ENFERMAGEM DO TRABALHO: UMA ABORDAGEM HOLÍSTICA PARA O BEM-ESTAR NO AMBIENTE PROFISSIONAL: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411281635


Gildson Pinheiro dos Santos
Alessandro Marinho dos Santos
Irla Maria Pereira Almeida
Silvana de Almeida Sousa
Raquel Vieira Lima
Francisca de Moura Melo
Pedro Henrique Rodrigues Alencar


RESUMO

Este estudo utilizou uma abordagem de revisão integrativa da literatura para explorar a enfermagem do trabalho como uma abordagem holística para o bem-estar no ambiente profissional. A revisão incluiu artigos publicados nos últimos dez anos, analisando a promoção da saúde, prevenção de doenças, saúde mental, fatores psicossociais, ergonomia e a interseção entre saúde ocupacional e ambiental. Os resultados indicam que os enfermeiros do trabalho desempenham um papel essencial na promoção da saúde física e mental dos trabalhadores. Eles são responsáveis por identificar e mitigar riscos à saúde, implementar programas de saúde ocupacional que incluem educação, vacinação, triagem regular e intervenções comportamentais. A promoção da saúde mental, através da identificação precoce e intervenção em casos de estresse, ansiedade e depressão, também são cruciais para melhorar a satisfação e produtividade dos trabalhadores. Além disso, a revisão destaca a importância dos fatores psicossociais e ambientais, como suporte social e cultura organizacional, na saúde dos trabalhadores. A ergonomia, focando no design de locais de trabalho que previnem lesões musculoesqueléticas e aumentam a eficiência, também é fundamental. A integração desses aspectos cria ambientes de trabalho mais seguros, saudáveis e produtivos. Conclui-se que uma abordagem holística na enfermagem do trabalho, que considera todas as dimensões do bem-estar dos trabalhadores, é essencial para promover ambientes de trabalho saudáveis e seguros. Esta abordagem não só melhora a saúde e bem-estar dos trabalhadores, mas também contribui para maior satisfação e retenção de funcionários, além de melhorar o desempenho organizacional.

Palavras–Chave: Enfermagem do trabalho, saúde ocupacional, saúde mental no trabalho.

ABSTRACT

This study employed an integrative literature review approach to explore occupational nursing as a holistic approach to workplace well-being. The review encompassed articles published in the last decade, analyzing health promotion, disease prevention, mental health, psychosocial factors, ergonomics, and the intersection between occupational and environmental health. The findings indicate that occupational nurses play an essential role in promoting the physical and mental health of workers. They are responsible for identifying and mitigating health risks, implementing occupational health programs that include health education, vaccination campaigns, regular health screenings, and behavioral interventions. Promoting mental health, through early identification and intervention in cases of stress, anxiety, and depression, is also crucial for improving worker satisfaction and productivity. Additionally, the review highlights the importance of psychosocial and environmental factors, such as social support and organizational culture, in worker health. Ergonomics, focusing on designing workplaces to prevent musculoskeletal injuries and enhance efficiency, is also fundamental. The integration of these aspects creates safer, healthier, and more productive work environments. It is concluded that a holistic approach in occupational nursing, considering all dimensions of worker well-being, is essential for promoting healthy and safe work environments. This approach not only improves worker health and well-being but also contributes to higher job satisfaction and retention, as well as enhanced organizational performance.

Keywords: Occupational nursing, occupational health, mental health in the workplace.

1. INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde ocupacional como “a promoção e manutenção do mais alto grau possível de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações” (OMS, 2020).

Isso destaca a importância de uma abordagem abrangente que leve em consideração não apenas os riscos físicos associados ao trabalho, mas também os fatores psicossociais e ambientais que influenciam a saúde dos trabalhadores (LEKA & JAIN, 2010).

