THE OBSTETRIC NURSE AS A FACILITATOR OF THE HUMANIZATION PROCESS DURING CHILDBIRTH
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10056523
Edna Cristina Conceição Fernandes1
Juliana Trindade da Silva2
Osmarina Pereira Martins3
Bruno Santos de Assis4
RESUMO
O Enfermeiro Obstetra presta assistência à mulher no ciclo gravídico e puerperal, avaliando as condições de saúde materna, o mesmo, deve está habilitado a conduzir o parto quando esse acontece de forma natural, examinar a gestante, verificar contrações, dilatações e demais alterações no funcionamento do organismo feminino acompanhando todo o processo, desde o planejamento da gestação, do parto e do pós-parto da paciente. O presente estudo possui como objetivos, apresentar o profissional Enfermeiro obstetra como protagonista da assistência ao parto humanizado, além de revelar os benefícios decorrentes de uma assistência de Enfermagem obstetra humanizada ao parto e descrever os principais desafios encontrados pelo Enfermeiro obstetra durante sua prática assistencial ao parto humanizado. Realizado através de um estudo sistemático de revisão de literatura descritivo e exploratório a fim de resumir e integrar as principais informações acerca do referido tema, levando em consideração assim vários autores.
Palavras-chave: Enfermeiro. Obstetrícia. Humanização. Parto. Mulher.
ABSTRACT
The Obstetrician Nurse provides assistance to women in the pregnancy and puerperal cycle, assessing maternal health conditions. of the female organism, following the entire process, from planning the patient’s pregnancy, childbirth and postpartum. The present study aims to present the professional obstetric nurse as the protagonist of humanized birth care, in addition to revealing the benefits arising from humanized obstetric nursing care for childbirth and describing the main challenges encountered by obstetric nurses during their childbirth care practice. humanized. Carried out through a systematic descriptive and exploratory literature review study in order to summarize and integrate the main information on the aforementioned topic, thus taking into account several authors.
Keywords: Nurse. Obstetrics. Humanization. Birth. Woman.
1. INTRODUÇÃO
A enfermagem tem participado das principais discussões acerca da saúde da mulher, juntamente com movimentos sociais feministas, em defesa do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento. Com isso, o Ministério da Saúde (MS) espera que investindo na capacitação de enfermeiras obstétricas e obstetrizes para atenção ao parto normal, além de promover ações educativas na Atenção Básica, onde é realizado o pré-natal, essas profissionais se capacitem e sintam -se aptas a fazer o parto normal de risco habitual com toda segurança e conforto para a paciente e para o bebê (FERREIRA JUNIOR, et.al, 2020).
Contudo por várias vezes, essas mulheres que encontram-se em um momento de vulnerabilidade são impedidas de ser acompanhadas por um familiar ou uma pessoa de sua escolha em algum momento durante a sua internação, sendo assim a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 1985, determina que a mulher tenha um acompanhante ao seu lado, devido os benefícios que esta prática oferece à mulher e ao bebê, no que diz respeito ao suporte emocional e sensação de segurança, conforme direito legais pela Lei 11.108, de 07 de abril de 2005, sejam no sistema púnico de saúde (SUS) ou na rede privada (CASTRO; ROCHA, 2020).
Contudo, ainda sobre o pensamento do autor supracitado, também pode-se verificar que procedimentos obstétricos sem o consentimento ou explicação, como a rotura precoce das membranas, uso de ocitocina, fórceps ou o uso da episiotomia, que consiste no corte da região do períneo da mulher, até mesmo a manobra de Kristeller que compreende na pressão no fundo do útero, toques vaginais constantes e de forma dolorosa realizados por vários profissionais, negação de algum tipo de alívio para a dor, restrição da parturiente ao leito, proibição de alimentar-se durante o trabalho, edema, tricotomia, cesarianas sem indicação ou justificativa plausível, forçamento a posição horizontal durante o parto, que além de retardar o trabalho de parto, aumenta as dores da contração segundo.
