TRANSCRANIAL DIRECT CURRENT STIMULATION IN PATIENTS WITH DEPRESSION
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202411111021
Alanny Bandeira de Oliveira Marques 1;
Tamires Pereira Paes 2;
Adriana Cavalcanti de Macedo Matos 3
Resumo
A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) tem emergido como uma abordagem terapêutica promissora para o tratamento da depressão, especialmente em casos de resistência a tratamentos convencionais. Nesse sentido, o presente estudo buscou investigar a eficácia da estimulação transcraniana por corrente contínua em pacientes com depressão, analisando seu impacto nos sintomas e suas possíveis contribuições como terapia complementar. Ademais, a metodologia consistiu em uma abordagem de revisão integrativa da literatura científica, realizada nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e da National Library of Medicine (PubMed). Para a seleção dos estudos, foram excluídos textos incompletos, dissertações e teses em espanhol, e incluídos artigos completos publicados nos últimos cinco anos (2019 a 2024), onde a seleção da amostra para a construção dos resultados compreendeu apenas 5 artigos, escolhidos a partir dos critérios já citados. Os resultados revelam que a ETCC apresenta um potencial significativo na redução dos sintomas depressivos, com um perfil de segurança favorável. A análise de dados sugere que a técnica é geralmente bem tolerada e pode servir como uma alternativa eficaz para pacientes que não respondem adequadamente a tratamentos convencionais. No entanto, a pesquisa também aponta para a necessidade de padronização nos protocolos de tratamento e a inclusão de diferentes grupos populacionais em estudos futuros. As conclusões reforçam que a ETCC é uma opção promissora no manejo da depressão, indicando que a continuidade das investigações nesta área pode aprimorar a compreensão de seus mecanismos de ação e ampliar sua aplicação clínica.
Palavras-chave: Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua. Neuroplasticidade e Tratamento da Depressão. Transtorno Depressivo.
Abstract
Transcranial Direct Current Stimulation (tDCS) has emerged as a promising therapeutic approach for treating depression, especially in cases of resistance to conventional treatments. In this context, the present study sought to investigate the efficacy of transcranial direct current stimulation in patients with depression, analyzing its impact on symptoms and its potential contributions as a complementary therapy. Additionally, the methodology consisted of an integrative review of the scientific literature, conducted in the databases of the Virtual Health Library (VHL) and the National Library of Medicine (PubMed). For the selection of studies, incomplete texts, dissertations, and theses in Spanish were excluded, while complete articles published in the last five years (2019 to 2024) were included. The sample selection for the construction of results comprised only five articles, chosen based on the aforementioned criteria. The results reveal that tDCS shows significant potential in reducing depressive symptoms, with a favorable safety profile. Data analysis suggests that the technique is generally well-tolerated and may serve as an effective alternative for patients who do not adequately respond to conventional treatments. However, the research also highlights the need for standardization in treatment protocols and the inclusion of diverse population groups in future studies. The conclusions reinforce that tDCS is a promising option in the management of depression, indicating that continued investigations in this field may enhance the understanding of its mechanisms of action and expand its clinical application.
Keywords: Transcranial Direct Current Stimulation. Neuroplasticity and Depression Treatment. Depressive Disorder.
1 INTRODUÇÃO
A depressão, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma doença psiquiátrica crônica que afeta milhões de indivíduos ao redor do mundo anualmente. Estima-se que mais de 280 milhões de pessoas sofram dessa condição globalmente. Caracterizada principalmente por uma tristeza profunda, recorrente e aparentemente infindável. Além disso, envolve perda de interesse em atividades cotidianas e, em casos mais graves, pensamentos suicidas. Esses sintomas afetam de forma significativa a qualidade de vida e a funcionalidade das pessoas acometidas (FIOCRUZ, 2015).
Diante dos efeitos significativos dos transtornos depressivos, especialmente o Transtorno Depressivo Maior (TDM), e de seus variados determinantes, há uma crescente atenção às inovações em neuromodulação. Essa abordagem permite integrar novas modalidades terapêuticas aos tratamentos convencionais, particularmente aquelas que apresentam poucos efeitos colaterais e custo reduzido, como a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) (LEE et al., 2017).
