team Training to Enhance Family Communication in the ICU | Avaliar o impacto de treinamentos específicos na comunicação entre equipes multiprofissionais em UTIs. | Intervenção com treinamento e avaliações pré e pós-intervenção. | Aumento da confiança dos profissionais e satisfação das famílias em UTIs. |
7 | Griselda et al. | 2021 | Improving Communication About the Care and Prevention of Infections in a Pediatric Oncology Unit by Using Patient Daily Goals in Multidisciplinary Rounds | Demonstrar a eficácia de objetivos diários para melhorar a comunicação em unidades pediátricas oncológicas. | Implementação de objetivos diários com avaliações quantitativas e qualitativas. | Redução do tempo de internação e melhora dos desfechos clínicos. |
8 | Hickman et al. | 2015 | Multidisciplinary team interventions to optimise health outcomes for older people in acute care settings: A systematic review. | Identificar intervenções de equipes multiprofissionais para otimizar resultados de saúde de idosos em ambientes de cuidados agudos. | Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados. | Redução de readmissões e melhora dos resultados funcionais dos pacientes idosos. |
9 | Deering et al. | 2011 | Multidisciplinary teamwork and communication training. | Avaliar o impacto do treinamento em comunicação para equipes multiprofissionais em melhorar a segurança do paciente. | Treinamento de equipe multiprofissional com simulação. | Melhoria na segurança do paciente e na moral dos funcionários. |
10 | Horlait et al. | 2016 | The need for adequate communication training programs for palliative care in multidisciplinary teams in oncology settings | Investigar a necessidade de programas de treinamento em comunicação para equipes de cuidados paliativos em oncologia. | Pesquisa qualitativa com entrevistas abertas a oncologistas e oncologistas em treinamento. | Necessidade de treinamentos específicos em comunicação identificada; falta de programas adequados. |
11 | Prades et al. | 2015 | Is it worth reorganising cancer services on the basis of multidisciplinary teams (MDTs)? A systematic review of the objectives and organisation of MDTs and their impact on patient outcomes. | Avaliar se a reorganização de serviços oncológicos com base em equipes multidisciplinares melhora os resultados dos pacientes. | Revisão sistemática da literatura com avaliação crítica de estudos sobre equipes multidisciplinares. | Melhora nos resultados clínicos e nos processos de decisão; evidência mista sobre impacto na sobrevivência. |
12 | Davis et al. | 2020 | Multidisciplinary care in surgery: Are team-based interventions cost-effective? | Examinar a eficácia e a relação custo-benefício de intervenções baseadas em equipes na área cirúrgica. | Revisão sistemática de artigos sobre custos associados a intervenções baseadas em equipes em cirurgia. | Intervenções baseadas em equipes são custo-efetivas em contextos cirúrgicos. |
13 | Mercedes et al. | 2016 | Effectiveness of structured multidisciplinary rounding in acute care units on length of stay and satisfaction of patients and staff: a quantitative systematic review | Avaliar o impacto de rounds multidisciplinares estruturados na duração da estadia e satisfação de pacientes e funcionários. | Revisão quantitativa de estudos observacionais e quase-experimentais. | Rounds estruturados podem melhorar a satisfação e reduzir o tempo de internação; evidências ainda inconclusivas. |
14 | Coory et al. | 2008 | Systematic review of multidisciplinary teams in the management of lung cancer. | Avaliar a eficácia de equipes multidisciplinares na gestão do câncer de pulmão. | Revisão sistemática de estudos sobre equipes multidisciplinares em câncer de pulmão. | Equipes multidisciplinares mostram benefícios limitados para a sobrevivência, mas melhoram a gestão do paciente. |
15 | Pillay et al. | 2016 | The impact of multidisciplinary team meetings on patient assessment, management and outcomes in oncology settings: A systematic review of the literature. | Avaliar o impacto de reuniões de equipe multidisciplinar na avaliação, gestão e resultados dos pacientes em oncologia. | Revisão sistemática de literatura focada em reuniões de equipe multidisciplinar em oncologia. | Reuniões de equipes melhoram a avaliação e gestão dos pacientes, mas impacto na sobrevivência ainda é incerto. |
Fonte: Autores (2024).
