MULTIPLE SCLEROSIS: A BIBLIOGRAPHIC REVIEW OF CLINICAL, DIAGNOSTIC AND THERAPEUTIC ASPECTS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248081915
Ana Maria Santos Cardoso1
Maria Letícia Costa Holanda2
Isabella Ferreira Saraiva2
,Lucas Sousa Cavalcante2
Luiz de Sousa Guimarães Neto2
Rossana Valessa Silva Freire2
Josiel Fernandes Moreira2
Sedrik Pinheiro Pereira dos Santos2
Larissa Costa Veiga2
Raquel Araújo Nogueira2
Juliana Tanaka Martins2
Stephanie Cassiano de Oliveira Alves2
Thiago Gomes Lima2
Maria Victoria Araújo de Andrade2
Gabriel Ramalho Vale Cavalcante2
RESUMO
Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica, inflamatória e desmielinizante do sistema nervoso central, caracterizada por lesões disseminadas. A etiologia envolve fatores genéticos, ambientais e imunológicos. Avanços recentes têm permitido abordagens diagnósticas e terapêuticas mais precisas. Objetivo: Esta revisão visa fornecer uma visão abrangente dos aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos da EM. Métodos: A revisão foi conduzida por meio de uma busca sistemática na literatura publicada entre 2009 e 2024 nas bases de dados PubMed, Web of Science, Scopus e Google Scholar. Os critérios de inclusão abarcaram estudos originais e revisões em inglês, português ou espanhol, focados nos aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos da EM. Foram excluídos relatórios de caso, editoriais e estudos não relacionados à EM. Dos 625 estudos selecionados para leitura completa, 15 preencheram todos os critérios de inclusão. Resultados e Discussão: Os aspectos clínicos da EM são variados, incluindo sintomas motores, sensoriais, visuais e cognitivos. O diagnóstico é desafiador e requer a combinação de critérios clínicos, imagem por ressonância magnética e biomarcadores laboratoriais, como bandas oligoclonais. Avanços em técnicas de neuroimagem e biomarcadores têm melhorado a precisão diagnóstica. As terapias modificadoras da doença (TMDs) têm evoluído, reduzindo a frequência e gravidade das recaídas e retardando a progressão da incapacidade. Novas terapias, incluindo anticorpos monoclonais e medicamentos orais, mostraram maior eficácia e perfil de efeitos colaterais mais manejável. Conclusão: A EM apresenta desafios diagnósticos e terapêuticos significativos, mas os avanços recentes em técnicas de diagnóstico e novas opções terapêuticas oferecem esperança de melhorias substanciais na gestão da doença. A pesquisa contínua e o desenvolvimento de abordagens personalizadas são essenciais para melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes com EM.
Palavras-chave: Esclerose múltipla. Diagnóstico. Tratamento. Aspectos clínicos.
ABSTRACT
Introduction: Multiple sclerosis (MS) is a chronic, inflammatory and demyelinating disease of the central nervous system, characterized by widespread lesions. The etiology involves genetic, environmental and immunological factors. Recent advances have enabled more precise diagnostic and therapeutic approaches. Objective: This review aims to provide a comprehensive overview of the clinical, diagnostic and therapeutic aspects of MS. Methods: The review was conducted through a systematic search of the literature published between 2009 and 2024 in the PubMed, Web of Science, Scopus and Google Scholar databases. The inclusion criteria included original studies and reviews in English, Portuguese or Spanish, focused on the clinical, diagnostic and therapeutic aspects of MS. Case reports, editorials and studies unrelated to MS were excluded. Of the 625 studies selected for full reading, 15 met all the inclusion criteria. Results and Discussion: The clinical aspects of MS are varied, including motor, sensory, visual and cognitive symptoms. Diagnosis is challenging and requires a combination of clinical criteria, magnetic resonance imaging and laboratory biomarkers such as oligoclonal bands. Advances in neuroimaging techniques and biomarkers have improved diagnostic accuracy. Disease-modifying therapies (DMTs) have evolved, reducing the frequency and severity of relapses and slowing the progression of disability. New therapies, including monoclonal antibodies and oral medications, have shown greater efficacy and a more manageable side-effect profile. Conclusion: MS presents significant diagnostic and therapeutic challenges, but recent advances in diagnostic techniques and new therapeutic options offer hope of substantial improvements in disease management. Continued research and the development of personalized approaches are essential to improve the prognosis and quality of life of MS patients.
