ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AOS PACIENTES COM EMERGÊNCIAS  PSIQUIÁTRICAS 

NURSING IN CARE FOR PATIENTS WITH PSYCHIATRIC EMERGENCIES 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411301750


Débora Vitória Mendes de Souza Lima1
Thauany Sara Gomes Martins1
Iane Brito Leal2


RESUMO 

Este artigo tem o objetivo de descrever a assistência de enfermagem aos  pacientes com emergências psiquiátricas. Trata-se de uma revisão de escopo  realizada durante os meses agosto de 2024 e setembro de 2024, mediante a pergunta  norteadora: “Qual é o papel da enfermagem na assistência a pacientes em  emergências psiquiátricas dentro das unidades de saúde mental?”. Foi pesquisado  nas bases de dados em saúde: PubMed e LILACS, considerando estudos em inglês,  português e espanhol. Foram encontrados 1.593 artigos gratuitos e completos na base  de dados PubMed, incluídos 5 artigos e excluídos 1.543 artigos. Na base de dados  LILACS foram encontrados 22 artigos gratuitos e completos, incluídos 6 artigos e  excluídos 16 artigos. Os resultados evidenciaram que a sobrecarga de trabalho e a  necessidade de lidar com pacientes em crise psíquica exigem que a contenção física  seja empregada apenas como último recurso, devido aos seus efeitos adversos tanto  físicos quanto psicológicos. Os profissionais demonstram dificuldades não somente  em compreender, mas também em lidar com as emergências psiquiátricas. É preciso  investir em educação continuada e capacitação em saúde mental para que os  enfermeiros possam oferecer um cuidado integral e humanizado aos pacientes em crise, contribuindo para a melhoria da assistência e a promoção do bem-estar tanto  dos pacientes quanto dos profissionais. 

Palavras-chaves: Psiquiatria. Transtornos Mentais. Cuidados de Enfermagem. Serviços de Emergência Psiquiátrica. 

ABSTRACT 

This article aims to describe nursing care for patients with psychiatric  emergencies. This is a scoping review carried out during the months of August 2024  and September 2024, using the guiding question: “What is the role of nursing in  assisting patients in psychiatric emergencies within mental health units?”. It was  searched in health databases: PubMed and LILACS, considering studies in English,  Portuguese and Spanish. 1,593 free and complete articles were found in the PubMed  database, including 5 articles and 1,543 articles excluded. In the LILACS database, 22  free and complete articles were found, 6 articles were included and 16 articles were  excluded. The results showed that work overload and the need to deal with patients in  mental crisis require that physical restraint be used only as a last resort, due to its  adverse effects, both physical and psychological. Professionals demonstrate  difficulties not only in understanding, but also in dealing with psychiatric emergencies.  It is necessary to invest in continuing education and training in mental health so that  nurses can offer comprehensive and humanized care to patients in crisis, contributing  to improving care and promoting the well-being of both patients and professionals. 

Keywords: Psychiatry; Mental Disorders; Nursing Care; Psychiatric Emergency Services. 

1. INTRODUÇÃO 

A enfermagem, em sua essência, é profundamente dedicada à promoção e  preservação da saúde, guiada por empatia e compaixão no cuidado de indivíduos,  grupos e famílias. O compromisso com o bem-estar do paciente é inabalável,  impulsionando o profissional a oferecer o melhor cuidado possível, mesmo diante das  adversidades que surgem no exercício da profissão. Nesse contexto, a enfermagem  psiquiátrica se destaca por sua trajetória de grandes transformações, superando um passado marcado por práticas opressivas e avançando em direção a um futuro  pautado pela humanização e pelo respeito à dignidade humana (Costa et al., 2019). 

Em seus primórdios, a enfermagem psiquiátrica era indissociável do  manicômio, onde o tratamento dispensado aos pacientes era marcado por práticas  coercitivas e desumanizantes. Essa realidade violava os direitos básicos dos  indivíduos, negando-lhes sua dignidade e autonomia. No entanto, a década de 1980  marcou um ponto de virada histórico: a Reforma Psiquiátrica, impulsionada pelo  Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental, trouxe uma ruptura radical com o  modelo tradicional. A partir de então, passou-se a priorizar o cuidado individualizado,  a escuta ativa, a construção de vínculos terapêuticos e o apoio à reinserção social  (Costa et al., 2019). 

