REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202407292235
Andrezza Tayonara Lins Melo¹
Introdução: O desenvolvimento neuropsicomotor inclui a evolução dos aspectos cognitivos, motores, sociais e afetivos em um indivíduo desde a fase neonatal, onde os principais ganhos ocorrem nos primeiros anos de vida. Diversos estudos apontaram a importância da detecção e intervenção precocemente por meio de instrumentos adequados, deve-se pensar em instrumentos que objetivem o mapeamento e rastreio do desenvolvimento, a partir de referenciais de normalidade e seus desvios. Metodologia: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, conduzida maio a Julho de 2024. Para a captação de artigos, foram consultadas as bases de dados: MEDLINE/Pubmed. Como critérios de inclusão, foram considerados artigos experimentais, que versassem sobre o tema. tema proposto publicados na íntegra, nos últimos 5 anos, sem restrição linguística. Foram considerados critérios de exclusão: trabalhos apresentados apenas em forma de resumo/abstract, artigos publicados na íntegra, mas que fossem de relato de caso ou relato de experiência, os artigos que fugiram ao escopo desta revisão, assim como revisões de literatura sobre este mesmo objeto de pesquisa. Resultados e discussão: Foram encontrados 95 estudos. Após a leitura dos títulos e resumos, restaram 45 estudos, em que foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão pela leitura dos textos na íntegra, resultando em um total de 8 artigos incluidos nesta revisão. As escalas mais utilizadas foram Escala Motora Infantil Albert, escala cognitiva Bayley-III e Denver-II, todas as escalas apresentaram boa sensibilidade na avaliação do desenvolvimento. Conclusão: Os instrumentos mais utilizados que norteiam e auxiliam no desenvolvimento infantil, sendo indispensáveis para intervir precocemente.
Palavra-chave: Neonatologia; Desenvolvimento infantil; Fisioterapia; Estudo de avaliação.
Introdução
O desenvolvimento neuropsicomotor inclui a evolução dos aspectos cognitivos, motores, sociais e afetivos em um indivíduo desde a fase neonatal, onde os principais ganhos ocorrem nos primeiros anos de vida.1 Diversos fatores influenciam para um desenvolvimento defasado, fatores de risco biológico e ambientais, que ocorrer antes, durante e depois do nascimento.2 O DNPM pode se apresentar como dentro do esperado, chamado de neuro típico ou com atraso, neuro atípico, a designação de casos em que a criança não realiza com sucesso habilidades funcionais que são esperadas para cada faixa etária. Tais habilidades não atingidas com sucesso devem ser identificadas de forma precoce.3
É importante acompanhar todo o desenvolvimento da criança, na primeira infância, averiguar suas habilidades de acordo com a expectativa da faixa etária. Através do acompanhamento é possível detectar o atraso do DNPM, sendo mais comum em crianças com problemas associados a cardiopatias, prematuridade e baixo peso.1
A prematuridade, é um fator de risco biológico importante, podendo ser acompanhado de outras condições como vulnerabilidade ambientais que contribuem para acentuar as condições de risco para um desenvolvimento inadequado.2 Diversos estudos apontaram a importância da detecção e intervenção precocemente por meio de instrumentos adequados, deve-se pensar em instrumentos que objetivem o mapeamento e rastreio do desenvolvimento, a partir de referenciais de normalidade e seus desvios.4
Uma vez identificado o atraso do DNPM é fundamental o acompanhamento multidisciplinar, especialmente de forma precoce e para aquelas que fazem parte do grupo de risco de desenvolver algum comprometimento como os prétermos, visando reduzir as complicações do atraso no DNPM. 5
No que diz respeito à triagem do DNPM, são necessárias mais informações para explorar suas formas de avaliação e o acompanhamento em crianças, para garantir que as que possuem atraso sejam inseridas em intervenções o mais cedo possível, minimizando restrições biopsicossociais futuras.4
Existe uma grande variedade de instrumentos indicados para avaliação do DNPM. Partindo deste princípio, o presente estudo tem como objetivo demonstrar os principais instrumentos utilizados para avaliação do DNPM nos últimos anos.
Metodologia
Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, conduzida maio a Julho de 2024.
Para a captação de artigos, foram consultadas as bases de dados: MEDLINE/Pubmed, (SCIELO) e (Lilacs).