Keywords: Multiple sclerosis. Diagnosis. Treatment. Clinical aspects.
INTRODUÇÃO
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica, inflamatória e desmielinizante do sistema nervoso central, caracterizada pela presença de lesões disseminadas ao longo do tempo e do espaço (Doshi & Chataway, 2017). Embora a etiologia exata da EM ainda seja desconhecida, acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos desempenhe um papel crucial em sua patogênese (Oh, Vidal-Jordana e Montalban, 2018). Nos últimos anos, avanços significativos foram feitos na compreensão dos mecanismos subjacentes à EM, o que tem possibilitado uma abordagem mais precisa no diagnóstico e tratamento da doença (Dorbson & Giovannoni, 2019).
A apresentação clínica da EM é heterogênea, podendo variar de formas leves a formas mais graves e incapacitantes (Elena, 2021). Os sintomas mais comuns incluem fraqueza muscular, problemas de coordenação e equilíbrio, alterações visuais e cognitivas, entre outros (Elena, 2021). A heterogeneidade dos sintomas reflete a diversidade de locais onde as lesões podem ocorrer no sistema nervoso central (Howard, Trevick e Younger,2016). Adicionalmente, a evolução da doença pode seguir diferentes padrões, sendo os mais comuns a forma remitente-recorrente e a forma progressiva (Sand, 2015).
O diagnóstico da EM é desafiador e geralmente requer uma combinação de critérios clínicos, achados de imagem por ressonância magnética (IRM) e exames laboratoriais, como a análise do líquido cefalorraquidiano (Howard, Trevick e Younger,2016). Nos últimos anos, o avanço das técnicas de neuroimagem, como a IRM de alta resolução, tem sido crucial para o diagnóstico precoce e preciso da doença (Díaz, Zarco e Rivera, 2019). Além disso, biomarcadores como a presença de bandas oligoclonais no líquido cefalorraquidiano têm sido amplamente utilizados para corroborar o diagnóstico (Marcus, 2022).
Em termos terapêuticos, o tratamento da EM tem evoluído de uma abordagem puramente sintomática para uma abordagem que inclui terapias modificadoras da doença (TMDs) (Correale et al., 2017). Esses tratamentos têm como objetivo reduzir a frequência e a gravidade dos surtos, bem como retardar a progressão da incapacidade (Garg & Smith, 2015). Nos últimos anos, novos fármacos têm sido desenvolvidos e aprovados, aumentando as opções terapêuticas disponíveis para os pacientes (Garg & Smith, 2015). Além disso, a medicina personalizada e a avaliação de biomarcadores têm emergido como abordagens promissoras para otimizar o tratamento de acordo com as características individuais de cada paciente (Díaz, Zarco e Rivera, 2019). A presente revisão tem como objetivo fornecer uma visão abrangente dos aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos da Esclerose Múltipla.
MÉTODOS
Esta revisão bibliográfica foi conduzida por meio de uma busca sistemática na literatura científica publicada nos últimos 15 anos, abrangendo o período de 2009 a 2024. As bases de dados consultadas incluíram PubMed, Web of Science, Scopus e Google Scholar. Os critérios de inclusão foram definidos da seguinte maneira: (1) estudos originais e revisões publicados em periódicos científicos revisados por pares; (2) idioma inglês, português ou espanhol; (3) investigação dos aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos da esclerose múltipla; e (4) contribuição para uma compreensão mais abrangente dos mecanismos subjacentes à esclerose múltipla e das estratégias terapêuticas aplicáveis. Os critérios de exclusão foram aplicados para eliminar estudos que não atendiam aos objetivos específicos desta revisão, incluindo relatórios de caso, editoriais, comentários e estudos com foco exclusivo em outras condições médicas que não a esclerose múltipla.
