ELECTROMOBILITY: CONVERSION OF A MOTORCYCLE TO INTERNAL COMBUSTION TO ELECTRIC
Autores:
Daniel Henrique Sousa de Morais1
Eduardo Moreira de Jesus*
Erilando Araújo Reis*
Messias Pimentel Cantanhede2
1 Acadêmicos de Engenharia Elétrica. E-mail: danielzaopvh20@gmail.com e eduardo_mooreira@outlook.com e eryaraujo1@hotmail.com Artigo apresentado a Faculdade de Educação de Porto Velho-UNIRON, como requisito para obtenção do título de Engenheiro Eletricista, 2022.
2 Prof. Orientador Msc. Engenheiro Eletricista Messias Pimentel Cantanhede. E-mail: messias.cantanhede@uniron.edu.br
RESUMO
A eletromobilidade é uma solução inteligente e sustentável para a melhoria da mobilidade urbana, pois utiliza “energia limpa” e reduz assim a emissão de gases de efeito estufa (GEE) que contribuem para a aceleração das mudanças climáticas e consequente aquecimento global. Dentro deste contexto, objetivou-se com o presente artigo realizar um referencial teórico sobre a eletromobilidade no Brasil, elencando seus principais desafios e perspectivas. Também foi elaborado um estudo comparativo entre os motores elétricos e motores de combustão interna de uma motocicleta, estimando o impacto no consumo de energia elétrica, gasolina e etanol, além de uma avaliação das emissões de dióxido de carbono. O experimento foi realizado na residência dos autores e no laboratório Espaço Maker da Uniron, Faculdade de Educação de Porto Velho-RO. O veículo utilizado neste estudo foi uma motocicleta, modelo Honda CB250 Twister. Após a transformação foi observado que a carga do kit de baterias não foi suficiente para alimentar o motor elétrico e as mesmas não suportaram a carga. Sendo assim, não foi possível realizar as medições referentes ao desempenho da motocicleta movida a motor elétrico. No entanto, a partir deste resultado obtido podemos programar a próxima etapa do experimento, onde será necessária uma maior carga elétrica para que o motor funcione e assim possamos comparar os parâmetros obtidos por uma moto com motor à combustão interna em relação a uma utilizando motor elétrico.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Recursos finitos. Energia limpa.
ABSTRACT
Electromobility is an intelligent and sustainable solution for improving urban mobility, as it uses “clean energy” and thus reduces the emission of greenhouse gases (GHGs) that contribute to the acceleration of climate change and consequent global warming. Within this context, the objective of this article was to perform a theoretical framework on electromobility in Brazil, alloting its main challenges and perspectives. . A comparative study was also developed between the electric motors and internal combustion engines of a motorcycle, estimating the impact on the consumption of electricity, gasoline and ethanol, as well as an evaluation of carbon dioxide emissions. The experiment was carried out at the authors’ residence and in the Laboratory Espaço Maker da Uniron, Faculty of Education of Porto Velho-RO. The vehicle used in this study was a motorcycle, model Honda CB250 Twister. After the transformation it was observed that the charge of the battery kit was not enough to power the electric motor and they did not support the load. Therefore, it was not possible to perform measurements regarding the performance of the electric motorpowered motorcycle. However, from this result obtained we can program the next stage of the experiment, where a greater electrical load will be required for the engine to work and thus we can compare the parameters obtained by a motorcycle with engine to internal combustion in relation to one using electric motor.
Keywords: Sustainability. Finite resources. Clean energy.
1 INTRODUÇÃO
A maioria das atividades humanas atuais utilizam energia e a maior parte dessa energia provém da queima de combustíveis fósseis. No mundo, a principal fonte de geração de energia elétrica é o carvão. No transporte, a energia para movimentar os veículos vem, principalmente, da queima de gasolina e óleo diesel. Na indústria, utiliza-se muito o gás natural e outros derivados de petróleo como o óleo combustível. Toda essa queima de combustíveis fósseis emite grande quantidade de gases de efeito estufa (GEE) para a atmosfera. No Brasil, o setor de transporte é o segundo colocado em emissão de GEE seguido pelo setor industrial, devido ao uso predominante de combustíveis fósseis em suas atividades (EPE, 2022). Tais dados são alarmantes e traduzem a urgência em se buscar alternativas às fontes de energia que são mais poluentes de modo a criar um ciclo mais sustentável e que mitigue ao máximo os impactos negativos ao meio ambiente.
