REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7557169
Marciane Pinto Boiba1
Samara Nunes dos Santos1
Daniele Mejia Cavalcante2
RESUMO – O termo esquizofrenia foi criado por Bleuler vem de esquizo=divisão, phrenia=mente, veio para substituir o termo demência precoce dentro da literatura.
Esquizofrenia é considerada uma doença endógena, principalmente por ter raízes antigas, sendo recorrentes ao longo da história, as doenças mentais tem linhagem não apenas de genética, mas também de estímulos no ambiente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu qualidade de vida como a percepção do indivíduo a respeito de sua posição na vida. Na busca por mostrar que o paciente em sua necessidade principal, precisa de qualidade de vida, busca-se por inserção e qualidade de vida para si e para outrem. Localiza-se assim, embasamento principalmente em meio social, atrás de salientar a questão de como possuir qualidade de vida, apesar do diagnóstico de esquizofrenia. Com o apontamento de qualidade de vida do esquizofrênico, e estratégia de intervenção, chega-se ao desfeche. Utilizando psicoterapia como primordial no quadro de estabilização, a base da teoria cognitiva comportamental servirá como ferramenta na medida de intervenção.
Palavras chaves: Diagnóstico. Endógena. Esquizofrenia. Qualidade de vida.
ABSTRACT – The term schizophrenia was created by Bleuler comes from schizo = division, phrenia = mind, came to replace the term early dementia within the literature. Schizophrenia is considered an endogenous disease, mainly because it has ancient roots, being recurrent throughout history, mental illnesses have lineage not only of genetics, but also of stimuli in the environment. The World Health Organization (WHO) defined quality of life as the individual’s perception of their position in life. In the quest to show that the patient in his / her main need, needs quality of life, one seeks insertion and quality of life for oneself and for another. It is located, therefore, mainly in social environment, after emphasizing the question of how to have quality of life, despite the diagnosis of schizophrenia. With the quality of life of the schizophrenic, and intervention strategy, we arrive at the outcome. Using psychotherapy as paramount in the framework of stabilization, the basis of cognitive behavioral theory will serve as a tool in the intervention measure
Keywords: Schizophrenia, endogenous, quality of life, diagnosis.
1 INTRODUÇÃO
A esquizofrenia nada mais é que um transtorno cujo fator principal de diferenciação é a existência de uma dissociação na lógica do pensamento, é designada pela junção de psicoses endógenas, e apresentam sintomas variáveis, porém, com a presença de delírios na cognição. Estes são princípios fundamentais na descoberta do transtorno.
Entrando no contexto do tema, sabe-se que o termo esquizofrenia foi criado por Bleuler vem de esquizo=divisão, phrenia=mente, veio para substituir o termo demência precoce dentro da literatura. Já na endogenia, em comparação com a esquizofrenia, é considerada uma doença endógena, principalmente por ter raízes antigas, sendo recorrente ao longo da história. A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu qualidade de vida como a percepção do indivíduo a respeito de sua posição na vida.
Neste estudo buscamos de fato mostrar que o paciente em sua necessidade principal, precisa de qualidade de vida, mostrando relevância para a sociedade, no tangente a visibilidade e compreensão da patologia do paciente, buscando por inserção e qualidade de vida para si e para outrem.
A comunidade de estudantes de psicologia, terá amplitude na compreensão do tema com a aquisição de conhecimento que se fará presentes em nosso meio. A abordagem utilizada a seguir para concretizar o que vem sendo pedido, será qualitativa, de uma formar narrativa, em campo exploratório. O estudo de casos será nosso delineamento, pois busca-se aprofundar o conhecimento e aprendizado no tema proposto, se embasando principalmente em meio social, sendo utilizado a entrevista semiestruturada, com perguntas norteadoras em um roteiro já estipulado aplicadas em três pacientes e suas respectivas famílias.
O problema abordado foi a questão de como possuir qualidade de vida, apesar do diagnóstico de esquizofrenia. Investigando a doença endógena e qualidade de vida do esquizofrênico através de Identificação do princípio da endogenia, apontamento de qualidade de vida do esquizofrênico, além de apontar estratégia de intervenção.
2 REFERENCIAL TEORICO
2.1 A esquizofrenia
O termo esquizofrenia foi criado por Bleuler (1857-1939) vem de esquizo=divisão, phrenia=mente, veio para substituir o termo demência precose dentro da literatura. Breuler descreve os problemas iniciais ou fundamentais da doença como os quatro “As”, sendo a alteração de Afeto, Associação frouxa de ideias, Autismo e Ambivalência, como dita em SILVA (2006).
