ERGONOMIA COMO INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA CERVICALGIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ERGONOMICS AS A PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTION IN NECK PAIN: BIBLIOGRAPHIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11626326


Karolina Cristina Miranda Ferreira Façanha¹; Marina Arruda Elói²; Pâmela de Paula Freira³; Orientador Esp: Ozi Deick Pereira Neto Lorensatto.


RESUMO

OBJETIVOS: Sintetizar e sumarizar a literatura científica sobre a efetividade da ergonomia na intervenção fisioterapêutica para a cervicalgia. E identificar as principais lacunas de conhecimento na área e sugerir diretrizes para futuras pesquisas. METODOLOGIA: Dentro dos critérios de inclusão definidos, foram selecionados artigos que contivessem a ergonomia como intervenção para o tratamento da cervicalgia, estudos em portugues e inglês. Nos critérios de exclusão, os estudos que não tivessem ergonomia como intervenção, estudos de meta-análises, estudos de caso ou de vários casos, estudos que usassem alguma outra técnica em associação com ergonomia, artigos posteriores ao ano de 2009. Utilizando os critérios supracitados, foram selecionados 21 artigos, sendo esses:3 artigos PubMed, 8 PEDro, 2 Lilacs e 4 Scielo, 4 do Google Acadêmico. Dessa forma, dentro dos critérios foram utilizados 6 artigos que entraram dentro dos critérios de elegibilidade. RESULTADOS: A cervicalgia é um problema de saúde frequente que pode causar dor, disfunção e impacto na qualidade de vida. A ergonomia é um campo de estudo que visa adaptar o trabalho às características do indivíduo, a fim de prevenir lesões e promover a saúde. Esta revisão bibliográfica contribuirá para o conhecimento sobre a efetividade da ergonomia na intervenção fisioterapêutica para a cervicalgia, o que poderá auxiliar fisioterapeutas na escolha da melhor estratégia de tratamento para seus pacientes. CONCLUSÕES: Concluindo então a importância do Fisioterapeuta do trabalho no ambiente laboral para a prevenção, promoção e tratamento das enfermidades na região de coluna cervical acometidas pelos trabalhadores durante suas atividades laborais e a importância das diversas intervenções ergonômicas na vida cotidiana do trabalhador.

PALAVRAS-CHAVE: Cervicalgia, Ergonomia, Fisioterapia

ABSTRACT

OBJECTIVES: Synthesize and summarize the scientific literature on the effectiveness of ergonomics in physiotherapeutic intervention for neck pain. And identify the main knowledge gaps in the area and suggest guidelines for future research. METHODS: Within the defined inclusion criteria, articles that contained ergonomics as an intervention for the treatment of neck pain were selected, studies in Portuguese and English. The exclusion criteria included studies that did not have ergonomics as an intervention, meta-analysis studies, case studies or multiple cases, studies that used some other technique in association with ergonomics, articles after 2009. Using the aforementioned criteria , 21 articles were selected, these being: 3 PubMed articles, 8 PEDro, 2 Lilacs and 4 Scielo, 4 from Google Scholar. Thus, within the criteria, 6 articles were used that met the eligibility criteria. RESULTS: Neck pain is a common health problem that can cause pain, dysfunction and impact on quality of life. Ergonomics is a field of study that aims to adapt work to the characteristics of the individual, in order to prevent injuries and promote health. This literature review will contribute to knowledge about the effectiveness of ergonomics in physiotherapeutic intervention for neck pain, which may help physiotherapists in choosing the best treatment strategy for their patients. CONCLUSIONS: Then concluding, the importance of occupational physiotherapists in the workplace for the prevention, promotion and treatment of illnesses in the cervical spine region affected by workers during their work activities and the importance of various ergonomic interventions in the worker’s daily life

KEYWORDS: Neck pain, Ergonomics, Physiotherapy.

INTRODUÇÃO

O pescoço é uma região muito peculiar, tem uma estrutura fundamental, pois faz a conexão entre corpo e cérebro, é uma região sensível cheia de terminações nervosas. A coluna cervical é responsável por proteger a medula espinhal, além de sustentar e movimentar a cabeça. A anatomia consiste na coluna vertebral, músculos, ligamentos, articulações e estruturas neurológicas como a medula espinhal e nervos. (Moore, 2014, p. 971).