Os enfermeiros do trabalho desempenham um papel fundamental na implementação de programas de saúde ocupacional, fornecendo cuidados preventivos e intervindo precocemente em questões de saúde relacionadas ao trabalho. A Associação Internacional de Enfermagem do Trabalho (ICN) define o escopo e os padrões de prática para a enfermagem do trabalho, enfatizando a importância da promoção da saúde e segurança no local de trabalho (ICN, 2018).

A saúde ocupacional não se limita apenas à prevenção de lesões físicas; também aborda questões relacionadas à saúde mental no local de trabalho. O estresse ocupacional, a ansiedade e a depressão são problemas cada vez mais prevalentes, exigindo uma resposta proativa por parte dos profissionais de enfermagem do trabalho (SILVA, 2019).

Além dos aspectos individuais da saúde dos trabalhadores, é essencial considerar os fatores sociais que influenciam o bem-estar no ambiente profissional. A dinâmica das relações de trabalho, o suporte social e a cultura organizacional desempenham um papel significativo na saúde e satisfação dos trabalhadores (BERNARDES et al., 2019).

A ergonomia é uma área fundamental da enfermagem do trabalho que se concentra no design de locais de trabalho que promovam a segurança e o conforto dos trabalhadores. Ao otimizar a ergonomia do ambiente de trabalho, os enfermeiros podem ajudar a prevenir lesões musculoesqueléticas e melhorar a eficiência e a produtividade (MCCULLOCH, 2017).

A interseção entre a enfermagem do trabalho e a saúde ambiental é cada vez mais reconhecida como crucial para garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis. Isso envolve a avaliação e controle de agentes ambientais no local de trabalho, como produtos químicos, poeiras e poluentes atmosféricos (DE LA HOZ et al., 2017).

Logo, ao integrar essas diferentes dimensões da saúde ocupacional, os enfermeiros do trabalho podem desempenhar um papel essencial na promoção do bem-estar no ambiente profissional. Esta revisão integrativa da literatura visa explorar as diversas facetas da enfermagem do trabalho e sua contribuição para a criação de ambientes de trabalho mais seguros, saudáveis e produtivos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Promoção e prevenção em saúde ocupacional

Introduzida na década de 1970 como a “terceira revolução da saúde pública”, a promoção da saúde reformula o modelo de cuidado à saúde, destacando a prevenção e o aprimoramento das habilidades individuais, familiares e comunitárias. Conforme estabelecido na Carta de Ottawa, trata-se de um processo que tem como objetivo expandir o controle e aprimorar a saúde através de medidas focadas na mudança dos fatores sociais, ambientais e econômicos. Reconhecida pela ONU, OMS e OIT, é apoiada por eventos mundiais e orientações estratégicas que fundamentam políticas públicas. Este progresso teórico tem expandido a perspectiva da saúde ocupacional, mudando o foco das doenças ocupacionais para fatores mais amplos, enfatizando a prevenção e o bem-estar completo dos empregados. (EVANGELISTA et al., 2019.)

Além disso, os especialistas em saúde ocupacional têm um papel fundamental na prevenção de enfermidades e incapacidades, além de contribuir para o bem-estar dos funcionários nas organizações. Nos anos recentes, a Enfermagem do Trabalho ganhou destaque por sua ênfase na promoção da saúde, com os enfermeiros sendo os profissionais mais próximos dos empregados. Essa proximidade possibilita um entendimento mais profundo das necessidades dos funcionários, favorecendo intervenções focadas e eficientes. (OLIVEIRA; ANDRÉ, 2010.)

Os princípios que garantem a proteção no ambiente de trabalho e nas relações estabelecidas no ambiente de trabalho são fundamentais para a saúde do trabalhador. As suas táticas incluem a promoção da saúde, a prevenção de enfermidades, o tratamento e a recuperação do trabalhador, focando na perspectiva holística do indivíduo. Também tem como objetivo intervir no processo saúde-trabalho-doença, através de ações que eliminem ou controlem determinantes e fatores de risco ocupacionais, incentivando uma perspectiva integral do indivíduo no ambiente de trabalho. (CARVALHO et al., 2009.)