A Reforma Psiquiátrica representou um marco decisivo na história da saúde  mental no Brasil. Fundamentada em princípios humanísticos e éticos, essa iniciativa  promoveu a desinstitucionalização, substituindo o modelo manicomial por uma rede  de serviços extra-hospitalares mais integrada à comunidade. Essa nova rede abrange  Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), serviços de atenção primária à saúde com  foco em saúde mental, residências terapêuticas, ambulatórios especializados, entre  outros (Costa et al., 2019). 

As emergências psiquiátricas constituem situações críticas que demandam  atenção imediata. Elas se manifestam por distúrbios no pensamento, nas emoções e  no comportamento do indivíduo, colocando em risco sua saúde psíquica, física e  social, além da segurança de terceiros. Nesse contexto, a avaliação e o tratamento  realizados por um profissional capacitado são fundamentais para prevenir danos  maiores e garantir a segurança tanto do paciente quanto das pessoas ao seu redor.  Uma intervenção rápida e eficaz pode ser decisiva entre um desfecho favorável e a  evolução para um quadro clínico mais grave. A emergência representa um conjunto  de interesses afetivos e práticos contrastantes, em que o paciente e sua crise são  apenas uma parte da situação a ser enfrentada. Portanto, a equipe de saúde deve  considerar todas essas variáveis no momento da avaliação (Ikuta et al., 2013).  

A equipe de enfermagem assume um papel crucial no atendimento às  emergências psiquiátricas. Cabe a esses profissionais a árdua tarefa de lidar com crises, tentativas de suicídio, auto e heteroagressão, e oferecer apoio ao paciente  após a superação da crise. No entanto, o exercício da função de enfermeiro nesse  contexto apresenta desafios singulares. O principal está na necessidade de enxergar  o paciente em sua totalidade, como um ser humano complexo que necessita de  atenção integral, indo além da mera contenção ou sedação. É fundamental superar o  legado manicomial e o paradigma ultrapassado de rotular o paciente psiquiátrico como  ‘’louco’’(Ikuta et al., 2013). 

O trabalho da equipe de enfermagem em emergências psiquiátricas é  permeado por dificuldades que exigem resiliência e compromisso. A baixa  remuneração, as precárias condições de trabalho e a desvalorização das áreas  psíquica e emocional do paciente são apenas alguns dos obstáculos que precisam  ser superados. Diante desse cenário, torna-se ainda mais premente a necessidade de  aprimorar a formação e a preparação dos profissionais de enfermagem para o  atendimento a pacientes com transtornos mentais (Ikuta et al., 2013). 

A assistência ao paciente em emergências psiquiátricas é fundamental para a  saúde mental, e a enfermagem desempenha um papel crucial nesse contexto. Assim,  o estudo proposto busca analisar a assistência da enfermagem aos pacientes  psiquiátricos no âmbito emergencial e compreender a necessidade de uma  abordagem humanizada para esses pacientes. A investigação pretende aprofundar a  compreensão dos desafios enfrentados pelos profissionais, dos preconceitos  presentes no atendimento e das necessidades de aprimoramento da formação em  saúde mental. Essa análise também pode subsidiar a formação de novos profissionais  o que garante um cuidado de qualidade e promove a reinserção social dos indivíduos  em crise. 

2. METODOLOGIA 

Esta revisão de literatura foi elaborada de acordo com metodologia de uma  análise de escopo. Essa análise está sendo utilizada na área da ciência em saúde  com a finalidade de sintetizar e disseminar os resultados de estudo. O objetivo de uma  análise de escopo é mapear e explorar a literatura existente sobre os temas,  identificando lacunas de conhecimentos e prioridades para pesquisas futuras (Ferraz  et al., 2024).