A estratégia de busca combinou termos relacionados à esclerose múltipla, diagnóstico e tratamento, utilizando o operador booleano “AND” para aumentar a sensibilidade da busca. As palavras-chave incluíram “esclerose múltipla”, “diagnóstico”, “tratamento” e “aspectos clínicos”. Após a busca inicial, os títulos e resumos foram avaliados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Dos estudos inicialmente identificados, a distribuição por bases de dados foi a seguinte: PubMed (140 artigos), Web of Science (160 artigos), Scopus (150 artigos) e Google Scholar (175 artigos). Após a triagem dos títulos e resumos, 625 estudos foram selecionados para leitura completa. Dos estudos completos analisados, 15 preencheram todos os critérios de inclusão e foram incluídos na amostra final para análise detalhada e síntese dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aspectos Clínicos da Esclerose Múltipla
A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurodegenerativa crônica que afeta o sistema nervoso central, caracterizada por inflamação, desmielinização e danos axonais (Koch-Henriksen & Magyari, 2021). Estudos recentes destacam a diversidade de manifestações clínicas da EM, incluindo sintomas motores, sensoriais, visuais e cognitivos, que podem variar significativamente de um paciente para outro (Wang, Wang e Feng, 2023; Giovannoni et al., 2016). A apresentação clínica variada da EM torna o diagnóstico precoce um desafio, o que é crucial para a implementação de tratamentos modificadores da doença que podem retardar a progressão da mesma (Yamout et al., 2024). Por exemplo, sintomas como fadiga intensa, fraqueza muscular, dificuldades de equilíbrio, problemas de visão e declínio cognitivo são frequentemente observados, mas podem se manifestar em diferentes combinações e intensidades em cada paciente (Dorbson & Giovannoni, 2019).
A importância da identificação precisa dos aspectos clínicos da EM reside na necessidade de um manejo multidisciplinar eficaz, que não apenas aborde os sintomas físicos, mas também os psicológicos e emocionais dos pacientes (Howard, Trevick e Younger,2016). O estudo revelou que a variabilidade na apresentação clínica da EM está associada a uma combinação de fatores genéticos, ambientais e imunológicos, reforçando a necessidade de abordagens terapêuticas personalizadas (Correale et al., 2017). Além disso, a detecção precoce de sinais e sintomas específicos pode permitir intervenções mais eficazes, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes e retardando a progressão da incapacidade associada à doença (Yamout et al., 2024).
Diagnóstico da Esclerose Múltipla
O diagnóstico da EM baseia-se em uma combinação de critérios clínicos, de imagem e laboratoriais e os avanços nas técnicas de ressonância magnética (RM) têm melhorado significativamente a acurácia diagnóstica, permitindo a detecção precoce de lesões desmielinizantes que são características da doença (Sand, 2015; Elena, 2021). A presença de bandas oligoclonais no líquido cefalorraquidiano continua sendo um marcador diagnóstico importante, complementando os achados de imagem e ajudando a diferenciar a EM de outras condições neurológicas (Wildner, Stasiolek e Matysiak, 2020). Esses marcadores são cruciais para a confirmação do diagnóstico, especialmente em casos onde os sintomas clínicos são atípicos ou não suficientemente específicos (Elena, 2021).
Estudos incluídos nesta revisão destacam a necessidade de critérios diagnósticos atualizados que integrem novos biomarcadores e técnicas de imagem avançadas, como a espectroscopia por RM e a imagem por tensor de difusão (Martinez-Altarriba et al., 2015; (Wildner, Stasiolek e Matysiak, 2020). Esses avanços tecnológicos têm o potencial de diferenciar a EM de outras doenças desmielinizantes e neurodegenerativas, promovendo diagnósticos mais precisos e, consequentemente, tratamentos mais direcionados (Sand, 2015). Além disso, a implementação de critérios diagnósticos mais refinados pode ajudar a evitar diagnósticos errôneos, reduzindo a ansiedade dos pacientes e permitindo um início mais rápido de terapias apropriadas (Correale et al., 2017).
