REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202504051117
Patrícia Cristina da Silva Baraúna de Mauro
RESUMO
O lipedema é uma condição crônica caracterizada pelo acúmulo anômalo de gordura subcutânea, afetando principalmente os membros inferiores e resultando em dor, edema e comprometimento funcional. Diferente da obesidade, o lipedema apresenta resistência à perda de gordura por meio de dieta e exercícios, tornando necessária a adoção de intervenções terapêuticas específicas. O endolaser tem se destacado como uma alternativa minimamente invasiva no tratamento do lipedema, promovendo a destruição seletiva de adipócitos, redução da inflamação e remodelação do tecido conjuntivo. A ação do laser sobre o tecido adiposo subcutâneo induz a lipólise e melhora a drenagem linfática, proporcionando benefícios tanto estéticos quanto funcionais. Diante desse contexto, a pergunta-problema desta pesquisa foi: o tratamento com endolaser é eficaz na redução dos sintomas e do volume adiposo em pacientes com lipedema, proporcionando melhora funcional e estética de forma duradoura? Para responder a essa questão, o objetivo geral foi compreender a eficácia do endolaser no tratamento do lipedema, avaliando seus efeitos na redução do volume adiposo, na melhora dos sintomas clínicos e na qualidade de vida das pacientes. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica, analisando estudos científicos sobre o tema. Os resultados apontam que o endolaser pode ser uma opção viável e segura, apresentando benefícios terapêuticos significativos, mas que ainda são necessários mais estudos clínicos para consolidar sua aplicabilidade e definir protocolos ideais.
Palavras-chave: lipedema, endolaser, tratamento minimamente invasivo, tecido adiposo, remodelação tecidual.
1 INTRODUÇÃO
O lipedema é uma condição crônica e progressiva caracterizada pelo acúmulo anômalo de gordura subcutânea, geralmente simétrica, afetando predominantemente membros inferiores e, em alguns casos, superiores. Diferentemente da obesidade, o lipedema não está diretamente relacionado ao excesso de peso ou à ingestão calórica, mas sim a fatores genéticos e hormonais, sendo mais comum em mulheres.
Os sintomas incluem dor, sensibilidade ao toque, tendência a hematomas e edema, impactando significativamente a qualidade de vida das pacientes, devido à sua complexidade e à dificuldade de diagnóstico, o lipedema muitas vezes é confundido com linfedema ou obesidade, o que retarda a adoção de estratégias terapêuticas adequadas.
Nos últimos anos, diversas abordagens terapêuticas têm sido estudadas para o tratamento do lipedema, incluindo terapias conservadoras, como drenagem linfática manual, compressão elástica e fisioterapia, além de intervenções cirúrgicas, como a lipoaspiração. Dentro desse contexto, o uso do endolaser surge como uma alternativa promissora, oferecendo uma abordagem minimamente invasiva para a redução do volume adiposo e melhora dos sintomas clínicos. Desta forma, a pergunta problema desta pesquisa foi: O tratamento com endolaser é eficaz na redução dos sintomas e do volume adiposo em pacientes com lipedema, proporcionando melhora funcional e estética de forma duradoura?
O endolaser utiliza a tecnologia de laser de diodo inserido diretamente no tecido adiposo subcutâneo, promovendo lipólise seletiva e remodelação do colágeno, o que pode contribuir para a melhora da textura da pele, da sensibilidade dolorosa e da funcionalidade da área tratada, logo, a ação do endolaser no lipedema é um tema recente e em constante investigação.
O objetivo geral desta pesquisa foi compreender a eficácia do endolaser no tratamento do lipedema, considerando seus efeitos na redução do volume adiposo, na melhora dos sintomas clínicos e na qualidade de vida das pacientes.
A metodologia escolhida para a pesquisa foi de revisão bibliográfica, tendo a busca de material na base de dados google acadêmica e Scielo. Os materiais considerados para uso da pesquisa foram livros, revistas eletrônicas e artigos científicos, dentro do período de 10 anos de publicação, ou seja, de 2015 a 2025, a modo que haja uma explanação abrangente da importância e da relevância do tema.