5 DISCUSSÕES
A comunicação eficaz em equipes multiprofissionais, frequentemente composta por profissionais de diferentes áreas de especialização, constitui um pilar fundamental para a otimização dos cuidados de saúde; tal abordagem promove uma sinergia entre saberes e práticas que, integradas de maneira harmoniosa, potencializam o alcance de resultados clínicos favoráveis e contribuem para a redução de eventos adversos – frequentemente associados à fragmentação dos cuidados e à falta de coordenação interprofissional. As investigações voltadas para o aprimoramento da comunicação entre os membros da equipe de saúde têm impacto direto na melhoria dos resultados clínicos, na satisfação dos pacientes e dos próprios profissionais; ademais, essas intervenções se revelam de suma importância para a mitigação de custos associados a complicações evitáveis e à melhoria dos processos de tomada de decisão (Fleissig et al., 2006; Vazirani et al., 2005; Epstein, 2014).
Em investigações realizadas em unidades de cuidados agudos, por exemplo, verificou-se que a implementação de intervenções estruturadas, como a integração de uma enfermeira especializada em equipes médicas e a realização de rondas diárias com a presença de múltiplos profissionais de saúde, resulta em uma comunicação mais clara e consistente entre médicos e enfermeiros; tal medida aumenta a colaboração interprofissional e a satisfação de todos os envolvidos – incluindo os pacientes que se beneficiam de um cuidado mais coordenado e centrado em suas necessidades (Vazirani et al., 2005). De forma similar, a pesquisa conduzida por Chan et al. (2010) demonstrou que intervenções focadas na melhoria da comunicação em ambientes de cuidados primários facilitam o compartilhamento de informações entre profissionais de diferentes disciplinas; promovem uma colaboração mais eficiente e aumentam a participação ativa dos pacientes nos processos de cuidado, o que, por sua vez, melhora a confiança mútua e a eficácia na coordenação dos tratamentos.
Destarte, estratégias multidisciplinares têm se mostrado eficazes na redução de eventos adversos e na promoção de resultados clínicos superiores; essas abordagens limitam a ocorrência de morbidade e mortalidade em ambientes hospitalares, reduzem o tempo de internação e elevam a satisfação dos pacientes e dos profissionais de saúde, que passam a trabalhar em um ambiente mais colaborativo e seguro (Epstein, 2014). Nesse sentido, Codispoti et al. (2004) indicam que, no manejo de doenças crônicas como o diabetes, o uso de equipes multiprofissionais compostas por médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e educadores em saúde promove não apenas melhorias no controle glicêmico e na qualidade de vida dos pacientes; mas também demonstram ganhos substanciais em termos de custo-efetividade – considerando a prevenção de complicações a longo prazo e a redução de readmissões hospitalares.
Em ambientes de terapia intensiva, a aplicação de treinamentos específicos voltados à comunicação para equipes multiprofissionais, conforme demonstrado por Shaw et al. (2014), revelou um aumento expressivo na confiança dos profissionais ao se comunicarem com as famílias de pacientes em estado crítico; além de uma melhora perceptível na satisfação das famílias com a experiência de cuidados recebida na UTI – resultados que sugerem que tais intervenções podem ser replicadas com sucesso em diferentes contextos clínicos, favorecendo a segurança do paciente e a qualidade do cuidado prestado.
No contexto oncológico, a utilização de estratégias como a definição de objetivos diários para pacientes, durante as rondas multidisciplinares, demonstrou sua eficácia na melhora da comunicação entre os membros da equipe; resultando em uma redução do tempo de internação e na obtenção de melhores desfechos clínicos, como exemplificado no estudo de Griselda et al. (2021). A abordagem multiprofissional também se revela fundamental em cuidados geriátricos; onde, conforme apontado por Hickman et al. (2015), a aplicação de intervenções voltadas à comunicação e à coordenação interprofissional resultou em uma diminuição das taxas de readmissão hospitalar e em melhorias notáveis nos resultados funcionais de pacientes idosos, frequentemente caracterizados por múltiplas comorbidades e necessidades complexas de cuidado.