Condutas Terapêuticas na Esclerose Múltipla
O tratamento da EM evoluiu significativamente nas últimas duas décadas, com o desenvolvimento de terapias modificadoras da doença (TMDs) que reduzem a frequência e a gravidade das recaídas e retardam a progressão da incapacidade (Wiśniewska et al. 2023; Marcus, 2022). TMDs de primeira geração, como interferons e acetato de glatirâmer, continuam a ser amplamente utilizados, mas novas terapias, incluindo anticorpos monoclonais e medicamentos orais, têm mostrado maior eficácia e um perfil de efeitos colaterais mais manejável (Martinez-Altarriba et al., 2015;). Essas novas terapias não só melhoram a resposta clínica, mas também oferecem aos pacientes opções de tratamento mais convenientes e menos invasivas.
A revisão destaca a importância das estratégias de tratamento combinadas, que abordam tanto a modificação da doença quanto o manejo sintomático, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Por exemplo, a combinação de terapias farmacológicas com intervenções não farmacológicas, como fisioterapia, terapia ocupacional e apoio psicológico, pode resultar em um manejo mais holístico e eficaz da EM (Oh, Vidal-Jordana e Montalban, 2018). A adesão ao tratamento é um desafio significativo, muitas vezes influenciada pelos efeitos colaterais das TMDs e pela percepção dos pacientes sobre a eficácia do tratamento (Wiśniewska et al. 2023). Estratégias para melhorar a adesão ao tratamento incluem a educação dos pacientes, o gerenciamento cuidadoso dos efeitos colaterais e o envolvimento ativo dos pacientes no planejamento de seu tratamento (Doshi & Chataway, 2017).
CONCLUSÃO
Esta revisão bibliográfica buscou fornecer uma visão abrangente dos principais aspectos clínicos, diagnósticos e terapêuticos da EM. Os aspectos clínicos da EM são extremamente variados, com pacientes apresentando uma gama de sintomas motores, sensoriais, visuais e cognitivos. A diversidade na apresentação clínica e na progressão da doença reflete a complexidade subjacente dos mecanismos patogênicos, que envolvem fatores genéticos, ambientais e imunológicos. A identificação precoce e precisa desses sintomas é essencial para a implementação de estratégias terapêuticas que possam retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
O diagnóstico da EM continua a ser um desafio significativo. A integração de critérios clínicos, achados de imagem por ressonância magnética e biomarcadores laboratoriais, como as bandas oligoclonais no líquido cefalorraquidiano, tem sido fundamental para aumentar a acurácia diagnóstica. Os avanços nas técnicas de neuroimagem e a descoberta de novos biomarcadores prometem melhorar ainda mais a precisão diagnóstica, permitindo intervenções terapêuticas mais precoces e direcionadas. O tratamento da EM tem evoluído consideravelmente, com o desenvolvimento de terapias modificadoras da doença (TMDs) que visam reduzir a frequência e a gravidade das recaídas e retardar a progressão da incapacidade. Novas terapias, incluindo anticorpos monoclonais e medicamentos orais, têm mostrado eficácia aumentada e perfis de efeitos colaterais mais manejáveis. A abordagem terapêutica combinada, que inclui tanto intervenções farmacológicas quanto não farmacológicas, se mostrou eficaz na gestão holística da doença.
A importância desta revisão reside na síntese de conhecimentos atualizados sobre a EM, que podem orientar profissionais de saúde na tomada de decisões clínicas e na formulação de planos de tratamento personalizados. A necessidade de contínua atualização dos critérios diagnósticos e das opções terapêuticas destaca a relevância de pesquisas futuras focadas na identificação de novos biomarcadores e no desenvolvimento de terapias mais eficazes e seguras. Em conclusão, a EM continua a representar um desafio significativo para pacientes e profissionais de saúde. No entanto, os avanços contínuos na compreensão dos mecanismos subjacentes à doença, bem como no diagnóstico e tratamento, oferecem esperança de melhoras substanciais na gestão e no prognóstico da EM. A pesquisa contínua e o desenvolvimento de abordagens terapêuticas personalizadas serão cruciais para enfrentar os desafios futuros e melhorar a vida dos pacientes com EM.
REFERÊNCIAS
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