O setor de transportes é de suma importância para direcionar o desenvolvimento urbano das cidades; onde a mobilidade urbana com sistemas integrados e bem planejados assegura o acesso dos cidadãos às cidades, promovendo qualidade de vida e desenvolvimento econômico. Atualmente, tem crescido a busca por fornecer formas de mobilidade urbana mais equitativa e sustentável. Com isso, desenvolveram-se diversos estudos e experiências, que visam a busca de opções seguras e inteligentes com a finalidade de reinventar as cidades do futuro, nos setores automotivos e energéticos. No Brasil as cidades de Campinas, São Paulo, Bauru, Santos, Maringá, Brasília e Volta redonda são pioneiras nesse quesito, onde contam com frotas piloto de ônibus 100% elétricos, (Maluf, 2019).
A eletromobilidade é entendida como meio de transporte, sendo individual ou coletivo, que conta com motores elétricos que usam várias formas de abastecimento de energia. Existe uma grande variedade de tipos de veículos elétricos disponíveis, como por exemplo, Scooters, carros e ônibus. Dentre esses veículos podemos citar as motocicletas com motores elétricos que substituem os motores de combustão interna, os quais têm como principais vantagens a menor emissão de GEE e redução de ruídos produzidos. Sua aplicabilidade tem como objetivo contribuir para a resolução tanto de desafios de transportes quanto os impactos ambientais.
Segundo dados apresentados na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP 26), que aconteceu em Glasgow, na Escócia em novembro de 2021, a solução para reduzir drasticamente os níveis de CO2 lançados na atmosfera está na substituição de veículos que utilizam combustíveis fósseis por veículos elétricos (VEs). Sendo assim, a eletromobilidade é uma solução inteligente e sustentável para a melhoria da mobilidade urbana, pois utiliza “energia limpa” e reduz assim a emissão de GEE que contribuem para a aceleração das mudanças climáticas e consequente aquecimento global.
Existe uma tendência global em aumentar a participação de veículos elétricos na frota que circula atualmente no Brasil, mas as pesquisas que projetem o impacto da eletromobilidade são falhas, em especial em caso de países que os biocombustíveis têm grande participação na demanda energética. O custo dessa mudança é bastante alto, ela demora a acontecer e países menos desenvolvidos terão grande dificuldade em efetuar essa transição. A demanda por eletricidade aumentará vertiginosamente e sua geração precisará ser sustentável. E ainda há a polêmica questão das baterias, tanto em relação à sua vida útil quanto principalmente ao seu descarte.
O estado de Rondônia tem, segundo o IBGE, população estimada em 1.815.278 habitantes e uma frota de 1.070.952 veículos, e apesar do potencial energético e necessidade de melhorias na mobilidade urbana, ainda não há eletromobilidade no estado, pois, apesar dos aspectos positivos, não se deve descartar que tal avanço tecnológico é oneroso e sua aplicabilidade depende de políticas públicas, recursos e investimentos governamentais.
Dentro deste contexto, objetivou-se com o presente artigo realizar um referencial teórico sobre a eletromobilidade no Brasil, elencando seu principais desafios e perspectivas. Também foi elaborado um estudo comparativo entre os motores elétricos e motores de combustão interna de uma motocicleta, estimando o impacto no consumo de energia elétrica, gasolina e etanol, além de uma avaliação das emissões de dióxido de carbono.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ELETROMOBILIDADE: PERSPECTIVAS E DESAFIOS
Nos dias de hoje, a mobilidade urbana tem sido um desafio para os gestores públicos, onde nas cidades modernas, se tornou prioridade de pauta de planejamento, afinal é preciso que haja soluções inovadoras para o tráfego de 2,7 milhões de novos veículos, que passam a circular pelas vias urbanas do país a cada ano, além da frota atual de aproximadamente 44 milhões. Com isso, a mobilidade urbana, se torna um pré-requisito para o bem-estar social e o desenvolvimento econômico dos países, principalmente os mais carentes de infraestrutura.
