ENDOMETRIOSE: PELA VISÃO DIAGNÓSTICO POR IMAGEM ENTRE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA E ULTRASSONOGRAFIA: UMA REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA

ENDOMETRIOSIS: FROM THE VIEW OF IMAGING DIAGNOSIS BETWEEN MAGNETIC RESONANCE AND ULTRASONOGRAPHY: A NARRATIVE LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/ra10202410282002


Veronica Gomes Fernandes1
Esp. Istella Cristina Bernardino2


RESUMO

A endometriose pode ser definida como uma condição ginecológica crônica, causando dor e tendo por uma das consequências mais graves, a infertilidade. Por se tratar de uma condição de prevalência global elevada, a busca por diagnósticos de imagem mais precisos – tais como a ressonância magnética e a ultrassonografia -, são fundamentais para um tratamento mais adequado e um aumento da qualidade de vida das pacientes. Nesse sentido, o objetivo geral do estudo foi examinar a relevância da ressonância magnética e do ultrassom no diagnóstico da endometriose, destacando as vantagens e desvantagens desses métodos e a importância dos exames na prática de um clínico moderno. Especificamente, este estudo aspirou contrastar a sensibilidade, especificidade e custo-efetividade das duas modalidades de imagem de uma maneira que possa ajudar a fortalecer as decisões que os médicos tomam ao gerenciar casos de endometriose. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com a finalidade de comparar o uso da ultrassonografia e da ressonância magnética no diagnóstico da endometriose pélvica através de uma revisão narrativa da literatura provenientes de artigos científicos, publicados nos últimos 13 anos, em bancos de dados como Google Acadêmico e Scielo. Através do estudo, concluiu-se que a ultrassonografia quanto a ressonância magnética desempenham papéis primordiais no diagnóstico da endometriose, cada uma com suas vantagens e limitações. A tendência atual aponta para uma abordagem complementar, onde a ultrassonografia é utilizada como método inicial e a ressonância magnética como exame de confirmação em casos complexos.

Palavras-chave: Diagnóstico, Endometriose, Ressonância Magnética, Ultrassonografia.

ABSTRACT

Endometriosis can be defined as a chronic gynecological condition that causes pain and has one of its most serious consequences, infertility. Because it is a condition with a high global prevalence, the search for more accurate imaging diagnostics – such as magnetic resonance imaging and ultrasound – are essential for more appropriate treatment and an increase in the quality of life of patients. In this sense, the general objective of the study was to examine the relevance of magnetic resonance imaging and ultrasound in the diagnosis of endometriosis, highlighting the advantages and disadvantages of these methods and the importance of the exams in the practice of a modern clinician. Specifically, this study aimed to contrast the sensitivity, specificity and cost-effectiveness of the two imaging modalities in a way that can help strengthen the decisions that physicians make when managing cases of endometriosis. To this end, a bibliographical research was conducted with the purpose of comparing the use of ultrasound and magnetic resonance imaging in the diagnosis of pelvic endometriosis through a narrative review of the literature from scientific articles published in the last 13 years in databases such as Google Scholar and Scielo. Through the study, it was concluded that ultrasound and magnetic resonance imaging play essential roles in the diagnosis of endometriosis, each with its advantages and limitations. The current trend points to a complementary approach, where ultrasound is used as the initial method and magnetic resonance imaging as a confirmatory exam in complex cases.

Keywords: Diagnosis, Endometriosis, Magnetic Resonance Imaging, Ultrasound.

1 INTRODUÇÃO

A endometriose é uma aflição ginecológica crônica que deve afetar milhões de mulheres ao redor do mundo e é caracterizada pela presença de tecido fora do útero que se assemelha ao endométrio. A endometriose pode se manifestar como uma gama de sintomas, desde dor pélvica até cólicas menstruais intensas, infertilidade e desconforto durante a relação sexual (Heringer et al., 2023). A endometriose ainda é uma condição que desafia médicos e cientistas porque seus sintomas e diagnóstico são complexos. Um diagnóstico eficaz da endometriose inclui a necessidade de exames de imagem precisos e confiáveis, neste caso a ressonância magnética e o ultrassom são atualmente as metodologias mais comuns utilizadas (De Andrade, 2023). 