Na busca por concretancia do transtorno esquizofrênico, visto como uma psicose crônica idiopática, complementamos ainda em SILVA (2006) onde ressalta que a esquizofrenia, o transtorno do pensamento em relação ao conteúdo, diz respeito aos delírios na cognição, pois a linguagem se torna fragmentada, desordenada, incoerente e com fuga de ideias.
É típico da esquizofrenia acarretar problemas que vão além de um simples diagnóstico, têm também a questão do organismo fisiológico e psicológico, como por exemplo deficiência cognitiva. Que acabam a culminar problemas na aprendizagem, limitando o indivíduo intelectualmente.
Pacientes com esquizofrenia demonstram um déficit cognitivo generalizado, ou seja, eles tendem a ter um desempenho em níveis mais baixos do que controles normais em uma variedade de testes cognitivos. Eles apresentam múltiplos déficits neuropsicológicos […]. As alterações cognitivas seletivas mais proeminentes na esquizofrenia incluem déficit em atenção, memória e resolução de problemas. (SILVA, 2006, p.266)
Mesmo sendo um transtorno que tem tomado grande escala nos últimos tempos, a esquizofrenia é típica de antigamente, onde eram utilizados outros termos e super mal vista em meio a sociedade, de certa forma oculta ou mal interpretada, advinda de problemas psicológicos não tratados corretamente.
A esquizofrenia é considerada uma doença endógena, principalmente por ter raízes antigas. Em ditos antepassados algumas doenças poderiam ser consideradas casos de esquizofrenia. Pois já eram descritos diversos casos de uma psicose, que de acordo com estudos atuais, se enquadram nos sintomas da doença. Pode-se dizer que a esquizofrenia é uma doença própria da natureza humana e que não é de casos recentes, já recorre ao longo de nossa história.
Endogenia, partindo do princípio da biologia, tem sua origem, desenvolvimento ou reprodução no interior do tecido de um órgão ou de um organismo: órgão endógeno; que se origina no interior de um sistema ou se desenvolve pela influência de fatores externos. Etimologicamente (origem da palavra endógena) do grego endógeno.
Muitos se perguntam como se inicia as ocorrências e principais sinais da doença em alguém considerado pelo estado físico psicológico “normal” até certo ponto, conclui-se que pode aparecer de modo abrupto, porém é mais comum que surja de maneira silenciosa em meados da fase da adolescência para a fase adulta, principalmente se advinda de um fator desencadeante.
De acordo com o Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais – DSM-5, a esquizofrenia caracteriza-se por sintomas como delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento catatônico e sintomas negativos, tais como embotamento afetivo, alogia ou avolição sendo que, pelo menos dois destes sintomas devem estar presentes durante um mês, devendo excluir-se perturbações de humor ou esquizoafetivos, bem como perturbações relacionadas com substâncias ou estado físicos gerais.
De modo que o CID-10 (1993) refere que esquizofrenia é caracterizado por distorções do pensamento e da percepção e por embotamento afetivo ou afetos inapropriados. Dos sintomas psicopatológicos inerentes a esta perturbação destaca-se o eco do pensamento, a imposição ou “roubo” do pensamento, ideias delirantes de controle, influência ou passividade, percepção delirante e alucinações auditivas. Sendo uma perturbação complexa de caráter crônico, gera prejuízos significativos na vida do paciente (SANTANA, CHIANCA, & CARDOSO, 2009).
Assim, o quadro de esquizofrenia pode ser compreendido por dois (ou mais) sintomas, dos quais um deve ser positivo (delírio, alucinação ou discurso desorganizado) se presentes num período de 30 dias (DSM-5, 2014), os demais critérios estão relacionados a prejuízos em áreas do funcionamento, a persistência de alguns sinais por um período contínuo de seis meses, o comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico refere-se a comportamentos tolos e pueris, agitação imprevista, postura rígida, movimentos estereotipados, dentre outros; os sintomas intitulados negativos, como a expressão emocional diminuída, avalia, alogia, anedonia e falta de sociabilidade são comuns e estão associados em parte à mobilidade na esquizofrenia, especialmente, os dois primeiros considerados mais proeminentes (DSM-5, 2014).