No Brasil, a humanização do parto e nascimento se tornam mais intensos no final da década de 1980, sendo colocado em foco por movimentos sanitarista, feminista e de redemocratização política. Ao longo de todo esse processo, várias críticas ao modelo médico de superioridade e liderança foram criticadas e pautadas ao reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos, a qualidade da relação interpessoal entre profissionais de saúde e usufruidores, além da democratização das relações de poder estabelecidas (CAPELANES, et.al; 2022).
Por fim, evidencia-se eventos desumanos durante o todo o ciclo gravídico e puerperal, sendo de forma verbal e/ou psicológica e física. Na violência verbal, as mulheres são desassistidas e destratadas por chorar ou gritar durante seu período de dor, emoção, alegria ou ansiedade no trabalho de parto, sendo tratadas por xingamentos, ameaças, gritos e humilhações, tais como: “não chora que no ano que vem você está aqui de novo”; “na hora de fazer não chorou/não chamou a mamãe, por que está chorando agora? ”; “Se gritar eu paro agora o que estou fazendo” e “Se ficar gritando vai fazer mal pro seu neném, ele vai nascer surdo (CASTRO; ROCHA, 2020).
Sobretudo, o presente estudo, justifica-se pela relevância do assunto estudado, uma vez que observa-se uma necessidade emergente de se tornar os processos do parto mais humanizados e também pelo aprofundamento do conhecimento dos profissionais de Enfermagem acerca deste processo de tão extrema importância para o início da vida.
Contudo, o presente estudo possui como objetivos, apresentar o profissional Enfermeiro obstetra como protagonista da assistência ao parto humanizado, além de revelar os benefícios decorrentes de uma assistência de Enfermagem obstetra humanizada ao parto e descrever os principais desafios encontrados pelo Enfermeiro obstetra durante sua prática assistencial ao parto humanizado.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A presente pesquisa trata-se de uma revisão de literatura, descritiva e exploratória, a qual tem o objetivo de resumir e integrar as principais informações acerca de um determinado assunto ou tema, levando em consideração assim vários autores.
Para a construção desta revisão, foram utilizados os seguintes documentos: pesquisa e consulta de artigos sobre a temática proposta, no período entre 2019 a 2023, foi abordada a pesquisa do ponto de vista técnico bibliográfico.
A seleção dos documentos para este estudo considerou um recorte temporal de cinco anos e a coleta dos dados foi realizada no segundo semestre de 2023. Inicialmente, os artigos foram selecionados a partir dos títulos e resumos, e quando o título e/ou resumo se revelaram insuficientes, foi necessário a avaliação através da leitura na íntegra.
A busca foi realizada em seis bases de dados: Scielo, Lilacs, PubMed, Redalic, Ministério da Saúde e BDENF e um artigo em inglês.
Sendo assim foram selecionados 23 artigos, incluindo portarias, cartilhas, decretos e leis. Para essa seleção, foi construído a estratégia de busca com os seguintes descritores: Enfermeiro obstetra, Enfermagem e a humanização, processo de humanização durante o parto, obstetrícia e seus desafios, e parto humanizado.
3. DESENVOLVIMENTO
Para o alcance dos objetivos propostos para essa revisão de literatura, o desenvolvimento de pesquisa encontra-se sistematizado em três eixos do saber, os quais descreve a seguir.
3.1. – O PROTAGONISMO DO ENFERMEIRO OBSTETRA NA ASSISTENCIA AO PARTO HUMANIZADO.
O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) foi instituído pelo Ministério da Saúde através da Portaria/GM nº 569, de 1/6/2000, para analisar as necessidades específicas à gestante, ao recém-nascido e à puérperas no período pós-parto, com o objetivo de proporcionar melhor acesso, acompanhamento do pré- natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, tendo dois aspectos fundamentais o de receber com dignidade a mulher, seus familiares e o recém-nascido nas unidades de saúde e a organização da instituição em criar um ambiente acolhedor (BRASIL, MINISTERIO DA SAUDE 2002).