Além do diagnóstico precoce, é essencial um tratamento adequado para tornar a vida da paciente mais tolerável, sendo a laparoscopia uma forma de tratamento eficaz que pode ser indicada após a análise da gravidade da lesão endometrióticas. Segundo Sages (2021) a laparoscopia é um método cirúrgico minimamente invasivo, realizado por meio de pequenas incisões no abdômen, permitindo a inserção do laparoscópio, aparelho que visualizará o interior do órgão e viabilizará a manipulação dos demais órgãos internos, se necessário. 

A abordagem minimamente invasiva, realizada por meio da laparoscopia, canaliza a visão direta sobre lesões endometrióticas, bem como a excisão precisa do tecido afetado com dor reduzida e recuperação rápida em comparação à cirurgia aberta (Febrasgo, 2021). 

Os métodos de ressonância magnética e ultrassom são eficazes no diagnóstico da endometriose, permitindo aos usuários avaliarem cuidadosamente as lesões e identificar possíveis complicações da doença. Assim, ambas as técnicas têm se mostrado importantes no monitoramento e tratamento de pacientes com endometriose, auxiliando os médicos a definirem a melhor abordagem terapêutica. 

A importância do diagnóstico por imagem na endometriose não é apenas confirmar a doença, mas também acessar o grau da lesão, planejamento cirúrgico e monitoramento pós-tratamento. Segundo os autores De Andrade (2023) e De Jesus (2023), é por meio de exames de imagem que se pode estabelecer integralmente, com toda a certeza, o sucesso do bem-estar terapêutico de pacientes com endometriose.

Nesse sentido, o tema é de grande relevância, uma vez que se visa o foco numa melhor precisão do diagnóstico da endometriose, como mencionado por De Andrade (2023) e De Jesus (2023). Para tanto, os autores revelam que o uso de técnicas de imagem para diagnosticar a referida patologia, são fundamentais, além de sua ampla disponibilidade de uso, a constante capacitação dos profissionais para tal fim e o fato de elas fornecerem respostas detalhadas para questionamentos clínicos que surgem no contato com os pacientes.

O objetivo do estudo é descrever e comparar a relevância do ultrassom e da ressonância magnética no diagnóstico da endometriose, enfatizando a importância dos exames e as vantagens e vantagens desses métodos na prática de um clínico moderno. Especificamente comparar as sensibilidades, especificidades e custo-efetividades das duas modalidades de imagem.  

O artigo em questão, trata-se de uma revisão narrativa de literatura sobre os métodos de imagem utilizados para diagnóstico da endometriose, confeccionada com base em artigos, teses e dissertações disponíveis no acervo eletrônico, utilizando como palavras-chave: endometriose, ressonância magnética e ultrassonografia. 

2 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa possui natureza básica. Foi utilizada a abordagem qualitativa, com objetivo descritivo, por intermédio de uma revisão narrativa de literatura. A revisão narrativa da literatura se deu através da busca, leitura e fichamento de artigos científicos, publicados nos últimos 13 anos, em bancos de dados como Google Acadêmico e Scielo, para tanto, a pesquisa foi realizada de fevereiro a setembro de 2024. 

3 CONCEITUALIZAÇÃO DA ENDOMETRIOSE

A endometriose foi descrita pela primeira vez na Alemanha, em 1860, por Rokitansky, ao analisar material de necropsia e notar a presença de tecido ectópico com características histológicas semelhantes ao tecido endometrial (Torres et al., 2021). 