Porém não limitamos os relatos acima sendo apenas isso, a esquizofrenia vem ao longo do tempo tomando força e sendo aprimorado, desde os precursores Kraepelin, denominando como demência precoce até o derradeiro de seus primeiros idealizadores, Schneider com a descrição dos sintomas sendo já titulado como esquizofrenia, estudos comprovam que vem sendo descobertos novos métodos e indícios do tratamento da esquizofrenia.
Conforme relata Deitos et at (1998 p. 15-16) mesmo após 100 anos a e esquizofrenia continua sendo relacionada ao cérebro, quanto mais entramos em seu universo, mais descobrimos suas múltiplas facetas, temos muitos fragmentos, mas ainda não alcançamos a totalidade. O psicótico não pode descriminar realidade interna e externa, aquilo que é próprio do eu e do não eu, o intracorporal do extra corporal, o real do ilusório, a percepção da alucinação, folha nele o juízo da realidade e as violentas emoções que se localizam em sua mente, lhe infundem confusão porque não sabe se estas lhe pertencem ou se transcorrem na mente de outros.
Muitas pessoas que possuem a esquizofrenia já conseguem diferenciar o que vê no meio real e o que é parte de delírios, porém não se consegue chegar a uma conclusão de onde surge tudo isso, não conseguindo assim domar os surtos psicóticos e de onde vêm isso, do porquê de isso ser tão real, porém, existem muitas coisas que ainda vêm sendo estudada e analisada para que se chegue em um entendimento de como realmente é o que o esquizofrênico vive.
Sendo possível tratar de modo esclarecedor para que saibamos como lidar com o ser esquizofrenico, decifrando atitudes do eu interior para o eu exterior correlacionado com o meio em que está inserida.
(…) a impressão de que o paciente estava falando sobre alguma coisa que, para ele, era perfeitamente real, tornava-se ainda mais forte ao percebemos o quando sofria em consequência das suas observações. Não se tratava de fantasia ou ilusões. A realidade definia suas ações. O sofrimento que o paciente sente é expressivo ao constata que suas observações atuais são diferentes daquelas de antigamente, os objetos não assumem a mesma imagem do passado (VAN DER BERG, 1994, p.15).
2.2 Qualidade de vida do paciente com esquizofrenia
Quem convive com esquizofrenia, dificilmente obtém qualidade de vida, não como totalidade, pois por mais que tenha aceitação da doença, ou até mesmo condições financeiras necessárias para o tratamento, algo falta para esta completa “qualidade de vida”, observa-se como é difícil o conviver com esquizofrenia, talvez esta seja a doença que mais se tenha dificuldade de enquadramento em meio a sociedade, pois o medo do surto por parte dos indivíduos e o medo do modo em que serão vistos por parte do paciente fala mais alto do que qualquer discurso no qual relata-se o “aceitar”.
Na busca por qualidade de vida a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu qualidade de vida como a percepção do indivíduo a respeito de sua posição na vida, dentro do contexto cultural e do sistema de valores no qual ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações, sendo um conceito de caráter multidimensional e abrangente, que incorpora, de uma maneira completa, domínios como a saúde física, o estado psicológico, a nível de independência, relacionamentos sociais, crenças e todas essas relações desses domínios com características ambientais, inclui também, questões como emprego, família e outras condições da vida, que sevem ser levadas em consideração para que este conceito seja útil como medida de saúde, colocando em xeque quanto a capacidade do paciente esquizofrênico avaliar sua própria qualidade de vida, por causa de seus sintomas psicóticos, déficit cognitivo e/ou falta de consciência de mobilidade.
Já nas décadas anteriores a assistência psiquiátrica busca enfatizar a doença mental com prognóstico otimista caso o paciente faça tratamento na própria comunidade onde reside. O termo qualidade de vida é referente a aspectos subjetivos ou até mesmo objetivos do cotidiano vivido que auxilia para desenvolver e promover o bem estar, o sentimento de satisfação, alegria e a realização das necessidades humanas (FLANAGAN, 1978).
Para se obter qualidade de vida do ser com esquizofrenia é de extrema necessidade que o mesmo possua auxilio por parte dos familiares, pois são eles os principais influenciadores da melhora e estabilização do quadro do paciente. Em exemplo do hospital de base dotor ari pinheiro, localizado na capital de Rondônia, onde, de maneira gritante, a maioria dos casos de retrocesso ao quadro de estabilização da entidade, por parte do retorno a reincidência do surto agravado se dá no local por conta dê os pacientes não possuírem aceitação da família, de modo em que eles sejam fundamentais na melhoria e ajuda a obtenção de qualidade de vida.