A participação da enfermagem no cenário obstétrico é de fundamental e insubstituível importância, sobre tudo no parto humanizado, pois a mesma adota uma assistência empática, com equidade, de forma integral e individualizada para a parturiente, sem pré julgamentos, sem danos e sem intervenções desnecessárias, diminuindo os anseios da parturiente no momento de parto, proporcionando coragem e segurança necessária nesse momento ímpar na vida materna, além de estar presente nas 24 horas do dia, atendendo beira leito (SANTANA etal., 2023, p. 9313).
De acordo com Siqueira et, al. (2019) o enfermeiro obstetra tem um papel importante no cenário do parto humanizado, pois os mesmos assumem uma postura racional e objetiva, de maneira integral e individualizada, a partir do conceito do processo natural de parir. O que reflete na redução da ansiedade da parturiente, proporcionando-lhes mais coragem, conforto e segurança. Descrever a atuação do profissional de enfermagem nos cuidados e na atuação no parto humanizado podendo proporcionar a gestante um momento mais acolhedor e menos doloroso.
A enfermagem é parte complementar no seguimento do cuidar e não se limita somente à teoria. Nesse sentido, compreendemos um processo significativo no que, se refere à humanização do parto. Nessa perspectiva, baseia-se o parto como um processo psicocultural e social, em que a mulher é figura ativa e principal, que junto com a equipe de assistência, estabelece as condutas que serão efetuadas em seu trabalho de parto (Siqueira et al., 2019, p.2).
Dessa forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimula a atuação das enfermeiras obstetras na prestação de cuidados de saúde materna e neonatal no parto humanizado, garantindo mais respeito a fisiologia do parto e participação da mulher em todo o processo (OLIVEIRA et.al,2021).
Recentemente, a OMS publicou a Campanha “Nursing Now” juntamente com o Conselho Internacional de Enfermeiras e a Confederação Internacional de Parteiras, designando 2020 como ano das enfermeiras obstetras e parteiras. O objetivo dessa campanha é valorizar a contribuição de profissionais de enfermagem na melhoria das condições de saúde, e na ampliação ao acesso aos serviços de qualidade para as mulheres. Essa iniciativa favorece a visibilidade da enfermagem obstétrica mundialmente, bem como apoia o trabalho em conjunto das enfermeiras obstetras com outras profissões da saúde para o cuidado (OLIVEIRA et.al,2021, p. 4).
Segundo Santana et.al, (2023) a humanização vai além de tratar a gestante bem, ela busca oferecer uma escuta ativa às parturientes, valorizando suas queixas, desejos e dúvidas, sendo assim, o enfermeiro possui competência e autonomia para organizar e prestar atendimento ideal para as mulheres durante todo o trabalho de parto, contribuindo para que ela tenha confiança, segurança, bem – estar, conforto, buscando minimizar as dores, promovendo dessa forma empoderamento para amenizar o tão temido medo do parto.
Corroborando com isso, Monteiro (2022) diz que, a equipe de enfermagem deve estar devidamente qualificada para desempenhar as atribuições e produzir meios e recursos, para que não haja comprometimentos para a paciente.
Entretanto, o enfermeiro obstetra contribui para o parto natural humanizado, possuindo uma importante função no parto, pois é ele que faz o acompanhamento da grávida em todo o período da parição; faz orientações no que diz respeito aos métodos a serem realizados e proporciona cuidados que produzem vínculo afetuoso de toda a família, respeitando às necessidades tanto físicas quanto sentimentais. (SILVA; TAMIRES, 2021).
A inserção deste profissional na assistência obstétrica determina uma das técnicas que simplificam a elaboração de um atendimento mais humanizado, produzindo dessa forma uma maior independência da mulher relacionada ao parto (SILVA; TAMIRES, 2021, p.18).
Ainda sobre o pensamento das autoras supracitadas entende-se que o enfermeiro obstetra está entre os profissionais que possuem conhecimento para devolver o parto à fisiologia, onde a mulher volta a ser o sujeito, e protagonista no período do nascimento do seu filho, colaborando para o fortalecimento de um parto mais humano.