A identificação e seleção dos estudos ocorreram entre os meses agosto de  2024 e setembro de 2024, mediante a pergunta norteadora: “Qual é o papel da  enfermagem na assistência a pacientes em emergências psiquiátricas dentro das  unidades de saúde mental?” 

Foi realizada uma busca nas bases de dados em saúde: PubMed e Lilacs. A  estratégia de busca foi realizada com os seguintes descritores em inglês e português,  ”Psychiatry” OR ”Mental Disorders” AND ”Nursing Care” OR ”Patient Care Planning”  OR ‘’Patient Care’’ AND “Emergency Services Psychiatric”. 

Foram considerados elegíveis estudos publicados em inglês, português e  espanhol, nos últimos dez anos e disponíveis gratuitamente em formato eletrônico.  Trabalhos duplicados nas bases de dados e que não tratem sobre enfermagem e  emergências psiquiátricas em seus objetivos foram excluídos. 

O processo de revisão consistiu em dois níveis de triagem, a revisão de título e  resumo e a revisão do texto na íntegra. Para o primeiro nível, os títulos e resumos  foram lidos e analisados para identificar artigos potencialmente elegíveis. Na segunda  etapa, os artigos foram lidos na íntegra para determinar se atendiam aos critérios de  elegibilidade. 

Para extração dos dados dos artigos selecionados foi elaborada uma ficha  padrão com campos para coleta dos dados como, título, autores, ano de publicação,  tipo de estudo e local de realização. 

3. RESULTADOS 

Foram encontrados cerca de 1.593 artigos gratuitos e completos na base de  dados PubMed, baixados e lançados na plataforma Rayyan para inclusão e exclusão  dos artigos encontrados. Foram incluídos cerca de 5 artigos após realizar a leitura  completa de modo a assegurar que os mesmos contemplavam os objetivos do  trabalho e atendiam aos critérios de inclusão estabelecidos. Foram excluídos cerca  de 1.543 artigos que não se aproximavam dos objetivos do trabalho. Por fim, foram  encontrados cerca de 22 artigos gratuitos e completos na base de dados LILACS,  baixados na plataforma Rayyan e após a leitura completa dos artigos foram incluídos  5 artigos e excluídos 17 artigos.

Quadro 1 – Estudos incluídos na revisão de escopo e suas principais  características.