Batista (2015) diz que por causa de implementações do atendimento psiquiátrico comunitário, pediram ainda mais pela participação dos familiares nesse processo do paciente. Ainda cita os valores, crenças, características individuais e culturais de cada cuidador implicam diretamente em como tratará a paciente, trazendo assim, não somente aspectos positivos, como também negativos. Assim poderá advir impaciência, solidão, preocupação, sofrimento, tristeza, doença e angustia.
Porém, não adianta querer cobrar participação sem antes iniciar um trabalho com os cuidadores, pois sabe-se que, devido a falta de conhecimento do que é a doença, grande parte dos familiares possuem receio e até mesmo preconceito para com o paciente, pois falta apoio para esse público, não se adianta querer tratar o paciente, com medicações e psicoterapia, se não há uma preocupação em cuidar do lado emocional do cuidador, que também terá de se adaptar com aquela nova realidade de algo que não fazia parte de seu cotidiano.
Melman (2001) afirma que o familiar cuidador tem uma sobrecarga ainda maior, pois, além das responsabilidades naturalmente assumidas, também é vítima de exclusão, de preconceito, de sentimentos de dor e de sofrimento, de forma que associa os sintomas da enfermidade a algo ruim. Há, ainda, o fato de que o surto psicótico de um paciente rompe e desorganiza a vida da família, representando o colapso dos esforços e o atestado de incapacidade de cuidar adequadamente do outro (BATISTA, 2015, p. 80).
É de fundamental importância que tenha alguém como cuidador do esquizofrênico, pois o mesmo necessita de cuidados específicos, pois o mesmo acompanhará de perto o andamento do paciente em relação aos estágios da doença. Ainda tendo que lidar com casos do profissional ser o único captador de informações, e estas vierem com delimitações, os agentes da saúde colocaram a culpa da doença mental na família, pois acusam um tipo de família imposta, como o padrão geral, porém, quando esta não se enquadrar no padrão imposto, culpam este fator como desencadeante da patologia (SEVERO, et al.2007)
Diante das inúmeras dificuldades advindas desta patologia, é fundamental valorizar as atividades que a pessoa diagnosticada ainda consiga realizar, sendo uma delas o autocuidado. O autocuidado pode ser entendido como um estímulo à preservação da capacidade de fazer parte do gerenciamento do seu tratamento, bem como ter algum grau de controle e autonomia no ambiente em que vive, ser capaz de cuidar de si mesmo em alguns aspectos de sua vida. O importante é fazê-los se sentir ativos na construção de suas histórias.
Podemos ressaltar ainda, que, a religiosidade pode se tornar um forte aliado na vida dessas pessoas, ela pode ser entendida como recurso de ajuda para a difícil convivência com a doença mental e um suporte para a família, auxiliando em sua compreensão de uma forma fenomenológica, uma vez que atribuem a Deus a sua responsabilidade. Este comportamento permite suportar melhor o convívio com a esquizofrenia e suas consequências.
Em contra partida Batista (2015) relata que em alguns casos, quem segue uma religião, pode também acreditar que só se possui uma cura da doença através do poder divino, pois muitas das vezes esse pensamento atrasa o tratamento da doença, deixando de medicar o paciente.
Existem cerca de 20 abordagens pautadas no modelo cognitivo, tais como Knapp e Beck (2008) apontam algumas, sendo a Terapia Cognitiva de Aaron Beck (TCC); a Terapia Racional Emotivo-comportamental (TER) de Albert Ellis; e a Terapia Construtiva de Mohoney e Neimeyer. Contudo, será enfatizada a Terapia Beckiana, que em grande parte do seu desenvolvimento esteve direcionada ao tratamento de transtornos depressivos e ansiosos (KNAPP, 2004), sendo atualmente utilizada e eficaz em diversos quadros mentais, inclusive graves (BECK, 2013).
O desenvolvimento da Terapia Cognitiva-Comportamental no tratamento adjunto de transtornos mentais graves, como a esquizofrenia, está relacionado à limitação da psicofarmacologia, ao caráter crônico e à baixa qualidade de vida dos pacientes (BECK et al., 2010).