A ETCC trata-se de uma técnica não invasiva que utiliza uma corrente elétrica de baixa intensidade aplicada ao couro cabeludo para alterar a excitabilidade cortical. Estudos clínicos têm investigado os efeitos desta em uma variedade de condições neurológicas e psiquiátricas, como transtornos de humor, dor crônica e ansiedade, com resultados promissores na melhora dos sintomas, especialmente em pacientes que não respondem bem a tratamentos farmacológicos (DEAN & KESHAVAN, 2017).
Embora a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) tenha sido apontada como uma alternativa promissora para o tratamento da depressão, os resultados de diferentes estudos ainda são variados, e há incertezas sobre sua eficácia, segurança e aplicabilidade a longo prazo. Diante disso, torna-se necessário consolidar e analisar as evidências disponíveis. Assim, a questão que norteia esta revisão integrativa é: Quais são as evidências mais recentes sobre a eficácia e segurança da estimulação transcraniana por corrente contínua no tratamento de pacientes com depressão?
O estudo justifica-se pela crescente demanda por alternativas terapêuticas eficazes para o tratamento da depressão, especialmente em casos onde os tratamentos convencionais, como a farmacoterapia e a psicoterapia, não apresentam resultados satisfatórios. A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) vem se destacando como uma técnica não invasiva com potencial para melhorar os sintomas depressivos, contudo, as evidências sobre sua eficácia e segurança ainda são variadas e, em alguns casos, inconclusivas.
Diante desse cenário, o presente estudo tem como objetivo investigar a eficácia da estimulação transcraniana por corrente contínua em pacientes com depressão, analisando seu impacto nos sintomas e suas possíveis contribuições como terapia complementar. A pesquisa visa, ainda, revisar a literatura existente, apontando os benefícios, limitações e desafios da utilização dessa tecnologia. A relevância desse trabalho reside na necessidade de explorar alternativas terapêuticas que possam ser eficazes e acessíveis, contribuindo tanto para a melhora do tratamento quanto para o avanço do conhecimento científico na área de saúde mental.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Depressão: Definição e Características
A depressão é um transtorno mental prevalente em todo o mundo, afetando milhões de pessoas e sendo uma das principais causas de incapacidade. Caracteriza-se por uma combinação de sintomas emocionais e físicos, como tristeza profunda, perda de interesse em atividades, distúrbios no sono e apetite, além de fadiga e, em casos graves, pensamentos suicidas. Esses sintomas afetam significativamente a qualidade de vida e a capacidade de desempenhar atividades diárias (JARDIM, 2011).
Ainda conforme a autora a origem da depressão é multifatorial, envolvendo fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais. Pessoas com histórico familiar de depressão têm maior predisposição a desenvolvê-la, embora fatores externos como traumas, estresse e dificuldades econômicas também sejam influentes. No nível neurobiológico, o desequilíbrio de neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina é amplamente associado ao transtorno, o que levou ao uso de antidepressivos como tratamento padrão
Os tratamentos convencionais, incluindo farmacoterapia e psicoterapia, são eficazes para muitos pacientes, mas uma parte significativa da população não responde adequadamente a essas abordagens. Aproximadamente um terço dos indivíduos com depressão não apresenta melhora com antidepressivos ou terapia cognitivo-comportamental. Esse cenário impulsiona a busca por terapias alternativas, como a neuromodulação, especificamente a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) (GAUER et al. 2017).
Conforme Brito et al. (2022), a depressão tem um impacto social profundo, especialmente no ambiente de trabalho, onde é uma das principais causas de absenteísmo e perda de produtividade. A condição também afeta as relações interpessoais, pois muitos indivíduos com depressão se isolam, o que agrava seus sintomas. O estigma associado às doenças mentais é um obstáculo adicional, impedindo que muitos busquem ajuda e perpetuando o sofrimento.