A implantação da eletromobilidade torna-se cada vez mais uma realidade bem próxima, e que na última conferência das Nações Unidas (COP 26) já foi levantada como alternativa que deve ser colocada em prática o quanto antes pelos países que participaram do acordo para redução da emissão de GEE. O Brasil, como grande potência ambiental para utilização das energias renováveis (hidrelétricas, eólicas, biomassas e biocombustíveis), não se deve negar a participar dessas grandes transformações globais, uma vez que poderia perder a oportunidade de desenvolver as soluções para essa economia criativa das cidades inteligentes do futuro (Maluf, 2019, p. 11).
Dentro dessa temática, pesquisas na área de engenharia elétrica se fazem necessárias a fim de contribuir com informações que venham validar esses benefícios de utilizar as formas de “energia limpa” em substituição aos combustíveis fósseis. Além de analisar os impactos que poderão surgir com o aumento na utilização de baterias utilizadas pelos VEs, bem como gerar um protocolo para seu descarte correto.
2.2 MOBILIDADE URBANA
Cidades inteligentes são aquelas que proporcionam melhoria de qualidade de vida para seus habitantes através da interação dos seus diversos recursos, serviços e financiamentos. Esses fluxos de interação são considerados inteligentes por fazerem uso estratégico de infraestrutura e serviços e de informação e comunicação com planejamento e gestão urbana para dar resposta às necessidades sociais e econômicas da sociedade (FGV Projetos, 2014).
A disseminação de soluções inteligentes para as cidades deve torná-las mais produtivas, menos violentas, com menos congestionamentos e emissões de poluentes, dentre outras características que contribuam para melhorar a qualidade de vida das pessoas neste ambiente. Portanto, políticas em prol de avanços na mobilidade urbana, uso eficiente da energia, gestão da demanda de energia, melhor aproveitamento do lixo e do biogás estão em linha com este conceito.
É imprescindível quando se fala em mobilidade urbana falar também em eletromobilidade, e principalmente estudar os parâmetros da sua implantação a fim de contribuir para esse processo. Com o aumento do uso de tecnologias renováveis e VEs, adequar a oferta à demanda de energia elétrica se torna um assunto muito mais importante e complexo. A rede de distribuição deve ser preparada para interagir com o consumidor e criar estímulos para que este recarregue seu veículo sem sobrecarregar o sistema elétrico, ou seja, no horário fora de ponta. Para que isto ocorra, são necessárias:
- A criação de tarifas específicas para cada faixa horária e a implantação de redes inteligentes capazes de monitoramento;
- Gestão da rede, a manutenção integrada, infraestruturas avançadas de medição;
- Resposta à demanda, integração de energias renováveis, veículos elétricos, armazenamento de energia.
Devido à complexidade física e institucional dos sistemas elétricos é pouco provável que as redes inteligentes sejam implementadas apenas pelas forças do mercado. Governos, setor privado, consumidores e órgãos ambientais devem definir conjuntamente as necessidades do sistema elétrico e determinar as soluções de redes inteligentes. Esta constatação é analogamente aplicável ao caso brasileiro. O aumento da complexidade das redes de distribuição se reflete em termos de maior custo de instalação de infraestrutura.
2.3 O ESTADO DE RONDÔNIA E SEU POTENCIAL ENERGÉTICO
A aplicação da eletromobilidade no estado de Rondônia depende de alguns fatores, como por exemplo, a capacidade energética. Visto que há abundância de recursos naturais no estado, aumenta as chances de autossuficiência na produção de eletricidade. O sistema interligado de Rondônia é formado por três usinas hidrelétricas (Samuel 216 MWs, Santo Antônio 3.500 MWs e Jirau 3.000 MWs); 15 pequenas centrais hidrelétricas, com 31,7 MWs e duas unidades termelétricas (Termonorte, 340 MWs, e Eletronorte, 100 MWs).
Apesar de Rondônia possuir boa capacidade energética, ainda é uma capital que necessita de melhorias na mobilidade urbana. Sendo assim, surgem os seguintes questionamentos: o que falta para a implantação da eletromobilidade, quais os cenários existentes, quais os desafios e as oportunidades da eletromobilidade no Brasil e, em especial, no estado de Rondônia?
Dentre os estados do Brasil, Rondônia tem o potencial para uma grande contribuição no processo de eletrificação do transporte, por possuir grande potencial energético. O estado de Rondônia necessita de melhorias no transporte coletivo, que são inadequados e poluentes, além de insuficientes para a sua demanda. Segundo dados do IBGE, sua população é estimada em 1.815.278 habitantes e uma frota de 1.070.952 veículos, e apesar do potencial energético e necessidade de melhorias na mobilidade urbana, ainda não há eletromobilidade no estado, pois, apesar dos aspectos positivos, não se deve descartar que tal avanço tecnológico é oneroso e sua aplicabilidade depende de políticas públicas, recursos e investimentos governamentais.