Entretanto, não se pode ignorar os desafios que a implementação de estratégias de comunicação eficazes em equipes multiprofissionais impõe; entre eles, destacam-se a ausência de padronização nos formatos de comunicação – que dificulta a integração fluida de diferentes profissionais -, o treinamento insuficiente para lidar com as complexidades inerentes à comunicação interprofissional e a carência de uma cultura organizacional que valorize verdadeiramente a colaboração e a integração dos cuidados prestados (Horlait et al., 2016). Deering et al. (2011) sugerem que a implementação de programas de treinamento em comunicação, adaptados às diferentes experiências e níveis de formação dos profissionais, constitui uma estratégia eficaz para superar essas barreiras; garantindo, assim, a coordenação adequada dos cuidados entre os diversos membros da equipe de saúde e promovendo um ambiente de trabalho mais harmonioso e eficiente.
Diante desse panorama, torna-se evidente que a adoção de estratégias de comunicação eficazes em equipes multiprofissionais não apenas melhora os resultados de saúde – incluindo a redução de eventos adversos e o aumento da satisfação de pacientes e profissionais de saúde -; mas também otimiza a coordenação dos cuidados, assegurando uma abordagem de saúde mais integrada e centrada no paciente. No entanto, para que se maximizem os benefícios dessa abordagem, é imprescindível que se enfrentem os desafios associados à sua implementação, mediante o desenvolvimento de treinamentos adequados e a promoção de uma cultura organizacional que fomente a colaboração interprofissional e o trabalho em equipe.
6 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa demonstra que a comunicação eficaz em equipes multiprofissionais de saúde é essencial para otimizar os cuidados ao paciente, promovendo melhores desfechos clínicos e maior satisfação tanto dos pacientes quanto dos profissionais envolvidos. As evidências indicam que intervenções estruturadas, como treinamentos específicos e o uso de ferramentas de comunicação padronizadas, contribuem para a melhoria da interação interprofissional e para a redução de eventos adversos. O estudo confirma que abordagens de comunicação adaptadas ao contexto clínico específico e às necessidades das equipes promovem uma prática colaborativa mais eficaz e segura.
Os objetivos da pesquisa são atingidos, pois se identifica e descreve, de maneira abrangente, as diferentes estratégias de comunicação utilizadas em equipes multiprofissionais e seus impactos nos resultados de saúde. A revisão evidencia a importância de modelos teóricos diversos para a compreensão das dinâmicas comunicacionais e propõe novas diretrizes para intervenções futuras. Contudo, as limitações incluem a potencial parcialidade decorrente de vieses de publicação e a restrição linguística na seleção dos estudos.
Sugere-se que futuras pesquisas ampliem o escopo linguístico e investiguem, por meio de metodologias mistas, a eficácia de novas abordagens de comunicação que considerem fatores culturais e organizacionais, buscando aprimorar ainda mais a prática colaborativa em contextos de saúde diversos.
REFERÊNCIAS
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[1] Graduação em Nutrição e Pedagogia. Pós-graduação em Saúde da Família pelo Centro Universitário Estácio de Sá de Ribeirão Preto. (UNESA) e-mail: rommariop2@gmail.com
[2] Assistente Social – Mestranda pela Universidade Estadual do Ceará- UECE. e-mail: eduardavieirss@gmail.com
[3] Graduanda em Nutrição pela Universidade Federal de Campina Grande. e-mail: eduardavieirss@gmail.com
[4] Enfermeira pela Universidade Gama Filho. Mestre. e-mail: carlanagrimaldi@gmail.com
[5] Licenciado E Bacharel Em Educação Física pela Universidade Estadual Vale Do Acaraú – UVA, Pós-graduação Em Fisiologia Do Exercício. Mestrando Em Saúde Pública. e-mail: mesiasfisio@gmail.com
[6] Graduando em Odontologia pelo Centro Universitario de Excelência-UNEX. e-mail: jamanzoli@homail.com
[7] Graduando em Medicina pela Universidade Federal do Piaui. e-mail: vi.nunes.miranda1@gmail.com
[8] Graduando em Odontologia pela Faculdade de Excelência. e-mail: joaopaulonovaconta2.4@gmail.com
[9] Bacharelado em Educação física e Fisioterapia pela Universidade Salgado de Oliveira. e-mail: max.dornelas@hotmail.com
[10] Licenciatura Plena em Educação física pela Universidade do Estado do Pará- UEPA. e-mail: larissalola24@gmail.com
[11] Mestre em Clínicas Odontológicas Puc minas. Doutorando em Clínicas Odontológicas pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM. e-mail: elida.assuncao@ufvjm.edu.br