3.2. – BENEFICIOS DA ASSISTENCIA HUMANIZADA DO ENFERMEIRO OBSTETRA.
É de extrema importância relatar os benefícios de boas práticas obstétricas realizadas por esses profissionais durante o parto e o nascimento, pois diante delas há uma diminuição de ocorrências de violências obstétricas e a prevenção desses acontecimentos. Pode-se observar que a prática do acolhimento digno e respeitoso, no papel do enfermeiro nos cuidados físicos e emocionais, juntamente com condições adequadas do ambiente, para que a parturiente sinta-se à vontade, além de proporcionar a escuta ativa de suas dificuldades, anseios e medos, dúvidas sobre o momento em que está, ajuda a promover o controle da ansiedade, sendo bem comum a mulher vivenciar esses sentimentos nesse momento, diminuindo o risco de depressão pós- parto, estresse pós- traumático, pressão alta ou até mesmo desistência de um provável parto normal (CASTRO, ROCHA; 2020).
De acordo com um estudo qualitativo realizado com 12 mulheres, através de entrevistas semiestruturadas, 60 dias após o parto, a visão das parturientes que passaram pelo processo do parto normal, é que o parto fisiológico apresenta dor, porém suportável. Ressaltam também o parto normal como uma experiência satisfatória, ao invés daquela lembrança dolorosa, um sinônimo relatado por grande parte das parturientes que já vivenciaram esse tipo de parto no passado e em locais onde não há a presença e um Enfermeiro Obstétrico Humanizado. Sendo assim, evidencia-se que a recuperação pós-parto humanizado traz mais benefícios que a operação cesariana, pois nela, no começo, não há processo de dor, porém, após, há a possibilidade de haver uma dor persistente, o que faz com que muitas gestantes optem por procedimento cirúrgico, sem indicação, ao invés de passar por todo processo natural, de forma leve e tranquila, trazendo benefícios a mãe e ao bebê, de forma que haja conexão natural entre eles através de todo processo (BAGGIO et. al., 2021).
Entretanto, o Ministério da Saúde (MS) evidencia que a parturiente tem a necessidade da presença de uma pessoa que torne seu trabalho de parto e puerpério um momento de conforto e tranquilidade, tornando o momento mais seguro e com total colaboração e empenho para que o bebê e a parturiente saiam desse processo com uma vivencia única e tranquila, além de ser parte dos seus direitos. Logo, no Brasil, é recomendado que toda parturiente tenha alguém do seu lado que seja de sua escolha para lhe trazer tranquilidade, coragem e conforto em todo processo (HOLANDA et.al., 2018).
Contudo, diante de todo processo de humanização do Enfermeiro Obstétrico, é de grande relevância o papel do pai na promoção da saúde reprodutiva e sexual do homem de acordo com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde Do Homem (PNAISH), juntamente com ela, a Rede Cegonha estima a presença do pai no parto e durante todo o processo do trabalho de parto para a humanização do cuidado tendo como meio a qualificação da atenção à saúde obstétrica e infantil. Diante dessa temática, é possível nutrir possibilidades para imaginar e exercer os direitos e cuidados, incluindo no contexto da sexualidade e paternidade contribuindo assim, para a construção da imagem masculina, como também para a redução da vulnerabilidade feminina e masculina (BRAIDE, et.al, 2018).
Sobre tudo, estudos apontam que a presença do pai durante o processo do trabalho parto, causa a diminuição do desconforto e insegurança da mulher. A presença paterna tem grande importância para uma experiência única, memorável e agradável, sendo considerada uma das estratégias da humanização do parto, como também um método não farmacológico para o alívio da dor. Diante disto, consequentemente, tem-se a diminuição de procedimento e intervenções desnecessárias durante todo o processo do parto (QUITETE & MONTEIRO 2018).
Altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para garantir às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2005 p.1 col.3).