Sendo uma doença ginecológica crônica benigna, recorrente e progressiva. Pode ser definida como a presença de tecido endometrial, ou seja, glândulas e estroma implantados extra uterinamente com possibilidade de localização em vários órgãos e estruturas pélvicas (Mendonça, 2021).

Com etiologia ainda não bem definida, a endometriose pode estar associada à grande quantidade de estrogênio circulante no corpo feminino devido ao aumento do número de menstruações ao longo do século que reduz a progesterona e consequentemente não inibe possíveis focos de endometriose. Portanto, é considerada uma doença da mulher contemporânea (Oliveira et al., 2016).

As estimativas atuais de prevalência afirmam que cerca de 7 milhões de mulheres vivem com endometriose no Brasil. No entanto, acredita-se que os dados epidemiológicos relatados ainda são inconclusivos e subestimados devido ao difícil diagnóstico da doença (Moretto, 2021). 

A endometriose é uma das doenças crônicas mais angustiantes que atinge mulheres em idade reprodutiva. Entre os sintomas mais comuns envolve, dores pélvicas intensas, cólicas menstruais, dor durante o sexo, além de problemas urinários e intestinais. Acredita-se que a doença seja uma das principais causas de infertilidade feminina; também afeta seriamente a qualidade de vida das mulheres envolvidas (Febrasgo, 2021).

Nas palavras de Rosa e Silva et al., (2021, p.8): “O impacto biopsicossocial dessa intrigante e enigmática doença é elevado, tanto em nível individual como de saúde pública.”. Segundo Melchior et al. (2019), até 50% das mulheres que têm problemas para engravidar podem ter a doença. É essencial minimizar esses impactos por meio do diagnóstico precoce e tratamento adequado. Segundo dados do Ministério da Saúde, a endometriose é uma das principais causas de internação hospitalar de mulheres em idade fértil, o que reforça a relevância do problema no contexto da saúde pública no Brasil. Entretanto, a falta de conhecimento e conscientização sobre a doença pode ser a base para seu subdiagnóstico, o que leva ao atraso do tratamento e ao manejo adequado dos sintomas.

Para diagnosticar a endometriose, são necessários, além de sintomas clínicos, exames como ultrassonografia transvaginal, ressonância magnética pélvica e, em casos mais específicos usa-se também a laparoscopia. Os avanços científicos e a melhoria dos métodos diagnósticos tornaram a endometriose uma doença bastante complexa e desafiadora, que ainda requer acompanhamento médico especializado (Febrasgo, 2021).

O objetivo do tratamento da endometriose é: buscar fins anti-inflamatórios e, em casos mais graves, preservar a fertilidade da paciente. As opções terapêuticas disponíveis incluem medicamentos hormonais como anticoncepcionais orais e análogos do GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofina) que tem como foco a produção hormonal e diminuição dos sintomas da doença. Se caso os sintomas persistirem mesmo com tratamento para diminuição da dor pélvica, o tratamento cirúrgico é indicado para remover pontos de endometriose e restabelecer a anatomia pélvica (Febrasgo, 2021).

A principal dificuldade em obter informações confiáveis se dá principalmente porque as pacientes não têm acesso a um diagnóstico cirúrgico definitivo, além da banalização dos sintomas femininos tanto pela sociedade quanto pelos profissionais de saúde (Bernardi et al., 2024).

4 AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO DA ENDOMETRIOSE

O exame físico é fundamental no processo diagnóstico da endometriose porque representa a primeira oportunidade de reconhecer as manifestações clínicas associadas à doença. A anamnese do médico, com exame clínico minucioso, permite levantar uma suspeita inicial e orienta a exames complementares que devem ser solicitados (Bezerra, 2024).