AUTOR E  ANOTÍTULO DO  ARTIGOTIPO DE  ESTUDOLOCALIDADE OBJETIVO
SOARES, et  al. (2014)Concepção de profissionais de saúde que atuam em  emergências de  Saúde Mental.Estudo  transversalHospitalar Percepção dos  profissionais de  saúde de  urgência sobre  a doença  mental e a  capacitação  dos que atuam  nesse serviço  de saúde  mental.
DIAS et al. (2017)Atitudes de  enfermeiros de  serviços de  urgência e  emergência  psiquiátricas  frente ao  comportamento  violentoEstudo  descritivo, exploratório  e  transversalHospitalar Equipe de  enfermagem  ficam sujeitas à  agressão  derivada do  comportamento  violento de  pacientes  psiquiátricos.
BURIOLA, et  al. (2017)Compreendendo  a dinâmica  assistencial do  serviço de emergência  psiquiátrica utilizando  avaliação de 4ª geração.Estudo de  casoHospitalar Estudo que  aborda as  preocupações e  questões de profissionais sobre a assistência  oferecida em  um serviço de  emergência  psiquiátrica.
LOPES, et al. (2018)Avaliação da adesão ao tratamento medicamentoso de pacientes com distúrbios psiquiátricos no serviço de emergência.Estudo  transversal  e analíticoHospitalar Analisar a  adesão ao  tratamento  medicamentoso  domiciliar e os  fatores  relacionados em pacientes  com  emergências  psiquiátricas  atendidos no  serviço de  emergência.
PEREIRA, et  al. (2019)O cuidado à  pessoa com  comorbidade  psiquiátrica em  emergência  geral: visão dos enfermeiros.Estudo  qualitativo,  descritivo,  e  exploratórioHospitalar Examinar os  desafios  enfrentados  pelos  enfermeiros no  atendimento a  pacientes com  comorbidades  psiquiátricas  em uma  emergência  geral.
GATTI, et al.  (2019)Classificação do  nível de dependência dos pacientes  psiquiátricos no serviço de emergência.Estudo  transversal,  descritivo e  quantitativoHospitalar Analisar os  níveis de  dependência de  pacientes com  transtornos  psiquiátricos  em serviços de  emergência.
Gerace A,  Muir-Cochrane  E. (2019)Percepções de enfermeiros que trabalham com consumidores  psiquiátricos sobre a eliminação do isolamento e da contenção em ambientes de internação psiquiátrica e departamentos de emergência: uma pesquisa australianaEstudo  qualitativoSites, plataformas de redes  sociais, boletins  informativos e filiais locaisEnfermeiros do  setor relatam  que a  contenção  física e o  isolamento de  pacientes são  utilizados como  último recurso  necessário para  manter a  segurança da  equipe de  enfermagem e  do paciente.
LOPES, et  al. (2020)Acolhimento da  pessoa em sofrimento  mental em serviço  hospitalar de emergência: pesquisa qualitativa.Pesquisa qualitativaHospitalar Recepção de  enfermagem a  pessoas em  sofrimento  mental na  Unidade de  Emergência de  um Hospital  Universitário.
MUÑOZ, et  al. (2021)Manejo inicial  de pacientes  com  envolvimento  psiquiátrico em  Departamento  de Emergência  hospitalarRevisão sistemáticaRede  eletrônicaGestão da  assistência do  enfermeiro a  pacientes em  emergências  psiquiátricas  para desenvolver  recomendações  práticas,  incluindo  estratégias  para lidar com  crises  psíquicas.
SABEH, et  al. (2023)Representações  sociais de enfermeiros de Unidade de Pronto Atendimento  sobre pessoas com transtorno mental.Estudo exploratório e qualitativoNão se  aplicaEntender a  relação entre o  profissional e o paciente com  transtornos  mentais, destacando o  cuidado  prestado pelos enfermeiros na Unidade de Pronto Atendimento.

4. DISCUSSÃO 

 Na década de 1970, o Brasil enfrentava um sistema psiquiátrico marcado  por condições precárias de cuidado, violação de direitos humanos e práticas arcaicas  de tratamento. Nesse contexto, tornou-se indispensável a implementação de  mudanças estruturais, que culminaram no desenvolvimento da Política Nacional de  Saúde Mental (Almeida, 2019).

Esse movimento buscou reformar o modelo de tratamento vigente,  promovendo a desinstitucionalização e priorizando a humanização do cuidado. Foram  criados os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), serviços comunitários que  substituíram progressivamente os hospitais psiquiátricos, proporcionando  acompanhamento contínuo e reintegração social para pessoas com transtornos  mentais (Almeida, 2019). 

A reforma foi impulsionada pela mobilização de diversos setores da  sociedade, incluindo profissionais de saúde, usuários dos serviços, familiares e  movimentos sociais. Por meio de conferências e debates, a construção coletiva dessa  política garantiu maior atenção aos direitos humanos e contribuiu para sua integração  ao Sistema Único de Saúde (SUS) (Almeida, 2019). 

A dinâmica de atendimento nas emergências psiquiátricas necessita incorporar  um cuidado que garanta que o indivíduo com transtorno mental e sua família não fique  desassistido, especialmente em situações de risco de suicídio. Desta forma, o Serviço  de Emergência Psiquiátrica é essencial para atender às demandas de cuidado em  saúde mental, promovendo a acessibilidade ao tratamento da doença e oferecendo  orientações sobre como lidar com essas questões no meio social e familiar (Buriola,  et al., 2017). 

O diagnóstico realizado durante o atendimento de emergência é crucial para a  terapia, prognóstico e abordagem do tratamento, podendo reduzir a morbidade e  melhorar a recuperação. Porém, ele costuma ser baseado em uma única avaliação,  sem considerar as informações dos acompanhantes, e o tempo para cada paciente é  limitado devido à alta demanda e rotatividade de pacientes. Isso dificulta um  atendimento que garanta diagnóstico, tratamento e encaminhamento adequado  (Lopes et al., 2018). 