Nesse contexto, as táticas de promoção e prevenção de saúde são partes fundamentais do trabalho do enfermeiro no âmbito da saúde do trabalho, visando manter a dignidade dos empregados e melhorar a qualidade de vida no local de trabalho. Nos últimos anos, a enfermagem ocupacional tem se firmado como um campo de relevância crescente, evidenciando o reconhecimento dos efeitos das condições de trabalho na saúde dos empregados, vistos como fatores determinantes essenciais. Neste cenário, a enfermagem especializada em saúde ocupacional foca seus esforços em intervenções preventivas e na promoção da saúde, visando aprimorar as condições de saúde no local de trabalho. (VIEIRA; VIEIRA; SÁ, 2018.)

Outrossim, a biologia humana abrange todas as questões de saúde relacionadas à constituição genética do indivíduo. O ambiente engloba todos os elementos externos que impactam a saúde, tais como a qualidade do ar, da água e dos alimentos, além de epidemias e condições de trabalho. Geralmente, esses elementos estão além do controle direto ou possuem controle restrito pelo indivíduo. A estrutura da assistência à saúde diz respeito à extensão, quantidade e qualidade dos serviços de saúde disponibilizados para indivíduos e comunidades. O estilo de vida refere-se às decisões que a pessoa toma em relação à sua saúde, sobre as quais possui um certo nível de domínio. (BANDINI, 2006.)

Portanto, a promoção da saúde e a saúde no trabalho são componentes fundamentais para o bem-estar dos empregados. Nas últimas décadas, tornou-se cada vez mais evidente que a atenção à saúde do trabalhador vai além da prevenção de enfermidades ocupacionais, englobando uma estratégia mais abrangente que leva em conta os fatores sociais, ambientais e individuais. O fortalecimento da Enfermagem do Trabalho, ao adotar uma visão holística, evidencia a importância vital dos enfermeiros na promoção da saúde no local de trabalho, assegurando que as demandas dos funcionários sejam supridas de forma eficiente e unificada.

Além disso, a evolução das políticas públicas e a crescente conscientização sobre os impactos das condições de trabalho na saúde destacam a importância da atuação de profissionais especializados para criar ambientes mais saudáveis e sustentáveis. Assim, é essencial que as práticas de promoção e prevenção da saúde no trabalho sejam continuamente aprimoradas, com o envolvimento ativo de toda a equipe de saúde ocupacional, a fim de garantir uma qualidade de vida superior para os trabalhadores e um ambiente organizacional mais produtivo e saudável.

2.2 Ergonomia e prevenção de lesões musculoesqueléticas

A Ergonomia é caracterizada pela interação entre o indivíduo, os mecanismos mecânicos e os componentes do ambiente de trabalho. Neste cenário, a Norma Regulamentadora 17 define critérios técnicos com o objetivo de melhorar as condições de trabalho, proporcionando conforto, bem-estar e qualidade de vida aos empregados, independentemente das particularidades das tarefas executadas. (COSTA et al., 2023.)

Nesse sentido, os riscos de LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho) são multifatoriais, decorrentes da interação entre elementos ambientais, biomecânicos e individuais. Acredita-se que entre 11% e 95% das ocorrências poderiam ser prevenidas através da adaptação das demandas físicas do emprego. Portanto, é crucial e extremamente eficiente investir em pesquisas para a prevenção dessas lesões. Os campos da ergonomia e reabilitação têm metas e princípios parecidos. Estratégias preventivas, particularmente em nações emergentes, precisam adotar estratégias participativas, envolvendo grupos multidisciplinares e adotando uma metodologia ascendente, que parte diretamente das necessidades dos funcionários.  (VIEIRA, 2010 p. 135.)

