EPIDEMIOLOGIA DA DISMENORREIA EM UNIVERSITÁRIAS DE FOZ DO IGUAÇU-PR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7451738


Beatriz Nogueira Correia 1, Janaina Felisberto 2, Tatiane Martins 3 e Isabel Fernandes4


RESUMO

Introdução: A dismenorreia é considerada normal em mulheres com idade reprodutiva. Cerca de 50% a 90 % das mulheres apresentam cólicas menstruais em algum momento de suas vidas. Dividida em primária onde a causa da dor é devido a liberação hormonal e a secundária está associada a patologias pélvicas. Objetivo: Apresentar um estudo epidemiológico da dismenorreia, primária e secundária com o instrumento DysWoman Quest junto ao público feminino de instituições de ensino superior particular de Foz do Iguaçu/PR. Metodologia: Tratou-se de um estudo observacional-analítico na área da fisioterapia em saúde da mulher, com 147 acadêmicas. A coleta foi realizada no formato online, via Google Forms. Os dados foram exportados para planilhas eletrônicas, e analisados com o programa BioEstat 5.0. Para a análise da independência das variáveis foi utilizado o teste G, com a < 0,05 como nível de significância adotado. Resultados: Foram identificadas as associações estatisticamente significativas entre a percepção de dor quantificada pela escala EVA com a duração do fluxo menstrual (p. 0,0409), com a intensidade do fluxo (p.< 0,0001), com o período da menarca para a presença /ausência da cólica (p. 0,0517), com os tratamento alternativo para alívio das cólicas (p.<0,0001), com o diagnóstico médico de alguma patologia pélvica (p. 0,0003) e com a ajuda médica (p. 0,0001). Conclusão. Pode-se concluir que a dor menstrual afeta negativamente as acadêmicas, em algum momento da vida, causando absenteísmo das atividades cotidianas e escolares. O estudo apontou a idade como fator de risco para a dor pélvica e para a dismenorreia, uma vez que o público alvo foi composto por universitárias jovens, período de vida em que estão mais predispostas à liberação hormonal com ação na contração uterina, causando dores moderadas a intensas.

Palavra-chave: Epidemiologia da Dismenorreia; Cólicas menstruais; Qualidade de vida; Universitárias.

1. INTRODUÇÃO

A dismenorreia é considerada normal em mulheres com idade reprodutiva. A incidência da dor varia entre 45% e 95% das mulheres que não estão na menopausa. Cerca de 50% a 90 % das mulheres apresentam cólicas menstruais em algum momento de suas vidas, tornando-se uma das principais queixas ginecológicas (FRARE et al., 2014).

A dor menstrual é classificada em dois tipos: primária e secundária. A primária é caracterizada por cólicas que ocorrem em momento imediatamente anterior ou ao longo da menstruação. Essa dor pélvica se instala sem qualquer patologia precedente e normalmente se inicia entre 6 até 24 meses após a menarca. As dores causadas pela dismenorreia ocorrem pela produção, no endométrio, de prostaglandina, ocasionando hipercontração seguida de isquemia e hipóxia do endométrio gerando a dor (GUIMARÃES; PÓVOA, 2020).

A dismenorreia secundária é causada por condições patológicas pré-existentes. A endometriose, adenomiose, miomas e doenças inflamatórias pélvicas são exemplos. As prostaglandinas também estão presentes na dismenorreia secundária, provocando dores como lombalgias, náuseas, vômitos e diarreia. Nesse caso, as algias são de origem anatômica (SOUSA, et al., 2020).

Há uma série de fatores de riscos associados à dor menstrual, incluindo idade, etnia, histórico familiar, fluxo menstrual, perfil socioeconômico, ginecológico, psicológico e estilo de vida (SANTOS, 2020).

Mulheres acadêmicas relatam que a qualidade de vida diminui quando estão em períodos menstruais, suas atividades de vida diária e desempenho educacional são atingidos negativamente, afetando a concentração e algumas atividades escolares (DURAND; MONAHAN; MCGUIRE, 2021).

Em Sanctis et al. (2015) afirmam que muitas mulheres sofrem com dismenorreia. Porém, por ser uma dor considerada normal no período menstrual, não procuram especialistas para tratar ou até mesmo identificar um possível diagnóstico de patologia pélvica. Nesses casos, podendo até se apresentar como dismenorreia secundária com presença da endometriose gerando intercorrências à saúde reprodutiva e sexual. A dismenorreia vem afetando a qualidade de vida das mulheres em fase reprodutiva.