2.4 MODELAGEM DINÂMICA DA MOTOCICLETA
As motocicletas são classificadas dentro dos veículos como os mais simples de serem modelados, dentro do ponto de vista de modelagem dinâmica. Desconsiderando as atuações das suspensões, podemos defini-la a partir de 4 corpos rígidos:
- Roda dianteira;
- Montagem dianteira (garfo e sistema de direção);
- Montagem traseira (tanque de combustível, estrutura, motor e trem de força);
- Roda traseira.
Esses corpos são conectados por três juntas de revolução que são os eixos de direção e dois eixos de rotação das rodas. Cada junta possui cinco graus de liberdade, sendo que cada uma das rodas também possui a condição de contato com o solo. Ao considerar a hipótese de não-deslizamento dos pneus com o solo, o sistema terá três graus de liberdade: rolagem através da linha que une os pontos de contato de ambos os pneus; deslocamento longitudinal da motocicleta (rotação da roda traseira); rotação de direção.
É de suma importância enfatizar que a hipótese de não-deslizamento é uma simplificação, uma vez da ocorrência do deslizamento entre os pneus e o solo. Tanto as forças longitudinais quanto as forças laterais produzidas pelos pneus decorrem de pequenos deslizamentos que acontecem entre o pneu e o solo, sendo assim, responsáveis pela deformação da borracha do pneu, resultando nas forças exercidas por ele.
No entanto, para uma análise em regimes estacionários ou com pequenos ângulos de inclinação da motocicleta e de rotação do guidão, este modelo com três graus de liberdade atende bem ao objetivo do trabalho, como demonstrado na figura 1.
Figura 1 – Graus de Liberdade da Motocicleta, na condição de não deslizamento.
Quando se fala em parâmetros geométricos, logo nota-se o quanto as motocicletas são simples. É possível que se definam cinco parâmetros envolvidos, os quais são responsáveis por grande parte dos aspectos dinâmicos das motocicletas, sendo estes determinantes na dirigibilidade, performance e estilo entre diferentes modelos. São eles, distância entre eixos, Trail, Ângulo de caster, Raio da roda traseira e Raio da roda dianteira (Figura 2).
Figura 2 – Principais Parâmetros Geométricos nas Motocicletas.
Fonte: Cossalter (2006)
A figura 2 mostra os parâmetros um a um, e outras relações que decorram dos mesmos e que são importantes para a dinâmica da motocicleta. É valido enfatizar que estes tópicos são aprofundados apenas tanto quanto necessário para este trabalho uma vez que uma análise dinâmica mais profunda está fora do escopo deste trabalho.
2.5 MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA VS ELÉTRICO
Em meados do século XXI, houve um movimento de transformação na indústria automobilística mundial, de uma maneira que coloca em xeque a principal tecnologia dessa indústria, a qual é ligada aos combustíveis fósseis líquidos, o motor a combustão interna. Esse tipo de motor provoca danos ao meio ambiente, pois a partir da sua queima ocorre a liberação de CO2 e outros GEE que contribuem para o aquecimento global. Com isso, novas alternativas para a mobilidade urbana vêm sendo estudadas com intuito de substituir o modelo de combustão interna. Nessa premissa, o sistema de propulsão elétrica, aparece como uma peça-chave dessa nova configuração tecnológica.
O Veículo elétrico é propulsionado por um motor que usa energia química armazenada em baterias recarregáveis, que depois é convertida em energia elétrica para alimentar um motor que fará a sua conversão em energia mecânica, possibilitando que o veículo se mova (Santos et al., 2019). Por fora esse veículo é igual um carro comum a combustão, mas por dentro ele é bem diferente. Ele não tem tanque de combustível e não tem escapamento. O motor é alimentado por baterias, que seria o tanque e o combustível e eles não emitem poluentes. As motos elétricas (ME) seguem o mesmo padrão, o motor é alimentado por baterias, não emitem poluentes e produzem pouco ruído. A cada instante esse tipo de veículo vem conquistando mais espaço (Oliveira, 2009).