Embora a depressão seja uma condição complexa e desafiadora, ela é tratável. Combinando tratamentos convencionais com novas terapias como a ETCC e promovendo uma maior conscientização, há uma expectativa de melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas. Contudo, a variabilidade das respostas ao tratamento reflete a necessidade contínua de pesquisas para personalizar o cuidado e atender melhor às necessidades de cada paciente (BRITO et al. 2022).
2.2. Neuromodulação e Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC): Princípios e Mecanismos de Ação
A neuromodulação é uma abordagem terapêutica que visa modificar a atividade neuronal para tratar diversas condições psiquiátricas e neurológicas. Entre as técnicas de neuromodulação, a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) tem ganhado destaque nos últimos anos como uma alternativa promissora para o tratamento de doenças como a depressão. Essa técnica não invasiva utiliza correntes elétricas fracas aplicadas ao couro cabeludo, que modulam a excitabilidade cortical e promovem mudanças na neurotransmissão, potencialmente melhorando os sintomas depressivos (COSTA, et al. 2012).
Conforme Brunoni (2012), os princípios da ETCC se baseiam na aplicação de uma corrente elétrica de baixa intensidade, geralmente entre 1 a 2 mA, através de eletrodos colocados na superfície do crânio. Dependendo da polaridade da corrente aplicada, a ETCC pode ter efeitos diferentes sobre a atividade neuronal. A corrente anódica (positiva) tende a aumentar a excitabilidade neuronal, enquanto a corrente catódica (negativa) pode reduzir essa excitabilidade. Essa modulação da atividade elétrica neuronal é fundamental para a eficácia da ETCC no tratamento de transtornos mentais, uma vez que permite o ajuste das redes neurais envolvidas na regulação do humor.
Os mecanismos de ação da ETCC estão associados a alterações nos níveis de neurotransmissores, especialmente a serotonina, dopamina e noradrenalina. Estudos demonstraram que a estimulação pode aumentar a liberação de serotonina, o que pode contribuir para a redução dos sintomas depressivos. Além disso, a ETCC pode favorecer a neuroplasticidade, promovendo adaptações nas conexões neuronais e melhorando a capacidade do cérebro de se reorganizar em resposta a experiências e intervenções terapêuticas. Essa plasticidade é especialmente importante no contexto da depressão, onde circuitos neurais disfuncionais podem ser reconfigurados para restabelecer um equilíbrio emocional saudável (PAIXÃO, SCHIMIDT & MOURA, 2021).
Para os autores a segurança da ETCC também é um aspecto importante a ser considerado. A técnica é geralmente bem tolerada, com efeitos colaterais mínimos, como leve desconforto no local da aplicação ou sensação de formigamento. No entanto, a padronização dos protocolos de aplicação, incluindo a escolha dos locais de eletrodos e a duração da sessão, é essencial para garantir a eficácia e a segurança do tratamento.
Além disso, a ETCC pode ser utilizada como uma terapia complementar em conjunto com outras intervenções, como a farmacoterapia e a psicoterapia. A combinação de diferentes abordagens pode potencializar os efeitos benéficos, oferecendo uma estratégia mais abrangente para o tratamento da depressão. A flexibilidade da ETCC em ser aplicada em diferentes contextos clínicos e sua possibilidade de personalização conforme as necessidades individuais do paciente tornam-na uma ferramenta valiosa no arsenal terapêutico (BRUNONI, 2012).
Por fim, a crescente evidência científica sobre a eficácia e os mecanismos de ação da ETCC no tratamento da depressão abre novas possibilidades para a prática clínica. Outrossim, compreende-se que a ETCC pode se estabelecer como uma opção de tratamento eficaz e segura para aqueles que sofrem com a depressão, oferecendo esperança para muitos que não encontraram alívio com as terapias convencionais.
3 METODOLOGIA
O tipo de estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura científica que é enfatizado acerca de uma “síntese e análise do conhecimento científico já produzido com o tema investigado e obtém informações que possibilita aos leitores avaliarem a pertinência dos procedimentos empregados na elaboração da revisão” (BOTELHO, CUNHA & MACEDO, 2011).
