AUTOGENOUS GRAFTS VERSUS SYNTHETIC GRAFTS IN ORAL AND MAXILLOFACIAL SURGERY: A COMPARISON OF EFFICACY AND SAFETY
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10762184
Nívia Delamoniky Lima Fernandes; Alexandre Moura Leite; Aline Carla Frota Machado Lima; Camila Myssen Coelho de Souza; Denise Ledo Barreto; Diego César Marques; Janaina Mara de Souza Zerba Corrêa; Lucas Pires Da Silva; Marcela Ângela Ferreira da Silva; Maria Luiza dos Santos Stangherlin Tavares; Matheus Dilson Rocha Inoue; Raíny Sousa Andrade; Valdor Araujo Naves Neto; César Vinícius Gato Sena
RESUMO
Este artigo visa fornecer uma análise detalhada e comparativa da eficácia e segurança dessas duas abordagens. Por meio da revisão crítica da literatura disponível e da síntese de dados relevantes, buscamos fornecer subsídios que auxiliem os profissionais de saúde na tomada de decisões fundamentadas, contribuindo para a otimização dos resultados clínicos e aprimoramento das práticas cirúrgicas nesta área específica. Foram realizadas buscas avançadas utilizando estratégias detalhadas e individualizadas em quatro bases de dados: SciVerse Scopus, Scientific Electronic Library Online – Scielo e ScienceDirect. Os artigos foram coletados no mês de junho de 2023 e abrangeram o período de 2010 a 2023. A segurança dos enxertos autógenos, minimizando riscos de rejeição, contrasta com a praticidade dos enxertos sintéticos. A decisão deve ser personalizada, considerando a extensão do defeito ósseo, disponibilidade de material autógeno e preferências do paciente. Este estudo visa informar os profissionais de saúde, promovendo uma prática clínica mais orientada e adaptada às necessidades individuais, com o objetivo de otimizar os resultados e a satisfação do paciente na cirurgia bucomaxilofacial.
Palavras-chave: Odontologia. Enxertos ósseos. Benefícios.
SUMMARY
This article aims to provide a detailed and comparative analysis of the effectiveness and safety of these two approaches. Through a critical review of the available literature and the synthesis of relevant data, we seek to provide subsidies that assist health professionals in making informed decisions, contributing to the optimization of clinical results and improvement of surgical practices in this specific area. Advanced searches were carried out using detailed and individualized strategies in four databases: SciVerse Scopus, Scientific Electronic Library Online – Scielo and ScienceDirect. The articles were collected in June 2023 and covered the period from 2010 to 2023. The safety of autogenous grafts, minimizing risks of rejection, contrasts with the practicality of synthetic grafts. The decision must be personalized, considering the extent of the bone defect, availability of autogenous material and patient preferences. This study aims to inform healthcare professionals, promoting a more oriented clinical practice adapted to individual needs, with the aim of optimizing results and patient satisfaction in oral and maxillofacial surgery.
Keywords: Dentistry. Bone grafts. Benefits.
1 INTRODUÇÃO
A cirurgia bucomaxilofacial engloba uma variedade de procedimentos que visam restaurar a funcionalidade e estética da região craniofacial. O uso de enxertos ósseos representa uma prática consagrada nesse campo, sendo essenciais para superar deficiências ósseas resultantes de trauma, doenças ou procedimentos cirúrgicos prévios. Diante da diversidade de enxertos disponíveis, a escolha entre enxertos autógenos e enxertos sintéticos torna-se uma decisão crucial, suscitando debates sobre a eficácia e segurança dessas abordagens (NEUROCIR, 2011).
A utilização de enxertos autógenos, provenientes do próprio paciente, tem sido tradicionalmente considerada como padrão-ouro devido à sua biocompatibilidade, baixo risco de rejeição e capacidade de fornecer uma matriz osteoindutiva. No entanto, enxertos sintéticos têm emergido como alternativas promissoras, oferecendo vantagens como disponibilidade imediata e a eliminação da necessidade de uma segunda área doadora. Essa dicotomia entre abordagens autógenas e sintéticas levanta questionamentos sobre a superioridade em termos de eficácia e segurança (NEUROCIR, 2011).
A literatura atual apresenta uma gama de estudos que investigam essas duas modalidades de enxertos na cirurgia bucomaxilofacial, mas a heterogeneidade dos resultados e metodologias dificulta uma conclusão definitiva sobre a preferência clínica. Nesse contexto, este artigo propõe uma revisão abrangente e uma análise comparativa entre enxertos autógenos e sintéticos, com o objetivo de elucidar as diferenças em termos de eficácia e segurança na cirurgia bucomaxilofacial (FAVERANI et al., 2014).
