EMICIZUMABE NO TRATAMENTO DE PORTADORES DE HEMOFILIA A

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7357593


Adilson Costa Ribeiro 1,2
Prof Me. Ademilton Costa Alves 2


RESUMO

INTRODUÇÃO: A hemofilia é uma das patologias mais antigas descritas no mundo, na qual seus primeiros relatos foram encontrados nos escritos do talmude. Com grande relevância política ao atingir famílias reais no começo do século XX. A hemofilia é uma coagulopatia decorrente principalmente da deficiência dos fatores VIII ou IX da coagulação sanguínea, hemofilias A e B respectivamente, proveniente de causa hereditária ou condição adquirida. O tratamento da hemofilia não se limita mais aos protocolos padronizados de concentrados infundidos por via intravenosa. Opções terapêuticas estão impactando o manuseio da doença, terapias personalizadas buscam melhorar a qualidade de vida para os pacientes.

OBJETIVOS: este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão integrativa sobre o emicizumabe no tratamento de portadores de hemofilia A.

MÉTODOS: Trata-se de um estudo no formato integrativo de revisão bibliográfica da literatura cujo tema é EMICIZUMAB NO TRATAMENTO DE PORTADORES DE HEMOFILIA A; baseado na coleta de dados realizada por meio de consulta a periódicos e posterior leitura minuciosa dos títulos, resumos e trabalhos completos. Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca na base de dados PubMed. Foram utilizados, para busca dos artigos, os seguintes descritores e suas combinações na língua inglesa: “Hemophilia; treatment; and monoclonal antibodies”, com a realização do levantamento bibliográfico no período de 10 de abril a 04 de novembro de 2022.

RESULTADOS: Com este estudo foi possível observar 758 artigos, dos quais 157 artigos foram pré-selecionados e após leitura minuciosa dos títulos e resumos 40 foram incluídos para avaliação de elegibilidade, destes foram inclusos apenas 10 artigos como objeto de estudo nesta pesquisa. 

CONCLUSÃO: Todos os artigos científicos utilizados nesta pesquisa mostraram resultados relevantes quanto ao uso do medicamento, como por exemplo em sua eficácia, farmacodinâmica, farmacocinética e segurança do medicamento. Um ponto que todos os artigos tiveram em comum é a redução de quadros hemorrágicos quando tratados com emicizumabe. No entanto, é necessário expandir as experiências clínicas para saber mais sobre os benefícios e malefícios que o tratamento com o medicamento pode oferecer para pessoas com deficiência do fator VIII.

Palavras-chave: deficiência do fator III, terapêutica, anticorpos humanizados. 

ABSTRACT

INTRODUCTION: Hemophilia is one of the oldest pathologies described in the world, in which its first reports were found in the writings of the Talmud. With great political relevance when reaching royal families in the early twentieth century. Hemophilia is a coagulopathy resulting mainly from the deficiency of blood clotting factors VIII or IX, hemophilia A and B respectively, from hereditary causes or acquired conditions. Treatment of hemophilia is no longer limited to standardized protocols of intravenously infused concentrates. Therapeutic options are impacting the management of the disease, personalized therapies seek to improve the quality of life for patients.

PURPUROSE: This work aims to carry out an integrative review on emicizumab in the treatment of patients with hemophilia A.

METHODS: This is a study in the integrative format of a literature review whose theme is EMICIZUMAB IN THE TREATMENT OF PEOPLE WITH HEMOPHILIA A; based on data collection carried out by consulting journals and subsequent thorough reading of titles, abstracts and full papers. For the survey of articles in the literature, a search was carried out in the PubMed database. The following descriptors and their combinations in English were used to search for articles: “Hemophilia; treatment; and monoclonal antibodies”, with the bibliographic survey being carried out from April 10 to November 4, 2022.

RESULTS: With this study, it was possible to observe 758 articles, of which 157 articles were pre-selected and after a thorough reading of the titles and abstracts, 40 were included for eligibility evaluation, of which only 10 articles were included as an object of study in this research.

CONCLUSION: All scientific articles used in this research showed relevant results regarding the use of the drug, such as its efficacy, pharmacodynamics, pharmacokinetics and drug safety. One point that all articles had in common is the reduction in bleeding when treated with emicizumab. However, there is a need to expand clinical experiences to learn more about the benefits and harms that treatment with the drug can offer for people with factor VIII deficiency.

KEYWORDS: factor III deficiency, therapy, humanized antibodies.