Segundo Souza, Silva & Carvalho (2010) é necessário a realização de seis etapas, como: (a) elaboração das questões norteadoras; (b) busca na literatura; (c) categorização dos estudos; (d) avaliação dos estudos; (e) interpretação dos resultados e (f) síntese do conhecimento.
O levantamento dos estudos foi realizado nas bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e National Library of Medicine (PubMed). Utilizando-se os seguintes descritores: Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua; Neuroplasticidade e Tratamento da Depressão; Transtorno Depressivo combinados com os operadores and e or.
Além disso, como critério foram excluídos da presente pesquisa textos incompletos, dissertações e teses no idioma espanhol, e quanto aos critérios de inclusão utilizou-se textos completos, artigos publicados nos últimos 5 anos (2020 a 2024), nosidiomas português e inglês, nas bases de dados já citadas.
Após coletar os dados através da revisão da literatura, foi aplicada uma estratégia de busca alinhada à estrutura da pergunta proposta para esta pesquisa, seguindo os critérios de inclusão previamente estabelecidos e considerando a prevalência nos descritores escolhidos.
Todo o material selecionado passou por uma leitura exploratória, com o objetivo de avaliar a relevância das obras consultadas para o escopo do trabalho. Posteriormente, uma leitura mais aprofundada foi conduzida, abrangendo a análise completa dos artigos, com a intenção de identificar e selecionar aqueles que atendiam aos questionamentos relacionados ao problema e aos objetivos desta pesquisa.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A princípio, foi conduzida uma análise preliminar por meio da leitura dos títulos das publicações, identificando um total de 144 pesquisas. Em seguida, procedeu-se à leitura e análise crítica dos resumos, seguindo critérios de exclusão. Esta etapa resultou na exclusão de 412 artigos, visando à obtenção de uma leitura mais aprofundada durante a verificação dos artigos na íntegra.
Posteriormente, durante uma segunda leitura, 120 estudos foram excluídos por não estarem alinhados com os critérios estabelecidos. Isso incluiu obras repetidas e aquelas que, apesar de abordarem a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua, não trabalharam a depressão, que é também o foco desse trabalho.
Em uma terceira leitura, 24 obras foram consideradas, no entanto, somente 5 artigos foram eleitos para estudo após última filtragem realizada. Os detalhes da análise qualitativa das referências, do tipo de estudo, dos objetivos e dos resultados estão devidamente delineados no quadro 1.
Quadro 1. Síntese dos artigos eleitos para a pesquisa (2024).
Fonte: autoria própria (2024).
A discussão sobre a eficácia e segurança da Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) no tratamento de pacientes com depressão é um campo de crescente interesse, dada a necessidade de intervenções terapêuticas mais eficazes e menos invasivas para tratar essa condição debilitante. Estudos recentes indicam que a ETCC pode ser uma terapia promissora, especialmente como adjuvante aos tratamentos tradicionais, como antidepressivos e psicoterapia.
Nesse sentido, compreende-se que a ETCC pode proporcionar uma redução significativa nos sintomas depressivos, atuando na modulação da atividade elétrica do córtex cerebral, especialmente nas áreas envolvidas na regulação do humor, como o córtex pré-frontal dorsolateral. Coêlho et al. (2021) observaram que a ETCC resultou em melhorias significativas nos sintomas depressivos, com efeitos adversos inferiores aos tratamentos convencionais. Por sua vez, Goerigk et al. (2020) também constataram que pacientes que receberam ETCC ativa apresentaram melhorias significativas nos escores de depressão em comparação ao grupo controle. Além disso, pesquisas sugerem que os efeitos podem ser mais pronunciados em pacientes com depressão resistente ao tratamento, uma vez que essa técnica oferece um mecanismo alternativo para modulação cerebral.
No entanto, a eficácia da ETCC pode variar em função de diferentes fatores, como a intensidade da estimulação, a localização dos eletrodos e o número de sessões. Kim et al. (2024) ressaltaram que, embora não tenha havido diferenças significativas entre a ETCC ativa e simulada em termos de alívio dos sintomas depressivos, a ETCC ativa apresentou mudanças positivas na atividade eletrofisiológica, sugerindo que as respostas podem ser influenciadas por variáveis contextuais. Além disso, Nikolin et al. (2020) destacaram que a resposta ao tratamento pode ser afetada por fatores como predisposição genética e severidade da depressão.