Para Gerzson et al. (2014), a fisioterapia no tratamento da dismenorreia primária proporciona alívio dos sintomas da dor e melhoria na qualidade de vida. Entre as técnicas possíveis nessa disfunção pélvica estão: crioterapia, termoterapia, massagem do tecido conjuntivo, eletroestimulação elétrica neural transcutânea, pilates e acupuntura. Os autores ressaltam também que há necessidade de aprofundamento de estudos.

Assim esta pesquisa objetivou um estudo epidemiológico da dismenorreia, primária e secundária, com o instrumento DysWoman Quest junto ao público feminino de acadêmicas de uma instituição de ensino superior particular de Foz do Iguaçu/PR.

2. METODOLOGIA

Tratou-se de um estudo observacional analítico na área da fisioterapia em saúde da mulher com a finalidade de explorar a epidemiologia da dismenorreia com o DysWoman Quest em acadêmicas do ensino superior particular além de avaliar o quanto a cólica menstrual impacta na qualidade de vida de acadêmicas.

A coleta ocorreu ao longo de sessenta dias e iniciou-se com uma reunião junto aos responsáveis e dirigentes dos campi do centro universitário investigado para autorização do início da pesquisa e coleta de dados. Com a permissão, foi realizado o recrutamento via convite na rede social WhatsApp, em grupos de acadêmicos de cada curso. Nestes grupos foram disponibilizados convites à participação.

Foi também elaborado um cartaz contendo o link do instrumento e QR-Code com abordagem colorida e rosa para chamar a atenção para a participação das acadêmicas. Esse material foi fixado nos murais das salas.

A coleta foi feita por meio de formulários online. Assim, o instrumento DysWoman Quest foi, em sua versão digital, construído com o apoio da ferramenta Google Formulários. Essa tecnologia permitiu a geração de links que foram ser respondidos utilizando qualquer equipamento com acesso à internet, a exemplo, de notebooks, celulares, entre outros.

Para participar do estudo o formulário apresentava um conjunto de perguntas que permitiam a validação dos critérios de inclusão e exclusão. Assim, participaram do estudo mulheres universitárias, regularmente matriculadas, que tivessem lido, no link disponível, o termo de consentimento livre e esclarecido e dado o de acordo com os referidos critérios da pesquisa presentes nesse documento. Além disso, essas mulheres tinham que relatar a presença de sintomas de dor menstrual, ausência de procedimentos cirúrgicos de histerectomia, não estar no período de menopausa e ter faixa etária de 18 a 45 anos.

Na conclusão da coleta de dados com participantes da amostra de mulheres com sintomas de cólicas menstruais, foram obtidas 281 respostas ao questionário DysWoman Quest. Desta amostra, 17 mulheres foram excluídas por não atenderem aos critérios de inclusão/exclusão, outras 17 mulheres por nunca terem tido sintomas de dor menstrual. Ao final, totalizando 247 acadêmicas que tiveram suas respostas analisadas no presente estudo.

O Dyswoman Quest contém cinco segmentos: uma breve caracterização sociodemográfica, histórico ginecológico, histórico gestacional, perfil epidemiológico da dismenorreia e qualidade de vida, totalizando 43 questões objetivas. Além disso, está inserido no instrumento a escala visual analógica para mensurar a intensidade de dor (FELISBERTO et al., 2022). Vale ressaltar que para primar o foco e a legibilidade da exposição dos dados, os resultados da pesquisa serão segmentados em diferentes publicações. Esse primeiro artigo traz a consolidação da epidemiologia da dismenorreia no público observado.

Após a coleta de dados, os resultados foram exportados para planilhas eletrônicas no formato CSV (comma-separated-values). Esse formato é lido no programa BioEstat, versão 5, software estatístico no qual foram feitos cálculos da estatística descritiva e analítica.

O formato de apresentação utilizado foi o tabular, em que os dados foram segmentados pela classificação de dor EVA em leve, moderada e intensa. As variáveis tiveram suas categorias consolidadas por frequência absoluta (fi) e seus percentuais (%) equivalentes.

Para a análise estatística, foi utilizado o teste G, não paramétrico, semelhante ao qui-quadrado, para testar a independência das variáveis categóricas. Foi aplicado a < 0,05 como nível de significância adotado nos testes realizados.