  1. INTRODUÇÃO

A hemofilia é uma das patologias mais antigas descritas no mundo, na qual seus primeiros relatos foram encontrados nos escritos do talmude. Com grande relevância política ao atingir famílias reais no começo do século XX, tal como: Czar Nicolas II na Rússia e a rainha Vitória na Inglaterra, que por sua vez, era portadora do gene da hemofilia B assim como seus herdeiros, que passaram a moléstia as dinastias reais da Espanha e Alemanha. (PINTO et al., 2001).

A hemofilia é uma coagulopatia decorrente principalmente da deficiência dos fatores VIII ou IX da coagulação sanguínea, hemofilias A e B respectivamente, proveniente de causa hereditária ou condição adquirida. A forma hereditária ocorre pela mutação nos genes que codificam os fatores VIII ou IX, enquanto que a adquirida está relacionada a produção de auto anticorpos por doenças autoimune ou de origem idiopática, (BRASIL, 2022).

Geneticamente as hemofilias são patologias de transmissão recessiva associada ao cromossomo X, cerca de 70% dos casos são transmitidos por mulheres portadoras da mutação à pessoas do sexo masculino, porém o percentual restante de 30% das ocorrências estão ligadas a novas mutações (BRASIL, 2015). Entretanto, estima-se que de cada 5.000 a 10.000 casos, 1 é de ocorrência do tipo A, já o tipo B, é menos frequente, pois sua ocorrência é de 1 a cada 30.000 a 40.000, ou seja, a prevalência do tipo A é de 80% dos casos, sendo que 98% desse tipo de hemofilia é diagnosticado em homens. (ABRAPHEM, 2022). 

Segundo World Federation of Hemophilia (2020), foram registrados até o ano de 2020 aproximadamente 350.000 casos dessas coagulopatias a nível mundial. No Brasil cerca de 10.984 para hemofilia do tipo A e 2.165 para o tipo B, totalizando 13.149 ocorrências, o que caracteriza a população brasileira como a quarta maior população de hemofílicos no ranking mundial (WFH, 2020).

As manifestações clínicas da hemofilia são graduadas em três estágios de intensidade, leve, moderada e grave, a depender da magnitude dos quadros hemorrágicos; e da concentração dos níveis plasmáticos dos fatores VIII e IX. Na forma leve, a presença é registrada entre 5% a 40% desses fatores de coagulação, na forma moderada diminui para 1% a 5%, e na forma grave o registro é menor que 1% (BRASIL, 2015).

Em pacientes que apresentam casos severos da doença, a hemorragia manifesta-se em partes do corpo onde há esforço elevado ocorrendo principalmente nas articulações como os joelhos, tornozelos, cotovelos e punhos, fenômeno conhecido como “hemartroses”; podendo provocar hemorragia articular chamada de artropatia hemofílica, provocando dor e deficiência nas articulações (WEYAND; PIPE, 2019).

O diagnóstico dessas coagulopatias consiste em três partes fundamentais, entender as manifestações clínicas da hemofilia; diagnóstico clínico; e adequação do diagnóstico laboratorial. Exames de coagulação como atividade protrombínica (TP), tempo de tromboplastina parcial ativado (APTT) e testes de função plaquetária são utilizados como testes de triagem, embora será também necessário a confirmação do diagnóstico por dosagens dos fatores de coagulação específicos (SRIVASTAVA et al., 2020)

Nos pacientes que desenvolveram substâncias inibitórias, após o processo de reposição de fatores como, por exemplo, o fator VIII, a avaliação da presença desses inibidores é realizada através da concentração estimada por um método denominado de Bethesda, uma vez que os testes de triagem e até mesmo dosagens específicas de fatores não substituem esse método padrão de quantificação desses inibidores (BRASIL, 2016).

O tratamento da hemofilia não se limita mais aos protocolos padronizados de concentrados infundidos por via intravenosa. Opções terapêuticas estão impactando o manuseio da doença, terapias personalizadas buscam melhorar a qualidade de vida para os pacientes, aliado a tomada de decisões que envolvem equipes multidisciplinares, pacientes, familiares e cuidadores (HERMANS et al., 2021)

Atualmente, existem dois tipos de esquema terapêutico relacionados a reposição de concentrados de fatores: terapia “sob demanda” (episódico) e terapia profilática. O tratamento de hemorragias episódicas se dá por meio de infusões diárias de concentrado do fator deficiente até que as manifestações descontinuem (BRASIL, 2022).