Portanto, atualmente, devido sua relevância a TCC é uma das intervenções psicossociais citadas com maior recorrência e eficaz no tratamento/psicoterapia, de modo geral busca “ensinar sistematicamente os pacientes a analisar, desafiar e mudar pensamentos, atribuições e crenças subjacentes a sintomas psicóticos perturbadores, baixa autoestima e percepções da interferência na realização de objetivos funcionais” (PINKHAM at al., 2013, p.113).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A abordagem utilizada foi a qualitativa, pois o objeto de estudo visava investigar de uma formar narrativa, com caráter subjetivo usando escritas ou falas, visando qualidade na pesquisa. Tendo sido utilizado um grupo pequeno de entrevistados, sem necessidade de estatística ou dados específicos. Para assim então, ser analisado de forma profunda todos os ditos por parte dos participantes, chegando ao consenso em que buscávamos em nossa pesquisa.
A pesquisa realizada teve por objetivo o campo exploratório, buscando obter o máximo de aquisição de conhecimento possível. Tendo sido permitido que o pesquisador se adequa-se aos campos que tiveram necessidade de maior atenção no processo de investigação, além de permitir a exploração de todos os aspectos. Sido feito pesquisa a campo ou laboratório, dando suporte para que chegássemos à validação ou não de nossa hipótese inicial.
O estudo de caso foi nosso delineamento, pois buscamos aprofundar o conhecimento e aprendizado no tema proposto, embasado principalmente em meio social. Sendo de grande utilidade em várias áreas de conhecimento, visando aplicação tanto no campo acadêmico, quanto no campo profissional.
O local da pesquisa foi tanto em loco, como em uma entidade psicossocial por nome Centro de Atenção Psicossocial – CAPS. Tendo como sujeito paciente, e também família de pessoas que convivem com o diagnóstico de esquizofrenia, independente de sexo ou faixa etária. Contendo como amostra, a partir de entrevista três casos de paciente, e uma família de um dos pacientes para salientar o tema proposto. O instrumento utilizado foi a entrevista semiestruturada, com perguntas norteadoras aplicadas em três pacientes e outra na família.
De acordo com o CEP (comitê de ética e pesquisa) do IES São Lucas, em consentimento com suas normais e diretrizes que regulamenta as pesquisas que envolvem os seres humanos – (Res. CNS 466/12, ll.4), “toda pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um comitê de ética em pesquisa” fica instruído à instituição onde se realizam as investigações, a constituição do CEP. Contamos com termos de responsabilidades, assinados tanto pelos pesquisadores (discentes), docente encarregada de instruir a pesquisa, quanto da IES responsável pela criação do CEP, em conformidade com a lei.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Muitos se perguntam como se inicia as ocorrências e principais sinais da doença em alguém considerado pelo estado físico psicológico “normal” até certo ponto, conclui-se que pode aparecer de modo abrupto, porém é mais comum que surja de maneira silenciosa em meados da fase da adolescência para a fase adulta, principalmente se advinda de um fator desencadeante.
Com base em nossa percepção, e mediante os ditos dos entrevistados, como um dos fatores desencadeantes de ambos, a depressão, tendo início e se intensificando, uma vez que mal curada ou tratada culmina para o início do transtorno.
Observa-se nos dois discursos a seguir.
[…] afirmando várias vezes uma depressão profunda mal tratada advinda de, em primeiro ponto e talvez o mais importante um luto não vivido, onde após a perca de seu filho mais velho, o qual teve uma doença física e após muita dificuldade para tratamento veio a óbito, a não aceitação e falta de demonstrar sentir a perca do filho, a trouxe melancolia, junto com problemas familiares, a relata ter um relacionamento familiar, e também no ambiente de trabalho, com algumas conturbações[…] (A, 52 anos)
[…] tudo se deu depois do nascimento de sua filha, ela teve depressão pós-parto, não sentia vontade de fazer mal a filha, mas, sim a ela mesma […] (Docinho, 32 anos)
(…) os sintomas, que tanto estão a perturbar o paciente, resultam inexistentes quando submetidos a cuidado exame, isto é, depois de objetiva e conscienciosa pesquisa clínica. O paciente, portanto, deve estar errado: deve estar iludindo-se a si mesmo, sem o saber; pois quem pode duvidar do resultado de um exame médico, moderno, objetivo e científico. (VAN DER BERG, 1994, P. 54)
Sabe-se que a depressão, pode ser relacionada a disfunções cerebrais, além de existir fatores que desencadeiem o problema, como exemplo a perda de um ente querido, ou até mesmo alterações hormonais, tais como foram apresentados nos relatos anteriores, que pode se agravar caso não tratada adequadamente.