Os enfermeiros necessitam de conhecimento teórico e prático para atuar de  forma competente. O fluxo intenso de pacientes requer eficiência, pois a enfermagem  é fundamental tanto no atendimento emergencial quanto na organização da unidade,  transformando-a em um ambiente centrado no indivíduo, em vez de apenas para a  doença (Pereira et al., 2019).

O protocolo de atendimento para pessoas com comorbidades  psiquiátricas classifica o paciente como laranja no sistema de Manchester de  Classificação de Risco, permitindo investigar queixas clínicas e encaminhar  emergências psiquiátricas à rede de saúde adequada. Embora essa prática possa  melhorar a qualidade do atendimento, há controvérsia entre profissionais sobre a  proposta de um fluxo que remova o paciente do serviço (Pereira et al., 2019). 

A Política Nacional de Atenção Básica permite a internação de indivíduos com  transtornos psiquiátricos em hospitais gerais. Quando não há necessidade de  internação, eles são designados para serviços que garantem a continuidade do  tratamento, ajudando a reduzir internações. O apoio dos enfermeiros facilita a  reintegração social ao fortalecer os vínculos entre o paciente, a família, a comunidade  e serviços extra-hospitalares (Gatti et al., 2019). 

A Política Nacional de Humanização destaca a importância do cuidado  humanizado, considerando aspectos físicos e psicossociais do paciente. Reconhecer  as vivências e objetivos de pessoas com transtorno mental ajuda os enfermeiros a  entender melhor o paciente, facilitando a conquista de sua confiança e permitindo um  manejo mais eficaz (Lopes et al., 2020). 

De acordo com Gatti et al. (2019), a Política Nacional de Atenção Básica  reforça a ideia de que a atenção aos transtornos psiquiátricos deve ir além da  internação, propondo a continuidade do tratamento em serviços extra-hospitalares.  Essa estratégia é fundamental para reduzir o número de internações e promover a  reintegração social do paciente. Nesse sentido, o enfermeiro desempenha um papel  essencial, pois atua como mediador no fortalecimento dos vínculos entre o paciente,  sua família, a comunidade e os serviços de saúde. Essa mediação é crucial para a  adesão ao tratamento e para o sucesso das intervenções de reabilitação psicossocial. 

Complementando essa perspectiva, Lopes et al. (2020) destaca a  importância da Política Nacional de Humanização na construção de um cuidado  humanizado, enfatizando a necessidade de considerar não apenas os aspectos  clínicos, mas também as vivências e os objetivos de vida do paciente. A humanização  do cuidado envolve reconhecer o indivíduo como um sujeito com histórias, desejos e  necessidades próprias, o que facilita a criação de um vínculo de confiança entre o enfermeiro e o paciente. Esse vínculo é determinante para a eficácia do manejo  terapêutico, pois possibilita que o paciente se sinta acolhido e compreendido. 

Ambos os autores convergem ao destacar o papel central do enfermeiro no  cuidado às pessoas com transtornos psiquiátricos. Gatti et al. (2019) enfocam a  importância da integração comunitária e dos serviços extra-hospitalares, enquanto  Lopes et al. (2020) ressaltam a relevância do cuidado humanizado como ferramenta  para alcançar melhores resultados terapêuticos. A união dessas abordagens  demonstra que o tratamento psiquiátrico deve ser compreendido como um processo  dinâmico e contínuo, que envolve tanto ações técnicas quanto relacionais. 

Pacientes com transtornos psiquiátricos apresentam uma taxa de  morbidade e mortalidade superior à da população geral. Além disso, indivíduos com  doença mental têm quase o dobro de probabilidade de desenvolver multimorbidades  em comparação com a população em geral (Schuller et al. 2023).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2012, mais de 450  milhões de pessoas no mundo convivem com transtornos mentais, gerando uma  superlotação sobre os serviços de psiquiatria. Essa situação contribui para uma  demanda elevada e não atendida, uma realidade já evidente. (Barros et al., 2019) 

A relação entre transtornos psiquiátricos e a saúde geral dos indivíduos é  complexa e preocupante. Os dados apresentados por Schuller et al. (2023) e Barros  et al. (2019) destacam tanto a vulnerabilidade clínica das pessoas com transtornos  mentais quanto os desafios enfrentados pelos serviços de saúde para atender  adequadamente essa população. 

