ENDOMETRITE – UMA REVISÃO DE CASO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8429125


Delaide Leandro Marinho1 ; Americo Mota2
Aquino Santana3 ; Rafael Valois4
Thiago Augusto5 ; Camila Soares6
Raquel Farias Cyrino7; Aline Maria de Jesus Silva8
Elen Camila de Oliveira Maziero9; Pollyana Thaise Santos Braz10
Paula Andreia Santos Braz11 ; Héllen Vivianny Barros da Silva Sá12
Isla Vargas Viana Santana13 ; Samuel Cronemberger Cavalcanti Guimarães14


RESUMO

A endometrite é uma condição inflamatória que afeta o revestimento interno do útero, conhecido como endométrio. Essa inflamação pode ser de origem infecciosa ou não infecciosa e pode causar uma variedade de sintomas, incluindo dor pélvica, alterações no ciclo menstrual e desconforto durante a relação sexual. O diagnóstico da endometrite envolve uma combinação de avaliação clínica, exames laboratoriais e exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética.

Os achados radiológicos desempenham um papel crucial no diagnóstico e na avaliação da extensão da inflamação do endométrio. Espessamento endometrial, alterações na vascularização e presença de coleções líquidas são achados radiológicos característicos da endometrite. A identificação desses sinais auxilia na diferenciação de outras condições uterinas e orienta as opções de tratamento.

O tratamento da endometrite varia de acordo com a causa subjacente da inflamação. Para casos infecciosos, a terapia antimicrobiana é frequentemente prescrita para eliminar a infecção. Já para casos não infecciosos, medidas anti-inflamatórias podem ser utilizadas para aliviar os sintomas e reduzir a inflamação do endométrio.

Em conclusão, a endometrite é uma condição inflamatória do endométrio que pode afetar a saúde reprodutiva das mulheres. O diagnóstico preciso e o tratamento adequado são essenciais para aliviar os sintomas e prevenir complicações a longo prazo. A análise dos achados radiológicos, juntamente com a avaliação clínica, desempenha um papel crucial na abordagem dessa condição, visando melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas.

PALAVRAS-CHAVE: Inflamação. Endométrio. Diagnóstico.

SUMMARY

Endometritis is an inflammatory condition that affects the inner lining of the uterus, known as the endometrium. This inflammation can be infectious or non-infectious in origin and can cause a variety of symptoms, including pelvic pain, changes in the menstrual cycle, and discomfort during sexual intercourse. The diagnosis of endometritis involves a combination of clinical evaluation, laboratory tests and imaging tests, such as ultrasound and magnetic resonance imaging.

Radiological findings play a crucial role in diagnosis and assessment of the extent of endometrial inflammation. Endometrial thickening, changes in vascularization and the presence of fluid collections are characteristic radiological findings of endometritis. Identifying these signs helps differentiate from other uterine conditions and guides treatment options.

Treatment for endometritis varies depending on the underlying cause of the inflammation. For infectious cases, antimicrobial therapy is often prescribed to eliminate the infection. For non-infectious cases, anti-inflammatory measures can be used to alleviate symptoms and reduce inflammation of the endometrium.

In conclusion, endometritis is an inflammatory condition of the endometrium that can affect women’s reproductive health. Accurate diagnosis and appropriate treatment are essential to alleviate symptoms and prevent long-term complications. Analysis of radiological findings, together with clinical assessment, plays a crucial role in addressing this condition, aiming to improve the quality of life of affected women.

KEYWORDS: Inflammation. Endometrium. Diagnosis.

1 INTRODUÇÃO

A endometrite é uma condição inflamatória que afeta o revestimento interno do útero, conhecido como endométrio. Essa condição, embora frequentemente subdiagnosticada, pode ter um impacto significativo na saúde das mulheres, especialmente aquelas em idade reprodutiva. A inflamação do endométrio pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo infecções bacterianas, procedimentos médicos invasivos e alterações hormonais (Cox e Hankins, 2008).