Um dos problemas mais perigosos causados pela reposição de um fator, é a capacidade do organismo de desencadear resposta bloqueadora através da produção de auto anticorpos da classe IgG, levando a ineficiência da reposição terapêutica do fator VIII, dificultando o progresso do tratamento de quadros hemorrágicos (BRASIL, 2016). 

Entretanto, o tratamento para hemofilia congênita e inibidores é realizado pelo método de indução de tolerância imunológica, levando em consideração a quantificação desses yinibidores e gravidade dos sangramentos. Já os pacientes refratários ao tratamento de imunotolerância têm, recentemente, como opção terapêutica a terapia de anticorpos monoclonais, mais especificamente com o medicamento chamado de Emicizumabe. (HEMOMINAS, 2022)

No geral, o tratamento com o medicamento emicizumabe dispõe dos benefícios de administração facilitada por via subcutânea em uso domiciliar evitando as possibilidades de problemas causados pela administração por via endovenosa com proposta de reestabelecer a hemostasia diminuindo as ocorrências de hemorragias graves causados pela hemofilia A e inibidores, a quase zero durante o tratamento. (BRASIL, 2021)

Dentro desse contexto, o estudo justifica-se pela necessidade de promover uma pesquisa detalhada e profunda sobre a hemofilia com ênfase na terapia de anticorpos monoclonais, de forma especial sobre o emicizumabe; este tratamento é capaz de trazer grandes benefícios, como diminuição de quadros hemorrágicos espontâneos e prevenção, em pacientes portadores da doença.

Assim, este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão integrativa sobre o emicizumabe no tratamento de portadores de hemofilia A. 

  1. METODOLOGIA 

Trata-se de um estudo no formato integrativo de revisão bibliográfica da literatura cujo tema é EMICIZUMAB NO TRATAMENTO DE PORTADORES DE HEMOFILIA A; baseado na coleta de dados realizada por meio de consulta a periódicos e posterior leitura minuciosa dos títulos, resumos e trabalhos completos. Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca na base de dados PubMed. Foram utilizados, para busca dos artigos, os seguintes descritores e suas combinações na língua inglesa: “Hemophilia; treatment; and monoclonal antibodies”, com a realização do levantamento bibliográfico no período de 10 de abril a 04 de novembro de 2022. Para a pré-seleção dos artigos foram realizadas leituras prévias através dos títulos e resumos, sendo escolhidos os que abordassem ao tema da pesquisa. Foram considerados apenas artigos que enfatizaram o tratamento com o medicamento emicizumab como opção terapêutica para pacientes portadores da hemofilia A. Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos publicados em inglês; artigos na íntegra e gratuitos de ensaios clínicos que retratassem a temática referente à esta revisão integrativa e artigos publicados no referido banco de dados nos últimos cinco anos, 2018 a 2022. Como critério de exclusão, descartou-se os que não retratassem ao propósito deste estudo, ou que não apresentavam o texto completo na íntegra, ou que estivessem redigidos em outras línguas que não a acima citada.

  1. RESULTADOS

Com este estudo foi possível observar 758 artigos, dos quais 157 artigos foram pré-selecionados e após leitura minuciosa dos títulos e resumos 40 foram incluídos para avaliação de elegibilidade, destes foram inclusos apenas 10 artigos como objeto de estudo nesta pesquisa, selecionados pelos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos como mostra o fluxograma. 

No Quadro 1 é possível observar a procedência, título do trabalho, autores, periódicos, e as considerações relevantes dos 10 artigos científicos inclusos nesta revisão integrativa.

Quadro 1: Artigos utilizados nesta revisão integrativa.