Em relação à segurança, a ETCC é considerada uma técnica não invasiva e bem tolerada, com poucos efeitos colaterais reportados. Os efeitos adversos mais comuns, como leves dores de cabeça e desconforto na área de aplicação dos eletrodos, são geralmente transitórios e de baixa intensidade. Estudos, como os realizados por Woodham et al. (2021), corroboram que não há evidências de efeitos adversos graves associados ao uso da ETCC em populações adultas, reforçando sua segurança como uma intervenção terapêutica.
Contudo, os autores ainda afirmam que a aplicação da ETCC ainda enfrenta desafios. Um dos principais problemas é a falta de padronização nos protocolos de tratamento, dificultando a comparação entre os estudos. Além disso, a maioria das pesquisas se concentra em populações adultas, sendo necessária uma investigação mais ampla da eficácia da técnica em diferentes grupos etários e comorbidades.
Destarte, a literatura revisada aponta que a ETCC possui um potencial significativo como terapia complementar no tratamento da depressão, especialmente em casos de resistência aos tratamentos convencionais. No entanto, mais pesquisas são necessárias para compreender plenamente os mecanismos subjacentes à sua ação e para definir os melhores parâmetros de aplicação. Apesar de seu potencial, os benefícios da ETCC devem ser cuidadosamente avaliados em relação às limitações e desafios ainda presentes no campo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As considerações finais deste estudo abordam a eficácia e segurança da Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) no tratamento da depressão, à luz das evidências mais recentes e dos dados analisados. Os objetivos propostos foram alcançados, revelando que a ETCC emerge como uma intervenção promissora, especialmente em contextos onde os tratamentos convencionais falham ou apresentam limitações.
Os resultados indicam que a ETCC pode contribuir de forma significativa na redução dos sintomas depressivos, com um perfil de segurança favorável. A literatura revisada demonstra que a técnica não invasiva é geralmente bem tolerada, apresentando efeitos colaterais mínimos e transitórios. Além disso, a ETCC pode ser uma alternativa viável para pacientes que não respondem adequadamente aos antidepressivos ou à psicoterapia convencional.
Entretanto, o estudo também apontou diversas limitações. A heterogeneidade nos protocolos de aplicação e a falta de padronização nos métodos dificultam a comparação entre os resultados de diferentes investigações. Também foi observado que, embora a ETCC mostre benefícios em algumas populações, sua eficácia pode ser influenciada por fatores individuais, como a gravidade da depressão, comorbidades e características neurobiológicas dos pacientes.
Para futuras pesquisas, recomenda-se a padronização dos protocolos de tratamento e a inclusão de uma diversidade maior de grupos populacionais, abrangendo desde adolescentes até idosos, além de investigações mais aprofundadas sobre os mecanismos subjacentes à eficácia da ETCC. Essas modificações poderão proporcionar um entendimento mais robusto sobre o papel da ETCC na abordagem terapêutica da depressão.
Em síntese, a pesquisa conclui que a ETCC representa uma alternativa valiosa e segura no arsenal terapêutico contra a depressão, destacando-se como uma terapia complementar que pode melhorar a qualidade de vida de muitos pacientes. A continuidade dos estudos neste campo é essencial para o fortalecimento e a consolidação dessa abordagem inovadora.
REFERÊNCIAS
BOTELHO, Louise Lira Roedel, CUNHA, Cristiano Castro de Almeida & MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade, Belo Horizonte, v.5, n. 11, p. 121-136, 2011. Disponível em: https://www.gestaoesociedade.org/gestaoesociedade/article/view/1220/906. Acesso em: 12 set. 2024.
BRITO, Valéria, et al. Prevalência de depressão autorreferida no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde 2019 e 2013. Epidemiol. Serv. Saúde, v. 31, n. 08, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/SS2237-9622202200006.especial. Acesso em: 30 ago. 2024.