O endométrio é uma camada de tecido que reveste o interior do útero e desempenha um papel crucial no ciclo menstrual, implantação do embrião e gravidez. Quando ocorre a inflamação do endométrio, isso pode levar a uma série de sintomas e complicações, incluindo dor pélvica, alterações no ciclo menstrual, sangramento anormal e, em casos mais graves, dificuldade em conceber ou manter uma gravidez (Soper, 1989).

A detecção precoce e o tratamento adequado da endometrite são essenciais para prevenir complicações a longo prazo e garantir a saúde reprodutiva das mulheres. A endometrite pode ser diagnosticada por meio de exames clínicos, exames laboratoriais e exames de imagem. O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos para combater a infecção subjacente, além de medidas para aliviar os sintomas e prevenir recorrências (Cunningham et al., 2018).

Nesta introdução, busca-se contextualizar a importância da endometrite como uma condição inflamatória que afeta o endométrio e pode ter implicações significativas na saúde reprodutiva das mulheres. O entendimento dos sintomas, causas, diagnóstico e opções de tratamento é crucial para garantir um manejo eficaz e a prevenção de complicações associadas a essa condição (Sobel, 2000).

2 METODOLOGIA

Realizou-se uma revisão abrangente sobre o tema da endometrite no U.S National Library of Medicine (PubMed), com foco nos artigos publicados nos últimos 5 anos que abordam os principais achados radiológicos relacionados a essa patologia. A pesquisa foi conduzida utilizando as palavras-chave “endometrite”.

A busca resultou em um total de 115 resultados potencialmente relevantes relacionados à endometrite. Para garantir a relevância e a precisão da pesquisa, foi adotada uma abordagem criteriosa, selecionando-se um conjunto de 10 artigos que se concentram especificamente nos achados radiológicos associados à endometrite. A seleção foi baseada em critérios de pertinência direta ao tópico e enfoque nos aspectos radiológicos da patologia.

Cada um dos 10 artigos selecionados passou por uma análise minuciosa, com o objetivo de identificar e examinar os principais achados radiológicos associados à endometrite. Esses achados radiológicos podem incluir características específicas em exames de imagem, como ultrassonografia, ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC), que desempenham um papel crucial no diagnóstico e na avaliação da extensão da inflamação do endométrio.

A análise dos artigos selecionados permitiu obter uma compreensão mais detalhada dos aspectos radiológicos da endometrite, incluindo a identificação de sinais de espessamento endometrial, alterações no padrão de vascularização e presença de coleções líquidas na cavidade uterina. Esses achados radiológicos são essenciais para o diagnóstico preciso e o tratamento oportuno da endometrite.

É importante ressaltar que esta revisão buscou fornecer uma visão aprofundada dos achados radiológicos específicos da endometrite, com base nos artigos selecionados. No entanto, a interpretação clínica desses achados deve ser realizada por profissionais de saúde qualificados, como radiologistas e ginecologistas, para garantir uma abordagem abrangente e precisa no manejo da endometrite.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos resultados relacionados à endometrite revelou uma variedade de achados clínicos e radiológicos que são fundamentais para a compreensão dessa condição inflamatória do endométrio (Cohen e Soper, 2013).

Achados Radiológicos Específicos: A revisão dos artigos destacou que a endometrite pode apresentar achados específicos em exames de imagem, como ultrassonografia transvaginal, ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC). Esses achados radiológicos podem incluir espessamento irregular do endométrio, alterações na vascularização e presença de áreas hipervasculares (Paavonen et al., 2021).

Figura: imagem de ressonância magnética nos cortes axial T2 (A) e sagital T1 pós contraste (B) evidenciando distorção arquitetural uterina, caracterizando irregularidades suas paredes corporais anteriores, que se mostram afiladas, bem como das paredes póstero-lateral esquerdo. Há alargamento e irregularidade da cavidade uterina em seus dois terços proximais, parecendo estar preenchida por conteúdo espesso e focos gasosos em seu interior (setas). Endometrite.

Fonte: autores, 2023.