É importante ressaltar também que o processo de humanização do enfermeiro obstétrico durante o contato pele a pele entre a mãe e o bebê, logo após o parto, apresenta benefícios fisiológicos, psicoemocionais e clínicos para ambos. Além dos benefícios relacionados ao fortalecimento de vínculo, manutenção da temperatura corporal e favorecimento da amamentação, o contato pele a pele precoce é uma tecnologia nova que não gera custos adicionais para a instituição, tendo como benefícios a estimulação da amamentação, auxilia na sucção, no período e frequência do aleitamento materno, contribuindo com a redução da mortalidade neonatal e melhorar a saúde maternal, física e psíquica. Aumentando a satisfação das famílias e potencializa a qualidade da assistência prestada. Sendo fundamental o esforço prestado por toda equipe humanizada e principalmente pelo enfermeiro obstétrico para a realização dessa ação no pós-parto imediato, tendo como responsabilidade ética dar apoio a essa prática por meio de educação e implementação desde o acompanhamento pré-natal (SILVA, et.al, 2023).
No tocante a isso, o autor supracitado acrescenta que não ter o filho logo em seus braços após o parto, provoca na mulher muita insegurança, desespero e medo, e essa separação é um ato de violência obstétrica, pois tira da mãe e do recém- nascido a oportunidade de vivenciarem juntos um momento único.
Por conseguinte, durante todo processo de humanização do parto, foi observado pelo Enfermeiro obstétrico que ambiente com baixa luminosidade também trás efeitos benéficos para a parturiente, para o recém-nascido, acompanhante e o profissional que está diante de todo processo do parto, e como benefícios essenciais para o processo do parto, se destaca a tranquilidade, ela proporciona a diminuição de intervenções desnecessárias e também gera o aumento da atenção diante do momento vivido pela mulher e por todos os envolvidos, trazendo suavidade na forma de todo atendimento prestado (SHIMO, et.al, 2019).
3.3. – OS PRINCIPAIS DESAFIOS.
Diante de um cenário tecnologicamente avançado na área obstétrica, e não somente nela, o parto humanizado que antes era algo muito normalizado entre as famílias vem sofrendo uma grande transformação, visto que muitas técnicas a fim de proporcionar maiores benefícios vem sendo introduzidas nessa assistência. O parto humanizado é considerado um processo fisiológico e deve ser realizado com o mínimo de intervenções possíveis, visto que em tempos remotos os conhecimentos no formato empírico utilizado por parteiras sem nenhuma formação, era o bastante para trazer uma criança ao mundo, no entanto com o passar dos anos mudanças estruturais para implementação foram tomando forma e espaço na hora do parto, tanto para a parturiente, quanto para o bebê (RODRIGUES et. al, 2022).
Desse modo o parto humanizado consiste em deixar a natureza fazer o seu trabalho, realizando o mínimo de intervenções médicas e deixando que a mulher assuma o seu protagonismo. Em suma, é assumir uma postura respeitosa quanto aos desejos e necessidades da mãe e do bebê, levando em conta sempre sua saúde e bem-estar, é todo e qualquer parto que inclui respeito a parturiente, atendendo a suas vontades, respeitando suas limitações, opiniões e aguardando o tempo necessário para que tudo aconteça de forma natural, claro que dentro de um ciclo limitado de segurança (SANTANA et.al, 2023).
Santana (2023), segue mencionando que entre os muitos desafios que o Enfermeiro Obstetra enfrenta durante o parto humanizado, se destaca a falta de informação da parturiente, uma vez que mulheres totalmente despreparadas psicologicamente, que não conhecem e nem entendem as mudanças que está acontecendo com o próprio corpo ás leva a níveis de estresse emocional a ponto de não suportarem o processo natural do parto e logo pedem que seja administrado os métodos farmacológicos para o alívio da dor a fim de acabar logo com o processo doloroso do parto.
A mulher, ao possuir informações sobre seu quadro e sobre as ações direcionadas a ela, passa a se sentir acolhida, com autonomia para a tomada de decisão sobre o parto, compartilhando com os profissionais de saúde decisões e avaliações para a assistência de qualidade e possibilitando a efetividade dos seus direitos como parturientes (JACOB et.al, 2021 p.5).