A análise conjunta desses autores revela um ciclo preocupante, a alta  prevalência de transtornos mentais e suas complicações somáticas aumentam a  demanda por serviços, que, por sua vez, não conseguem absorver adequadamente  esses pacientes devido à escassez de recursos e infraestrutura. Isso gera lacunas no  cuidado, que contribuem para o agravamento das condições de saúde e a  perpetuação das desigualdades. 

As situações mais recorrentes em urgência e emergência estão ligadas aos  prontos atendimentos sendo o principal motivo de atendimento a agitação psicomotora  e agressividade, na maioria, pelos transtornos psicóticos e de humor pelo abuso de  substância (Barros et al., 2019).

No Brasil, a Portaria n° 2048/GM estabelece diretrizes para a Política Nacional  de Atenção às Urgências, incluindo a gestão das crises psiquiátricas, frequentemente  denominadas urgências psiquiátricas. Quando essas crises ocorrem no domicílio ou  em vias públicas, a responsabilidade técnica pelo atendimento cabe ao Serviço de  Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), em colaboração com a rede de atenção à  saúde mental, a polícia e o corpo de bombeiros (Barros et al., 2019). 

O Sistema Único de Saúde é a porta de entrada para esses transtornos,  têm como objetivo a promoção em saúde em diversos núcleos como o de Apoio à  Saúde da Família, residências terapêuticas, ambulatórios e leitos de atenção  psicossocial nos hospitais. que tem como finalidade o acolhimento de pessoas com  transtorno mentais, com objetivo de inseri-las no convívio comunitário e familiar,  buscando a autonomia desses pacientes (Barros et al., 2019). 

Por meio da inserção e solidificação da Rede de Psicossocial, vem crescendo  a desinstitucionalização psiquiátrica que tem como objetivo, ampliar a substituição das  internações manicomiais e asilar, favorecendo desse modo a reforma Psiquiátrica no  Brasil (Buriola et al., 2016). 

Há diversos métodos de contenção em pacientes com emergências  psiquiátricas; verbal, química e física, a utilização de fármacos vem para impedir  comportamentos destrutivos, sendo a via oral mais utilizada quando o paciente é  colaborativo, em casos de agitação e não cooperação utiliza-se a administração em  via intramuscular (Braga et al., 2016). 

A prática de ações violentas por pacientes com transtornos psiquiátricos pode  resultar em lesões e ameaçar a vida de outras pessoas (Muñoz et al., 2021). Ainda há  pacientes em surto psíquico tratados com intervenções repressivas. Os profissionais  de saúde frequentemente utilizam contenção e medicação para controlar a crise, o  que reflete uma abordagem influenciada pelo modelo asilar. A justificativa para o uso  de contenção física, mecânica e química é a proteção da equipe e dos profissionais  diante da agressividade do paciente (Sabeh et al., 2023). 

De acordo com Barros (2019), quando o paciente está com comportamento  agressivo e agitação psicomotora, a abordagem de acolhimento verbal não é  preferível para essa situação. A contenção física é utilizada quando se coloca em risco a vida do paciente e dos profissionais em saúde, por ter comportamento agressivo e  agitado, fazendo com que seus movimentos sejam limitados (Barros et al., 2019). Os autores concordam que as contenções devem ser utilizadas como último  recurso e sempre com justificativa clínica bem fundamentada. Eles também  convergem na necessidade de capacitação profissional para manejar crises  psiquiátricas, minimizando o uso de contenções físicas ou químicas e priorizando  intervenções preventivas e dialogadas. No entanto, enquanto Braga et al. (2016) e  Barros et al. (2019) oferecem uma visão mais prática sobre o uso emergencial dessas  medidas, Muñoz et al. (2021) e Sabeh et al. (2023) fazem críticas mais amplas às  implicações éticas e culturais associadas ao uso recorrente de práticas coercitivas. 