Diante da complexidade inerente à escolha entre enxertos autógenos e sintéticos na cirurgia bucomaxilofacial, este artigo visa fornecer uma análise detalhada e comparativa da eficácia e segurança dessas duas abordagens. Por meio da revisão crítica da literatura disponível e da síntese de dados relevantes, buscamos fornecer subsídios que auxiliem os profissionais de saúde na tomada de decisões fundamentadas, contribuindo para a otimização dos resultados clínicos e aprimoramento das práticas cirúrgicas nesta área específica.
2 METODOLOGIA
Este artigo consiste em uma revisão integrativa de literatura de natureza qualitativa. A revisão de literatura permite uma investigação aprofundada de diversos autores e referências sobre um tema específico (PEREIRA et al., 2018).
Para a construção deste artigo, foi estipulado um plano metodológico composto por seis etapas, com o intuito de direcionar a estrutura da revisão integrativa. Essas etapas abrangem a concepção da questão direcionadora, a arrumação dos critérios de incorporação e exclusão, a investigação na literatura, a descrição dos dados extraídos de cada estudo, a avaliação dos estudos incluídos na pesquisa, a interpretação dos resultados e a exposição da revisão.
Foram realizadas buscas avançadas utilizando estratégias detalhadas e individualizadas em quatro bases de dados: SciVerse Scopus, Scientific Electronic Library Online – Scielo e ScienceDirect. Os artigos foram coletados no mês de junho de 2023 e abrangeram o período de 2010 a 2023.
A estratégia de pesquisa desenvolvida teve como objetivo identificar de forma precisa e abrangente os artigos relevantes para este estudo. Para isso, utilizou-se uma combinação estruturada de termos MeSH (Medical Subject Headings), considerando tanto o idioma português quanto o inglês. Essa abordagem permitiu uma busca abrangente e abrangente, abrangendo uma ampla gama de fontes de informação relevantes.
Foram adotados critérios de inclusão rigorosos para garantir a seleção dos artigos mais pertinentes para este estudo. Os critérios de inclusão abrangeram a inclusão de artigos completos, disponíveis na íntegra, provenientes das bases de dados mencionadas, nos idiomas inglês e português, desde que estivessem diretamente relacionados ao objetivo desta pesquisa. Por outro lado, foram aplicados critérios de exclusão para remover artigos incompletos, duplicados, resenhas, estudos in vitro e resumos, com base nos critérios predefinidos. Essa abordagem garantiu a seleção de artigos de alta qualidade e relevância para a análise e interpretação dos resultados obtidos.
A estratégia de pesquisa adotada baseou-se na avaliação dos títulos para identificar estudos relacionados ao tema em consideração. Em seguida, foram examinados os resumos e, se considerados pertinentes, os artigos completos foram selecionados para uma leitura detalhada. Na fase metodológica subsequente, foi realizada a investigação e a leitura abrangente dos artigos previamente selecionados, sendo cada um deles analisado de maneira criteriosa para determinar sua inclusão na amostra. Essa abordagem sistemática permitiu a identificação e seleção dos estudos mais adequados para integrar a revisão integrativa, garantindo a confiabilidade e validade dos resultados obtidos.
Dessa forma, a metodologia adotada neste estudo permite uma abordagem abrangente e sistemática da literatura existente sobre o tema, fornecendo uma base sólida para a discussão e conclusões apresentadas no artigo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base na exploração da literatura nas bases de dados eletrônicas mencionadas, foram encontrados 2795 artigos científicos, dos quais 324 apresentaram duplicações em dois ou mais índices. Após uma cuidadosa revisão dos títulos e resumos dos artigos restantes, 2390 foram excluídos. Em seguida, procedeu-se à leitura completa de 81 artigos, sendo que, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, apenas 22 artigos foram considerados adequados para serem incluídos neste estudo. Um fluxograma detalhado, representando todas as etapas de seleção, pode ser visualizado na figura 1.
Figura 1 – Fluxograma de identificação e seleção dos estudos.
Fonte: autores, 2024.
3.1 Eficácia dos Enxertos
Ao abordar a eficácia dos enxertos autógenos, destaca-se não apenas suas taxas de sucesso notáveis, mas também a riqueza de propriedades biológicas intrínsecas que os distinguem. A presença de células-tronco mesenquimais, fatores de crescimento e matriz extracelular contribuem não apenas para a formação óssea, mas também para uma regeneração tecidual mais abrangente. Essa complexidade biológica confere aos enxertos autógenos uma vantagem singular, promovendo uma resposta osteoindutiva robusta que pode acelerar a cicatrização e minimizar a reabsorção do enxerto (ZANOTTI et al., 2016).