Nesse sentido, é necessário destacar também o desafio do trabalho em equipe, o desafio de ser reconhecido como enfermeiro obstetra e não como uma doula, e não estou aqui desmerecendo as Doulas, más um enfermeiro obstetra precisa ser reconhecido como profissional capacitado para uma boa avaliação do parto, e para isso é necessário ter embasamento teórico forte, ele tem autonomia para fazer o toque, auscultar batimentos cardíacos fetais (BCF), pode assistir o parto e suturar a laceração do períneo, o Enfermeiro obstetra deve se posicionar com todo respaldo de um profissional que tem suas ações previstas na lei do exercício legal da profissão (JACOB et.al, 2021).
Considerando a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986 que que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, prevendo expressamente como atribuição do enfermeiro o acompanhamento da evolução e do trabalho de parto, a execução do parto sem distocia e a assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera, bem como prevendo especificamente para o enfermeiro obstetra a atribuição legal de assistência à parturiente e ao parto normal e identificação das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico, inclusive com a possibilidade de realização de episiotomia e episiorrafia, com aplicação de anestesia local, quando necessárias; (BRASIL,1986 p, 8853).
Toda via, a falta de estrutura física também é um desafio para o profissional da Enfermagem Obstétrica, e esse fator negativo, atinge diretamente o profissional obstetra, pois existem parturientes com condições financeiras o bastante para que seu parto humanizado seja realizado numa piscina, banheira, ofurô, em hospitais particulares, e até mesmo em espaços que estão sendo criados para essa finalidade, e que geralmente tem um custo muito alto, no outro extremo existe as parturientes que nem tem a banheira do bebê ainda, com condições financeiras precárias, essas, procuraram o hospital público no intuito de vivenciar um parto humanizado, más com todas as dificuldades não encontram nem mesmo uma maca para se deitarem, nesse momento o enfermeiro obstetra e toda equipe, se pega em uma situação de total impotência (SILVA et.al, 2023).
No tocante a desafios, não se pode deixar de mencionar a falta de profissional, conforme Brasil (2017), esse é um problema que atinge não somente os centros de obstetrícia, más o hospital como um todo. Hospitais lotados, falta de pessoal, equipes desfalcadas e sobrecarregadas, profissionais cansados e desmotivados, isso é só um ponta do iceberg.
Por último, más não menos importante, a intervenção médica, eles geralmente não são longânimos, e diante de um trabalho de parto que duraria horas a finco, logo são prescrito fármacos como a Ocitocina em doses altas, que é utilizada para a indução e aumento da dilatação do colo uterino, além de acelerar o trabalho de parto, vale ressaltar que em alguns casos a Ocitocina é necessária, dentro de dosagens corretas, em outros não é necessária, pois já é produzido pelo corpo humano a ocitocina exógena em quantidades suficientes para o processo natural do parto humanizado, com essa intervenção medicamentosa, pode levar ao sofrimento fetal, se fazendo a necessário uma cesariana forçada, e tudo isso, causado pela falta de paciência do médico, ou as vezes até mesmo pelas super lotações dos hospitais e das altas taxas da demanda hospitalar que nesse caso, foge totalmente do controle, e os profissionais não tem outra escolha se não a brevidade nos procedimentos (JACOB et.al, 2021).
O Ministério da Saúde cria sistema de monitoramento online para acompanhar a quantidade de partos cesáreas nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Medida visa reduzir a realização desse tipo de procedimento quando desnecessário. Por isso, a pasta quer identificar os serviços, para que juntos possam realizar ações para aumentar o número de parto normal, como primeira opção para o nascimento. Objetivo é que a equipe e gestante discutam o plano de parto para que seja feita a escolha pelo melhor tipo de procedimento que não coloque em risco a vida da mãe e do bebê (BRASIL, 2018 p. 1-5).
Com isso o Ministério da Saúde (MS) espera que investindo na capacitação de enfermeiras obstétricas e obstetrizes para atenção ao parto normal, além de promover ações educativas na Atenção Básica, onde é realizado o pré-natal, essas profissionais se capacitem e se sintam aptas a fazer o parto normal de risco habitual com toda segurança e conforto para a paciente e para o bebê (BRASIL, 2018).