Diante desse cenário, torna-se fundamental investigar os efeitos do endolaser no tratamento do lipedema, analisando seus benefícios, limitações e potenciais impactos na qualidade de vida das pacientes
2 LIPEDEMA
O lipedema é uma condição clínica caracterizada pelo acúmulo desproporcional de gordura subcutânea, predominantemente nas extremidades inferiores, como pernas e coxas, afetando quase exclusivamente mulheres, embora a sua prevalência seja alta, especialmente entre mulheres na faixa etária de 20 a 40 anos, a doença ainda é frequentemente subdiagnosticada, o que pode levar a diagnósticos errôneos e tratamentos inadequados (KAMAMOTO, et al., 2025).
Esta patologia crônica causa desconforto físico e emocional, com sintomas que incluem dor, inchaço e sensação de peso nas áreas afetadas. A condição pode ser confundida com a obesidade ou o linfedema, o que contribui para a falta de uma abordagem terapêutica eficaz e integrada. Assim, o entendimento aprofundado das opções de tratamento, especialmente as relacionadas à nutrição, é crucial para a melhoria na qualidade de vida das pacientes (AMATO; MARKUS; DOS SANTOS, 2020).
O lipedema é uma condição crônica e progressiva caracterizada pelo acúmulo desproporcional de tecido adiposo subcutâneo, afetando predominantemente os membros inferiores e, em alguns casos, os membros superiores. Diferente da obesidade, o lipedema não está relacionado exclusivamente a fatores dietéticos ou ao balanço energético, mas sim a causas multifatoriais, incluindo predisposição genética e influências hormonais (KATZER et al., 2021).
Sua ocorrência é quase exclusiva em mulheres, sendo geralmente diagnosticado após a puberdade ou em períodos de alterações hormonais significativas, como gravidez e menopausa. O lipedema é frequentemente subdiagnosticado ou confundido com linfedema ou obesidade, o que pode retardar o início do tratamento adequado e agravar o quadro clínico da paciente (BUSO et al., 2019).
A principal característica do lipedema é a desproporção corporal, na qual os membros inferiores apresentam um acúmulo excessivo de gordura, enquanto o tronco e a parte superior do corpo mantêm um volume relativamente normal. O tecido adiposo afetado apresenta consistência nodular e irregular, podendo evoluir para fibrose e endurecimento ao longo do tempo (CANNING; BARTHOLOMEW, 2018).
O conhecimento sobre os estágios do lipedema é fundamental para a escolha do tratamento adequado e para o manejo eficaz da doença. No estágio 1, o lipedema apresenta sinais iniciais, caracterizados pelo aumento desproporcional de gordura nos membros inferiores, em relação ao tronco, com simetria entre as pernas (KAMAMOTO, et al., 2025).
A pele mantém uma aparência lisa, sem irregularidades visíveis, mas pode haver sensibilidade aumentada e tendência à formação de hematomas, o inchaço pode ocorrer ao longo do dia, mas ainda é reversível com o repouso e a elevação dos membros. Apesar das mudanças na distribuição da gordura, a textura do tecido adiposo ainda é homogênea e sem nódulos palpáveis (AMATO; MARKUS; DOS SANTOS, 2020).
No estágio 2, observa-se uma progressão do acúmulo de gordura, que começa a se tornar mais nodular, dando à pele um aspecto irregular, com depressões e pequenos caroços palpáveis sob a pele. A textura da pele torna-se mais rugosa ao toque, podendo apresentar sinais visíveis de fibrose do tecido adiposo (KATZER et al., 2021).
O inchaço torna-se mais frequente e menos reversível, mesmo com repouso, e a sensibilidade dolorosa se intensifica, tornando-se um fator limitante para atividades diárias. O risco de hematomas espontâneos aumenta devido à fragilidade capilar, e o desconforto pode ser agravado pelo uso de roupas apertadas ou pela pressão sobre a área afetada (KAMAMOTO, et al., 2025).