Após a avaliação clínica, determina-se que a ressonância magnética é o exame de imagem mais indicado para confirmar o diagnóstico de endometriose e visualizar completamente os pontos de lesões e espessamento da cavidade pélvica. Imagens detalhadas de ressonância magnética permitem uma avaliação mais completa das lesões endometrióticas, sua extensão e localização, superando as limitações de outros métodos de imagem. Portanto, onde o exame físico é vital para levantar a suspeita inicial, a ressonância magnética torna-se indispensável para o diagnóstico final e planejamento do tratamento (Silva e Picka, 2013).

Conforme indicado por Oliveira et al., (2019) a técnica de imagem de escolha para o diagnóstico de cistos ovarianos é a ultrassonografia transvaginal, considerada o padrão ouro. Nos casos em que é necessário desconsiderar ou confirmar a endometriose simultaneamente, a ressonância magnética pode ser sensível e esclarecedora o suficiente. 

A ultrassonografia transvaginal é aceita há muito tempo como a técnica principal para o diagnóstico de uma série de patologias ginecológicas, devido às características acessíveis e à capacidade de produzir imagens da estrutura ovariana em detalhes. Todavia sua eficiência pode ser diferente com base na patologia diagnosticada. Embora a ultrassonografia seja de grande importância na detecção de cistos e outras anomalias do ovário, a sensibilidade à endometriose é limitada, especialmente em casos mais complexos (Teixeira et al., 2015).

Para a visualização de lesões no endométrio, em diferentes órgãos e estruturas pélvicas, a ultrassonografia não pode atender as condições de especificidade necessários para o diagnóstico de endometriose, embora seja um bom exame de primeira linha (Oliveira et al., 2019). 

A ressonância magnética é outro método sensível e preciso para diagnosticar a endometriose. Ela fornece imagens mais detalhadas nas quais as lesões são mais visíveis e podem ser melhor avaliadas quanto à sua extensão. Como é capaz de identificar pequenos focos e fornecer uma melhor visualização da anatomia pélvica, ela é frequentemente preferida em diagnósticos de confirmação para planejar o tratamento da endometriose (Oliveira et al., 2019).

Isso é apoiado por Martins et al., 2020, que argumentaram que a ressonância magnética é muito importante na identificação de focos endometrióticos, mesmo em estágios iniciais e casos mais brandos. Portanto, permite a localização e a proporção da lesão com precisão. Enquanto a ultrassonografia transvaginal é valiosa na avaliação primária e na detecção de alguns padrões morfológicos da lesão, a ressonância magnética tem um desempenho excelente na exibição de alterações menores e mais complexas, o que é fundamental para um diagnóstico precoce e um tratamento terapêutico eficaz. O diagnóstico preciso da endometriose é muito importante para o início do tratamento adequado para evitar complicações graves; como Martins et al., (2020) disseram, pode ser realmente prejudicial.

Segundo Carmo (2016) tanto a ultrassonografia transvaginal quanto a ressonância magnética são essenciais para o diagnóstico da endometriose e outras condições ginecológicas. A avaliação inicial com ultrassom melhora a suspeita de endometriose e pode mostrar cistos e outras anomalias. A verificação principal da presença, volume e disseminação do endométrio é conduzida pela ressonância magnética, não pelo ultrassom. O ultrassom é capaz de mostrar apenas alterações; para verificação da doença, bem como planejamento do tratamento, a ressonância magnética é obrigatória.

De acordo com Santos et al., (2023), é através da prevenção e manutenção da saúde reprodutiva sob monitoramento regular, as mulheres alcançam o bem-estar geral; em alguns casos, o exame de Papanicolau, pode ser usado na triagem inicial por evidenciar alterações no tecido endometrial, que podem ou não sinalizar a presença de lesões características da endometriose.

