EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS PARASITÁRIAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10065272


Franklin Lopez Gallego¹
Bruna da Silva Souza Avelino²


RESUMO

As Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) são causadas por microrganismos diversos com diferentes ciclos de transmissão, possuindo grande complexidade clínica, epidemiológica e afetam milhares de pessoas em todo mundo. A morbimortalidade por essas doenças está ligada muitas vezes a áreas em situação de vulnerabilidade social e ambiental. Com isso, ações de prevenção, controle e vigilância em saúde requerem estratégias intersetoriais, interdisciplinares e interprofissionais envolvendo desde a vigilância epidemiológica ambiental, de zoonoses, laboratorial, genômica e a assistência à saúde. No Brasil, nas últimas décadas, observa se o declínio no número de mortes por este grupo de doenças, tanto em números relativos quanto absolutos, porém as taxas ainda permanecem elevadas, quando comparadas às de outros países. A pesquisa bibliográfica ocorreu durante todo o mês de maio a julho de 2023 nas seguintes bases de dados eletrônicas: Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature and Retrieval system Online (MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (SciELO), US National Library of Medicine National

PALAVRAS – CHAVE: Doenças infecciosas, doenças parasitárias, epidemiologia.

SUMMARY

Infectious and Parasitic Diseases (IPD) are caused by different microorganisms with different transmission cycles, having great clinical and epidemiological complexity and affecting thousands of people aro und the worlt. Morbidity and mortality from these diseases is often linked to areas in situations of social and environmental vulnerability. Theref ore, prevention, control and heatlth surveillance actions require intersectoral, interdisciplinary and interprofessional strategies involving everything from environmental epidemiological surveillance, zoonoses, laboratory, genomics and health care. In Brasil, in recent decades, There has been a decline in the number of deaths from this group of diseases, both in relative and absolute numbers, but the rates still remain high when compared to those in other countries.The bibliographic research took place throughout the month of May to July 2023 in the following electronic databases: Latin American Literature in Health Sciences (LILACS), Medical Literature and Retrieval System Online (MEDLINE) Scientific Electronic Library Online (SciELO), US National Library of Medicine National

KEYWORDS: Infectious disseases, parasitic diseases, epidemiology.

1. INTRODUÇÃO

A epidemiologia contribui para o conhecimento mais detalhados das características da população, a fim de definir e medir as ocorrências do processo saúde- doença. A epidemiologia explica os princípios de causalidade das doenças com maior evidência aos fatores modificáveis do ambiente e contribui na prevenção das doenças, na promoção da saúde e no desenvolvimento de políticas de saúde (JOHANSEN etal,2018). As doenças infecciosas e parasitárias (DIP) são doenças transmissíveis desenvolvidas devido à contaminação e proliferação de agente infeccioso ou parasitário em hospedeiro suscetível. (FOCACCIA & VERONESI, 2015) As DIP fazem parte da rotina de atendimento clínico da maioria das unidades básicas de saúde (UBS), representando assim uma extensa lista de morbidades que apresentam diferentes perfis de transmissão. São causas importantes de absenteísmo no trabalho ou escola, de consultas em UBS, consultórios especializados e internação hospitalar, representando grande importância no contexto de saúde pública. Os principais agentes etiológicos das DIP são bactérias, fungos, protozoários, helmintos e vírus (GUSSO; LOPES; DIAS, 2019). As DIP têm ocupado um papel relevante entre as causas de morte no Brasil. Este grupo de doenças se reveste de importância por seu expressivo impacto social, já que está diretamente associado à pobreza e à qualidade de vida, enquadrando patologias relacionadas a condições de habitação, alimentação e higiene precárias. Além disso, a análise do comportamento das DIPIs pode servir para avaliar as condições de desenvolvimento de determinada região, através da relação entre níveis de mortalidade e morbidade e condições de vida da população (IBIAPINA & BERNARDES, 2019).Estudos apontam que, no Brasil, algumas doenças infecciosas como aquelas preveníveis por vacinação, podemos citar tuberculose (formas graves), hepatite B e A, difteria, tétano, coqueluche, infecções pelo Haemophilus influenzae B, Pneumococo e Neisseria meningitidis do sorogrupo C, poliomielite, diarreia por rotavírus, Febre Amarela, Caxumba, Rubéola, Varicela e Papiloma genital representam um grande sucesso em seu controle com a implantação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) iniciado em 1973, destacando a eliminação da poliomielite em 1989 e a da erradicação da varíola, certificada em 1980. (WALDMAN, 2016; GUSSO; LOPES; DIAS, 2019). Existe um gradiente de concentração de maiores incidências de doenças infecciosas e parasitárias, isoladamente ou em conjunto, principalmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e sub-região meio-norte do Nordeste do Brasil, diminuindo em direção ao Sul e ao litoral leste. Essas incidências aumentadas estão associadas a piores condições de vida da população, sendo reflexo da ocupação e do perfil socioambiental historicamente construídos no território brasileiro (SOUZA et al, 2020).Esse cenário multifacetado, dentro de um contexto social urbano diverso, torna complexo o trabalho da vigilância em saúde em seu papel primordial de coleta, consolidação, avaliação e disseminação de informações para subsidiar a tomada de decisão, exigindo constantes inovações, sobretudo na forma de articular as diversas realidades contidas nas conjunturas das vigilâncias locais. Nesse contexto, a identificação de áreas críticas para doenças infecciosas e parasitárias no Brasil e o conhecimento sobre a sua relação com indicadores socioeconômicos são de fundamental importância para alinhar as ações de vigilância nos âmbitos local e nacional, fornecendo subsídios para o estabelecimento de medidas assertivas de controle, planejamento e intervenção, bem como para articular ações intersetoriais de mitigação das causas determinantes desses adoecimentos (Albuquerque et al, 2017). O uso de ferramentas de análise espacial em saúde pública ajuda a fomentar a discussão sobre o espaço e a heterogeneidade dos fenômenos populacionais nele distribuídos, auxiliando no reconhecimento de áreas com características socioambientais mais semelhantes entre si e identificando locais de maior vulnerabilidades e risco à saúde. Em razão da importância da distinção de áreas prioritárias para ações em saúde pública, o presente estudo tem como objetivo apresentar um método simples, desenvolvido para identificar áreas críticas quanto à incidência de doenças infecciosas e parasitárias selecionadas, analisando a associação ecológica entre a ocorrência dessas doenças e indicadores de pobreza no Brasil (RAMOS & NOIA, 2016). Assim, o objetivo desse estudo é explanar os aspectos epidemiológicos das doenças infecciosas parasitárias que são acometidas no território nacional.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