Por outro lado, os enxertos sintéticos, embora tenham demonstrado resultados positivos em diversas circunstâncias, frequentemente carecem dessa riqueza biológica intrínseca. A eficácia desses enxertos muitas vezes depende de suas características físico-químicas, como a porosidade e a composição material. Isso pode resultar em um processo de regeneração mais gradual, às vezes inferiores ao observado nos enxertos autógenos. A falta de sinais biológicos intrínsecos nos enxertos sintéticos pode limitar sua capacidade de interagir dinamicamente com o microambiente circundante, influenciando a eficácia global do processo de regeneração óssea (KOS; BRUSCO; ENGELKE, 2006).
Outro ponto crucial na eficácia dos enxertos é a adaptação específica ao local do defeito ósseo. Enxertos autógenos oferecem uma versatilidade notável, moldando-se e integrando-se de maneira personalizada ao local receptor. A capacidade de fornecer uma arquitetura tridimensional anatomicamente precisa contribui para uma reconstrução mais precisa e eficiente. Enquanto isso, os enxertos sintéticos podem apresentar desafios na adaptação, especialmente em defeitos complexos ou irregulares, podendo exigir modificações adicionais ou resultar em resultados menos precisos (KOS; BRUSCO; ENGELKE, 2006).
3.2 Segurança e Complicações
A avaliação da segurança e complicações entre enxertos autógenos e sintéticos na cirurgia bucomaxilofacial revela uma panorâmica complexa, na qual cada abordagem apresenta considerações distintas (ZHAO et al., 2021).
Os enxertos autógenos demonstram uma excelente segurança, fundamentada na biocompatibilidade intrínseca. A origem autógena minimiza significativamente o risco de reações imunológicas adversas, resultando em baixas taxas de rejeição. Além disso, a riqueza de componentes biológicos naturais nos enxertos autógenos contribui para uma integração eficiente, reduzindo complicações como necrose e infecções. Apesar desses méritos, as complicações podem estar associadas à área doadora, sendo importante considerar cuidadosamente os riscos potenciais nesta fase do procedimento (ZHAO et al., 2021).
Em contraste, os enxertos sintéticos, embora tenham evoluído em termos de biocompatibilidade, apresentam uma complexidade diferente em relação à segurança. Reações inflamatórias locais e infecções emergem como desafios mais proeminentes, muitas vezes associados às características físicas do material sintético. A busca por uma composição que minimize reações adversas continua a ser um ponto focal na pesquisa desses enxertos. É crucial ressaltar que, embora complicações possam surgir, sua incidência geralmente é menor em comparação com os enxertos autógenos (TOLSTUNOV et al., 2019).
A escolha entre enxertos autógenos e sintéticos na perspectiva da segurança deve, portanto, considerar a saúde geral do paciente, histórico médico e a complexidade do procedimento. Em enxertos autógenos, a segurança é percebida na familiaridade biológica e na menor probabilidade de complicações relacionadas à rejeição. No entanto, a necessidade de uma segunda área doadora pode introduzir desafios adicionais. Nos enxertos sintéticos, a segurança é muitas vezes atribuída à menor probabilidade de complicações imunológicas, mas a atenção à seleção do material e a gestão de possíveis reações inflamatórias são pontos cruciais para garantir a segurança (CISZYŃSKI et al., 2023).
3.3 Fatores Influenciadores na Escolha
A decisão entre enxertos autógenos e sintéticos na cirurgia bucomaxilofacial é uma consideração complexa, influenciada por diversos fatores. A extensão da área a ser enxertada desempenha um papel crucial, com enxertos autógenos destacando-se em casos de reconstruções extensas devido à sua adaptabilidade tridimensional anatomicamente precisa. Em contrapartida, os enxertos sintéticos podem ser preferíveis em procedimentos menores, onde a disponibilidade imediata e a menor complexidade se sobrepõem aos benefícios adaptativos dos enxertos autógenos (LIU et al., 2019).
A disponibilidade de material autógeno também influencia a escolha, sendo que em situações onde há limitações nesse material, os enxertos sintéticos podem ser uma alternativa viável. Além disso, as preferências individuais do paciente desempenham um papel significativo. Pacientes que valorizam a natureza biológica dos enxertos autógenos e percebem um menor risco de complicações podem optar por essa abordagem, enquanto aqueles que buscam procedimentos menos invasivos podem considerar os enxertos sintéticos devido à disponibilidade imediata e à ausência da necessidade de uma segunda área doadora (LIU et al., 2019).
A ponderação cuidadosa desses fatores é essencial para orientar a decisão terapêutica. A versatilidade dos enxertos autógenos em procedimentos complexos pode ser determinante, enquanto a praticidade dos enxertos sintéticos pode ser um diferencial em casos mais simples. Ao considerar esses fatores, os profissionais de saúde podem tomar decisões informadas e personalizadas, alinhando a escolha do enxerto com as necessidades clínicas específicas de cada paciente. Essa abordagem visa otimizar os resultados clínicos e a satisfação do paciente, refletindo a evolução contínua na tomada de decisões na cirurgia bucomaxilofacial (CHAVDA; LEVIN, 2018).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, a escolha entre enxertos autógenos e sintéticos na cirurgia bucomaxilofacial é uma decisão complexa que envolve a ponderação de diversos fatores. Os enxertos autógenos destacam-se pela sua eficácia biológica e capacidade de adaptação anatômica, sendo ideais para procedimentos extensos e reconstruções detalhadas. Por outro lado, os enxertos sintéticos oferecem praticidade imediata, sendo mais apropriados para procedimentos menos extensos.
A segurança dos enxertos autógenos, minimizando riscos de rejeição, contrasta com a praticidade dos enxertos sintéticos. A decisão deve ser personalizada, considerando a extensão do defeito ósseo, disponibilidade de material autógeno e preferências do paciente. Este estudo visa informar os profissionais de saúde, promovendo uma prática clínica mais orientada e adaptada às necessidades individuais, com o objetivo de otimizar os resultados e a satisfação do paciente na cirurgia bucomaxilofacial.
REFÊRENCIAS
CHAVDA, S.; LEVIN, L. Human Studies of Vertical and Horizontal Alveolar Ridge Augmentation Comparing Different Types of Bone Graft Materials: A Systematic Review. The Journal of oral implantology, v. 44, n. 1, p. 74–84, fev. 2018.
CISZYŃSKI, M.; DOMINIAK, S.; DOMINIAK, M.; GEDRANGE, T.; HADZIK, J. Allogenic Bone Graft in Dentistry: A Review of Current Trends and Developments. International journal of molecular sciences, v. 24, n. 23, nov. 2023.
FAVERANI, L. P.; RAMALHO-FERREIRA, G.; SANTOS, P. H. Dos; ROCHA, E. P.; GARCIA JÚNIOR, I. R.; PASTORI, C. M.; ASSUNÇÃO, W. G. Técnicas cirúrgicas para a enxertia óssea dos maxilares – revisão da literature. Revista do Colegio Brasileiro de Cirurgioes, v. 41, n. 1, p. 61–67, 2014.
KOS, M.; BRUSCO, D.; ENGELKE, W. [Results of treatment of orbital fractures with polydioxanone sheet]. Polimery w medycynie, v. 36, n. 4, p. 31–36, 2006.
LIU, Y.; SUN, X.; YU, J.; WANG, J.; ZHAI, P.; CHEN, S.; LIU, M.; ZHOU, Y. Platelet-Rich Fibrin as a Bone Graft Material in Oral and Maxillofacial Bone Regeneration: Classification and Summary for Better Application. BioMed research international, v. 2019, p. 3295756, 2019.
NEUROCIR, A. B. Técnica pessoal para obtenção de enxertos ósseos cranianos. Arq Bras Neurocir, v. 30, n. 1, p. 25–29, 2011.
TOLSTUNOV, L.; HAMRICK, J. F. E.; BROUMAND, V.; SHILO, D.; RACHMIEL, A. Bone Augmentation Techniques for Horizontal and Vertical Alveolar Ridge Deficiency in Oral Implantology. Oral and maxillofacial surgery clinics of North America, v. 31, n. 2, p. 163–191, maio 2019.
ZANOTTI, B.; ZINGARETTI, N.; VERLICCHI, A.; ROBIONY, M.; ALFIERI, A.; PARODI, P. C. Cranioplasty: Review of Materials. The Journal of craniofacial surgery, v. 27, n. 8, p. 2061–2072, nov. 2016.
ZHAO, R.; YANG, R.; COOPER, P. R.; KHURSHID, Z.; SHAVANDI, A.; RATNAYAKE, J. Bone Grafts and Substitutes in Dentistry: A Review of Current Trends and Developments. Molecules (Basel, Switzerland), v. 26, n. 10, maio 2021.