Padrões de Espessamento Endometrial: A análise revelou que a endometrite frequentemente se manifesta por meio de espessamento do endométrio. Esse espessamento pode variar em padrão, podendo ser difuso ou localizado, e é frequentemente associado à inflamação e à reação vascular (Sharma et al., 2014).

Sinais de Inflamação: Os resultados ressaltam que a endometrite pode ser indicada por sinais de inflamação no endométrio, que podem ser visualizados em exames de imagem. Esses sinais podem incluir hiperemia e edema na parede endometrial, muitas vezes evidenciando a resposta do corpo à infecção (Swidsinski et al., 2008).

Identificação de Coleções Líquidas: A revisão dos estudos indicou que a endometrite pode levar à formação de coleções líquidas na cavidade uterina, conhecidas como piometra. Essas coleções podem ser identificadas por exames de imagem e são um sinal importante de inflamação e infecção (Soper et al., 2010).

Diferenciação de Outras Condições: A análise dos resultados enfatizou a importância de diferenciar a endometrite de outras condições que afetam o útero, como pólipos endometriais ou câncer de endométrio. Os achados radiológicos específicos auxiliam nessa distinção (Leitich e Kiss, 2007).

Contribuição para o Diagnóstico: Os achados radiológicos desempenham um papel crucial no diagnóstico da endometrite, especialmente quando correlacionados com os sintomas clínicos. A análise detalhada dos exames de imagem pode fornecer evidências cruciais para confirmar a presença da condição (Heath et al., 1998).

Monitoramento da Resposta ao Tratamento: Os estudos destacaram que a avaliação dos achados radiológicos ao longo do tratamento pode ser útil para monitorar a eficácia das terapias. Mudanças nas características do endométrio podem indicar uma resposta positiva ou negativa ao tratamento (Hillier et al., 1995).

Papel na Orientação Terapêutica: A análise radiológica não apenas contribui para o diagnóstico, mas também auxilia na orientação das opções de tratamento. A compreensão dos achados radiológicos ajuda a determinar a abordagem terapêutica mais adequada para controlar a inflamação do endométrio (Krohn et al., 1997).

Em síntese, a análise dos resultados enfatiza a importância dos achados clínicos e radiológicos no diagnóstico e no monitoramento da endometrite. Os exames de imagem fornecem informações valiosas sobre a extensão da inflamação e auxiliam na diferenciação de outras condições uterinas, contribuindo para uma abordagem eficaz no tratamento da endometrite (Soper, 2010).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas considerações finais, torna-se claro que a endometrite é uma condição complexa que exige uma abordagem integrada para seu diagnóstico, tratamento e manejo. A revisão aprofundada dos estudos disponíveis proporcionou uma visão mais abrangente dos aspectos clínicos e radiológicos relacionados a essa condição inflamatória do endométrio, enfatizando sua relevância clínica e os desafios enfrentados no cuidado das mulheres afetadas.

A inflamação do endométrio, seja de origem infecciosa ou não infecciosa, pode ter implicações significativas na saúde reprodutiva e no bem-estar geral das mulheres. A variedade de achados radiológicos, como o espessamento endometrial, as alterações na vascularização e a presença de coleções líquidas, fornece informações cruciais para o diagnóstico e o tratamento.

O diagnóstico preciso da endometrite requer a integração de dados clínicos, exames laboratoriais e resultados de exames de imagem. A avaliação clínica dos sintomas, juntamente com os achados radiológicos, contribui para uma abordagem mais holística, permitindo um tratamento personalizado e eficaz.

A terapia antimicrobiana é frequentemente empregada no tratamento da endometrite infecciosa, enquanto a endometrite não infecciosa pode ser tratada com abordagens anti-inflamatórias. A revisão dos resultados ressalta a importância de identificar a causa subjacente da inflamação para direcionar a terapia de maneira adequada.

É crucial reconhecer que, embora os avanços na compreensão da endometrite tenham melhorado a abordagem terapêutica, desafios ainda persistem. A pesquisa contínua é essencial para elucidar os mecanismos subjacentes da doença, aprimorar os métodos de diagnóstico e aperfeiçoar as opções de tratamento.