O projeto de pesquisa deste trabalho tramitou no Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), sob protocolo CAAE 58075622.0.0000.0107, sendo aprovado no parecer consubstanciado de 5.383.988.

3. RESULTADOS

Quanto ao perfil socioeconômico, a faixa etária de acadêmicas mais recorrente foi a de 18 a 24 anos (76,11%; n=188) e que afirmaram sentir dor moderada (34,41%; n=85) e intensa (32,79%; n=81). Quanto aos hábitos sociais, prevalecem o não tabagismo (67,21%;n=166) com queixa de dor moderada (30,77%;n=76), o etilismo (59,11%;n=146) com dor intensa (26,72%; n=66) o sedentarismo (51,42%; n=127) com registro de dor moderada (23,48%; n=58). Quanto ao estado civil, afirmaram estar namorando (44,94%; n=111) apresentaram dor moderada (19,43%; n=48) e intensa (21,46%; n=53). Em relação ao curso, o maior percentual de respondentes foi da área das ciências da saúde (54,25%; n=134) que relataram sentir dor moderada (24,29%; n=60) seguida pela indicação intensa (21,86%; n=54) (Tabela 1).

Tabela 1. Distribuição de dados sociais, demográficos e hábitos de universitárias, segmentados por dor, quantificada pela escala visual analógica (EVA), e, consolidados por frequência absoluta (fi) e seus percentuais equivalentes (%), coletados em quatro universidades do estado do Paraná, setembro, 2022.

Quanto à frequência do ciclo menstrual, a maior ocorrência foi do normal (61,94%; n=153), com presença de dor moderada (29,96%; n=74) e intensa (22,67%; n=56). Para a duração do fluxo menstrual, as acadêmicas relataram normal (89,47%; n=221) com dor moderada (40,49%; n=100) e intensa (34,82%; n=86). Na intensidade do fluxo, foi afirmado a presença do mesmo de forma moderada (47,77%; n=118) e também com relato de dor moderada (22,67%; n=56) e intensa (20,65%; n=51). Nos sintomas de cólicas menstruais, afirmaram a presença desta dor desde a menarca (63,97%; n=158) e a classificaram como moderada (29,55%; n=73) e intensa (27,53%; n=68). Em relação ao início da dor menstrual, as participantes indicaram a faixa etária entre 12 a 14 anos (49,80%; n=123) e relataram sentir a mesma nas categorias moderada (21,46%; n=53) e intensa (22,27%; n=55). Ao ser questionado o período da menarca, as mulheres indicaram a idade entre 9 a 13 anos (86,64%; n=214) e desde esse período percebem a dor na categoria moderada (36,84%; n=91) e intensa (36,44%; n=90).

No teste de independência das variáveis foram identificadas as associações da duração do fluxo com a percepção de dor quantificada pela escala EVA (p. 0,0409), da intensidade do fluxo menstrual com a percepção de dor (p. < 0,0001), da menarca com a o nível de cólica percebido (p. 0,0517), (tabela 2).

Tabela 2. Distribuição da caracterização da dismenorreia, segmentados por dor, quantificada pela escala visual analógica (EVA), e, consolidados por frequência absoluta (fi) e seus percentuais equivalentes (%), coletados em quatro universidades do estado do Paraná, setembro, 2022.

Em relação a idade da primeira relação sexual, as mulheres abordadas afirmaram que tiveram a primeira experiência com a sexualidade na faixa etária 11 a 17 (59,11%; n=146) , e indicaram a dor EVA moderada (24,70%; n=61) e intensa (25,51%; n=63). Quanto à dor na relação sexual, relataram sentir raramente (31,98%; n=79) nas categorias moderada (10,93%; n=39) e intensa (9,31%; n=23). No uso de método contraceptivo, as acadêmicas afirmaram não utilizar nenhum (48,99%; n=121) e afirmaram sentir dor moderada (21,05%; n=52) e intensa (21,46%; n=53). Para o tratamento alternativo para dismenorreia, as participantes afirmam não fazer nenhum (52,63%; n=130) e com percepção de dor moderada (28,34%; n=70) e intensa (11,34%; n=28). Quanto às patologias pélvicas, afirmaram não possuir diagnóstico médico (74,90%; n=185) indicando a dor nas categorias moderada (35,22%; n=90) e intensa (25,51%; n=63). Quanto à procura médica, afirmaram ainda não ter buscado nenhum diagnóstico (56,68%; n=140) embora sintam de forma moderada (29,15%; n=72) e intensa (14,57%; n=36) a dor.