BRUNONI, Andre Russowsky. Tratamento do transtorno depressivo maior com estimulação transcraniana por corrente contínua: ensaio clínico aleatorizado, duplo-cego, fatorial. 2012. 194 f. Tese (Doutorado) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
COÊLHO, Carlos, et al. Estimulação elétrica transcraniana nos transtornos depressivos: determinação de parâmetros para a prática clínica. Fisioter. Bras; v. 22, n. 5. p. 733-757, 2021. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1353562. Acesso em: 13 set. 2024.
COSTA, Marcelo, et al. A estimulação transcraniana por corrente contínua como recurso ergogênico. Rev. educ. fis. UEM, v. 23, n. 2, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.4025/reveducfis.v23i2.170. Acesso em: 01 set. 2024.
DEAN, Jason & KESHAVAN, Matcheri. The neurobiology of depression: An integrated view. Asian Journal of Psychiatry, v. 27, p. 101-111, jun./2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28558878/. Acessado em: 04 set. 2024.
FIOCRUZ. Fiocruz. IBRO e Sociedade Max- Plank promovem curso sobre depressão no IOC. Disponível em http://portal.fiocruz.br/ptbr/content/depressao-e-tema-de-curso-no-ioc. Acessado em: 04 set. 2024.
GAUER, Gustavo, et al. Terapias alternativas: uma questão contemporânea em psicologia. Psicol. cienc. prof. v.17, n. 2, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S14- 98931997020004. Acesso em: 30 ago. 2024.
GOERIGK, Stephan, et al. Effects of tDCS on neuroplasticity and inflammatory biomarkers in bipolar depression: Results from a sham-controlled study. Progress in neuro psychopharmacology & biological psychiatry, v. 8, n. 105, 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33022345/. Acessado em: 14 set. 2024.
JARDIM, Sílvia. Depressão e trabalho: ruptura de laço social. Rev. bras. Saúde ocup; v. 36, n. 132, p. 84-92, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbso/a/wxjGjFV4NSWw4kBTq33JRTF/#. Acesso em: 30 ago. 2024.
KIM, Jiheon et al. Home-based, Remotely Supervised, 6-Week tDCS in Patients With Both MCI and Depression: A Randomized Double-Blind Placebo-Controlled Trial. Clin EEG Neurosci; v. 55, n. 5, p. 531-542, 2024. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-38105601?lang=pt. Acesso em: 17 set. 2024.
LEE, Jhonatan, et al. Transcranial Direct Current Stimulation: Considerations for Research in Adolescent Depression. Frontiers in psychiatry, v. 8, p. 1-9, jun./2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28638351/. Acessado em: 04 set. 2024.
NIKOLIN, Stevan, et al. Transcranial Random Noise Stimulation for the Acute Treatment of Depression: A Randomized Controlled Trial. The international journal of neuropsychopharmacology, v. 23, n. 3), p. 146–156, 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31899509/. Acesso em: 18 set. 2024.
PAIXÃO, M.S.; SCHIMIDT, T.C, & MOURA, R.C. O uso da estimulação transcraniana por corrente contínua em casos de depressão: uma revisão sistemática. Fisioterapia Brasil, v.22, n. 5, p. 773-788, 2021. Disponível em: https://doi:10.33233/fb.v22i5.43. Acesso em: 03 set. 2024.
SOUZA, M.T.; SILVA, M.D. & CARVALHO, R. Revisão integrativa: o que é? Como fazer isso?. Einstein, v.8, n.1, p.102- 106, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1679- 45082010rw1134. Acesso em: 12 set. 2024.
WOODHAM, Rachel, et al. Is tDCS a potential first line treatment for major depression? International review of psychiatry (Abingdon, England), v. 33, n. 3, p. 250–265, 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33706656/. Acesso em: 18 set. 2024.
1Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Uninovafapi. E-mail: alanny.bandeira@icloud.com;
2Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário Uninovafapi. E-mail: pereirapaestamires1@gmail.com;
3Professora, Doutora. E-mail: adrianacavalcantimm@gmail.com