ProcedênciaTítulo do trabalhoAutoresPeriódicoConsiderações relevantes do trabalho
PubMedRelative and Absolute Bioavailability Study of Emicizumab to Bridge Drug Products and Subcutaneous Injection Sites in Healthy VolunteersKotani et al., (2019)Clin Pharmacol Drug Dev. 2019 Aug-Sep; 8(6): 702–712. Este estudo foi conduzido para comparar perfis farmacocinéticos de emicizumabe entre 2 DPs diferentes usados ​​durante o desenvolvimento clínico e entre 3 locais de injeção diferentes para os quais pretendemos produzir dados clínicos de suporte para expandir os locais de injeção SC de emicizumabe e, assim, permitir que pacientes com hemofilia A possam têm a flexibilidade na escolha do local de injeção em seu tratamento vitalício. Além disso, a biodisponibilidade SC absoluta do emicizumabe foi investigada.
PubMedA multicenter, open-label phase 3 study of emicizumab prophylaxis in children with hemophilia A with inhibitorsYoung et al., (2019)Blood, 12 december 2019; vol. 134, number 24 No estudo HAVEN 2, a profilaxia subcutânea com emicizumabe uma vez por semana resultou em uma taxa de sangramento muito baixa em crianças com hemofilia A e inibidores de FVIII, com 77% dos participantes sem eventos hemorrágicos tratados. Além disso, 100% de todas as articulações-alvo avaliáveis ​​foram resolvidas durante o período do estudo. A comparação intraindividual demonstrou uma redução de 99% na taxa de sangramento com emicizumabe versus profilaxia com BPA em um NIS anterior, o que forneceu um comparador de padrão de tratamento robusto que controlou os fatores de confusão relacionados aos participantes neste estudo descritivo.
PubMedPharmacokinetics and Pharmacodynamics of Emicizumab in Persons with Hemophilia A with Factor VIII Inhibitors: HAVEN 1 StudySchmitt et al., (2021)Thromb Haemost 2021; 121(03): 351-360O emicizumabe é uma terapia nova e recentemente aprovada para PwHA. Suas propriedades bioquímicas e farmacológicas permitem enfrentar os desafios enfrentados pelas PwHA. O emicizumabe permite administração subcutânea em vez de intravenosa, um esquema de administração mais conveniente uma vez por semana, a cada 2 semanas ou a cada 4 semanas, funcionalidade como um cofator que mimetiza o FVIIIa sem ser afetado pela presença de inibidores do FVIII (fornecendo controle de sangramento eficaz em PwHA tanto com/sem inibidores de FVIII) e falta de indução de inibidores de FVIII.
PubMedAKATSUKI study: a prospective, multicentre, phase IV study evaluating the safety of emicizumab under and immediately after immune tolerance induction therapy in persons with congenital haemophilia A with factor VIII inhibitorsMatsushita et al., (2022)BMJ Open. 14 de março de 2022;12(3):e057018.O estudo AKATSUKI foi desenvolvido para avaliar a segurança e a eficácia do emicizumabe administrado sob/imediatamente após a terapia de ITI em PwHAwI. Embora o emicizumabe tenha demonstrado anteriormente boa eficácia e tolerabilidade em PwHAwI, atualmente existem dados limitados sobre sua eficácia e perfil de segurança quando administrado com terapia de ITI.
PubMedA multicentre, open-label study of emicizumab given every 2 or 4 weeks in children with severe haemophilia A without inhibitorsShima et al., (2019)Haemophilia. 2019 Nov;25(6):979-987. a profilaxia com emicizumabe reduz as preocupações com sangramento e outras complicações físicas ou mentais que os pacientes podem experimentar durante essas atividades, o que, por sua vez, pode proporcionar aos pacientes uma atitude positiva em relação a essas atividades.