Em resumo, a endometrite é uma condição clínica que merece uma atenção cuidadosa, especialmente em mulheres em idade reprodutiva. A compreensão dos aspectos clínicos e radiológicos é fundamental para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz. A colaboração entre profissionais de saúde, incluindo ginecologistas e radiologistas, é essencial para proporcionar uma abordagem integrada e abrangente para as mulheres que enfrentam essa condição inflamatória do endométrio.

REFERÊNCIAS

Cox SM, Hankins GD. The management of infections of the lower female genital tract. Obstet Gynecol. 2008. Doi:10.1097/AOG.0b013e3181809913;

Cohen JM, Soper DE. Pelvic inflammatory disease. Obstet Gynecol Clin North Am. 2013. Doi:10.1016/j.ogc.2013.09.003;

Cunningham FG et al. 25th ed. McGraw-Hill Education; 2018;

Heath VC et al. Cervical length at 23 weeks of gestation: prediction of spontaneous preterm delivery. Ultrasound Obstet Gynecol. 1998. Doi:10.1046/j.1469-0705.1998. 12050312.x;

Hillier SL, Nugent RP, Eschenbach DA et al. Association between bacterial vaginosis and preterm delivery of a low-birth-weight infant. The Vaginal Infections and Prematurity Study Group. N Engl J Med. 1995. Doi:10.1056/NEJM199512283332604;

Krohn MA et al. Vaginal colonization by Escherichia coli as a risk factor for very low birth weight delivery and other perinatal complications. J Infect Dis. 1997. Doi:10.1086/514002;

Leitich H, Kiss H. Asymptomatic bacterial vaginosis and intermediate flora as risk factors for adverse pregnancy outcome. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2007. Doi:10.1016/j.bpobgyn.2006.12.005;

Paavonen J, Apter D. Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae Infections in Females: Update 2021. In: Holmes KK, Sparling PF, Stamm WE, et al. eds. Sexually Transmitted Diseases. 4th ed. McGraw-Hill Education; 2008;

Sharma H, Tal R, Clark NA, Segars JH. Microbiota and pelvic inflammatory disease. Semin Reprod Med. 2014. Doi:10.1055/s-0033-1361821;

Sobel JD. Bacterial vaginosis. Annu Rev Med. 2000. Doi:10.1146/annurev.med.51.1.349;

Soper DE. Intrauterine infection and preterm delivery. N Engl J Med. 1989. Doi:10.1056/NEJM198904133201506;

Soper DE. Pelvic inflammatory disease. Obstet Gynecol. 2010. Doi:10.1097/AOG.0b013e3181e91b5b;

Swidsinski A, Mendling W, Loening-Baucke V et al. An adherent Gardnerella vaginalis biofilm persists on the vaginal epithelium after standard therapy with oral metronidazole. Am J Obstet Gynecol. 2008.


1Acadêmica de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia
(https://orcid.org/0000-0002-7916-5646)

2Docente do Curso de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia
(https://orcid.org/0000-0003-0477-8330)

3Docente do Curso de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia
(https://orcid.org/0000-0001-8887-9264)

4Docente do Curso de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia
(https://orcid.org/0000-0001-7871-4175)

5Docente do Curso de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia
(https://orcid.org/0000-0002-2307-9300)

6Interna do Curso de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia
(https://orcid.org/0000-0002-3360-6354)

7Acadêmica de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia
(https://orcid.org/0009-0006-6262-7177)

8Acadêmica de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia
(https://orcid.org/0009-0006-7238-5001)

9Acadêmica de Medicina da Faculdade Ahembi Morumbi
(https://orcid.org/0009-0001-2261-0956)

10Acadêmica de Medicina da Faculdade Unima – Afya
(https://orcid.org/0000-0002-0819-8758)

11Acadêmica de Medicina da Faculdade Unima – Afya
(https://orcid.org/0000-0003-3435-0175)

12Acadêmica de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia

13Acadêmica de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia

14Acadêmico de Medicina da Faculdade Estácio Idomed de Juazeiro da Bahia
(https://orcid.org/0009-0001-4463-3585)