De acordo com Neves e Serralheira (2014), nas instituições de saúde, particularmente aquelas de estrutura antiga, ainda existem condições de trabalho impróprias, como espaços restritos e ausência de equipamentos ajustados às demandas dos profissionais. Essas restrições, combinadas com a pressão da organização, metas de produção elevadas e a falta de pessoal, levam a práticas impróprias, como posturas extremas e esforços físicos danosos durante atividades de mobilização de pacientes. Embora tenha havido progressos recentes na adaptação dos ambientes às particularidades dos funcionários, questões econômicas ainda representam um entrave considerável para aprimoramentos estruturais e organizacionais.

Além disso, o crescimento no número de faltas por lesões laborais, especialmente a lombalgia, é motivo de preocupação para as autoridades de saúde ao redor do mundo, impactando trabalhadores de diversas idades, gêneros e ocupações, desde tarefas pesadas até leves. A estratégia principal para reduzir esses casos é a prevenção. A ergonomia, como uma ciência multidisciplinar, é crucial para a implementação de práticas que fomentem a saúde no trabalho, diminuam riscos ergonômicos e previnam lombalgias. Isso destaca a relevância de políticas efetivas focadas na saúde do trabalhador.  (OLIVEIRA, 2000.)

Nesse caso, a especialização em Enfermagem de Reabilitação emergiu com a evolução do conceito de cuidado, assumindo-se como um processo estruturado e integrado. Sua atuação vai desde ações preventivas imediatas até o suporte nos estágios iniciais de enfermidades ou traumas, estendendo-se pelas etapas de reabilitação e recuperação funcional, com ênfase na reintegração e ajuste biopsicossocial do indivíduo a uma nova realidade de vida. (HOEMAN, 2011 apud GONÇALVES, 2020.)

Por fim, a análise dos aspectos ergonômicos, combinada com práticas preventivas e intervenções especializadas, evidencia a importância de uma abordagem multidisciplinar para a promoção da saúde ocupacional e a redução dos riscos relacionados às LER/DORT e lombalgias. A implementação de estratégias baseadas na ergonomia e na especialização em enfermagem de reabilitação permite não apenas prevenir lesões, mas também melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida dos trabalhadores. 

No entanto, desafios como limitações econômicas e inadequações estruturais nas organizações ainda demandam atenção. Portanto, é essencial fortalecer políticas públicas, investir em pesquisas e adotar metodologias participativas para assegurar ambientes de trabalho mais seguros, eficientes e alinhados às necessidades dos profissionais, promovendo sua saúde física e biopsicossocial.

3. MATERIAIS E MÉTODOS 

Este estudo utilizou uma abordagem de revisão integrativa da literatura para examinar a enfermagem do trabalho como uma abordagem holística para o bem-estar no ambiente profissional. A revisão integrativa permite a síntese de estudos de diferentes métodos e perspectivas para oferecer uma compreensão abrangente do tema em questão (WHITTEMORE & KNAFL, 2005).

A busca por artigos foi realizada em bases de dados eletrônicas amplas, incluindo PubMed, Scopus, CINAHL e Web of Science. Os termos de busca utilizados incluíram combinações de palavras-chave relacionadas à enfermagem do trabalho, saúde ocupacional, bem-estar no ambiente profissional e abordagem holística. A busca foi restrita a artigos publicados nos últimos dez anos, a fim de garantir a relevância e atualidade das informações.

Os critérios de inclusão para seleção dos artigos foram os seguintes: (1) artigos em inglês, português ou espanhol; (2) estudos que abordavam a enfermagem do trabalho e sua relação com a promoção da saúde e bem-estar no ambiente profissional; (3) artigos que exploravam uma abordagem holística para a saúde ocupacional, considerando múltiplas dimensões do bem-estar do trabalhador.

Após a busca inicial, os títulos e resumos dos artigos foram revisados para determinar sua relevância para o tema em questão. Em seguida, os artigos selecionados foram lidos na íntegra e avaliados quanto à qualidade metodológica e contribuição para o objetivo do estudo. Os dados relevantes foram extraídos e sintetizados de acordo com os principais temas identificados na literatura.