PubMedLong-term outcomes with emicizumab prophylaxis for hemophilia A with or without FVIII inhibitors from the HAVEN 1-4 studiesCallaghan et al., (2021)Blood. 2021 Apr 22;137(16):2231-2242. a profilaxia com emicizumab resultou em reduções estatisticamente significativas relacionados com hemorragia, independentemente da idade, do estado do inibidor do FVIII ou do regime posológico.
PubMedAssessment of global coagulation function under treatment with emicizumab concomitantly with bypassing agents in haemophilia A with inhibitor (UNEBI Study): multicentre open-label non-randomised clinical trialOgiwara et al., (2022)BMJ Open. 2022 Feb 17;12(2):e056922.Durante a profilaxia com emicizumab, a terapia concomitante usando BPAs é necessária para sangramentos de ruptura ou procedimentos cirúrgicos. Nesses cenários, embora os médicos precisem prestar atenção às possibilidades de subtratamento (hemostasia insuficiente) e supertratamento (evento adverso trombótico), ainda não foi estabelecida uma ferramenta de monitoramento adequada para avaliar a função hemostática de forma abrangente. O Estudo UNEBI acaba de começar a encontrar a resposta para tais enigmas clínicos
PubMedEmicizumab Prophylaxis in Patients Who Have Hemophilia A without InhibitorsMahlangu et al., (2018)N Engl J Med. 2018 Aug 30;379(9):811-822.A profilaxia com emicizumabe uma vez por semana levou a uma taxa de sangramento significativamente menor do que a taxa com profilaxia prévia do fator VIII. Embora seja difícil prever como a abordagem do tratamento evoluirá, a terapia com emicizumabe representa uma opção que promete melhorar o atendimento de pacientes com hemofilia A. 
PubMedThe effect of emicizumab prophylaxis on health-related outcomes in persons with haemophilia A with inhibitors: HAVEN 1 StudyOldenburg et al., (2019)Haemophilia, 2019 Jan;25(1):33-44.percebeu-se que apesar da proporção ter sido maior de participantes com profilaxia com emicizumabe do que sem profilaxia e assim ter excedido os limiares de resposta específicos do questionário, á proporção média de dias de trabalho perdidos e o número de dias hospitalizados foram menores com profilaxia com emicizumabe do que sem profilaxia.
PubMedLong-term safety and efficacy of emicizumab for up to 5.8 years and patients’ perceptions of symptoms and daily life: A phase 1/2 study in patients with severe haemophilia AShima et al., (2021)Haemophilia. 2021 Jan;27(1):81-89.No estudo de fase 1 e no estudo de extensão de fase 1/2, não houve preocupações de segurança com o emicizumab por até 5,8 anos; a maioria dos EAs foi leve e não relacionada ao emicizumabe. O tempo total gasto com sintomas hemorrágicos diminuiu a partir do período de pré-emicizumabe em todos os pacientes, exceto 2, indicando alteração no fenótipo hemorrágico pela profilaxia do emicizumabe. INo estudo de fase 1 e no estudo de extensão de fase 1/2, não houve preocupações de segurança com o emicizumab por até 5,8 anos; a maioria dos EAs foi leve e não relacionada ao emicizumabe. O tempo total gasto com sintomas hemorrágicos diminuiu a partir do período de pré-emicizumabe em todos os pacientes, exceto 2, indicando alteração no fenótipo hemorrágico pela profilaxia do emicizumabe.

4. REVISÃO INTEGRATIVA

De acordo com os estudos de Kotani et al., (2019) o emicizumabe é um medicamento da classe dos anticorpos monoclonais, cujo sua farmacodinâmica descreve a ligação ao fator IX ativado e ao fator X da coagulação sanguínea, possibilitando a substituição do fator VIII ausente em pacientes portadores da hemofilia A. Seu estudo avaliou a biodisponibilidade desse medicamento e com isso foi observado que essa droga pode ser administrada via subcutânea possibilitando elevado percentual de aproveitamento pelo organismo, podendo ser injetada na parte superior do braço, coxa ou no abdômen. A flexibilidade de distintos locais de administração por via subcutânea são melhorias nesse tipo de tratamento resultando em benefícios favoráveis quanto a adesão do paciente.

Corroborando com tais resultados Young et al., (2019), asseveram que o uso do emicizumabe promove uma redução da carga de tratamento em pacientes com hemofilia A com inibidores, visto que, em seus estudos o uso do medicamento como medida profilática foi bem tolerado, apresentando eficácia na prevenção e diminuição de sangramento em 99% dos casos de pacientes pediátricos portadores da hemofilia A com inibidor do fator VIII tratados com essa terapia através da  administrado por via subcutânea uma vez por semana

Em concordância Schmitt et al., (2021) demonstraram por meio do estudo HAVEN 1 que é um estudo de fase III, aberto, multicêntrico e randomizado em portadores de hemofilia A com inibidores de FVIII, que a administração do emicizumabe em dose de 1,5 mg/kg pela via subcutânea uma vez por semana foi correspondente com farmacocinéticas existentes proporcionando controle profilático de sangramento na maioria dos portadores de hemofilia A com inibidores do FVIII. O estudo elucida ainda que a geração de trombina (TG), fornece uma avaliação global da coagulação, podendo dessa forma ter capacidade de confirmar o efeito terapêutico e orientar o uso de agentes by-pass em pacientes com hemofilia A com inibidor do FVIII, tratada com emicizumabe em casos cirúrgicos ou sangramentos episódicos. 