Foram utilizados os descritores, e seus similares em língua inglesa, de acordo,com os descritores em ciências da saúde (DECs), respectivamente: “prematuro”, “Desenvolvimento neuropsicomotor” “Escalas” “Acompanhamento”. Assim como, os unitermos: “Desenvolvimento humano”, “Equipe multidisciplinar” e seus respectivos cruzamentos.
Como critérios de inclusão, foram considerados artigos experimentais (ensaios clínicos, ensaios cruzados, quase experimentais, coorte, série de casos), que versassem sobre o tema proposto publicados na íntegra, nos últimos 5 anos, sem restrição linguística.
Foram considerados critérios de exclusão: trabalhos apresentados apenas em forma de resumo/abstract, artigos publicados na íntegra, mas que fossem de relato de caso ou relato de experiência, os artigos que fugiram ao escopo desta revisão, assim como revisões de literatura sobre este mesmo objeto de pesquisa.
Resultados
Foram encontrados 95 estudos. Após a leitura dos títulos e resumos, restaram 45 estudos, em que foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão pela leitura dos textos na íntegra, resultando em um total de 8 artigos incluidos nesta revisão. (Fluxograma 1)
Discussão
Um estudo transversal foi desenvolvido por Farias et al., 2024 e avaliou o desenvolvimento neuropsicomotor com a aplicação da Escala Motora Infantil Albert (AIMS) , a escala observa 58 itens, com critério de avaliação que varia de 0 a 58 pontos, incluindo na amostra crianças termos e pré-termos , de uma série de casos de 4 crianças avaliadas duas foram caracterizadas como desenvolvimento atípico e duas como desenvolvimento suspeito, o estudo observou que a AMIS é um instrumento sensível para diagnóstico de atraso no desenvolvimento.6
Corroborando com tais achados o estudo de Tribian et al., 20227 e Santos et al 20218. A AIMS mostrou-se importante para os profissionais, que podem planejar intervenções adequadas com base nos resultados, bem como para a rede de apoio, contribuindo para potencializar o desenvolvimento infantil também no ambiente domiciliar.7
Um estudo longitudinal envolvendo uma coorte de bebês nascidos entre setembro de 2013 e agosto de 2015, utilizou a escala é composta por 91 itens que avaliam o desenvolvimento sensório-motor, divididos em 2 grupos 20 prematuros e 20 atermos, os bebês do grupo prematuro demonstraram menor escore cognitivo em comparação ao grupo a termo aos seis e 12 meses.8 A escala de Bayley-III mostrou-se um instrumento válido tanto na pesquisa quanto na prática clínica, com confiabilidade e validade satisfatórias, os autores reforçam a necessidade de avaliação precoce do neurodesenvolvimento e a importância da intervenção precoce.9
O estudo longitudinal de Garfinkle et al 202210, que incluiu crianças nascidas com <29 semanas, onde as avaliações Bayley- III realizadas entre 21 e 24 meses de IC tiveram maior probabilidade de diagnosticar um atraso significativo no desenvolvimento em comparação com avaliações de 18 a 20 meses em crianças extremamente prematuras.10 A escala de Bayley-III também foi utilizada e obteve resultados significativos no estudo realizado por Palomo-Osuna et al, 2022.11
Um estudo metodológico de temporalidade transversal consistiu na verificação da confiabilidade da versão brasileira do Denver II a escala apresenta 125 itens que avaliam quatro áreas, quais sejam: pessoal-social, motor fino-adaptativo, motor grosso e linguagem, foram incluídas 97 crianças com idade de 1 a 72 meses, que apresentassem fatores de risco para atraso no desenvolvimento, (maioria prematura, baixo peso ao nascer, de classe econômica média) acompanhadas até os anos de idade, o estudo observou que a escala de Denver II apresenta adequada confiabilidade intra e interexaminadores, desde o nascimento até os seis anos de idade.12
A confiabilidade da escala de DENVER-II também foi confirmada no estudo realizado por Almeida et al. 2021 ao realizar um estudo transversal com 19 crianças prematuras, o estudo ressalta a importância de um acompanhamento multidisciplinar, sendo a escala uma escolha adequada para o acompanhamento.13 A avaliação do DNPM é fundamental no reconhecimento de possíveis riscos e atrasos, visando propor estratégias multidisciplinares para minimizar e prevenir os atrasos no desenvolvimento motor, por meio de instrumentos avaliativos.13
Conclusão:
A identificação de instrumentos de avaliação que acompanham o desenvolvimento infantil é essencial para uma intervenção precoce adequada, bem como, o acompanhamento e intervenções multidisciplinares de forma contínua, que permitam a identificação precoce de problemas que podem afetar o desenvolvimento.