Um estudo realizado em um Colégio Australiano de Enfermeiros de Saúde  Mental, os enfermeiros do setor relatam que a contenção física e o isolamento de  pacientes são utilizados como último recurso necessário para manter a segurança da  equipe de enfermagem e do paciente, os mesmos discordam dos métodos de  contenção mecânica por não ser um tratamento humanizado; chegou a conclusão que  esse método era prejudicial para o relacionamento entre os pacientes (A. Gerace, E.  Muir-Cochrane, 2019). 

A recomendação de atendimento a pacientes em crise psíquica é envolta em  controvérsias, especialmente no que diz respeito ao uso de contenção, então o que  deveria garantir a segurança, dignidade e bem-estar do paciente, acaba ocasionando  efeitos físicos e psicológicos adversos, como desidratação, asfixia, aspiração,  hipertensão, arritmias, agressões de outros pacientes e, em casos extremos, até a  morte (Braga et al., 2016). 

O Protocolo do SAMU de 2016 orienta que o manejo de crises em saúde mental  começa pela avaliação do ambiente e comunicação para entender a emoção e o  estado mental do paciente. O tom de voz deve ser mantido normal, buscando  consenso. Caso o paciente tenha vínculo com CAPS ou UBS, essa informação pode  ser usada para tranquilizá-lo informando que entrará em contato com o profissional e,  em seguida, comunicará à Central de Regulação. Devem-se coletar dados sobre  diagnósticos anteriores, uso de substâncias, doenças clínicas, tratamentos prévios e  a capacidade de autocuidado.

Caracterizado por situações em que as mudanças no comportamento ou  estado emocional de uma pessoa exigem intervenções imediatas, superando a  capacidade dos serviços de saúde, assistência social ou judiciais disponíveis. Não  depende apenas da gravidade da condição do indivíduo, mas também da capacidade  dos serviços emergenciais de oferecer uma resposta rápida e apropriada (Braga et  al., 2019). 

O comportamento violento pode estar associado ao transtorno mental, e a  agressão por parte desses indivíduos é considerada um problema grave que vem  sendo vivenciado nos serviços de saúde, principalmente nas unidades psiquiátricas  de curta permanência. Por passarem mais tempo na interação com o paciente, o  enfermeiro e a equipe de enfermagem ficam sujeitos à agressão derivada do  comportamento violento. A abordagem que a equipe irá adotar depende das suas  crenças e atitudes diante das causas desse tipo de comportamento (Dias et al., 2017). 

Em situações de emergências e urgências psiquiátricas, profissionais relatam  que encontram diversos obstáculos na comunicação, no déficit de conhecimento e  experiência na área, além da sobrecarga e grande demanda de trabalho para esses  profissionais, além de hospitais e unidades de acolhimento com estrutura física  inadequada, poucos profissionais para a grande demanda, estigma de preconceito  com esses quadros, formando diversas limitações para uma assistência de  enfermagem adequada e de qualidade. (Barros et al., 2019) 

Segundo os profissionais da área, os usuários optam por buscar atendimento  na Emergência Psiquiátrica devido à qualidade da assistência, preferindo essa  unidade em vez de outros serviços da rede de atenção psicossocial. Há uma alta  demanda de pessoas com dependência química que recorrem à Emergência  Psiquiátrica, uma vez que não têm acesso a outras alternativas de serviços públicos  especializados para essa população devido a recursos financeiros insuficientes e  distância geográfica. Isso transforma o Serviço de Emergência Psiquiátrica em “porta  de entrada” para esses indivíduos, resultando em uma superlotação de pacientes  (Buriola et al., 2017) 

A escassez de serviços na Rede de Atenção Psicossocial compromete a  qualidade do atendimento na emergência. Assim, os profissionais se sentem frustrados por não conseguirem fornecer soluções eficazes nas ações de saúde,  assim como os familiares dos pacientes, que não possuem outras oportunidades de  tratamento (Buriola, et al., 2017). 