No estágio 3, há um agravamento significativo das alterações estruturais do tecido adiposo, com a formação de nódulos endurecidos e lobulações visíveis, especialmente na região dos joelhos e tornozelos. A desproporção corporal torna-se mais evidente, com o surgimento de grandes dobras de gordura e deformidades nos contornos das pernas (AKSOY; KARADAG; WOLLINA, 2021).
A fibrose tecidual é mais pronunciada, dificultando a mobilidade e contribuindo para um aumento da dor e do inchaço persistente. As pacientes podem relatar sensação de peso nas pernas e maior dificuldade para caminhar ou permanecer em pé por longos períodos. Nessa fase, a linfocinese, ou seja, a drenagem natural da linfa, pode estar comprometida, levando ao surgimento de edema linfático associado, o que caracteriza a transição para o lipolinfedema (BUSO et al., 2019).
No estágio 4, o quadro se torna mais grave, com a progressão para lipolinfedema, uma condição em que há comprometimento do sistema linfático, resultando em edema crônico e irreversível. As pernas adquirem uma aparência deformada devido à deposição extrema de gordura e ao acúmulo de líquidos nos tecidos, a mobilidade pode estar severamente prejudicada, e a pele apresenta espessamento e endurecimento devido ao avanço da fibrose (AMATO; MARKUS; DOS SANTOS, 2020).
O risco de infecções cutâneas, como erisipela, aumenta devido à dificuldade de drenagem linfática e ao comprometimento da barreira protetora da pele. O tratamento nesse estágio exige uma abordagem multidisciplinar, combinando terapias físicas, compressão, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas para a remoção do excesso de gordura e a melhora da função linfática (KATZER et al., 2021).
Cada estágio do lipedema requer estratégias terapêuticas específicas, e a identificação precoce da doença é fundamental para retardar sua progressão e minimizar os impactos funcionais e psicológicos associados. A conscientização sobre a doença e a busca por um diagnóstico preciso são essenciais para garantir um tratamento adequado e melhorar a qualidade de vida das pacientes afetadas (KAMAMOTO, et al., 2025).
Pacientes com lipedema costumam relatar dor espontânea ou ao toque, sensação de peso nas pernas, tendência a equimoses frequentes e edema intermitente, que piora ao longo do dia. Esses sintomas impactam negativamente a qualidade de vida e a funcionalidade das pacientes, dificultando atividades cotidianas e favorecendo o desenvolvimento de quadros emocionais associados, como ansiedade e depressão (CANNING; BARTHOLOMEW, 2018).
A etiologia do lipedema ainda não é completamente elucidada, mas estudos indicam que fatores genéticos desempenham um papel relevante, uma vez que há uma alta incidência de casos dentro de famílias. A influência hormonal também é um aspecto central, considerando que a doença se manifesta quase exclusivamente em mulheres e tende a se agravar em períodos de variação dos níveis hormonais (FORNER-CORDERO et al., 2018).
Existem indícios de que o lipedema esteja associado a disfunções no metabolismo do tecido adiposo e no sistema linfático, o que pode contribuir para a inflamação crônica e para o agravamento do edema nas regiões acometidas (BUSO et al., 2019).
O diagnóstico do lipedema é essencialmente clínico e baseado na avaliação dos sintomas e das características físicas da paciente. Não existem exames laboratoriais ou de imagem específicos para confirmar a presença da doença, embora ultrassonografia e ressonância magnética possam ser utilizadas para diferenciar o lipedema de outras condições, como linfedema e obesidade, logo, é preciso ressaltar que a distinção entre essas patologias é crucial para determinar a abordagem terapêutica mais adequada e evitar tratamentos ineficazes (CANNING; BARTHOLOMEW, 2018).
O tratamento do lipedema pode ser dividido em medidas conservadoras e procedimentos cirúrgicos. As abordagens conservadoras incluem terapia compressiva, drenagem linfática manual, exercícios de baixo impacto, reeducação alimentar e controle do peso corporal, embora essas medidas não eliminem a gordura lipedematosa, elas podem aliviar os sintomas, reduzir o edema e melhorar a mobilidade das pacientes (AMATO; MARKUS; DOS SANTOS, 2020).