Outro dos fatores que nos chama muito atenção, é a questão da hereditariedade. Onde são aspectos físicos transmitidos por genes das gerações anteriores, e perpetua nos DNA’s atuais.
Endogenia, partindo do princípio da biologia, tem sua origem, desenvolvimento ou reprodução no interior do tecido de um órgão ou de um organismo: órgão endógeno; que se origina no interior de um sistema ou se desenvolve pela influência de fatores externos. Etimologicamente (origem da palavra endógena) do grego endo+gemo.
Ao perguntar sobre o histórico de esquizofrenia na família, afirma ter apenas uma irmã com o diagnóstico da doença, uma das mais velhas. […] (A,52 anos)
Na entrevista com a família respectivamente, eles omitem exemplos de casos de esquizofrenia na família, dizendo apenas por alto e afirmando apenas ter casos de esquizofrenia e que provem de forma hereditária na família.
Outro entrevistado, diz que alguns familiares aceitam outros não, mesmo que com histórico de ter outros casos de esquizofrenia em sua família e o mais próximo ser de um primo que já faleceu (não soube explicar o motivo, mas não foi por conta da doença) […] (De boa, 23 anos)
O fator hereditário para transtornos mentais de outro entrevistado se dá por parte de seu genitor/pai, não sabendo precisar o diagnóstico, no qual seu avô e primo suicidaram-se, cada um em seu tempo, não querendo isso para ela hoje, pretende manter-se tomando a medicação para estabilidade, tem pretensão de vida futura, querendo ver sua filha crescer e acompanhar as fases da vida dela. […] (Docinho, 32 anos).
No contexto de qualidade de vida, a afirmação de todos se baseia em “sente ter qualidade de vida […] a doença não atrapalha muitas coisas na rotina[…]” (de boa, 23 anos), ou até mesmo “afirma ter qualidade de vida, pois possui todo apoio necessário da família” (A, 52 anos).
Outro entrevistado relata “na busca incessante por adequação, apesar de suas condições limitadas, hoje absolutamente aceita por ela, faz seu próprio alto cuidado[…] (docinho, 32 anos). Ou seja, em relato unanime, ambos diz ter qualidade de vida.
Em contra partida, nota-se falas como: “sente falta de estudar, cursar uma graduação, ‘era meu sonho’, relata com olhar expressivo e face triste” diz Docinho (32 anos). De boa (23 anos) também entra neste mérito quando fala que “alguns familiares não aceitam, mesmo com histórico de outros caso […] os pais sofrem com dificuldades financeiras, pelo fato de o medicamento ser muito caro e nem sempre ser possível adquirir na rede do SUS”.
Outro ponto marcante foi o de B1 (60 anos) quando fala sobre este ponto, pois a família possui, apesar de muita união dentre a família, muita dificuldade financeira. B1 (60 anos) baixa a cabeça, rosto expressamente triste e seu olhar parecia distante, recolheu suas mãos e interrompeu B2 (25 anos) dizendo,
“Já são 40 anos de casados, hoje eu cuido dela, não podendo ficar mais de 3 horas sozinha, sou autônomo, tento fazer meus trabalhos no quintal de casa, mas, sabe como é não é?! … acabamos perdendo os contatos e faço apenas o que aparece, não posso me ausentar por muito tempo”. (B1, 60 anos)
Assim chegamos ao entendimento, que em nenhum dos casos acima se obtém com totalidade a qualidade de vida, porém, isso se trata de uma busca constante onde independe do indivíduo ou não.
Na busca por qualidade de vida a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu qualidade de vida como a percepção do indivíduo a respeito de sua posição na vida, dentro do contexto cultural e do sistema de valores no qual ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações, sendo um conceito de caráter multidimensional e abrangente, que incorpora, de uma maneira completa, domínios como a saúde física, o estado psicológico, a nível de independência, relacionamentos sociais, crenças e todas essas relações desses domínios com características ambientais, inclui também, questões como emprego, família e outras condições da vida, que sevem ser levadas em consideração para que este conceito seja útil como medida de saúde, colocando em xeque quanto a capacidade do paciente esquizofrênico avaliar sua própria qualidade de vida, por causa de seus sintomas psicóticos, déficit cognitivo e/ou falta de consciência de mobilidade.