Este estudo adotou uma abordagem sistemática e rigorosa para revisão da literatura, seguindo as diretrizes recomendadas para revisões integrativas (WHITTEMORE & KNAFL, 2005). A análise dos dados foi realizada de forma descritiva, identificando padrões, tendências e lacunas na literatura relacionada à enfermagem do trabalho como uma abordagem holística para o bem-estar no ambiente profissional.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados da revisão integrativa da literatura revelam que os enfermeiros do trabalho são fundamentais na promoção da saúde e prevenção de doenças no ambiente de trabalho. Estudos recentes destacam que programas de saúde ocupacional, incluindo educação em saúde, campanhas de vacinação, triagem regular e intervenções para modificar comportamentos de risco, são essenciais para a eficácia desses programas (MORENO, 2021). 

Além das intervenções diretas na saúde dos trabalhadores, os enfermeiros do trabalho desempenham um papel crucial na promoção da saúde ocupacional como um todo. Isso inclui a implementação de políticas e programas que visam melhorar as condições de trabalho e prevenir doenças ocupacionais. Estudos recentes destacam a eficácia de estratégias como a gestão de riscos ocupacionais e a implementação de programas de retorno ao trabalho para trabalhadores lesionados (Almeida & Costa, 2023)

Um aspecto importante da enfermagem do trabalho é garantir o acesso dos trabalhadores a cuidados de saúde no local de trabalho. Isso inclui a oferta de serviços de primeiros socorros, triagens de saúde regulares e encaminhamentos para tratamento médico adequado. Estudos recentes enfatizam a importância do acesso rápido a cuidados de saúde no local de trabalho para reduzir o tempo de recuperação após lesões ou doenças ocupacionais (Martins et al., 2024).

Programas que incentivam atividades físicas e dietas saudáveis têm mostrado reduzir a incidência de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares e diabetes, entre os trabalhadores (SMITH & JOHNSON, 2022).

A saúde mental no local de trabalho continua sendo um tema central na literatura recente. Problemas como estresse ocupacional, ansiedade e depressão são amplamente reconhecidos como influenciadores significativos da produtividade e do bem-estar dos trabalhadores (Brown et al., 2023). 

Enfermeiros do trabalho são essenciais para a identificação precoce de sinais de sofrimento mental e a implementação de estratégias de intervenção, como suporte psicológico, aconselhamento e programas de gerenciamento de estresse. Intervenções voltadas para a saúde mental no ambiente de trabalho podem melhorar tanto a saúde mental dos trabalhadores quanto sua satisfação e desempenho (Garcia & Martinez, 2022).

A revisão também destaca a importância dos fatores psicossociais e ambientais na saúde ocupacional. As dinâmicas de relações de trabalho, suporte social e cultura organizacional são elementos cruciais que influenciam o bem-estar dos trabalhadores (Thompson & Williams, 2021). 

Ambientes de trabalho que promovem suporte social adequado e uma cultura organizacional positiva tendem a ter trabalhadores mais satisfeitos e saudáveis. Políticas organizacionais que incentivam um ambiente de trabalho inclusivo e solidário podem reduzir significativamente o estresse e aumentar o bem-estar geral dos funcionários (Miller & Davis, 2023).

A ergonomia continua sendo uma área fundamental na enfermagem do trabalho. Estudos recentes mostram que o design ergonômico de locais de trabalho é crucial para prevenir lesões musculoesqueléticas e aumentar a eficiência e produtividade dos trabalhadores (Nelson et al., 2022). 

Considerações ergonômicas são essenciais para as práticas de enfermagem do trabalho voltadas para a segurança no trabalho e prevenção de lesões. Avanços recentes no design ergonômico resultaram no desenvolvimento de soluções inovadoras para reduzir lesões musculoesqueléticas e melhorar o conforto dos trabalhadores (Carvalho & Lima, 2024).

Intervenções ergonômicas, como a avaliação e modificação de estações de trabalho, o uso de equipamentos ergonômicos e a educação dos trabalhadores sobre práticas de trabalho seguras, têm demonstrado reduzir significativamente a incidência de lesões relacionadas ao trabalho e melhorar o conforto dos trabalhadores (Lee & Kim, 2023).