A prática de atividade física regular, especialmente exercícios aquáticos e treinamento de resistência, tem sido recomendada para preservar a funcionalidade muscular e reduzir a progressão da doença. Nos casos mais avançados, quando o comprometimento funcional é significativo ou quando as terapias conservadoras não proporcionam alívio adequado, procedimentos cirúrgicos podem ser indicados (KATZER et al., 2021).
A lipoaspiração assistida por vibração ou por laser (endolaser) tem sido amplamente estudada como uma opção eficaz para a remoção seletiva da gordura lipedematosa, promovendo melhora estética e funcional (BELTRAN; HERBST, 2017).
Diferente da lipoaspiração convencional, que pode causar danos ao sistema linfático, as técnicas mais modernas buscam preservar a integridade dos vasos linfáticos e minimizar o trauma tecidual. Além do impacto físico, o lipedema também apresenta consequências psicológicas significativas, a frustração decorrente da dificuldade em perder peso nas áreas afetadas, o desconforto com a aparência corporal e as limitações funcionais podem comprometer a autoestima e a qualidade de vida das pacientes (CANNING; BARTHOLOMEW, 2018).
Dessa forma, o suporte psicológico e o acompanhamento multidisciplinar são fundamentais no manejo da doença, garantindo um tratamento mais abrangente e eficaz. Apesar dos avanços no entendimento do lipedema, ainda há necessidade de mais estudos para aprofundar o conhecimento sobre seus mecanismos fisiopatológicos e desenvolver novas abordagens terapêuticas (KAMAMOTO, et al., 2025).
O reconhecimento precoce da condição e a adoção de estratégias adequadas são essenciais para minimizar a progressão dos sintomas e melhorar o bem-estar das pacientes. A conscientização sobre o lipedema entre profissionais de saúde e a população em geral pode contribuir para um diagnóstico mais assertivo e para a implementação de tratamentos mais eficazes, permitindo que as pacientes tenham uma melhor qualidade de vida e reduzindo o impacto da doença em longo prazo (AMATO; MARKUS; DOS SANTOS, 2020).
2.1 A TÉCNICA DO ENDOLASER
ENDOLASER é sinônimo de tratamento ENDOVENOSO a laser. ENDOLIFT® é um termo registrado pela empresa EUFOTON® que, segundo os criadores, significa um procedimento a laser usado no meio intersticial, para um tratamento de contração de pele e também de redução de gordura. Lasers de diodo nos comprimentos de onda de 980nm e 1470nm eram usados exclusivamente para as cirurgias vasculares, mas passamos a utilizar os mesmos equipamentos com finalidade estética e acabou-se por “transferir a terminologia” do tratamento primariamente realizado com esses aparelhos para os tratamentos estéticos (BAGNATO, 2001).
Silva (2021) cita que o endolaser, por outro lado, se destaca por sua abordagem menos agressiva, ele funciona através da inserção de uma microcânula com uma fibra óptica que emite energia laser diretamente na camada subcutânea, essa energia gera calor, estimulando a contração das fibras de colágeno e a produção de novas fibras, o que promove um efeito lifting e melhora a qualidade da pele, além disso, o calor gerado pelo laser ajuda a reduzir o volume de gordura localizada, o que é particularmente útil em áreas como o pescoço e o queixo, onde a flacidez tende a ser mais evidente com o passar dos anos.
Um dos principais benefícios do endolaser é a sua capacidade de tratar a pele de dentro para fora, o que permite alcançar resultados mais naturais e duradouros, diferente de outros tratamentos que atuam apenas na superfície da pele, o endolaser age nas camadas mais profundas, proporcionando uma melhora significativa na firmeza e textura da pele, esse tratamento é especialmente eficaz para pessoas que buscam rejuvenescer áreas específicas sem passar por procedimentos cirúrgicos extensivos (DE FREITAS; BOZINIS; ARCE, 2021).
Outro ponto importante a ser considerado é a recuperação pós-tratamento com endolaser, que é significativamente mais rápida do que em procedimentos tradicionais, como o procedimento é minimamente invasivo, os pacientes geralmente experimentam menos inchaço, hematomas e desconforto, permitindo um retorno mais rápido às atividades cotidianas, além disso, os resultados são visíveis em um curto período, o que aumenta a satisfação dos pacientes (MENDES; MOLEIRO, 2023).
Assim, nota-se que o endolaser também é versátil, podendo ser utilizado em diversas áreas do corpo, como face, pescoço, braços e abdômen, o que amplia suas aplicações no campo da estética. No entanto, é importante que o tratamento seja realizado por profissionais qualificados, que possuam conhecimento profundo tanto da anatomia humana quanto da tecnologia laser, para garantir a segurança e a eficácia do procedimento (DE FREITAS; BOZINIS; ARCE, 2024).
O endolaser é uma técnica minimamente invasiva que utiliza energia laser para promover a fototermólise seletiva de tecidos biológicos, sendo amplamente aplicado em procedimentos médicos e estéticos. A tecnologia baseia-se na introdução de uma fibra óptica no interior do tecido-alvo, permitindo a emissão de energia controlada diretamente na área de tratamento (AMATO; MARKUS; DOS SANTOS, 2020).
O calor gerado pela interação do laser com as estruturas biológicas promove efeitos terapêuticos variados, como a destruição seletiva de células adiposas, a contração das fibras de colágeno e a remodelação tecidual. A versatilidade do endolaser possibilita sua aplicação em diferentes áreas da medicina, incluindo dermatologia, cirurgia vascular, cirurgia plástica e tratamento de condições como lipedema, varizes e flacidez cutânea (KAMAMOTO, et al., 2025).
A técnica endolaser tem sido especialmente utilizada no tratamento de distúrbios relacionados ao excesso de gordura localizada e ao comprometimento do tecido conjuntivo. No caso do lipedema, por exemplo, a energia laser atua diretamente sobre as células adiposas doentes, promovendo sua destruição sem comprometer estruturas adjacentes, como vasos linfáticos e nervos (MENDES; MOLEIRO, 2023).
Esse efeito ocorre por meio da conversão da energia luminosa em calor, levando à ruptura da membrana dos adipócitos e consequente eliminação do conteúdo lipídico. Além disso, o calor gerado pelo laser estimula a produção de colágeno e elastina, melhorando a qualidade da pele e reduzindo a flacidez decorrente da remoção do tecido adiposo, essa propriedade é um diferencial importante em relação à lipoaspiração convencional, que, apesar de eficaz na remoção de gordura, não promove a mesma reestruturação tecidual (BAGNATO, 2001).
O procedimento de endolaser é realizado com anestesia local e requer apenas pequenas incisões para a introdução da fibra óptica, o que reduz o tempo de recuperação e minimiza os riscos associados à cirurgia. Após a inserção da fibra no tecido subcutâneo, a energia laser é aplicada de maneira controlada, sendo distribuída de forma homogênea ao longo da área tratada (CANNING; BARTHOLOMEW, 2018).
O médico responsável ajusta os parâmetros do equipamento de acordo com as características individuais do paciente, garantindo um tratamento personalizado e seguro. A recuperação pós-operatória costuma ser rápida, com menor incidência de hematomas e menor tempo de inatividade em comparação a técnicas tradicionais de remoção de gordura (DA SILVA et al., 2024).
Além de sua aplicação no tratamento do lipedema e de outras condições relacionadas ao acúmulo de gordura localizada, o endolaser tem sido amplamente empregado na cirurgia vascular para o tratamento de varizes. Nesse contexto, a técnica é utilizada para obliterar vasos sanguíneos disfuncionais por meio da fototermólise seletiva, promovendo a contração das paredes venosas e a reabsorção gradual do vaso pelo organismo (MENDES; MOLEIRO, 2023).
Esse mecanismo é especialmente vantajoso para pacientes que apresentam insuficiência venosa crônica, uma vez que evita a necessidade de intervenções cirúrgicas mais invasivas, como a safenectomia. O endolaser também se destaca no campo da dermatologia estética, sendo empregado para tratamentos de rejuvenescimento facial, remoção de lesões pigmentares e estímulo da produção de colágeno em áreas com flacidez cutânea (DE FREITAS; BOZINIS; ARCE, 2024).
Os benefícios do endolaser incluem menor trauma tecidual, recuperação mais rápida, menor risco de complicações e melhora na qualidade da pele. No entanto, a técnica exige um treinamento adequado do profissional responsável, uma vez que a aplicação inadequada da energia laser pode resultar em danos térmicos indesejados ou em efeitos colaterais como hiperpigmentação e fibrose excessiva, logo, o sucesso do tratamento depende da correta seleção dos parâmetros de laser, da avaliação prévia das condições do paciente e do acompanhamento pós-operatório adequado (KAMAMOTO, et al., 2025).
Em termos de eficácia, estudos clínicos demonstram que o endolaser apresenta resultados satisfatórios tanto na redução de gordura localizada quanto na melhora da firmeza da pele, tornando-se uma opção atraente para pacientes que buscam procedimentos minimamente invasivos com bons resultados estéticos e funcionais. A tecnologia continua a evoluir, com o desenvolvimento de novos comprimentos de onda e dispositivos mais eficientes, ampliando ainda mais suas possibilidades de aplicação (SILVA, 2021).
O avanço das técnicas de laser na medicina tem contribuído significativamente para a ampliação das opções terapêuticas disponíveis, permitindo tratamentos mais precisos, seguros e menos invasivos. O endolaser, nesse contexto, representa uma alternativa inovadora para diferentes condições médicas e estéticas, proporcionando benefícios que vão além da simples remoção de gordura ou da eliminação de varizes (BAGNATO, 2001).
Sua capacidade de promover regeneração tecidual e remodelação do colágeno reforça seu papel como uma ferramenta valiosa na prática clínica, oferecendo aos pacientes resultados mais naturais e duradouros. À medida que novas pesquisas são conduzidas e a tecnologia continua a se aprimorar, esperase que o endolaser desempenhe um papel cada vez mais relevante na medicina moderna, consolidando-se como uma solução eficaz e segura para uma ampla gama de tratamentos (DE FREITAS; BOZINIS; ARCE, 2024).
2.2 O ENDOLASER COMO TÉCNICA DE TRATAMENTO AO LIPEDEMA
O tratamento dessa condição tem como principal objetivo reduzir a inflamação crônica, melhorar a qualidade do tecido conjuntivo e minimizar os impactos funcionais e estéticos. Nesse contexto, o endolaser tem emergido como uma alternativa promissora, oferecendo benefícios na remoção seletiva da gordura lipedematosa, na estimulação do colágeno e na melhora da drenagem linfática, o que contribui para uma reestruturação tecidual mais eficaz e duradoura (MARTIN, 2024).
A técnica do endolaser baseia-se na aplicação de energia laser diretamente no tecido subcutâneo por meio de uma fibra óptica introduzida através de pequenas incisões na pele. A energia emitida promove um processo de fototermólise seletiva, que induz a destruição controlada das células adiposas e a remodelação da matriz extracelular, favorecendo a contração da pele e reduzindo a flacidez pós-procedimento (ARAUJO; GUIMARÃES; MOREIRA, 2016).
Além disso, o calor gerado pelo laser estimula a produção de colágeno e elastina, o que melhora a firmeza da pele e reduz a irregularidade do tecido. Diferente da lipoaspiração convencional, que pode lesionar vasos linfáticos e promover maior trauma tecidual, o endolaser preserva a integridade das estruturas linfáticas e promove uma recuperação mais rápida e com menos efeitos adversos (SILVA, 2021).
O mecanismo de ação do endolaser no lipedema envolve a redução da inflamação crônica e a melhora da circulação local, fatores essenciais para minimizar os sintomas associados à doença. Pacientes com lipedema frequentemente apresentam dor espontânea e equimoses frequentes devido à fragilidade capilar e à inflamação persistente no tecido adiposo (DA SILVA et al., 2024).
A energia laser atua modulando esses processos inflamatórios e promovendo a reorganização da matriz extracelular, o que contribui para um alívio significativo dos sintomas. Além disso, o efeito térmico da tecnologia auxilia na melhora da drenagem linfática, reduzindo o edema característico da doença e proporcionando uma sensação de leveza e bem-estar às pacientes (KAMAMOTO, et al., 2025).
O procedimento é minimamente invasivo e realizado sob anestesia local ou sedação leve, o que reduz os riscos associados a intervenções cirúrgicas mais agressivas. A inserção da fibra óptica no tecido subcutâneo permite a distribuição uniforme da energia laser, garantindo um efeito homogêneo sobre o tecido adiposo e a pele (MENDES; MOLEIRO, 2023).
A recuperação pós-procedimento é relativamente rápida, permitindo que as pacientes retomem suas atividades cotidianas em um período reduzido de tempo. O uso de malhas compressivas no pós-operatório auxilia na remodelação tecidual e na redução do edema residual, otimizando os resultados obtidos com a técnica (MARTIN, 2024).
Estudos clínicos demonstram que o endolaser apresenta resultados satisfatórios na redução do volume adiposo, na melhora dos sintomas dolorosos e na qualidade da pele em pacientes com lipedema. No entanto, apesar dos benefícios evidentes, ainda há necessidade de mais pesquisas para consolidar sua aplicabilidade e estabelecer protocolos terapêuticos padronizados (DE FREITAS; BOZINIS; ARCE, 2024).
A individualização do tratamento, levando em consideração o grau de acometimento da doença e as características fisiológicas da paciente, é fundamental para garantir uma abordagem segura e eficaz. A evolução das técnicas minimamente invasivas têm proporcionado avanços significativos no tratamento do lipedema, permitindo que pacientes alcancem melhora funcional e estética sem os riscos e complicações associados a procedimentos cirúrgicos mais invasivos (AMATO; MARKUS; DOS SANTOS, 2020).
O endolaser representa uma opção inovadora, que alia a remoção seletiva do tecido adiposo à regeneração da pele, tornando-se uma alternativa viável para o manejo dessa condição complexa. À medida que novas pesquisas são conduzidas e a tecnologia laser continua a evoluir, espera-se que sua utilização no tratamento do lipedema seja cada vez mais aprimorada, consolidando-se como uma abordagem terapêutica eficaz e segura para a melhoria da qualidade de vida das pacientes (MENDES; MOLEIRO, 2023).
Estudos apontam que essa tecnologia pode promover a destruição seletiva das células adiposas, reduzir a inflamação local e melhorar a drenagem linfática, favorecendo o alívio dos sintomas e a reestruturação do tecido. Além disso, o procedimento apresenta menor risco de complicações quando comparado a técnicas tradicionais, uma vez que é menos agressivo e gera menor trauma tecidual, no entanto, apesar dos avanços tecnológicos e do crescente interesse pelo endolaser como uma alternativa terapêutica, ainda há a necessidade de mais estudos clínicos para determinar sua real eficácia, segurança e durabilidade dos resultados (SILVA, 2021).
A efetividade do laser de diodo nas faixas de 980 nm e 1470 nm tem sido amplamente estudada em diversas aplicações médicas, especialmente no tratamento de condições que envolvem tecidos moles, gordura subcutânea e estruturas vasculares. A escolha do comprimento de onda do laser influencia diretamente sua interação com os tecidos biológicos, sendo os lasers de 980 nm e 1470 nm amplamente utilizados devido à sua alta absorção pela água e pela hemoglobina, o que os torna eficazes em procedimentos de coagulação, ablação tecidual e remodelação do colágeno (KUHN, 2016).
O laser de diodo de 980 nm apresenta um perfil de absorção equilibrado entre água e hemoglobina, permitindo sua aplicação em tratamentos que envolvem tecidos altamente vascularizados, como varizes e hemangiomas, além de sua utilização em cirurgias endovasculares (MARTIN, 2024).