Todos os entrevistados afirmam ter alguma prática de esporte ou atividade de lazer, o que tem muita valia para o quadro do paciente, uma vez que o bem-estar é o ápice dos estímulos para que ocorra a melhora e uma estabilização no quadro.
Em relação a auxílios, os entrevistados que possui algum tipo de benefício como do INSS, principal entidade mantedora de pessoas do país, são minoria, sendo que corre o risco de ser cortado a qualquer momento. No quesito auxilio e suporte psicossocial, os que não possuem acesso demonstram um quadro menos estável do que os que possuem acesso, como é exemplo de boa (23 anos) onde afirma que, após ingressar-se no CAPS teve mais oportunidade e inserção social, pois o ambiente o possibilita convívio com outras pessoas com o mesmo diagnóstico que ele, e facilitou a pratica de esporte e superação em vários aspectos de sua independência pessoal.
Docinho (32 anos) diz que com o acesso ao CAPS a motiva e trás independência para sua rotina, pois após iniciar tratamento, sabe que lá possui pessoas que realmente a entenda, além de sã Independência parcialmente ter sido adquirida novamente.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A saúde, ou o estado de normalidade no organismo do ser humano, é o principal fator para se ter qualidade de vida, quando não há isso, quando se há um déficit de saúde mental deve-se ir além, buscar bem-estar físico e/ou social. Sabe-se que as doenças mentais tem linhagem não apenas de genética, mas também de estímulos no ambiente, sendo um adoecer fora dos padrões comuns socialmente.
O histórico de doenças mentais surge desde os primórdios da humanidade, e na maioria das vezes por hereditariedade. Pessoas com doenças mentais eram tratadas cruelmente e até extinguidas da sociedade por tamanha discriminação, e hoje não é tão diferente, apenas com tratamento mascarado, e em escala de tratamento menos agressivo, porém ainda é notório muitos casos de pacientes abandonados em alas psiquiátricas ou que não fazem tratamento da maneira correta por falta de condições e apoio, onde não há apenas a dificuldade de aceitação e inserção na sociedade como também em questões financeiras, pois não são todos que tem acesso ao tratamento, e também por parte da família do indivíduo, por falta de acesso ao “o que é a doença”, falta de compreensão sobre tal fator. E para mudar esta realidade, precisamos readequar este problema em prol de qualidade em afazeres do indivíduo.
Utilizando a base em psicoterapias como ferramenta primordial na medida de intervenção, pode-se dizer que tem tamanha eficácia pois além do tratamento com drogas antipsicóticas as pessoas que possuem o transtorno precisam de acompanhamento, e, apesar de outras com efeito positivo em relação a melhora do paciente, faremos posse para fins de explicação da Terapia Comportamental Cognitiva por auxiliar na adequação do indivíduo, e de forma mais rápida que as demais abordagens.
Ao estudarmos o tema proposto, percebe-se que para se obter qualidade de vida, apesar de o diagnóstico de esquizofrenia, é preciso ter apoio por parte da família para com o paciente, além de apoio aos familiares que necessitarão de se readequar a uma nova rotina, pois por mais que aja estabilidade, é de extrema importância cuidados, principalmente com medicação, e necessária fundamentalmente nos primeiros estágios da doença.
É de grande necessidade a incrementação de políticas públicas, pois, o paciente, principalmente no início, necessita de médico psiquiatras adequados, além da medicação, que é essencial e não possui suficiência necessária para atender toda a demanda, e o custo é altíssimo. Programas de interação são necessários, pois se observa um público que não tem esse alcance, propõem-se mais ambientes de ressocialização.
A conscientização através de palestras e expor mais as doenças mentais tais como fundamentalmente a esquizofrenia que possui grande índice de preconceito. E por derradeiro, mas não menos importante pesquisas científicas, onde possam ser trabalhados meios de identificar a endogenia, como o próprio nome fala, algo que vem do passado, das raízes, de cunho hereditário, buscando novas investigações no tangente a raiz do problema, pois em tudo já analisado, todos os casos se remetem a uma possível carga genética de antepassados, além do fator neurológico.
REFERÊNCIAS
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1Acadêmica de psicologia, Centro Universitário São Lucas, 2019.
1Samara Nunes dos Santos, Acadêmica de psicologia, Centro Universitário São Lucas, 2019.
2 Daniele Mejia Cavalcante, Mestra orientadora, Centro Universitário São Lucas, 2019.