Efficiency of soil amendment in the initial development of corn and rice in the cerrado
REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102411292137
Kezia Rayssa Rodrigues Lima
Nicolas Oliveira de Araujo
Resumo
A correção do solo é uma prática essencial para a melhoria da qualidade e produtividade em sistemas agrícolas, especialmente em regiões tropicais com alta acidez, como o cerrado. Este estudo avaliou os efeitos da correção do solo na germinação e no desenvolvimento inicial do milho (Zea mays L.) e do arroz (Oryza sativa L.), comparando as culturas em solos corrigidos e não corrigidos. Foram analisados parâmetros como taxa de germinação, comprimento da parte aérea e radicular, e peso de matéria seca. Os resultados indicaram que o milho apresentou maior sensibilidade à correção, com ganhos expressivos em todos os parâmetros, enquanto o arroz demonstrou menor resposta geral, refletindo suas características adaptativas a solos levemente ácidos. Este trabalho destaca a importância da correção do solo para a sustentabilidade agrícola e para o aumento da eficiência no uso de recursos, contribuindo para práticas agrícolas mais produtivas.
Palavras-chave: Acidez. Correção. Milho. Arroz.
Soil correction is an essential practice for improving quality and productivity in agricultural systems, especially in tropical regions with high acidity, such as the cerrado. This study evaluated the effects of soil amendment on the germination and initial development of corn (Zea mays L.) and rice (Oryza sativa L.), comparing crops in amended and unamended soils. Parameters such as germination rate, shoot and root length, and dry matter weight were analyzed. The results indicated that corn showed greater sensitivity to correction, with significant gains in all parameters, while rice demonstrated a lower overall response, reflecting its adaptive characteristics to slightly acidic soils. This work highlights the importance of soil correction for agricultural sustainability and increased efficiency in the use of resources, contributing to more productive agricultural practices.
Keywords: Acidity. Correction. Corn. Rice.
1. Introdução
A qualidade do solo é um fator determinante no desenvolvimento e na produtividade de culturas agrícolas. A correção do solo é uma prática utilizada para regular a acidez, promovendo assim um ambiente mais favorável para o crescimento das plantas. Em muitas regiões agrícolas, onde a acidez e a deficiência nutricional do solo são predominantes, como na região do cerrado, o uso de solos corrigidos pode resultar em uma germinação mais uniforme e um crescimento mais vigoroso das plantas.
Além de influenciar diretamente o desenvolvimento das culturas, a
correção do solo desempenha um papel importante na sustentabilidade dos sistemas agrícolas, uma vez que pode aumentar a eficiência no uso de recursos e reduzir a necessidade de insumos externos a longo prazo.
Neste contexto, a análise do crescimento inicial em diferentes condições de solo permite identificar as limitações impostas pela falta de correção e os benefícios potenciais de um manejo adequado solo.
O milho e o arroz estão entre as culturas mais cultivadas do mundo, sendo fundamentais para a alimentação humana e para a produção de insumos, na pecuária e na indústria. Essas culturas possuem características distintas quanto às suas necessidades nutricionais, e ao seu desenvolvimento. O milho por ser uma planta exigente em nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, tem seu desenvolvimento inicial favorecido em solos corrigidos (FAGERIA, 2007). Já o arroz, sensível a acidez e salinidade também se beneficia da correção do solo, que melhora a disponibilidade de nutrientes essenciais e reduz fatores limitantes ao seu crescimento (EMBRAPA, 2013).
A resposta dessas culturas à correção do solo oferece insights valiosos para o aprimoramento das práticas agrícolas, com o objetivo de aumentar a eficiência no uso de recursos como fertilizantes. Este estudo, ao analisar a germinação e o desenvolvimento inicial do milho e do arroz em solos corrigidos e não corrigidos, contribui para a identificação de práticas que possam melhorar a produtividade e
sustentabilidade dessas culturas, especialmente em solos com limitações químicas e físicas.
1.1. JUSTIFICATIVA
A realização deste estudo sobre a germinação e o desenvolvimento inicial de milho e arroz em solos corrigidos e não corrigidos é fundamentada na necessidade de otimizar o manejo para culturas essenciais à segurança alimentar e ao setor agrícola. O milho e o arroz representam uma parcela significativa da alimentação humana e animal, além de serem importantes fontes de matéria-prima para a indústria. Contudo, a baixa fertilidade natural e acidez do solo limitam a produtividade agrícola, tornando a correção do solo uma prática fundamental para melhorar a qualidade do ambiente radicular e maximizar o aproveitamento dos nutrientes e aumentar o potencial produtivo das culturas.