No teste de independência das variáveis foram identificadas as associações do tratamento alternativo para alívio das cólicas com a percepção de dor (p. < 0,0001), diagnóstico médico de alguma patologia pélvica com a o nível de cólica percebido (p. 0,0003), e a associação da procura de ajuda médica com a percepção de dor (p. 0,0001), (Tabela 3).

Tabela 3. Distribuição da caracterização clínica e sexual, segmentados por dor, quantificada pela escala visual analógica (EVA), e, consolidados por frequência absoluta (fi) e seus percentuais equivalentes (%), coletados em quatro universidades do estado do Paraná, setembro, 2022.

4. DISCUSSÃO

Estudo transversal de caráter quantitativo realizado em um Centro Universitário, localizado no interior do estado do Rio de Janeiro, por Silva et al. (2022), abordou uma amostra de 179 estudantes com característica de dismenorreia. Quanto ao perfil sociodemográfico, os autores registraram que as cólicas menstruais se faziam presentes em mulheres jovens. A presente pesquisa apontou dor moderada a intensa na faixa etária de 18 a 24 anos.

O estudo de que Frare et al. (2014) relatou que quanto menor a idade da mulher, maior a prevalência de dores menstruais, corroborado por Magalhães et al. (2021) que apresentou a faixa etária de 11 a 15 anos como sendo a de maior ocorrência das cólicas e dores abdominais.

Quanto aos hábitos sociais, o uso de tabaco foi um dos fatores associados à dor menstrual, devido a ação da nicotina na contração dos vasos. Por outro lado, há estudos que afirmam o fato de o tabaco liberar endorfina e dificultar a percepção da dor. Deste modo, as mulheres tabagistas podem afirmar sentir a diminuição da dor no uso da substância (SILVA et al., 2022). No estudo de Foz do Iguaçu, houve a predominância das não usuárias do tabaco, com queixa de dor de moderada para intensa.

No estudo de Borges et al. (2007), em relação ao estado civil, os autores relataram que as solteiras têm mais queixa de dor com tendência de redução com o aumento da idade. As mulheres casadas e mais velhas sentem menos dor. A presente pesquisa encontrou jovens universitárias, em relacionamento fixo, com queixa de dores moderadas a intensa.

Para Berardo et al. (2020), o entendimento sobre a normalidade do ciclo menstrual, dor menstrual, causas e consequências entre universitárias da área de saúde são precárias. Os autores indicam a importância de instituições de ensino superior avaliarem o desenvolvimento de políticas educativas focadas na saúde da mulher.

Quanto à caracterização da dismenorreia, em relação à frequência do fluxo, há maior risco para cólicas menstruais quanto mais irregular for o fluxo menstrual. Isso ocorre devido a liberação hormonal. Os hormônios agem promovendo a contração uterina, e com ela a causa da dor (OLIVEIRA et al., 2013; DALL’ACQUA et al., 2015). No estudo de Foz do Iguaçu, as mulheres com frequência de fluxo menstrual normal relataram sentir dor moderada a intensa.

Segundo Silva et al. (2019), a dismenorreia tem grande relação com a duração do fluxo e a cólica menstrual. A duração do fluxo está associada ao início do ciclo ovulatório, período de menor volume uterino. O fluxo menstrual está relacionado com a dor, geralmente intensa, pois é nesse período em que a mulher tem as contrações para a descamação cíclica do endométrio. No estudo de Foz do Iguaçu foi encontrada a associação, estatisticamente significativa, entre os níveis de dor e as variáveis duração e intensidade do fluxo menstrual.

Para Amaro et al. (2016), a dor menstrual intensa, presente desde a menarca, pode estar relacionada com algumas patologias, a exemplo da endometriose, das doenças inflamatórias, do mioma uterino, da estenose do canal cervical e dos cistos ovarianos além do uso do dispositivo intrauterino (DIU). Deste modo, é importante examinar a causa da dor. A pesquisa de Frare et al. (2014), adiciona a menarca precoce como um dos fatores de risco para a dor menstrual. Na presente pesquisa foi encontrada a associação dos níveis de dor com o período do início do ciclo menstrual.