Em uma unidade de emergência psiquiátrica, o enfermeiro desempenha um  papel fundamental, oferecendo cuidados que incluem a administração de  medicamentos, o manejo de crises, o estímulo ao autocuidado, a supervisão da dieta,  a identificação de alterações psíquicas e a escuta atenta, sempre visando a alta  hospitalar do paciente. Além disso, a enfermagem deve garantir que o paciente receba  atendimento ambulatorial, como nos Centros de Atenção Psicossocial e nas Unidades  Básicas de Saúde, a fim de prevenir reinternações (Pereira et al., 2019). 

Os desafios do atendimento psiquiátrico emergencial e as lacunas na Rede de  Atenção Psicossocial (RAPS) são temas amplamente abordados por Buriola et al.  (2017) e Pereira et al. (2019). Esses autores discutem o impacto da falta de recursos  e da sobrecarga nas unidades de emergência psiquiátrica, destacando a atuação dos  profissionais de saúde, especialmente dos enfermeiros, na gestão das demandas e  na continuidade do cuidado. 

A análise conjunta dos autores revela uma convergência no diagnóstico dos  problemas estruturais e na relevância da atuação profissional. Ambos reconhecem  que a ausência de alternativas na RAPS sobrecarrega as emergências psiquiátricas,  criando um ciclo de atendimento inadequado. Enquanto Buriola et al. (2017) enfatiza  os fatores externos que levam à superlotação e o impacto na experiência dos  profissionais e das famílias, Pereira et al. (2019) destaca a importância das  intervenções da enfermagem no manejo das crises e na transição para serviços extra hospitalares. 

Essa análise aponta para a necessidade de medidas estruturais para  fortalecer a RAPS, com a expansão de serviços especializados, como CAPS e  unidades de atendimento a dependentes químicos, além de investimentos na  capacitação de profissionais. A integração entre a atenção emergencial e os serviços  ambulatoriais é essencial para garantir um cuidado contínuo e evitar que as  emergências psiquiátricas sejam utilizadas como a única opção de atendimento. 

Nesse cenário, o papel do enfermeiro é fundamental para promover um cuidado  centrado no paciente, acolhedor e articulado com as redes de suporte disponíveis. 

A análise dos estudos indica um consenso entre os autores sobre a questão da  sobrecarga de trabalho e a mobilização dos pacientes em crise psíquica. Observa-se  que há uma recomendação comum: a contenção física deve ser considerada apenas  em último recurso, devido aos seus impactos negativos, não só fisicamente, mas  também psicologicamente, para o paciente. O estudo de (Gerace e Muir-Cochrane,  2019) reforça essa ideia, concluindo que a contenção física prejudica a relação de  confiança entre paciente e enfermeiro, essencial para o cuidado e recuperação. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

De acordo com as fragilidades descritas, observou-se que os profissionais  apresentam insatisfação devido às dificuldades do sistema psiquiátrico, que incluem  espaços físicos inadequados, alto volume de atendimento, desfalque na quantidade  de profissionais e sobrecarga profissional. É evidente que os profissionais de  enfermagem enfrentam desafios ao lidar com pacientes em emergências  psiquiátricas, como estresse, falta de conhecimento em saúde mental e dificuldade  em expressar emoções como frustração, medo e angústia. 

É fundamental implementar ações de educação contínua e capacitação dos  profissionais nessa área, pois um enfermeiro que é bem tanto fisicamente quanto  psicologicamente consegue proporcionar um atendimento de qualidade aos pacientes  em crise psíquica. Para isso, é essencial mobilizar os gestores de saúde, para que  incentivem os profissionais a valorizarem o aprimoramento em suas carreiras e a  fortalecerem uma rede de atenção em saúde mental integrada e humanizada. 

Constata-se que a unidade de emergência enfrenta fragilidades no atendimento  à saúde mental devido à sobrecarga de profissionais. Na busca por uma evolução  assistencial dinâmica, o Serviço de Emergência Psiquiátrica se esforça para se  fortalecer, oferecendo um cuidado humanizado conforme as condições do ambiente.  (Buriola et al., 2017). 

REFERÊNCIAS

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