A coluna cervical é a parte do pescoço que liga o crânio com a coluna torácica. Nela, há corpos vertebrais também chamados de vértebras, que ao todo formam 7 vértebras cervicais, juntamente as vértebras também há os discos intervertebrais que são estruturas cartilaginosas que ficam entre as vértebras, elas amortecem e impedem atrito entre as vértebras (MOORE, 2014, p. 439).

Dor é um termo comum entre os profissionais da saúde, pesquisadores ao redor do mundo e pessoas com dores fornecem informações para esses estudiosos com o intuito de reduzir erros ao estudo de conhecimento de várias áreas da saúde, para uma promoção eficaz de saúde. Dor aguda aquela que surge de forma repentina e intensa, e a crônica que se mantém por um longo período de tempo são algias que caracterizam a dor na coluna cervical variando de pessoa para pessoa os sintomas (Hermann, 2020).

A cervicalgia crônica se configura como uma síndrome prevalente e complexa, afetando cerca de 30% da população adulta em algum momento da vida, com maior incidência no sexo feminino. Caracteriza-se por dor persistente e limitação de movimento na região cervical, variando de desconfortos leves a dores intensas e incapacitantes. Podendo até acarretar mudanças em seu estilo de vida, dependência de medicamentos, depressão, isolamento social, dificuldades no trabalho e alterações emocionais. A qualidade de vida dos indivíduos acometidos é significativamente diminuída (Borges, 2013).

A ergonomia é uma disciplina científica que se dedica ao estudo das interações entre os seres humanos e os elementos de um sistema, aplicando teorias, princípios, dados e métodos para projetar ambientes de trabalho que otimizem o bem-estar humano e o desempenho geral do sistema. Com raízes profundas na (antropometria — o estudo das medidas e proporções do corpo humano), a ergonomia busca adaptar o ambiente de trabalho às necessidades e limitações físicas dos trabalhadores, promovendo a saúde, segurança e eficiência. Nas últimas décadas, a importância da ergonomia tem sido amplamente reconhecida em diversos setores industriais e comerciais. A aplicação de princípios ergonômicos tem demonstrado reduzir a incidência de lesões musculoesqueléticas, diminuir a fadiga, aumentar a produtividade e melhorar a satisfação no trabalho. A Norma Regulamentadora NR-17, por exemplo, estabelece diretrizes para a implementação de práticas ergonômicas no ambiente de trabalho, visando proteger a saúde dos trabalhadores e garantir condições de trabalho seguras e confortáveis.

OBJETIVO

O objetivo deste artigo é sintetizar e sumarizar a literatura científica sobre a efetividade da ergonomia na intervenção fisioterapêutica para a cervicalgia. E identificar as principais lacunas de conhecimento na área e sugerir diretrizes para futuras pesquisas.

REFERENCIAL TEÓRICO

Anatomia e biomecânica da cervical

A Lordose cervical é uma curvatura fisiológica, é uma concavidade posterior, fica entre a cabeça e o tronco. Essa curvatura se dá pela forma como as vértebras dessa região se alinham, já que elas têm um emprego importante de absorver os impactos e dividir o peso da cabeça sob o tronco. A coluna cervical fica localizada na região posterior do pescoço e faz parte do esqueleto axial, é um conglomerado estrutural complexo e com funções vitais no corpo humano. Uma dessas importantes funções é proteger a medula espinhal que é parte do sistema nervoso central, é como se fosse um alongamento desse sistema que tem o emprego de mandar e receber impulsos nervosos do encéfalo para o resto do corpo. A medula espinhal fica protegida no interior do canal vertebral pelo forame vertebral. (RODRIGUES, 2021).

A cervical é composta por sete vértebras, que são as chamadas de: C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7, no sentido crânio-caudal respectivamente, sendo a c1 também chamada de atlas, C2 de áxis e C7 de vértebra proeminente. De C3 a C6 as vértebras cervicais são consideradas típicas, enquanto, C1, C2 e C7 são vértebras atípicas pois não se assemelham às outras vértebras as chamadas esquemáticas pois apresentam alteração no seu desenvolvimento e na sua estrutura. O atlas não possui um corpo vertebral, ela é basicamente só um anel pela sua estrutura, cria-se então a articulação atlanto-occipital. Resumidamente, todas as vértebras apresentam alguns componentes em sua estrutura que são comuns entre as vértebras cervicais, que são esses: corpo da vértebra, forame vertebral, processo transverso e processo espinhoso, facetas articulares superior e inferior, lâmina e tubérculos (TUPINAMBÁ, 2014).