Na caracterização clínica-sexual, Spinola et al. (2017) relatam que a iniciação sexual precoce está acontecendo cada vez mais cedo. Isso vem ocorrendo devido às mudanças hormonais que ativam o desejo sexual. Ainda nesse mesmo estudo os autores relatam que a dor menstrual não está associada ao início da vida sexual ativa. Por outro lado, indicaram a dor no ato sexual presente nessas mulheres. A dor no ato pode apresentar uma associação com a dismenorreia secundária, sendo mais comum o diagnóstico da endometriose.

Ballard et al. (2006) caracteriza a endometriose como a presença de tecido endometrial e estroma fora da cavidade uterina. Pode causar alteração do fluxo menstrual, infertilidade e dispareunia – que é a dor no ato sexual. No estudo de Foz do Iguaçu, as universitárias abordadas na pesquisa indicaram a faixa etária de 11 a 17 anos como o período em que a maior parte da amostra realizou a iniciação sexual. Essas mulheres também relatam dor intensa no período de fluxo menstrual.

Quanto à dor na relação sexual, a pesquisa de Gomes et al. (2016) mostrou que entre os 108 estudantes arguidos , 47,05% indicaram a presença de dor. Porém, os autores não encontraram associação desta dor com o diagnóstico da dismenorreia. As acadêmicas do estudo de Foz do Iguaçu indicaram raramente sentir dor no ato sexual.

Quanto ao uso de contraceptivos hormonais como forma de diminuição da dor, Silva et al. (2016) afirmaram em estudo que esse medicamento age na inibição ovulatórias. Ao inibir a ovulação, reduz os níveis hormonais durante a menstruação, reduzindo o fluxo menstrual e a presença de dor.

Além da ação dos fármacos na analgesia, a literatura indica tratamentos alternativos, tais como a atividade física, auriculoterapia, cinesioterapia, massoterapia e a eletroterapia. Todos esses tratamentos atuam no sistema modulador da dor e promovem redução da mesma (SILVA et al., 2017; RIBEIRO et al., 2020; SOARES et al., 2018).

O presente estudo encontrou uma associação, estatisticamente significativa entre os níveis de dor percebidos e a prática de tratamento alternativo para alívio das cólicas.

Estudo epidemiológico realizado por Silva et al. (2020), no estado de São Paulo, com 50 universitárias, mostrou que a maioria nunca procurou ajuda médica para investigação da dor menstrual. As entrevistadas no estudo dos autores afirmaram não possuir diagnóstico de patologias pélvicas. No estudo de Foz do Iguaçu foram encontradas associações entre as variáveis nível de dor com a presença ou não de ajuda médica e de diagnóstico.

Em relação à procura médica, o estudo de Berardo et al. (2020) ressalta a importância do conhecimento de diversos tratamentos para a dismenorreia, e, com isso, a necessidade de busca por profissionais especialistas na orientação e tratamento da dor. Segundo os autores, cabe ao profissional de saúde investigar a causa da dor, verificando se há ou não presença de patologias pélvicas.

5. CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a dor menstrual afeta negativamente as acadêmicas, em algum momento da vida, causando absenteísmo das atividades cotidianas e escolares. Apontou a idade como fator de risco para a dor pélvica e para a dismenorreia, uma vez que o público alvo foi composto por universitárias jovens, período de vida em que estão mais predispostas à liberação hormonal com ação na contração uterina, causando dores moderadas a intensas. O estudo encontrou associação estatisticamente significativa entre os níveis de dor percebido como leve, moderado e intenso com o momento da percepção da dor, ou seja, na menarca, com a duração e intensidade do fluxo menstrual, com os tratamentos alternativos para cólicas, com o diagnóstico médico para patologias pélvicas e com a ajuda médica.

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1.Acadêmica concluinte do curso de Bacharelado em Fisioterapia do Centro Universitário Uniamérica/Descomplica. https://orcid.org/0000-0002-1800-761X.

2.Fisioterapeuta pelo Centro Universitário Uniamérica/Descomplica. https://orcid.org/0000000349215224.

3.Fisioterapeuta. Especialista na Saúde da Mulher pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais; Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário União das Américas/Descomplica e orientadora do presente trabalho. https://orcid.org/0000000215176688.

4.Computação. Mestre em Engenharia de Software. Doutora em Engenharia da Produção. Professora da Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Uniamérica/Descomplica. https://orcid.org/0000000269065756. beatrizncorreia@hotmail.com; jana-fb@hotmail.com; tatiane.martins@descomplica.com.br; isabel.souza@descomplica.com.br