As enfermeiras obstétricas utilizam, na sua assistência, estratégias não farmacológicas para alívio da dor e práticas integrativas, como massagens, deambulação, bola suíça, banho de aspersão e imersão, ambiente com penumbra, rebozo, acupuntura, aromaterapia, musicoterapia e cromoterapia. Todas essas estratégias estão sustentadas nos benefícios para um parto fisiológico e contribuem para a qualidade e a segurança perinatal. Os cuidados das enfermeiras obstétricas se sustentam como uma tecnologia segura e previnem intervenções desnecessárias, pois são tecnologias que reforçam a naturalização dos aspectos fisiológicos da parturição e estão centradas no rompimento do modelo hospitalocêntrico e intervencionista (JACOB et.al, 2021 p.6).
Silvana et.al, (2021), salientou que é urgente o fortalecimento e o investimento no sistema único de saúde (SUS) e nas políticas orientadas às mulheres que ofereçam suporte à saúde e direitos reprodutivos e ampliação da qualidade da atenção materna e neonatal durante todo o processo entre a gestação e o nascimento, e não bastando somente isso, Inclui-se, ainda, a valorização dos trabalhadores de saúde, o reconhecimento das dificuldades enfrentadas todos os dias pelos Obstetras que se desdobram para proporcionar o mínimo de conforto possível a parturiente, e aprimoramento da estrutura hospitalar e dos sistemas de informação e uma relação mais inclusiva, dando voz às mulheres.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo, revelou que o profissional de Enfermagem Obstétrico é um protagonista ao parto humanizado, e por meio deste foi possível constatar a importância do enfermeiro obstétrica como facilitador dos processos de humanização durante o parto, sendo o mesmo responsável por analisar os riscos do parto, orientar e direcionar as condutas da equipe de enfermagem, elaborar e gerenciar um plano de ações e cuidados com a assistência ao parto verificando a presença de qualquer intercorrência que indique a possibilidade de intervenções médicas e cirúrgicas.
Revelou ainda que são vários os benefícios ocorrentes da assistência, entre eles, destacam-se o fortalecimento do vínculo entre mãe e filha, o estimulo ao aleitamento materno imediato, o contato pele a pele que acalma o bebê e dá conforto para a puérpera, a presença de um familiar que traz segurança e confiança durante todo o processo do trabalho de parto, desde as primeiras contrações até o nascimento.
Por fim, pôde-se observar também que são muitos os desafios encontrados pelo profissional em Enfermagem Obstétrica, e que dentre eles vale frisar, o uso de métodos farmacológicos para o alívio da dor que contribuem para intervenções não humanizadas, a falta de estrutura física nos hospitais, a falta de profissional, o mal dimensionamento de profissional e a intervenção médica, que muitas vezes faz com que o processo de espera pelo parto normal humanizado seja interrompido.
Sendo assim, observa-se a importância de se trabalhar essa temática desde a a sua formação, e faz-se necessário estabelecer protocolos pré-estabelecidos que assegurem o cumprimento de todos os direitos da parturiente durante seu processo de parto, pois a humanização do parto, é um movimento voltado para o trabalho da individualidade e singularidade, procurando valorizar a autonomia e protagonismo da mulher, respeitando sua crença, valores e sistema cultural, procurando trazer grandes benefícios em todo processo de gestação, nascimento e período puerperal.
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1Discente do Curso de Enfermagem da UNILS, e-mail: edna.fernandes@lseducacional.com
2Discente do Curso de Enfermagem da UNILS, e-mail: juliana.t.silva@lseducacional.com
3Discente do Curso de Enfermagem da UNILS, e-mail: osmarina.martins@lseducacional.com
4Orientador- Enfermeiro Mestre em Ciência Política com linhas de pesquisa em Direitos Humanos, Cidadania e Estudos sobre a Violência, Professor e Coordenador do Curso Bacharelado em Enfermagem da UNILS,
e-mail: bruno.assis@ls.edu.