  • Explanar os aspectos epidemiológicos das doenças infecciosas parasitárias.
  • Analisar um método para identificar áreas críticas relativas a doenças infecciosas e parasitárias para fins de vigilância em saúde;
  • Avaliar a associação a indicadores de pobreza no Brasil no que se refere às doenças epidemiológicas infecciosas

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

  • Avaliar os critérios de elegibilidade para inclusão no estudo os quais foram: texto completo disponível online; artigos publicados no período de 2017 a 2023; divulgados em língua portuguesa, espanhola ou inglesa, e cujas publicações considerassem a pergunta norteadora do estudo.

3 METODOLOGIA

Esse trabalho buscou informações em registros da revisão bibliográfica em base de dados oficiais da área médica e em livros texto de parasitologia e infectologia para a construção do referencial para a sustentação teórica e auxílio à elaboração da proposta de intervenção sobre o problema escolhido.

Pesquisas nas bases de dados da área médica Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online (Scielo) foram realizadas com as palavras-chave: “Doenças Parasitárias”, “Doenças Infecciosas”, “Epidemiologia”, produzidos a partir de 2017, além de documentos e relatórios produzidos pelo Ministério da Saúde sobre o tema em questão.

4 DISCUSSÃO

Os achados do presente estudo apontam que há um gradiente de concentração de maiores incidências de doenças infecciosas e parasitárias, isoladamente ou em conjunto, principalmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e sub-região meio-norte do Nordeste do país, diminuindo em direção ao Sul e ao litoral leste. Essas incidências aumentadas estão associadas a piores condições de vida da população.

Em 1980, as taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias giravam em torno de 6,1 óbitos por 10 000 homens e 4,3 por 10 000 mulheres. Em 1990, essas taxas continuavam mais elevadas para os homens (3,6 óbitos por 10 000 homens) do que para as mulheres (2,4 óbitos por 10 000 mulheres); mesmo assim, decresceram de forma considerável (decréscimo de 41% para homens e 44% para mulheres). Em 1980, as DIP ocupavam o quarto e o terceiro lugar entre as causas de morte dos sexos masculino e feminino, respectivamente. Em 1990, o quadro hierárquico alterou-se e as doenças infecciosas perderam uma posição em ambos os sexos.

Quando se analisa o perfil de óbitos da população por doenças infecciosas e parasitárias em termos de faixa etária, evidencia-se que o maior número de óbitos ocorreu entre a população menor de 1 ano e o grupo de 1 a 4 anos, em ambos os sexos.

A redução da proporcionalidade das doenças infecciosas e parasitárias como causa de morte, observada nos grupos etários mais avançados, se justifica em parte pelo aumento proporcional das mortes por doenças crônico degenerativas. É claro o descenso na importância das DIP ocorrido na década para todas as faixas etárias, sendo mais forte no primeiro quinquênio. Especificamente dentre as doenças infecciosas e parasitárias, destaca-se o perfil de mortalidade por doenças infecciosas intestinais, tuberculose e septicemia.