1.1. OBJETIVO
O objetivo deste artigo é avaliar o efeito da correção do solo no desenvolvimento inicial de milho e arroz, comparando as respostas de ambas as culturas em solos corrigidos e não corrigidos.
1.1.1. Objetivos específicos
Analisar e comparar as taxas de germinação das duas culturas em solos corrigidos e não corrigidos. Observar o crescimento da parte aérea ao longo de um período e
verificar as diferenças nas duas condições de uso. Medir o comprimento radicular e das plantas em cada condição de solo, observando como a correção afeta a capacidade de exploração e absorção de nutrientes.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A correção do solo é uma prática agrícola fundamental para corrigir a acidez e melhorar a disponibilidade de nutrientes essenciais para o desenvolvimento de plantas. Solos ácidos comuns em regiões tropicais, como o cerrado brasileiro, apresentam com frequência baixa disponibilidade de nutrientes como cálcio, magnésio e fósforo, além da alta concentração de alumínio, a calagem serve para neutralizar essa acidez, regular o pH e contribui para um ambiente radicular mais adequado.
A disponibilidade de nutrientes e o pH do adequado são fundamentais para a expansão celular e a formação de tecidos vegetais em solos corrigidos há maior eficiência no uso de recursos, o que reflete em sistemas radiculares mais profundos e robustos (MARSCHNER, 2012).
Solos corrigidos contribuem para o desenvolvimento uniforme e alto vigor das plantas, aumentando o potencial produtivo das culturas. Em solos corrigidos o sistema radicular tende a se desenvolver de forma mais expressiva e profunda, o que aumenta a resistência das plantas a períodos de seca e facilita o aproveitamento de nutrientes.
O equilíbrio entre o crescimento radicular e aéreo é fundamental para o crescimento saudável. O sistema radicular saudável sustenta a parte aérea, enquanto a parte aérea desenvolvida contribui para a fotossíntese e consequentemente para o crescimento das raízes.
O milho é uma cultura exigente em nutrientes, principalmente em nitrogênio, potássio e fósforo. A resposta dessa cultura a correção tende a ser expressiva, pois essa técnica favorece a disponibilidade desses nutrientes e estimula o desenvolvimento radicular. Estudos mostram que em solos corrigidos, o milho apresenta um crescimento radicular mais agressivo, o que permite maior absorção de nutrientes e proporciona maior sustentabilidade e resistência ao longo do ciclo.
O arroz é sensível a variações de pH, sendo mais adaptado a solos ligeiramente ácidos, no entanto solos com acidez extrema limitam o seu desenvolvimento. A correção moderada pode melhorar a germinação e favorecer o crescimento inicial. Permitindo que as raízes expandam com mais vigor e aumentando a disponibilidade de nutrientes essenciais. Essa prática contribui para que o arroz tenha um crescimento uniforme e favorece o desenvolvimento inicial da cultura, o que é essencial para obter o máximo potencial produtivo da cultura, especialmente em solos de baixa fertilidade.
A correção do solo não apenas melhora a produtividade agrícola, mas também contribui para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas. Ao criar um ambiente propício para o desenvolvimento radicular e aéreo, a aplicação de técnicas de manejo adequadas reduz a dependência de insumos externos, aumentando a eficiência do sistema produtivo (BRADY; WEIL, 2016). Solos corrigidos promovem um crescimento mais uniforme das culturas e permitem uma melhor resposta das plantas em períodos de estresse, como secas e evidenciando a importância dessa prática para a sustentabilidade agrícola em regiões com solos ácidos e de baixa fertilidade.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Os principais materiais utilizados no experimento foram sementes de milho (Zea mays L.) híbrido
P3707VYHe arroz (Oryza sativa L.) cultivar BRS A502, ambas foram adquiridas de fornecedores certificados para garantir a homogeneidade genética e o bom estado fitossanitário. O solo utilizado foi coletado em uma área com características representativas do cerrado, uma parte com alta acidez e outra já após o processo de correção.
As amostras de solo foram submetidas a medição do pH em água e em CaCl2. Foram utilizadas 3 amostras de cada tipo de solo com 10g cada. Em ambos os solos foi utilizado 100 kg/ha de P2O5, e 60 kg/ha de K2O.
Os recipientes utilizados foram sacos plásticos para mudas, preenchidos com solo corrigido e não corrigido sendo 15 unidades de cada cultura para cada condição de solo.
Após a coleta, tanto o solo corrigido quanto o não corrigido recebeu a mesma quantidade de K2O e P2O5. Em cada recipiente foram plantadas 2 sementes de milho e 2 sementes de arroz, que após a germinação foram desbastadas totalizando assim 15 sacos com 15 plântulas cada, para cada condição de solo e cultura. Os sacos foram irrigados regularmente, mantendo o solo úmido, e as plântulas foram expostas às mesmas condições de luminosidade e temperatura. Durante o período de crescimento inicial, foram observadas a taxa de germinação e o desenvolvimento das plântulas.