Em contrapartida Matsushita et al., (2022) em seu estudo denominado AKATSUKI, não obtiveram o mesmo sucesso que o estudo HAVEN 1, isso porque em suas pesquisas houveram muitas limitações por causa da falta de um grupo controle o que impossibilita a comparação com o tratamento padrão. Além disso, priorizando a segurança do participante, as pesquisas de intervenção poderiam ser confundidas com terapias concomitantes. Porém, apesar das limitações para concretizar o estudo, observou-se que o agente by-pass utilizado (Byclot) é um produto disponível apenas no Japão, o que poderia dificultar a qualificação do tratamento para sangramentos em pacientes portadores de hemofilia A durante o uso de emicizumabe em outros países.

Os estudos de Shima et al., (2019) também tiveram limitações que implicaram nos resultados, entretanto, foi observado que o uso do emicizumabe em perfis pediátricos com hemofilia A grave com inibidor tiveram eficácia  e segurança satisfatória através dos regimes de administrações por via subcutânea a cada 2 semanas e a cada 4 semanas, notando-se que a exposição ao medicamento em comparação com estudos anteriores em adultos e adolescentes estão dentro das variações, confirmando a adequação do uso do emicizumabe nos regimes a cada 2 semanas e a cada 4 semanas na população pediátrica.

Colaborando com tais resultados os estudos de Callaghan et al., (2021) demonstraram que o uso a longo prazo do emicizumabe injetado por via subcutânea continuou a expressar um perfil de segurança favorável administrados nos regimes uma vez por semana, a cada 2 semanas ou uma vez a cada 4 semanas, tornando o uso profilático  dessa droga uma escolha eficaz para quadros hemorrágicos e lesões articulares sendo bem tolerada, melhorando a qualidade de vida dos  portadores da hemofilia A com e sem inibidores.

Diferente dos demais autores Ogiwara et al., (2022) através do seu estudo UNEBI  que é um estudo prospectivo multicêntrico, afirmam que durante o uso da profilaxia com emicizumabe, o tratamento concomitante com agentes by-pass é essencial nos casos de hemorragias ou episódios cirúrgicos ressalvando os cuidados na prescrição personalizada enquanto a posologia adotada para evitar subtratamento ou supertratamento pode ocasionar hemostasia insuficiente e eventos adversos trombóticos respectivamente.

 Nesse contexto, os estudos de Mahlangu et al., (2018) relatam que os benefícios da profilaxia com o emicizumabe ao que diz respeito a taxa de sangramento, facilidade de administração com frequência reduzida juntamente com perfil de segurança, são pontos observados na escolha de tratamento e adesão dos pacientes ao uso desse medicamento como opção profilática, administrado por via subcutânea, uma vez por semana ou a cada 2 semanas, resultando em uma expressiva redução nos quadros hemorrágicos, em mais de 95% dos casos, comparado aos pacientes sem profilaxia alguma. Em relação a produção de anticorpos neutralizantes, mesmo em concentrações plasmáticas mínimas em sua farmacocinética, não foi possível observar a produção de anticorpos contra a ação do medicamento.

E ao que diz respeito aos resultados relacionados à saúde dos pacientes portadores da hemofilia A com inibidores, Oldenburg et al., (2019) em seus estudos observaram um resultado semelhante, com redução estatisticamente significativa no sangramento utilizando o emicizumabe como profilaxia. Suas pesquisas ainda apontam que a profilaxia com o medicamento se torna menos onerosa e está associada a melhoras consideráveis quanto aos resultados relacionados à saúde do paciente.

Assim, concordando com os autores Shima et al., (2021) por meio de seus estudos, os pacientes que fizeram uso profilático do emicizumabe a longo prazo por até 5,8 anos, tiveram respostas adversas leves e que não foram associadas ao uso do medicamento, comprovando a eficácia e segurança no uso desse medicamento nesse mesmo período de tempo, em portadores da hemofilia A. E seu uso profilático teve grande impacto na rotina diária dos pacientes e na redução de traumas ocasionados por outras terapias.

  1. CONCLUSÃO

O emicizumabe é um medicamento novo com proposta terapêutica para pacientes portadores da hemofilia A com e sem inibidores. Todos os artigos científicos utilizados nesta pesquisa mostraram resultados relevantes quanto ao uso do medicamento, como por exemplo em sua eficácia, farmacodinâmica, farmacocinética e segurança do medicamento. Um ponto que todos os artigos tiveram em comum é a redução de quadros hemorrágicos quando tratados com emicizumabe.

No entanto, é necessário expandir as experiências clínicas para saber mais sobre os benefícios e malefícios que o tratamento com o medicamento pode oferecer para pessoas com deficiência do fator VIII.

REFERÊNCIA 

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1Acadêmico do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA
2Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA