EMPODERAMENTO FEMININO DAS MICROEMPREENDEDORAS ATENDIDAS PELO SEBRAE EM GURUPI

Female Empowerment in Microentrepreneurs Served by SEBRAE in Gurupi

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10396264


Camila Kelly do Vale Oliveira¹
Claudia da Luz Carvelli²


RESUMO

O ato de criar o próprio negócio pode-se chamar, de maneira ampla, de empreendedorismo. Para melhor exemplificar tal tema, buscou-se analisar o empoderamento feminino nas Microempreendedoras atendidas pelo Sebrae, no município de Gurupi, localizado na região sul do Estado do Tocantins. Para isso, a presente pesquisa focou em investigar o grau de confiança e autoestima das microempreendedoras após o suporte e capacitação oferecidos pelo Sebrae em Gurupi e avaliar o impacto das ações do Sebrae no aumento da autonomia financeira das microempreendedoras. Para isso, na metodologia, esta pesquisa foi conduzida por meio de uma abordagem qualitativa, utilizando entrevistas semiestruturadas, cujo questionário correspondeu a 10 questões de múltipla escolha e 02 questões de respostas subjetivas. Os questionários foram aplicados entre os dias 15 a 25 do mês de novembro de 2023, totalizando 09 respondentes. Nos resultados, as mulheres empreendedoras da pesquisa estão enquadradas na faixa que corresponde dos 26 até 45 anos; o setor de maior atuação foi o de serviços; as respondentes participam a menos de 1 ano das ações do Sebrae em Gurupi; todas as respondentes afirmaram que após a sua participação nas ações do Sebrae, houve um aumento na confiança para a tomada de decisões; as microempreendedoras de fato tiveram um aumento na sua autonomia financeira ao participarem de atividades do Sebrae; o Sebrae teve importância significativa na melhoria de habilidades de gestão financeira e as ações propostas pelo Sebrae tem ajudado positivamente no empoderamento das mulheres participantes.

Palavras-chave: Empoderamento Feminino. Mulheres. Microempreendedoras. Impacto.

ABSTRACT

The act of creating your own business can be broadly called entrepreneurship. To better exemplify this theme, we sought to analyze female empowerment in Microentrepreneurs served by Sebrae, in the municipality of Gurupi, located in the southern region of the State of Tocantins. To this end, this research focused on investigating the degree of confidence and self-esteem of microentrepreneurs after the support and training offered by Sebrae in Gurupi and evaluating the impact of Sebrae’s actions on increasing the financial autonomy of microentrepreneurs. For this, in methodology, this research was conducted through a qualitative approach, using semi-structured interviews, whose questionnaire corresponded to 10 multiple choice questions and 02 questions with subjective answers. The questionnaires were administered between the 15th and 25th of November 2023, totaling 9 respondents. In the results, the women entrepreneurs in the research fall into the range that corresponds to 26 to 45 years old; the sector with the greatest activity was services; the respondents have participated in Sebrae actions in Gurupi for less than 1 year; all respondents stated that after participating in Sebrae actions, there was an increase in confidence in decision-making; microentrepreneurs actually had an increase in their financial autonomy when participating in Sebrae activities; Sebrae had significant importance in improving financial management skills and the actions proposed by Sebrae have positively helped in the empowerment of participating women,

Keywords: Female Empowerment. Women. Microentrepreneurs. Impact.

1. INTRODUÇÃO

O empoderamento feminino refere-se ao processo pelo qual as mulheres adquirem poder, controle e autonomia sobre suas vidas, tanto a nível pessoal quanto social. Isso envolve a capacitação das mulheres para tomar decisões informadas e exercer seus direitos em várias áreas, incluindo política, econômica, social e cultural (BRITO, 2020).

Muito tem-se discutido o empoderamento feminino na sociedade moderna. E isso tem sido configurado com mais afinco no mercado de trabalho. É por meio do trabalho que a mulher tem ocupado um espaço de liderança e autonomia na sociedade. Ocorre que, para muitas ingressar no mercado de trabalho – tão concorrido e muito desigual na paridade de gêneros – que muitas mulheres, para mudar a sua realidade, começam a empreender (VALENTIM; PERUZZO; AMARAL, 2023).

O ato de empreender se caracteriza por ser uma atividade de criar, desenvolver e gerenciar um negócio, com o objetivo de buscar oportunidades de mercado e inovação. Os indivíduos envolvidos nesse processo são chamados de empreendedores. O empreendedorismo desempenha um papel fundamental na economia, impulsionando o crescimento econômico, a criação de empregos e a inovação (ALVES, 2019).

Desse modo, o empoderamento feminino vem encontrado mais espaço em mulheres empreendedoras. Confirmando essa afirmativa, a título de exemplo, o número de mulheres empreendedoras vem crescendo no Brasil e chegou a uma marca histórica: a última pesquisa do relatório Empreendedorismo Feminino do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), feita com base em dados do Instituto Brasileiro IBGE, mostra que, no terceiro trimestre de 2022, havia 10,3 milhões de mulheres donas de negócios no país, mais de 34% dos empreendedores (SEBRAE, 2023b).

É no empreendedorismo, caracterizado como uma forma de independência financeira e de autonomia frente ao mercado de trabalho, que se encontra terreno fértil para a readaptação financeira da população, especialmente de mulheres.

Diante desse cenário, o tema a ser analisado neste trabalho se trata justamente do significado do empreendedorismo e qual a sua importância para o cenário econômico atual. Para melhor exemplificar tal tema, buscou-se analisar o empoderamento feminino nas Microempreendedoras atendidas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que é uma entidade privada que promove a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos empreendimentos de micro pequenas empresas (SEBRAE, 2023).

Neste caso, destinou-se em investigar o grau de confiança e autoestima das microempreendedoras após o suporte e capacitação oferecidos pelo Sebrae em Gurupi, município localizado na região sul do Estado do Tocantins e avaliar o impacto das ações do Sebrae no aumento da autonomia financeira das microempreendedoras analisadas.

Partindo dessa premissa, a motivação para a escolha desse tema também se deu pela necessidade em se entender o novo cenário que o empreendedorismo possui em relação às mulheres e de que forma o SEBRAE pode auxiliar essas microempreendedoras a terem sucesso profissional e social. 

Para alcançar as respostas desses objetivos, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas. A escolha por essa abordagem permitiu uma compreensão aprofundada das experiências das microempreendedoras atendidas pelo Sebrae em Gurupi, explorando suas percepções sobre empoderamento e os impactos das ações da instituição em suas vidas e negócios.

Diante do exposto, a pesquisa teve o objetivo de investigar o nível de empoderamento feminino das microempreendedoras atendidas pelo SEBRAE em Gurupi e avaliar o impacto no aumento da autonomia financeira das microempreendedoras.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo está delimitado com uma abordagem qualitativa. Como bem explica Coelho (2017), a abordagem qualitativa exige um estudo amplo do objeto de pesquisa, considerando o contexto em que ele está inserido e as características da sociedade a que pertence.

Esse estudo também se enquadra na abordagem descritiva, uma vez que detalha as informações teóricas sobre o empreendedorismo. Severino (2019) nos explica que a metodologia descritiva é um método onde são recolhidas informações mais específicas e detalhadas, ou em outras palavras, descreve uma realidade.

Enquadra-se, também, como pesquisa exploratória, por tratar de um assunto que necessita ser mais discutido no cenário atual. Almeida (2013) afirma que é um método que visa explorar um tema ou problema de pesquisa de forma ampla, buscando entender suas características e possíveis relações.

No que se refere aos procedimentos, foi aplicada entrevistas semiestruturadas como principal método de coleta de dados. Os questionários foram aplicados entre os dias 15 e 25 do mês de novembro de 2023, no SEBRAE do município de Gurupi. Os questionários continham 12 questões, sendo 10 de múltipla escolha e 02 de respostas abertas.

O SEBRAE atua com o objetivo de fortalecer o empreendedorismo e a aceleração do processo de formalização da economia por meio de parcerias com os setores público e privado, programas de capacitação, acesso ao crédito e à inovação, estímulo ao associativismo, incentivo a educação empreendedora na educação formal, feiras e rodadas de negócios (SEBRAE, 2023).

A amostra foi composta por um grupo diversificado de microempreendedoras que participaram das ações do Sebrae em Gurupi. A seleção foi realizada por meio de critérios como tipo de negócio, tempo de participação nas iniciativas do Sebrae e representatividade em diferentes setores econômicos. Ao final, obteve-se 09 respondentes.

A análise dos dados seguiu um processo de codificação e categorização das informações. Foram identificados padrões emergentes relacionados ao empoderamento, destacando aspectos de confiança, autonomia financeira e conexões sociais. A análise foi conduzida com auxílio de software de análise qualitativa.

Foi buscada a validação dos resultados por meio de triangulação de dados, comparando as informações coletadas com a literatura relevante sobre empoderamento feminino e empreendedorismo. Casos exemplares foram apresentados para as participantes, permitindo que elas validem ou contribuam com suas percepções.

Todos os procedimentos seguiram princípios éticos, incluindo a obtenção de consentimento informado das participantes, garantindo anonimato e confidencialidade dos dados e assegurando a liberdade de participação e retirada a qualquer momento.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme exposto anteriormente, o questionário foi composto com 12 questões (10 questões de múltipla escolha e 02 questões abertas), o qual obteve 9 respondentes do gênero feminino, empreendedoras, que residem e trabalhem no munícipio de Gurupi e que foram atendidas pelo Sebrae. 

A primeira questão do questionário se referia a faixa etária das mulheres empreendedoras. De acordo com Oliveira (2023), a faixa etária ajuda a segmentar os participantes em grupos específicos, o que pode ser crucial para analisar dados de maneira mais detalhada. Diferentes faixas etárias podem ter perspectivas, comportamentos e opiniões distintas. 

Os resultados dessa questão foram:

Gráfico 1 – Faixa etária das respondentes

Fonte: Dados primários (2023)

Como mostrado o Gráfico 1, as mulheres empreendedoras da pesquisa estão enquadradas na faixa que corresponde dos 26 até 45 anos. Acima dessas idades, o número de mulheres empreendedoras caem. Esse dado é o mesmo encontrado por Rolon (2023) que afirma em seu estudo que a faixa etária das empreendedoras está entre 22 e 35 anos. 

A autora ainda afirma que é cada vez mais crescente o número de mulheres empreendedoras jovens. Muitas encontram dificuldades em adentrar no mercado de trabalho, e acabam buscando abrir seu próprio negócio, o que explica o crescimento de mulheres jovens (26-35 anos) ao empreendedorismo (ROLON, 2023).

Mulheres acima de 45 anos também estão empreendendo, ainda que em quantidade menor. Segundo dados do GEM (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR) de 2015, mostrou que mulheres mais jovens são mais ativas nos empreendimentos de estágio inicial, enquanto as mais velhas são mais ativas nos empreendimentos estabelecidos.

Santos, Campos e Dornelas (2018) buscam elencar algumas razões que fazem com mulheres acima de 45 anos se tornem microempreendedoras. Segundo os autores, algumas mulheres optam por iniciar seus próprios negócios após os 45 anos para realizar sonhos adiados. Isso pode ser impulsionado por um desejo de autonomia, criatividade ou simplesmente pela busca de satisfação pessoal.

   Além disso, em alguns casos, o empreendedorismo surge como resposta a mudanças no mercado de trabalho ou a situações como aposentadoria, levando as mulheres a buscar novas formas de sustento (SANTOS; CAMPOS; DORNELAS, 2018).

A segunda questão se destinava em saber qual é o setor de atuação do negócio das respondentes. Entender o empreendedorismo feminino em um setor específico é crucial por várias razões. Mayer (2018) cita por exemplo, que investidores, organizações e parceiros podem identificar oportunidades de investimento estratégicas ao compreenderem as áreas em que as mulheres empreendedoras estão ativas e as necessidades específicas desse grupo.

Conhecendo as mulheres empreendedoras em um setor, é possível desenvolver redes de apoio mais eficientes, promovendo a colaboração, mentorias e compartilhamento de recursos. Soma-se ao fato de que mulheres empreendedoras podem servir como modelos de papel para outras mulheres, incentivando aspirantes a empreendedoras a perseguir seus objetivos no mesmo setor (MAYER, 2018).

Os resultados foram:

Gráfico 2: Qual é o setor de atuação do seu negócio?

Fonte: Dados Primários (2023)

Pelo resultado encontrado no Gráfico 2, o setor de maior atuação foi o de serviços (75%) seguido por outras áreas (20%) e o de comércio (5%). Os dados apresentados vão de encontro ao que Assunção e Dos Anjos (2018) relataram em seu estudo, onde indicaram que empreendedoras ainda possuem o foco de suas empresas na prestação de serviços. Nesses casos, cita-se como exemplos principais, as áreas de assessoria de imagem e estilo ou em áreas relacionadas à saúde e bem-estar, como coaching de saúde, yoga, nutrição, terapias alternativas, entre outros.

As respondentes afirmaram que a área de serviço ao qual estão inseridas são as de beleza e estética. Os serviços relacionados à area da beleza, são de fato os que mais crescem neste cenário. Camargo, Lourenço e Ferreira (2018) mencionam que a presença massiva das mulheres no empreendedorismo nacional, somada à força do setor de beleza e estética no Brasil, colaborou para a constituição de um cenário no qual muitas mulheres decidem empreender no setor da beleza.

A terceira questão buscou saber o período em que as respondentes participam das ações do Sebrae de Gurupi. Os dados totais são:

Gráfico 3: Há quanto tempo você participa das ações do Sebrae em Gurupi?

Fonte: Dados Primários (2023)

O gráfico 3 mostra que majoritariamente, 95% das respondentes participam a menos de 1 ano das ações do Sebrae em Gurupi. Portanto, é recente o período de participação das microempreendedoras no Sebrae do presente município. 

A questão 4 está relacionada ao empoderamento e a tomada de decisões. Nesse sentido tencionou-se saber se houve um aumento no nível de confianças das respondentes após a sua participação no Sebrae. Os resultados foram:

Gráfico 4: Após sua participação nas ações do Sebrae, você se sente mais confiante para tomar decisões relacionadas ao seu negócio?

Fonte: Dados Primários (2023)

Como mostrado no Gráfico 4, todas as respondentes afirmaram que após a sua participação nas ações do Sebrae, houve um aumento na confiança para a tomada de decisões. Esse dado é importante, porque mostra a eficácia do Sebrae em proporcionar condições teóricas e práticas às microempreendedoras que auxiliam nas tomada de decisões aos quais precisam tomar para o desenvolvimento e crescimento do negócio.

No Brasil, em termos históricos, Maximiano (2016) nos explica que foi somente na década de 90 que o empreendedorismo ganhou força e destaque no cenário econômico pátrio. Através da criação das entidades como o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o SOFTEX (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) a ideia de empreender e de arriscar um novo negócio começou a ganhar notoriedade e apoio.

Desde então, o Sebrae tem-se tornado uma das principais entidades de apoio e ensino para quem deseja empreender. No caso das mulheres isso é ainda mais importante, uma vez que são elas, conforme já mostrado anteriormente, que estão buscando cada vez mais empreender.

Ferreira (2019) afirma que o Sebrae desempenha um papel fundamental no apoio ao empreendedorismo feminino no Brasil. O autor destaca que além de oferecer programas de capacitação e treinamento específicos para empreendedoras, fornecendo habilidades essenciais para o sucesso nos negócios, o Sebrae promove a inovação por meio de programas que incentivam empreendedoras a adotarem práticas inovadoras e tecnológicas em seus negócios, o que acaba gerando maior confianças nas mulheres empreendedoras. 

Na quinta questão, buscou-se saber se as habilidades adquiridas por meio do Sebrae ajudaram na capacidade de gerenciamento do negócio. As respostas dessa questão foram:

Gráfico 5: Você acredita que as habilidades adquiridas por meio do Sebrae influenciaram positivamente sua capacidade de gerenciar e conduzir seu negócio?

Fonte: Dados Primários (2023)

Uma vez que os resultado do Gráfico 4 mostrou que o Sebrae ajudou a trazer maior confiança na tomada de deciões, a presente instituição também influenciou as respondentes a terem uma melhor capacidade de gerenciamento e condução do seu próprio negócio, correspondendo a 95% das respostas na opção de concordo totalmente.

Silva, Machado e Pucca (2022) informam que o Sebrae oferece capacitação em habilidades de gestão, abordando aspectos como planejamento estratégico, gestão financeira e marketing. Esses conteúdos são fundamentais para que as microempreendedoras possam ter o conhecimento necessário para melhor gerenciar e administrar os seus negócios. 

A sexta questão abordou a respeito da autonomia financeira. Formoso e Costa (2023) afirmam que empreender permite que as mulheres gerem sua própria renda, proporcionando independência financeira e reduzindo a dependência de terceiros. Portanto é importante saber se elas de fato conseguem ter uma autonomia financeira ao participarem de atividades do Sebrae. A respeito disso, tem-se:

Gráfico 6: Você percebeu algum aumento na sua autonomia financeira desde que participou das iniciativas do Sebrae?

Fonte: Dados Primários (2023)

O resultado mostrado no Gráfico 6 aponta que uma grande porcentagem (85%) de microempreendedoras que de fato tiveram um aumento na sua autonomia financeira ao participarem de atividades do Sebrae. Isso mostra que a instituição tem impactado positivamente no controle sobre as carreiras e destinos profissionais destas mulheres, podendo tomar decisões que alinhem com seus objetivos pessoais e valores.

No entanto, frisa-se que algumas não obtiveram a influência do Sebrae nessa questão, correspondendo a 15% do total das respondentes. Por ser uma questão de múltipla escolha, não pôde-se encontrar as razões que levaram as mulheres a não perceber aumento na sua autonomia financeira ao envolverem-se nos cursos do Sebrae.

Na indagação 7, tratou-se sobre gestão financeira. Essa questão é importante porque o gerencimento de um negócio é parte fundamental para o crescimento e manutenção do empreendimento. De acordo com Oliveira (2023), para que um negócio possa sobreviver e manter-se num mercado cada vez mais competitivo, torna-se necessário que o microempreendedor faça a sua gestão de forma eficiente.

Em uma pesquisa feita pelo Sebrae (2022) apontou que 77% dos microempreendedores nunca fizeram qualquer treinamento em finanças para gerir um negócio. Ou seja, a falta de conhecimento e a desorganização das finanças são motivos que levam as empresas a não resistirem no mercado.

Os resultados dessa questão foram:

Gráfico 7: Em que medida você acredita que as ações do Sebrae contribuíram para melhorar suas habilidades de gestão financeira?

Fonte: Dados Primários (2023)

As respondentes afirmam em sua maioria (75%) que o Sebrae teve importância significativa na melhoria de habilidades de gestão financeira. Esse dado é positivo, porque mostra que as microempreendedoras entrevistadas conseguiram ter um aprimoramento nas questão de gerência financeira, que é crucial para o crescimento e manutenção do seu negócio.

Do mesmo modo, mesmo as respondentes afirmando que as ações do Sebrae contribuíram de modo moderado (25%), esse dado também é positivo, uma vez que demonstra que as respondentes tiveram algum nível básico de conhecimento sobre gestão financeira.

Na oitava e nona questão, destinavam-se às redes de apoio. Na indagação nº 8, tencionava-se saber se a participação das microempreendedoras nas atividades do Sebrae fez com que elas tivessem novas conexões e contatos de negócios. A esse respeito, apresenta-se o resultado a seguir:

Gráfico 8: Você fez novos contatos e conexões de negócios por meio das atividades do Sebrae?

Fonte: Dados Primários (2023)

O dado apontado pelo Gráfico 8 indica um equilibrio nas respostas. Ou seja, tanto as microempreendedoras tiveram novos contatos (55%) como também não conseguiram (45%) após a participação das atividades do Sebrae. Isso mostra que apesar de a empresa ser um importante fator de influência para a gerência e administração de um negócio, ele por si só, não possibilita uma rede de contatos e conexões de negócios para suas participantes.

Paralelo a questão acima, na próxima questão (9) se objetivou em saber se as redes de apoio formadas por meio de Sebrae contribuíram para o desenvolvimento do negócio das respondentes. 

Importante mencionar que em uma microempresa é fundamental ter redes de apoios de outros negócios e empreendimentos, assim como rede de contatos sociais. Elas certamente ajudarão a microempreendedora a ter uma melhor dimensão do mercado de trabalho e de troca de informação (VALENTIM; PERUZZO; AMARAL, 2023).

Sobre essa questão, apresenta-se abaixo o resultado:

Gráfico 9: As redes de apoio formadas ou ampliadas a partir do Sebrae têm influenciado positivamente o desenvolvimento do seu negócio?

Fonte: Dados Primários (2023)

Assim como ocorre na resposta da questão anterior, onde houve uma equilibrio nas respostas, onde parte das respondentes afirmaram que não houve o surgimento de novos contatos e conexões após a participação das atividades do Sebrae, nesta questão, como forma de consequência da indagação anterior, as respondentes se assemelharam nas respostas, onde 55% afirmaram que concordava parcialmente e 35% concordava totalmente.

Esse dado mostra que o Sebrae de Gurupi possibilitou de forma moderada a ampliação de conexões e redes de apoios às microempreendedoras. Isso é um ponto negativo, porque apesar de ter microempreendedoras que puderam ter novas conexões e redes de apoio por meio do Sebrae, outras tantas não conseguiram. Isso mostra que o Sebrae de Gurupi deve buscar medidas e ações que ajudem as mulheres empreendedoras a terem uma maior rede de apoio bem como o fechamento de parcerias. 

O foco da questão 10 era saber o impacto que o Sebrae possuiu no empoderamento das microempreendedoras respondentes. 

O resultado dessa questão foi:

Gráfico 10: Como você descreveria o impacto geral das ações do Sebrae no seu empoderamento como empreendedora?

Fonte: Dados Primários (2023)

No momento, tem-se ganhado destaque o empreendedorismo feminino. Como exemplo, o Brasil está entre os 10 países com o maior número de empreendedoras do mundo, segundo estudo Global Entrepreneurship Monitor 2021. A pesquisa mostra ainda que mais da metade das brasileiras empreende no segmento de comércio de bens e serviços (GEM, 2021 apud GRESOL, 2023).

Frente a esse cenário, é de suma importância que empresas de apoio, como o Sebrae busquem auxiliar no empoderamento feminino, principalmente no que concerne ao mercado de trabalho. Pelo resultado apresentado pelo Gráfico 10, mostrou-se que o Sebrae tem ajudado de forma positiva o empoderamente das microempreendedoras respondentes.

Esse dado indica que as ações propostas pelo Sebrae tem ajudado positivamente no empoderamento das mulheres participantes. Isso é importante porque faz com que elas se sintam seguras em empreender e em descobrir novas formas de crescimento e manutenção do seu negócio.

Como exemplo dessa medida feita pelo Sebrae destaca-se o programa Sebrae Delas, que é um programa que incentiva, valoriza e acelera a jornada de mulheres que empreendem ou querem empreender. Tal programa já teve mais de 14.230.507 mulheres atendidas pelo Sebrae nos últimos 5 anos, além de 3.811.892 CNPJs com mulheres sócias ou proprietárias ativas atendidos pelo Sebrae nos últimos 5 anos (SEBRAE, 2023c).