Uma das principais características para a diferenciação das vértebras cervicais das demais da coluna são os processos espinhosos bífido que há apenas na coluna cervical, onde vários músculos transversos espinhais que se inserem nos processos espinhosos, de ambos os lados, onde o ligamento nucal passa bem no meio dos processos espinhosos e tem como principais funções limitar a flexão da cabeça de modo em que não se torne excessiva e faça uma hiperflexão (ANTONIO, 2004).

Entre uma vértebra e outra existem os discos intervertebrais, que totalizam seis discos na coluna cervical, que tem como função dar estabilidade e amortecer impactos causados pela gravidade sobre a coluna vertebral e dar a possibilidade de flexibilidade desta estrutura. Internamente, constitui-se em um núcleo gelatinoso enquanto na parte externa do disco forma um anel fibroso em volta do núcleo. Entre o atlas e áxis não existe disco intervertebral, sendo assim, são unidas pelo processo odontóide (ANTONIO, 2004).

A articulação atlanto-axial é a que fica entre o atlas e áxis é uma articulação sinovial em pivô, onde a maior parte dos movimentos rotacionais que ocorre na coluna cervical é por causa dessa articulação, cerca de 60% dos movimentos rotacionais é permitido pela articulação pivotante. A articulação atlanto-occipitais que fica entre a base do crânio (os côndilos occipitais) e a vértebra atlas (C1) são as que permitem inclinação, extensão e flexão da cabeça (RODRIGUES, 2021).

Cervicalgia

A cervicalgia ou também dor na coluna cervical é um acometimento osteomuscular que se dá na região posterior do pescoço, não tem uma única causa e sim uma causa multifatorial. Essas causas podendo ser posturais, como permanência em uma posição não ergonômica, algum trauma, esforço repetitivo, contraturas como o torcicolo, doenças reumatológicas como a artrite reumatoide, envelhecimento, doenças degenerativas que afetam a coluna como hérnia de disco e neoplasias. (ANTONIO, 2004).

A cervicalgia crônica pode levar a alguma incapacidade, devido a dor frequente, pessoas acometidas por essa moléstia sofrem danos em sua vida pessoal nas suas atividades de vida diária, impactam o desempenho no seu emprego e podem também gerar consequências negativas na sua rotina acadêmica e afetar seus momentos de lazer até mesmo impedindo que esses sejam proveitosos. A ocorrência de alguma disfunção cervical em indivíduos adultos no Brasil estima-se que seja de 12% a 34% em algum período de sua vida (SOBRAL ALP et al. 2010).

A dor cervical, um problema comum que afeta milhões de pessoas, pode ser categorizada de diversas maneiras, como duração, gravidade, etiologia e tipo. Sendo assim, a duração aguda até 6 semanas, subaguda entre 6 até semanas e crônica acima de 12 semanas. A gravidade da dor cervical é dividida nas categorias leve, moderada ou grave. Etiologia e ou estrutura pode ser dividida em mecânica, neuropática, inflamatória ou mista e seus tipos em nociceptiva ou neuropática. Entre estas, a duração se destaca como o melhor preditor de resultados do tratamento. Estudos demonstram que a dor cervical de menor duração responde melhor ao tratamento quando comparada à dor crônica. Essa associação é corroborada por pesquisas em outras doenças da coluna, onde uma maior carga da doença (dor e incapacidade mais intensas) está relacionada a piores resultados (Cohen, 2015).

A ascensão da Fisioterapia do Trabalho e seu impacto na saúde ocupacional

A ergonomia, ciência que emana da junção dos termos gregos “ergos” (trabalho) e “nomos” (leis, normas e regras), dedica-se à pesquisa, estudo, desenvolvimento e aplicação de regras e normas para otimizar o trabalho, adequando-o às características físicas e psicológicas do ser humano (VILAGRA, 2004). Nesse contexto, a ergonomia se debruça sobre as posturas adotadas pelos trabalhadores em seus postos de trabalho. Postura define a posição do corpo. Já a boa postura se caracteriza pelo arranjo harmônico de suas partes constituintes, tanto em posição estática quanto em diferentes situações (movimento e força) dinâmicas (RANNEY, 2000).