No contexto do tratamento do lipedema e da remoção de gordura localizada, esse comprimento de onda tem sido empregado para induzir a fototermólise seletiva dos adipócitos, promovendo a destruição controlada das células de gordura sem causar danos significativos às estruturas adjacentes, como vasos linfáticos e nervos. A energia térmica gerada pelo laser de 980 nm também contribui para a contração das fibras de colágeno, promovendo uma melhora na firmeza da pele e reduzindo a flacidez após a remoção do tecido adiposo (DE FREITAS; BOZINIS; ARCE, 2024).
Já o laser de diodo de 1470 nm possui uma absorção muito maior pela água em comparação ao de 980 nm, tornando-o mais seletivo para procedimentos que envolvem tecidos ricos em fluídos, como o tecido adiposo e a matriz extracelular (MENDES; MOLEIRO, 2023).
Essa característica faz com que o laser de 1470 nm seja particularmente eficaz na eliminação de gordura subcutânea e no tratamento de lipedema, pois sua ação térmica promove a destruição dos adipócitos com maior precisão e menor dano colateral. Além disso, a alta absorção pela água reduz o risco de efeitos adversos, como queimaduras superficiais, tornando o procedimento mais seguro e com recuperação mais rápida (BAGNATO, 2001).
Comparando os dois comprimentos de onda, estudos indicam que o laser de 1470 nm apresenta maior eficiência na lipólise e na retração cutânea, devido à sua melhor interação com a água presente no tecido adiposo e no colágeno. No entanto, o laser de 980 nm pode ser vantajoso em situações em que é necessária uma coagulação mais efetiva dos vasos sanguíneos, sendo uma escolha adequada para procedimentos em tecidos mais vascularizados (ARAUJO; GUIMARÃES; MOREIRA, 2016).
Ambos os lasers são utilizados em técnicas minimamente invasivas, como o endolaser, proporcionando benefícios como menor tempo de recuperação, redução da dor pós-operatória e melhores resultados estéticos e funcionais (KAMAMOTO, et al., 2025).
A escolha entre os comprimentos de onda deve levar em consideração as características individuais do paciente e os objetivos do tratamento. A combinação de ambas as tecnologias pode ser uma estratégia eficaz para otimizar os resultados, aproveitando as vantagens específicas de cada laser. Pesquisas continuam sendo conduzidas para aprimorar os protocolos clínicos e avaliar os efeitos a longo prazo dessas tecnologias, visando garantir maior segurança e eficácia nos tratamentos que envolvem a aplicação do laser de diodo (MARTIN, 2024).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O endolaser tem se mostrado uma alternativa promissora no tratamento do lipedema, oferecendo benefícios tanto na redução do volume adiposo quanto na melhora dos sintomas clínicos associados à doença. Por meio da tecnologia de laser de diodo, especialmente nos comprimentos de onda de 980 nm e 1470 nm, a técnica promove a destruição seletiva dos adipócitos, a remodelação do colágeno e a melhora da drenagem linfática, contribuindo para uma abordagem terapêutica mais eficaz e menos invasiva em comparação a métodos tradicionais, como a lipoaspiração convencional. Além disso, a preservação das estruturas vasculares e linfáticas, aliada à menor taxa de complicações e ao tempo de recuperação reduzido, reforça a aplicabilidade do endolaser como uma ferramenta segura no manejo do lipedema.
Embora os estudos clínicos disponíveis indiquem resultados satisfatórios na redução da dor, da inflamação e do edema, além de uma melhora estética e funcional das pacientes, ainda são necessárias mais pesquisas para estabelecer protocolos padronizados e avaliar a durabilidade dos efeitos a longo prazo. O sucesso do tratamento depende de uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir medidas complementares, como fisioterapia, drenagem linfática e o uso de malhas compressivas, garantindo a manutenção dos resultados obtidos.
Dessa forma, o endolaser se consolida como uma técnica inovadora e eficaz no combate ao lipedema, proporcionando não apenas alívio dos sintomas e melhora da qualidade de vida, mas também avanços na estética corporal das pacientes. Com o avanço das pesquisas e o aprimoramento das técnicas, espera-se que essa modalidade de tratamento se torne cada vez mais acessível e amplamente adotada na prática clínica.
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