A questão 11, de natureza aberta, objetivava em saber a opinião das respondentes sobre quais aspectos específicos das ações do Sebrae mais contribuíram para o empoderamento como empreendedora. As respostas foram claras: crescimento e conhecimento e gestão financeira.

Desse modo, verificou-se que as microempreendedoras respondentes apontaram que o crescimento e conhecimento foram de enorme importância para que o seu empoderamento fosse ativado. Ter conhecimento sobre o seu próprio negócio, assim como aspectos relacionados à administação e controle, ajudaram de modo a se sentirem seguras e preparadas a empreender.

A gestão financeira também foi mencionada como fator importante para o empoderamento. As ações do Sebrae voltados para essa área fizeram com que as respondentes tivessem um maior conhecimento técnico e teórico sobre os intrumentos de gerenciamento e com isso, pudessem ter a certeza que estavam no caminho certo para o sucesso do seu empreendimento. 

A última questão, de número 12, solicitou para as respondentes se elas tinham alguma sugestão ou recomendação para melhorar as ações do Sebrae em relação ao empoderamento das microempreendedoras. As respostas foram unânimes no sentido de que não se tinha nenhuma recomendação ou sugestão a fazer.

Com os resultados mostrados, fica evidente constatar que o Sebrae desempenha um papel fundamental no empoderamento feminino por meio do estímulo ao empreendedorismo. A oferta de programas de capacitação e treinamento específicos para empreendedoras, visando desenvolver habilidades e competências necessárias para a gestão de negócios, foram essenciais para que as respondentes se sentissem seguras para empreender.

Desse modo, ficou claro que o Sebrae impactou de forma positiva as respondentes a empreender em suas áreas de atuação, fazendo com que tenham um aumento na autonomia financeira, bem como uma influência positiva na tomada de decisões nos negócios.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa teve como objetivo central investigar o nível de empoderamento feminino das microempreendedoras atendidas pelo SEBRAE em Gurupi. Os resultados encontrados na pesquisa, foram:

  • As mulheres empreendedoras da pesquisa estão enquadradas na faixa que corresponde dos 26 até 45 anos;
  • O setor de maior atuação foi o de serviços;
  • As respondentes participaram a menos de 1 ano das ações do Sebrae em Gurupi;
  • Todas as respondentes afirmaram que após a sua participação nas ações do Sebrae, houve um aumento na confiança para a tomada de decisões;
  • As microempreendedoras de fato tiveram um aumento na sua autonomia financeira ao participarem de atividades do Sebrae;
  • O Sebrae teve importância significativa na melhoria de habilidades de gestão financeira;
  • As ações propostas pelo Sebrae tem ajudado positivamente no empoderamento das mulheres participantes.

Apesar desse resultado positivo, importante destacar que o Sebrae de Gurupi não trouxe uma maior abertura de mercado às respondentes. Em outras palavras, parte das microempreendedoras não conseguiram uma rede de apoio e/ou novos contatos e conexões de negócios por meio das atividades do Sebrae. Nesse sentido, sugere-se que a instituição deva buscar ações mais efetivas que foquem na ampliação das redes de apoio, uma vez que não basta apenas ensinar e empoderar, é preciso dar suporte para que elas possam sair da instituição e empreender de modo seguro e consistente.

De todo modo, diante dos dados apresentados nesse estudo, ficou claro que o Sebrae desempenha um papel importante no empoderamento feminino, fazendo com que elas possam se sentirem seguras e confiantes no gerencimento dos seus negócios.

O Sebrae, portanto, desempenha um papel crucial no ecossistema empreendedor brasileiro, proporcionando recursos, suporte técnico e estrutura para impulsionar o empreendedorismo feminino, contribuindo assim para o desenvolvimento econômico e social do país.

O Sebrae, ao fornecer suporte prático, recursos e oportunidades de aprendizado, desempenha um papel essencial no empoderamento feminino por meio do empreendedorismo. Ao fortalecer as mulheres como empreendedoras, contribui para a construção de uma sociedade mais equitativa e dinâmica.

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