A Revolução Industrial, marcada pelo aumento da carga horária de trabalho e condições precárias para os operários, desencadeou um surto de doenças ocupacionais. Esse cenário, somado à substituição do trabalho manual pelo trabalho sedentário, propiciou o surgimento de doenças degenerativas, impulsionando o nascimento da fisioterapia do trabalho, que por sua vez ganhou força durante a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento de técnicas de reabilitação para soldados combatentes. Gradualmente, essa ciência se expandiu para outros ambientes de trabalho, sendo regulamentada no Brasil em 1969 e reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Fisioterapia em 2008 (SILVA et al, 2021).

A segurança no trabalho exige a implementação de normas e estratégias que promovam o bem-estar físico, social e mental dos trabalhadores, prevenindo danos causados por condições inadequadas. A ergonomia, presente na Norma Regulamentadora 17 (NR 17) do Ministério do Trabalho e Emprego, permite ao fisioterapeuta analisar os movimentos, posturas e mobiliários utilizados pelo trabalhador durante sua jornada, identificando as dificuldades enfrentadas e tratando desde a prevenção até a correção das moléstias ocupacionais (Barbosa, 2016).

Fisioterapeutas do trabalho assumem um papel crucial na promoção da qualidade de vida dos trabalhadores, prevenindo lesões musculoesqueléticas e otimizando o desempenho e a produtividade. Por meio de atividades que envolvam: ergonomia biomecânica, atividade física/ cinesioterapia laboral e a recuperação de de trabalhadores afastados por LER/DORT ou desconforto físico e educação em saúde. Esses profissionais contribuem para o bem-estar físico e social dos empregados e para o aumento da produtividade da empresa (SILVA et al, 2021).

No ano de 2003, um marco histórico foi estabelecido com a Resolução 269/03 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), reconhecendo a Fisioterapia do Trabalho como área de especialidade. Essa conquista pavimentou o caminho para a criação da Associação Brasileira de Fisioterapia do Trabalho (ABRAFIT) , criada em 2006. O fisioterapeuta do trabalho se tornou peça fundamental na promoção da saúde no ambiente laboral, transcendendo a mera recuperação de lesões e assumindo um papel preventivo crucial. Através de ações estratégicas, esses profissionais combatem o surgimento de moléstias ocupacionais, promovendo o bem-estar físico e mental dos trabalhadores e contribuindo para uma maior qualidade de vida, deste modo, consolidando a presença da fisioterapia no âmbito da saúde ocupacional (BEZERRA et al, 2021).

Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).

As doenças ocupacionais representam uma preocupação tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores, pois podem resultar em afastamentos e prejuízos financeiros para as empresas. Um exemplo dessas enfermidades é a LER (Lesão por Esforço Repetitivo), originada pelo desempenho contínuo e repetitivo de determinado movimento durante o trabalho. Esta condição pode acarretar uma redução significativa na capacidade laboral do colaborador, podendo, em casos extremos, levar à necessidade de aposentadoria por invalidez. Assim, medidas preventivas e intervenções adequadas são fundamentais para mitigar os riscos e proteger a saúde e o bem-estar dos trabalhadores (Bolsonello, 2022).

Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) são afecções específicas que acometem músculos, tendões, sinóvias, nervos, fáscias e/ou ligamentos, podendo ocorrer de forma isolada ou associada, com ou sem degeneração dos tecidos. Essas lesões são frequentemente observadas em membros superiores, região escapular e cervical, sendo desencadeadas por atividades laborais que desativam o uso repetitivo ou forçado de grupos musculares, além de posturas inadequadas. Comumente associado à prática laboral, o DORT representa uma parcela significativa das doenças ocupacionais, responsável por mais da metade dos casos relatados em 2001, conforme relatório do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador (CESAT), evidenciando-se como um problema relevante para a saúde pública (LEITE, 2022).