Para retratar os desafios na detecção da endometriose, interpretações diagnósticas aprimoradas são essenciais para detectar a condição no primeiro momento e descartá-la de outros diagnósticos diferenciais com sintomas semelhantes. Pesquisas vêm sendo realizadas sobre biomarcadores séricos, incluindo CA-125 e outros fatores relacionados à resposta do tecido endometrial e induzido por inflamação. Esses biomarcadores podem fornecer uma alternativa menos agressiva e complementar às técnicas de imagem no diagnóstico da endometriose. A associação da pesquisa laboratorial com os métodos de diagnóstico instrumental, por exemplo, ressonância magnética e ultrassom avançado, permite aumentar a precisão e a eficiência na detecção da endometriose (Bezerra et al., 2024).

Acerca dos biomarcadores, Schettino (2022) afirma que eles podem ser essenciais para diagnosticar e monitorar a endometriose. Nos estudos realizados pela autora, ela sugere a criação de modelos de associações que distingam pacientes com e sem a patologia e monitorem os estágios de evolução dela. 

Biomarcadores, tais como o CA -125, possuem muita notoriedade. Os estudos realizados Irungu et al., (2019) também elencam como possibilidades: “sICAM1, FST, VEGF, MCP1, MIF and IL1R2”, porém, apenas o CA – 125 foi definido pelos autores como melhor marcador único para discriminar a endometriose.

5 AVALIAÇÃO DA ENDOMETRIOSE: Comparação e Aplicação de Ultrassonografia e Ressonância Magnética

A preparação intestinal adequada é indispensável para a realização de exames de imagem para a detecção da endometriose. A colaboração entre o paciente e o profissional de saúde em conformidade com a conduta de preparação facilita resultados mais garantidos e a melhor avaliação das condições endometriais. Quando implementadas com cuidado, elas podem melhorar muito a qualidade dos diagnósticos, levando eficácia do tratamento posteriormente (Rosa e Silva et al., 2021).

A preparação com laxantes e uma dieta leve, limparão o intestino antes dos exames, reduzindo a quantidade de resíduos (fecais) que podem interferir na identificação de boas imagens. Isso pode ser feito para evitar artefatos, que comprometem a qualidade do diagnóstico, garantindo a precisão dos exames de imagem (Silva et al., 2021).

Ferrero (2019) alega que o benefício do preparo intestinal se dá no aumento da qualidade das imagens, facilitando a análise do examinador. Para o autor, o preparo também favorece a detecção de lesões com maior viabilidade. 

Os exames de imagem representam métodos diagnósticos obrigatórios dessa patologia. De fácil acesso e barato em termos de custo-benefício, a ultrassonografia é a primeira eleita em casos de suspeita de endometriose. Porém, nem sempre é suficiente para fins de conclusão do diagnóstico, pois apresenta limitações entre as regiões de possível envolvimento pélvico (Cardoso et al, 2009).

A ressonância magnética é um teste de imagem de nova tecnologia em que imagens detalhadas de tecidos e órgãos internos são obtidas por meio de um campo magnético e ondas de radiofrequência. No procedimento, o paciente é colocado dentro da máquina de ressonância magnética que emite um forte campo magnético. Esse campo basicamente força átomos de hidrogênio no corpo a emitir um sinal de radiofrequência. Esses sinais capturados são processados por um computador para derivar imagens detalhadas de estruturas internas, onde lesões e alterações teciduais precisam ser visualizadas para um diagnóstico preciso, especialmente em condições complexas como a endometriose. Os mesmos sinais são traduzidos em imagens; essas então lidas por um radiologista (Silva, 2023).

A ressonância magnética é estática, diferentemente da ultrassonografia transvaginal, que é uma modalidade dinâmica. Ela tem as vantagens de ser não invasiva e eficaz em delinear lesões superficiais e profundas que vão para o espaço retroperitoneal ou mesmo paredes de órgãos pélvicos (Jesus et al, 2023).