Os resultados do presente estudo identificaram os principais instrumentos utilizados no acompanhamento de crianças prematuras. As escalas de AMIS, DENVER II e Bayley-III são os instrumentos mais utilizados, que norteiam e auxiliam no desenvolvimento infantil, sendo indispensáveis para intervir precocemente.
Referências
1- Barros RSD, Souza KMD, Paiva GDS, Silva EGD, Silva DCD, Mello CMDS, et al. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS PARA AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR EM CRIANÇAS NO BRASIL. BJD 2020;6:60393–406. https://doi.org/10.34117/bjdv6n8-451.)
2- Nunes SF, De Moraes AB, Busanello_Stella AR, Roth-Hoogstraten AM, De Souza APR. RISCO PSÍQUICO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL: IMPORTÂNCIA DA DETECÇÃO PRECOCE NA PUERICULTURA. Saúde (Sta Maria) 2020;46. https://doi.org/10.5902/2236583447856.
3- Pinto FCDA, Schiefer AM, Perissinoto J. Checklist das categorias da CIF relevantes para o desenvolvimento de fala e linguagem. CoDAS 2024;36:e20220322. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20232022322pt.
4- Araujo LB de, Quadros DA de, Murata MPF, Israel VL. Neuropsychomotor development assessment of children aged 0 to 5 in early childhood public education centers. Rev CEFAC 2019;21:e12918. https://doi.org/10.1590/19820216/201921312918.
5- Silva AM da, Araujo LB de, Ferreira M de P, Israel VL, Mélo TR. Desenvolvimento neuropsicomotor, fatores socioeconômicos e neonatais em crianças de 18-36 meses que frequentam creche. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento 2021;21:39–57.
6- Farias KS, Leite IEDAPM. Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor com a aplicação da Escala Motora Infantil Alberta: Série de casos. RSD 2024;13:e0913244925. https://doi.org/10.33448/rsd-v13i2.44925.
7- Trubian F, Zimmermann M, Sangali CC, Souza VC de, Dill Winck A, Saccani R. Follow-up do desenvolvimento motor de prematuros: impacto das orientações parentais. Rev Ciênc Méd Biol (Impr) 2022:46–52.
8- Santos JAT, Ayupe KMA, Lima ALO, Albuquerque KAD, Morgado FFDR, Gutierres Filho PJB. Propriedades psicométricas da versão brasileira do Denver II: teste de triagem do desenvolvimento. Ciênc Saúde Coletiva 2022;27:1097–106. https://doi.org/10.1590/1413-81232022273.40092020.
9- Oliveira SRD, Machado ACCDP, Magalhães LDC, Miranda DMD, Paula JJD, Bouzada MCF. Cognitive assessment in preterms by Bayley-III: development in the first year and associated factors. Rev Paul Pediatr 2024;42:e2022164. https://doi.org/10.1590/1984-0462/2024/42/2022164.
10- Garfinkle J, Khairy M, Simard M-N, Wong J, Shah PS, Luu TM, et al. Corrected Age at Bayley Assessment and Developmental Delay in Extreme Preterms. Pediatrics 2024.
11- Palomo-Osuna J, Lanzarote-Fernández MD, Salazar A, Padilla-Muñoz EM. Sociodemographic impact of variables on cognitive, language and motor development in very preterm infants. J Pediatr Nurs 2022:e125–30.
12- Santos JAT, Ayupe KMA, Lima ALO, Albuquerque KAD, Morgado FFDR, Gutierres Filho PJB. Propriedades psicométricas da versão brasileira do Denver II: teste de triagem do desenvolvimento. Ciênc Saúde Coletiva 2022;27:1097–106. https://doi.org/10.1590/1413-81232022273.40092020.
13- Almeida N, Silva DA da, Silva LRV da, Vojciechowski AS, Motter AA, Zotz TGG. Análise do desenvolvimento neuropsicomotor de pré-termos em ambulatório multidisciplinar: um olhar da fisioterapia. Rev Pesqui Fisioter 2021:106–15.
¹Fisioterapeuta, Especialista em Terapia Intensiva Neonatal e Pediatria ASSOBRAFIR-COFFITO, Mestranda em Ciências da Saúde pela Universidade de Pernambuco (UPE), Recife-PE.