Diante da evidência dos benefícios físicos, sociais e psicológicos obtidos pelos trabalhadores que participam regularmente da Ginástica Laboral, bem como o consequente aumento na produtividade e rendimento financeiro para a empresa, torna-se claro que investir nessa prática é uma estratégia vantajosa. Embora exista um custo inicial associado à contratação de profissionais qualificados, os retornos positivos, tanto em termos de qualidade de vida dos funcionários quanto na redução de despesas com afastamentos médicos e doenças ocupacionais, justificam esse investimento. A disponibilização de alternativas de Ginástica Laboral, como vídeos ou aulas online, pode representar uma opção viável para empresas com limitações de recursos financeiros. No entanto, é crucial ressaltar que a eficácia dessas práticas depende não apenas da acessibilidade, mas também da supervisão e orientação adequadas por parte de profissionais especializados. A falta de motivação dos trabalhadores e o descaso por parte dos superiores podem comprometer a efetividade da implementação da ergonomia no ambiente de trabalho, destacando a importância do apoio e incentivo contínuos para promover uma cultura de saúde e bem-estar no ambiente laboral (Bolsonello, 2022).

Tabela 1 – Caracterização dos estudos selecionados

Autor/anoObjetivosPúblico alvoPrincipais resultados
SABRISH, Sharany et al. (2022)O objetivo deste estudo foi desenvolver um plano ergonômico educativo e testar sua eficácia na redução de sintomas de distúrbios osteomusculares em dentistas.DentistasTraçar um plano ergonômico e funcional de acordo com as necessidades e realidades dos dentistas demonstraram melhorias significativas quanto aos sintomas musculoesqueléticos apresentados, comprovadas após a aplicação do questionário antes da intervenção e depois, comparando seus resultados.
RODRIGUES, Andreza da Costa; LIVRAMENTO, Rosileide Alves; MAYER,Hanna Catarina Alvarenga. (2023)Demonstrar por meio de uma revisão literária os efeitos da intervenção da ginástica laboral no tratamento do trabalhadorTrabalhadores/ ColaboradoresArtigo de revisão de literatura que analisou 22 artigos relacionados à atuação da fisioterapia em ergonomia frente às doenças ocupacionais LER E DORT e os efeitos desta intervenção no trabalhador, demonstrando a importância do fisioterapeuta nesse ambiente.
COURY, Helenice J. C. G.; MOREIRA, Roberta F. C.; DIAS, Natália B. (2009)Avaliar a efetividade e fornecer evidências a respeito da prática de exercício físico no ambiente ocupacional para o controle da dor musculoesquelétic a.Trabalhadores/ ColaboradoresOs exercícios aplicados por um curto período de tempo não surtiram grandes efeitos a serem relatos nos trabalhadores sedentários e não demonstraram melhora a curto prazo com os exercícios no ambiente de trabalho, já o mesmo tipo de pessoas realizando tais exercícios a longo prazo indicam resultados positivos na melhora dos sintomas de dores cervicais.
PILLASTRINI, Paolo. MUGNAI, Raffaele; BERTOZZI, Lucia et al. (2009)O objetivo do estudo foi determinar a eficácia de um programa de exercícios orientado para a extensão na prevenção e tratamento da dor lombar/pescoço em professores de creches.Professores de crecheNo grupo em que foi selecionada para instruções ergonômicas e exercícios laborais tiveram uma melhora estatística maior do que o grupo que tiverem apenas as instruções ergonômicas da brochura a qual não obteve resultados para comprovarem sua eficácia, isso considerando as escalas de avaliação cervical e escala da dor, a qual os 71 participantes responderam antes e após a intervenção.
VERHAGEN, A. P; BIERMA-ZEINSTR A, S.M.A; BURDORF, A; STYNES, S.M, et al. (2013)Avaliar os efeitos de intervenções conservadoras para queixas relacionadas ao trabalho no braço, pescoço ou ombro em adultos sobre dor, função e resultados relacionados ao trabalho.Trabalhadores/ ColaboradoresEste estudo relata a baixa evidência científica em tratamentos ergonômicos a curto prazo, enquanto nos tratamentos a longo prazo relatam ser benéficos. Sugerem que façam mais estudos com amostras maiores e que relatem os resultados das intervenções de forma clara.
BILLY, C. L. So; et alO presente estudo teve como objetivo integrar essasTrabalhadores/ ColaboradoresA pesquisa relata que no ambiente de trabalho a ergonomia
(2019)duas abordagens e avaliar os efeitos imediatos e de longo prazo de tais intervenções nos resultados da exposição ocupacional. como intervenção fisioterapêutica é mais eficaz do que a fisioterapia convencional no contexto laboral.

METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica realizada na base de dados eletrônicos PubMed, PEDro, Lilacs, Scielo e Google Acadêmico. Por intermédio dos descritores Cervicalgia, Ergonomia e Fisioterapia selecionados pela plataforma DeCS ( Descritores em ciências da saúde). Para sistematizar as buscas foram utilizados os operadores booleanos com a seguinte disposição: Neck pain AND Ergonomics AND Physiotherapy, em inglês e em português Cervicalgia E Ergonomia E Fisioterapia.

Dentro dos critérios de inclusão definidos, foram selecionados artigos que contivessem a ergonomia como intervenção para o tratamento da cervicalgia, estudos em portugues e inglês. Nos critérios de exclusão, os estudos que não tivessem ergonomia como intervenção, estudos de meta-análises, estudos de caso ou de vários casos, estudos que usassem alguma outra técnica em associação com ergonomia, artigos posteriores ao ano de 2009. Utilizando os critérios supracitados, foram selecionados 21 artigos, sendo esses:3 artigos PubMed, 8 PEDro, 2 Lilacs e 4 Scielo, 4 do Google Acadêmico. Dessa forma, dentro dos critérios foram utilizados 6 artigos que entraram dentro dos critérios de elegibilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A cervicalgia é um problema de saúde frequente que pode causar dor, disfunção e impacto na qualidade de vida. A ergonomia é um campo de estudo que visa adaptar o trabalho às características do indivíduo, a fim de prevenir lesões e promover a saúde. Esta revisão bibliográfica contribuirá para o conhecimento sobre a efetividade da ergonomia na intervenção fisioterapêutica para a cervicalgia, o que poderá auxiliar fisioterapeutas na escolha da melhor estratégia de tratamento para seus pacientes.

Apesar da diversidade em anos, países e metodologias, seis artigos científicos convergem em características importantes. Essa homogeneidade entre pesquisas distintas indica a robustez dos achados e reforça sua relevância para o tema em questão.

Podemos observar, que a ergonomia a longo prazo (acima de 11 semanas), obtêm resultados satisfatórios em relação às queixas de dores em região cervical. Bem como, todas as pesquisas demonstraram resultados melhores para aqueles grupos a qual a intervenção por meio de exercícios cinesioterápicos laborais em conjunto a ergonomia postural do que a ergonomia laboral sozinha no manejo da dor.

CONCLUSÃO

A ergonomia é uma ferramenta importante na intervenção fisioterapêutica para a cervicalgia. Esta revisão bibliográfica fornecerá informações valiosas sobre a efetividade da ergonomia nesta área, o que poderá contribuir para a melhora da qualidade de vida de pacientes com cervicalgia no meio laboral. Com isso, sugere-se mais intervenções com abordagens multidimensionais, com diferentes variações de exercícios desde a duração das intervenções, a intensidade, a categorias e implementações de exercícios laborais em conjunto.

Ademais, observa-se a necessidade de mais pesquisas em campo nacional sobre a ergonomia como intervenção para dores e disfunções cervicais e pesquisas randomizadas controladas e revisões sistemáticas sobre o assunto.

Concluindo então a importância do Fisioterapeuta do trabalho no ambiente laboral para a prevenção, promoção e tratamento das enfermidades na região de coluna cervical acometidas pelos trabalhadores durante suas atividades laborais e a importância das diversas intervenções ergonômicas na vida cotidiana do trabalhador.

REFERÊNCIAS

ANTONIO, S. F. Diagnóstico diferencial das cervicalgias. São Paulo, 2; ed. São Paulo: Etctera Editora, 2004. SOBRAL MLP, et al. Estudo da prevalência de algias na coluna vertebral em residentes de cirurgia cardiovascular: estudo inicial. Rev Bras Med Trab, v. 11, n. 2, p. 82-9, 2013.

BARBOSA, Rita de Cássia Teixeira. Fisioterapia do trabalho: atuação do fisioterapeuta como ergonomista. Revista Visão Universitária, v. 1, n. 1, 2016.

BOLSONELLO, Sabrina Albuquerque et al. Benefícios da ginástica laboral para as doenças ocupacionais. Revista Faipe, v. 12, n. 1, p. 23-32, 2022.

BEZERRA, Vitória Steffany Rezende et al. A fisioterapia na prevenção e tratamento de lesões do trabalho: revisão integrativa. João Pessoa. 2021.

BILLY, C.L, Grace PY Szeto, Rufina WL Lau, Jie Dai e Sharon MH Tsang. 2019. “Efeitos da intervenção ergomotora na melhoria da saúde ocupacional em trabalhadores com dores no pescoço e nos ombros relacionadas ao trabalho” International Journal of Environmental Research and Public Health . 2019.

BORGES, Marisa de Carvalho et al. Avaliação da qualidade de vida e do tratamento fisioterapêutico em pacientes com cervicalgia crônica. Fisioterapia em Movimento, v. 26, p. 873-881, 2013.

COHEN, S. Epidemiology, Diagnosis and Treatment of Neck Pain. Mayo Clin. Proc, 90(2), 284-299. 2015.

COURY, Helenice JCG; MOREIRA, Roberta FC; DIAS, Natália B. Efetividade do exercício físico em ambiente ocupacional para controle da dor cervical, lombar e do ombro: uma revisão sistemática. Brazilian journal of physical therapy, v. 13, p. 461-479, 2009.

FILHO, R. A. M, et al. ANÁLISE ERGONÔMICA DO POSTO DE TRABALHO DE AGÊNCIA BANCÁRIA, Monografia apresentada como trabalho de conclusão de curso, Universidade Federal do Goiás. Goiânia, p. 15. 2017.

HERMANN, Nadja. A aprendizagem da dor. 18 dez 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edreal/a/xXhWkXpFvXz9Xgqywk8RNRP/?format=pdf&lang=pt.

LEITE, JÉSSICA RIBEIRO. ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA DO TRABALHO NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS OCUPACIONAIS COM ÊNFASE NA LER/DORT. Páginas 28. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) – UNIC, Rondonópolis, 2022.

MOORE, Keith L. Anatomia orientada para a clinica/Keith L. Moore, Arthur F. Dalley, Anne M.R. Agur; tradução Claudia Lucia Caetano de Araujo. ed.-Rio de Janeiro: Koogan. P. 436 – 439, 974. 2014.

PILLASTRINI, Paolo et al. Eficácia de um programa de exercícios no trabalho na prevenção e tratamento de queixas cervicais e lombares em professores de creches. Saúde industrial , v. 47, n. 4, pág. 349-354, 2009.

RANNEY, D. Distúrbios osteomusculares crônicos relacionados ao trabalho. São Paulo: Rocca, 2000.

RODRIGUES, Andreza da Costa et al. Lesão por esforço repetitivo (LER)/ Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT): Os efeitos da ginástica laboral no teletrabalhador. Revista FT. Volume 27 – Edição 128/NOV, 2023.

RODRIGUES, Stéfanny Guimarães, Desenvolvimento de um disco intervertebral de silicone para a simulação em um biomodelo de coluna / Stéfanny Guimarães Rodrigues. — Ilha Solteira: [s.n.], 2021 110 f. :il.

SABRISH, Sharany et al. Eficácia de um plano ergonômico educativo na redução de distúrbios musculoesqueléticos entre dentistas. Revista Brazilian Dental Science Vol. 25 Nº 2 (2022): Abr – Jun/2022.

SILVA, Roberta Marília Souza; VIANA, João Eduardo. Atuação do fisioterapeuta do trabalho na prevenção e qualidade de vida do trabalhador: revisão bibliográfica Performance of the occupational physiotherapist in the prevention and quality of life of the worker: a bibiliographical review. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 6, p. 26185-26198, 2021.

SOBRAL MLP, et al. Estudo da prevalência de algias na coluna vertebral em residentes de cirurgia cardiovascular: estudo inicial. Rev Bras Med Trab, v. 11, n. 2, p. 82-9, 2013.

TUPINAMBÁ, J.;VASCONCELOS, S.; Anatomia Aplicada e Biomecânica da Coluna Vertebral. São Paulo, 2. ed. São Paulo: Etctera Editora, 2004.

Verhagen AP, Bierma-Zeinstra SMA, Burdorf A, Stynes SM, de Vet HCW, Koes BW. Intervenções conservadoras para o tratamento de queixas relacionadas ao trabalho no braço, pescoço ou ombro em adultos. 2013.

VILAGRA, JOSÉ MOHAMUD et al. Ergonomia aplicada à Fisioterapia. Revista Uningá, v.2, n. 1, 2004.


¹@KAROLINEMIRANDA861@gmail.com
²marinaeloi5@gmail.com
³pamelapaula578@gmail.com