Quanto ao sexo feminino, o maior risco de morte, em 1980, pertenceu ao estado de Rondônia (10,70 óbitos/ 10 000 mulheres), enquanto que as menores taxas de mortalidade (assim como para o sexo masculino) foram registradas no Maranhão (2,01 óbitos/ 10 000 mulheres). Vale a pena ressaltar a limitação na qualidade dos dados dos registros de óbitos para alguns estados. Dos estados da região Nordeste, o Piauí, por exemplo, apresentou o menor risco de morte por doenças infecciosas e parasitárias para os homens em 1980, enquanto que seu sub-registro de óbitos foi da ordem de 46%, com 40% de causas mal definidas.

É possível especular que os estados com elevado sub-registro de óbitos e com elevado percentual de causas mal definidas (quase todos os estados do Norte e Nordeste) tenham as taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias mais elevadas que as apresentadas aqui. Portanto, na comparação entre os estados, é ao perfil hierárquico dos níveis de mortalidade que mais se deve dar atenção, e não à magnitude dos níveis expressos pelas taxas.

Assim, há também uma regionalização em relação às doenças infecciosas e parasitárias consideradas individualmente na investigação, que apresentam diferentes padrões de distribuição espacial. Observa-se que doenças essencialmente rurais, tais como malária e doença de Chagas, se localizam mais expressamente nos municípios do interior das regiões Norte e Nordeste, onde se conservam características geográficas mais próximas a ambientes rurais. Doenças consideradas reemergentes, ou também aquelas infecciosas em declínio no Brasil, tais como dengue, tuberculose e hanseníase, apresentam padrão difuso em todo o território nacional, característica esperada quando o adoecimento é associado aos processos próprios da urbanização. A leishmaniose visceral e a esquistossomose apresentam padrão de transição geográfica em função do contínuo processo de urbanização da população e da replicação de condições ambientais favorecedoras da reprodução e expansão do ciclo de transmissão dessas doenças.

5 RESULTADOS

Observa-se ainda que os municípios do Sul, Sudeste e Nordeste apresentaram, em sua maioria, baixa ou muita baixa situação de criticidade, enquanto os do Norte e Centro-Oeste foram classificados com criticidade intermediária, alta ou muito alta.

Quatro indicadores apresentaram associação direta com o indicador síntese: esgoto no entorno, lixo no entorno, proporção de pobreza e famílias chefiadas por mulheres, podendo ser considerados possíveis fatores que aumentam a probabilidade de a localidade apresentar maior criticidade para doenças infecciosas e parasitárias. Já o indicador “esgoto adequado” mostrou associação inversa, podendo ser considerado fator de proteção: à medida que sua proporção aumenta, diminui a probabilidade de as áreas apresentarem alta criticidade para doenças infecciosas e parasitárias.

Foi observado que as incidências de dengue, hanseníase, tuberculose, hepatite e leishmaniose tegumentar têm um padrão de maior difusão pelos municípios brasileiros, com maior expressão nas regiões Centro-Oeste e Norte. A incidência de leishmaniose visceral é mais expressiva no Nordeste e no Centro-Oeste, assim como a de esquistossomose é mais expressiva no Sudeste e no Nordeste. Já a malária e a doença de Chagas apresentam maior magnitude no Norte, e a leptospirose no Norte e no Sul do país.

6 CRONOGRAMA

JULAGOSETOUT
Revisão Bibliográfica
X



Discussão teórica para estruturação dos objetivosX


Escolha das fontes e coleta de dadosX


Coleta dos dadosX


Análise e interpretação dos dados
X

Redação do TCC

X
Impressão e revisão da redação


X
Preparação da apresentação/defesa



Apresentação/defesa



7. CONSIDERAÇOESFINAIS

A problemática das doenças infecciosas e suas relações com condições de vida é antiga, e os caminhos apontados para avanços também já são velhos conhecidos. Sabe- se que o comportamento das doenças infecciosas e parasitárias serve como um indicador de desenvolvimento de uma dada região; e que sua magnitude deve servir como norteador da formulação de políticas públicas não apenas no setor saúde, fundamentado em um modelo de atenção mais inclusivo, mas também em práticas intersetoriais de habitação, saneamento, educação e demais serviços que, em conjunto, poderão diminuir iniquidades sociais e produzir melhorias nas condições de vida e saúde das populações. Espera-se o desenvolvimento de ações de educação em saúde com o intuito de uma efetiva mudança de hábitos e costumes, maior adesão aos cuidados preventivos e de tratamento na criação de uma linha de cuidado para as doenças infecciosas e parasitárias.

REFERÊNCIA

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¹Graduação do curso de biomedicina gmail: elpachito19@gmail.com Franklin Lopez Gallego
²Prof: Especialista Orientadora do curso de Biomedicina Bruna da Silva Souza Avelino email: bruna.avelino@uniniltonlins.edu.br