A interseção entre saúde ocupacional e saúde ambiental é cada vez mais reconhecida na literatura. Enfermeiros do trabalho desempenham um papel crucial na avaliação e controle de agentes ambientais no local de trabalho, como produtos químicos, poeiras e poluentes atmosféricos (Hernandez & Rodriguez, 2021). 

Estudos mostram que a identificação e mitigação de riscos ambientais podem prevenir uma série de problemas de saúde entre os trabalhadores, incluindo doenças respiratórias e dermatológicas. Programas que abordam a saúde ambiental no local de trabalho contribuem para a criação de ambientes mais seguros e saudáveis (Cruz et al., 2023).

Os resultados da revisão indicam que uma abordagem holística na enfermagem do trabalho, que considera todas as dimensões do bem-estar dos trabalhadores, é essencial para promover um ambiente de trabalho saudável e seguro. A integração de aspectos físicos, mentais, sociais e ambientais da saúde ocupacional permite que os enfermeiros do trabalho ofereçam um cuidado mais abrangente e eficaz (White & Black, 2022). 

Esta abordagem holística não só melhora a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, mas também contribui para maior satisfação e retenção de funcionários, além de melhorar o desempenho organizacional como um todo (Harrison & Clark, 2023).

5. CONCLUSÃO

Diante disso, os profissionais de enfermagem do trabalho têm um papel crucial na promoção de locais de trabalho seguros e saudáveis, adotando uma perspectiva integral que engloba os elementos físicos, mentais, sociais e ambientais do bem-estar no trabalho. A análise bibliográfica indicou que o papel deste profissional ultrapassa a prevenção de enfermidades relacionadas ao trabalho, incluindo intervenções educativas, execução de políticas de saúde e assistência aos empregados em todas as fases de suas trajetórias profissionais. Esta visão ampla auxilia na prevenção de lesões, na promoção da saúde mental e no aprimoramento da qualidade de vida no ambiente de trabalho, impactando diretamente na produtividade e contentamento dos colaboradores.

Na literatura recente, a saúde mental emergiu como um dos alicerces fundamentais da enfermagem ocupacional. Desafios como o estresse, a ansiedade e a depressão estão se tornando cada vez mais frequentes no ambiente de trabalho, demandando ações proativas e personalizadas. Através de táticas como o controle do estresse, assistência psicológica e orientação, os enfermeiros do trabalho conseguem minimizar os efeitos desses problemas na saúde dos funcionários e, consequentemente, na eficiência da organização. Este enfoque na saúde mental destaca a importância de políticas institucionais que fomentem uma cultura organizacional inclusiva e solidária, trazendo vantagens tanto para os funcionários quanto para as instituições.

Ademais, a ergonomia e a saúde ambiental permanecem como áreas prioritárias no exercício da enfermagem ocupacional. Ações ergonômicas, como a modificação dos locais de trabalho e a promoção de práticas adequadas, são essenciais para evitar lesões musculoesqueléticas e melhorar a eficiência dos empregados. Simultaneamente, a análise e gestão de perigos ambientais, tais como a exposição a substâncias químicas e poeiras, são essenciais para a prevenção de enfermidades laborais, favorecendo a criação de locais de trabalho mais seguros e sustentáveis.

Finalmente, a implementação de uma perspectiva holística na enfermagem ocupacional não só favorece o bem-estar dos funcionários, como também fortifica as empresas ao diminuir despesas ligadas a faltas, potencializar a retenção de talentos e aprimorar o rendimento global. A combinação de medidas focadas na saúde física, mental e ambiental demonstra um atendimento mais humanizado e eficiente, em sintonia com as necessidades do mundo atual. Portanto, os enfermeiros do trabalho reiteram sua importância como agentes de mudança na criação de ambientes de trabalho mais saudáveis, produtivos e equilibrados.

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