Ao final do período experimental, 22 dias após o plantio, as plântulas foram retiradas dos sacos e em seguida foram realizadas as seguintes medições:
Comprimento da parte aérea: medido da base do caule até o ápice da planta.
Comprimento do sistema radicular: medido da base do caule até a extremidade das raízes.
Peso da matéria seca: após a coleta, as partes foram separadas e secas em estufa a 60 ºC por 72 horas e pesadas em balança de precisão.
4.RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Os dados mostram uma diferença significativa entre o crescimento de milho e arroz cultivados em solo corrigido e não corrigido, refletindo os benefícios da correção do solo na disponibilidade de nutrientes e na saúde das plantas.
O milho, em solo corrigido apresentou, maiores valores médios de comprimento de raiz e caule, com uma média total de crescimento superior ao encontrado em solo não corrigido. O arroz, por sua vez, teve apenas a altura da parte aérea favorecida pelo solo corrigido, enquanto o comprimento radicular não foi afetado pelo pH do solo (Tabela 1). Discutir esses resultados
Tabela 1. Altura da parte aérea (APA) e comprimento radicular (CR) de milho e arroz cultivados em solos com diferentes pH.
3,73 | Arroz | |
33,95 a | 8,54 a | |
6,57 | 18,07 b | 8,60 a |
*Letras representam diferença significativa pelo teste F (p≤0,05).
A análise de peso da matéria seca confirmou a vantagem de crescimento em solo corrigido apenas para ambas o milho. O peso de matéria seca da parte aérea e da raiz no milho corrigido foi superior em 92,2% e 51,6%, indicando uma maior capacidade de desenvolvimento estrutural e potencialmente, de produção de biomassa (Tabela 2). Esse aumento na matéria seca também evidencia um maior desenvolvimento radicular proporcionado pela correção do pH, possibilitando maior absorção de nutrientes e maior estabilidade das plantas de milho. Todavia, na cultura do arroz, tanto a matéria seca da parte aérea quanto a radicular não foram afetadas pelo pH do solo (Tabela 2).
Tabela 2. Matéria seca da parte aérea (MSPA) e matéria seca radicular (MSR) do milho e arroz cultivados em solos com diferentes pH.
3,73 | Arroz | |
0,054 a | 0,034 a | |
6,57 | 0,043 a | 0,03 a |
*Letras representam diferença significativa pelo teste F (p≤0,05).
A correção do solo mostrouse uma prática eficaz para melhorar o ambiente radicular, principalmente ao reduzir a toxicidade do alumínio e aumentar a disponibilidade de nutrientes. De acordo com Caires et al. (2011) a aplicação contínua de calcário melhora não apenas a fertilidade do solo, mas também promove o sequestro de carbono e a redução de impacto ambientais. Em regiões como o cerrado, onde a acidez do solo é um desafio, a
calagem melhora o pH do solo, favorecendo tanto a absorção de nutrientes quanto a resistência das plantas ao estresse hídrico. O desenvolvimento das raízes observado destaca um potencial maior de absorção de nutrientes, beneficiando a produtividade.
Apesar de ambas as culturas se beneficiarem da correção do solo, o milho apresentou maior crescimento em comprimento e peso de matéria seca em comparação com o arroz. Essa diferença reflete as necessidades nutricionais distintas de cada cultura, com o milho respondendo de maneira mais intensa ao ambiente rico em nutrientes. O arroz mostra menor resposta, sugerindo uma adaptação melhor a solos de acidez moderada. Esses resultados estão alinhados com a literatura que aponta o milho como uma cultura mais sensível à disponibilidade de nutrientes e ao pH do solo, enquanto o arroz possui uma tolerância relativa à acidez, desde que não seja excessiva.
Apesar de ambas as culturas se beneficiarem da correção do solo, o milho apresentou maior crescimento em comprimento e peso de matéria seca em comparação com o arroz. Essa diferença reflete as necessidades nutricionais distintas de cada cultura, com o milho respondendo de maneira mais intensa ao ambiente rico em nutrientes. O arroz mostra menor resposta, sugerindo uma adaptação melhor a solos de acidez moderada. Esses resultados estão alinhados com a literatura que aponta o milho como uma cultura mais sensível à disponibilidade de nutrientes e ao pH do solo, enquanto o arroz possui uma tolerância relativa à acidez, desde que não seja excessiva.
5. CONCLUSÃO
O arroz tem maior capacidade adaptativa de tolerar solos ácidos do que o milho.
REFERÊNCIAS
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