No entanto, embora a ressonância magnética tenha tantas vantagens no auxílio ao diagnóstico da endometriose, ela é indicada em casos de endometriose grave e para planejamento cirúrgico mais preciso quando incertezas são deixadas pela ultrassonografia. Ou seja, a ressonância magnética é solicitada na presença de lesões abdominais altas ou lesões multicêntricas (Cardoso et al., 2009). Ambas são muito importantes para o diagnóstico de diferentes patologias, o que auxilia os profissionais de saúde a identificarem os problemas de saúde e prescrever o tratamento mais adequado para cada caso.

A ultrassonografia ou ultrassom é um teste de imagem que usa ondas sonoras de alta frequência para produzir imagens em tempo real das estruturas internas do corpo. Para esse teste, um gel é colocado na pele do paciente e um transdutor é movido sobre a área que está sendo testada. O transdutor produz ondas sonoras refletidas pelos tecidos do corpo para criar imagens visualizadas em um monitor (Figueiredo et al., 2024).

A ressonância magnética e a ultrassonografia são interligadas no diagnóstico por imagem da endometriose, cada uma com sua própria característica e aplicação. A ressonância magnética é excelente para visualizar estruturas internas detalhadas, o que permite ver até mesmo lesões profundas sutis como as características da endometriose (Jesus et al., 2023). A ultrassonografia, por outro lado, permite examinar amplamente o feto durante a gravidez, além de uma avaliação inicial dos tecidos pélvicos (Godínez Garcia et al., 2020). Embora normalmente a ultrassonografia seja o exame de primeira linha devido à fácil execução, a ressonância magnética é de grande importância para confirmação e detalhamento do diagnóstico, principalmente em casos complexos de endometriose (Cardoso et al., 2009). 

Ambos os exames são seguros e indolores, e não utilizam radiação ionizante (ao contrário de outros exames de imagem, como raios X e tomografia computadorizada). Além disso, a ressonância magnética e o ultrassom não competem, mas se complementam (Figueiredo et al., 2024).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A ultrassonografia transvaginal é frequentemente usada como um exame de primeira linha devido à sua acessibilidade, custo mais baixo e eficiência em identificar a endometriose profunda, especialmente quando realizada por profissionais experientes. Apesar disso, suas restrições aumentam em situações de lesões menores ou em áreas onde a visualização é complicada.

Por outro lado, a ressonância magnética fornece uma visão mais abrangente e detalhada, sendo especialmente eficiente na detecção de lesões profundas e complexas, como as localizadas no intestino, bexiga e septo retovaginal. É um método que complementa a ultrassonografia em casos complexos ou quando o diagnóstico precisa ser refinado para o planejamento cirúrgico, mesmo que o custo seja elevado e sua disponibilidade maior limitada.

Este estudo concluiu que devido à complexidade dos sintomas, o diagnóstico precoce é de grande importância. Assim, também enfatizou a relevância dos avanços no diagnóstico da endometriose, sendo mais evidente a necessidade do uso das técnicas de imagem: ultrassonografia e a ressonância magnética, além dos biomarcadores, tais como o CA – 125.

Diante da comparação entre ambas as técnicas de imagem, conclui-se que tanto a ultrassonografia quanto a ressonância magnética desempenham papéis primordiais no diagnóstico da endometriose, cada uma com suas vantagens e limitações, e que a preparação intestinal promove melhor visualização e qualidade das imagens. 

A escolha do método de imagem diagnóstico deve considerar fatores como a gravidade da doença, a localização das lesões, necessidade do detalhamento anatômico ou em casos que o diagnóstico duvidoso após a realização de um único exame, a disponibilidade de recursos e a experiência do profissional que realiza o exame. A tendência atual aponta para uma abordagem complementar, onde a ultrassonografia é utilizada como método inicial e a ressonância magnética como exame de confirmação em casos complexos.

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1 Graduanda em Biomedicina pela Faculdade Patos de Minas. email: veronicagfer@gmail.com
2 Docente do curso de Biomedicina pela FPM com graduação em Biomedicina pela FPM, especialização em diagnóstico por imagem. E-mail: istellacristina@hotmail.com