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 CONDUÇÂO DO ESTUDO
O experimento foi realizado na residência dos autores e no laboratório Espaço Maker da Uniron, Faculdade de Educação de Porto Velho-RO.
O veículo utilizado neste estudo foi uma motocicleta, modelo Honda CB250 Twister, cujas especificações se encontram na tabela1.
Tabela 1: Descrição da motocicleta Honda CB250 Twister Ano 2021, utilizada no experimento.
Especificações | Parâmetros |
Potência | 22,4cva/7.500 rpm |
Torque Máximo | 2,24 Kgf.ma/6.000 rpm |
Capacidade do Tanque | 16,5 L |
Autonomia na Cidade | 25 km/L |
Velocidade Máxima | 150 km/h |
Peso Seco | 137 kg |
Entre-Eixos | 1.386 mm |
A partir das especificações da motocicleta utilizada no estudo foram definidos os seguintes requerimentos para a motocicleta elétrica: potência contínua de 20 hp; potência pico do motor elétrico, com previsão de ultrapassar os 22,4 hp da CB 250. A fim de montar um modelo comparativo entre a motocicleta comum e o protótipo de motocicleta elétrica foram elencadas algumas especificações que a motocicleta elétrica deveria alcançar, seguem abaixo:
Autonomia de 200 km por carga: esse requerimento é o mais distante da CB 250 (Autonomia de 400 km por tanque). Considera-se que em raríssimos casos um motociclista utiliza a motocicleta por 400 km ininterruptamente, sendo assim uma autonomia de 200 km por carga é suficiente, uma vez que consiste num bom limite diário para utilizar a motocicleta durante o dia e recarregá-la durante a noite.
Velocidade máxima de 60 km/h: considera-se uma velocidade suficiente, uma vez que na cidade as vias são comumente de 40, 60 e 80 km/h, nunca excedendo o limite máximo de 120 km/h.
Parâmetros geométricos similares: os parâmetros como distância entre-eixo, ângulo de caster, trail e ângulo do amortecedor traseiro serão mantidos o mais próximo possível da motocicleta a combustão, de comparação desse estudo, visando sempre a diminuição das influências na dinâmica da motocicleta.
Para transformação do motor da motocicleta a combustão interna em um motor elétrico foi utilizado um alternador. Para realizarmos a transformação do alternador para um motor elétrico foi necessário fazer algumas alterações na estrutura do alternador, onde foi retirada a caixa de diodo e a caixa de regulagem da corrente elétrica, sendo feito as ligações dos cabos de alimentação elétrica diretamente nas bobinas. Sendo assim, foi necessário realizar a ligação de cabos diretamente nas escovas para alimentar com a corrente elétrica o rotor (sendo dividida a sua corrente para a bobinas e uma pequena parcela dessa corrente para o rotor). Com essa diferença de potencial entre as bobinas e o rotor foi gerado o chamado campo magnético, fazendo com que o motor girasse (Figura 3, 4 e 5).
Figura 3 – Kit de quatro baterias de 12 volts cada, totalizando 48 volts.
Figura 4 – Controlador de potência.
Figura 5 – Motor alternador que irá transformar energia elétrica em energia mecânica.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE ELETROMOBILIDADE
Os trabalhos encontrados e que embasaram este artigo mostraram como o Brasil tem potencial para aderir a eletrificação de seus transportes, já que possui capacidade para produzir energia limpa, a partir de seus recursos naturais, como a eólica e solar. A eletromobilidade é uma mudança iminente e que está seguindo a tendência global, sendo ponto discutido em Reuniões das Nações Unidas, como a COP 26. É necessário que políticas públicas sejam voltadas para essa mudança de modo a garantir que ela ocorra e contribua assim com o desenvolvimento sustentável das cidades.
Outro ponto observado ao revisar a literatura, foi entender que para que a eletromobilidade seja considerada realmente uma alternativa sustentável necessitase avaliar se sua inserção está alinhada com os objetivos de mitigação das Mudanças Climáticas. Para tal, é importante considerar todo ciclo de vida dos veículos elétricos: produção, uso e destinação final. Pois, se por um lado os veículos elétricos reduzem a emissão de GEE, por outro lado temos baterias que ao final de sua vida útil precisarão ser descartadas de forma adequada para que não estejamos apenas mudando a forma de poluir o meio ambiente.
Sendo assim, pesquisas nas áreas de engenharia elétrica, como o presente artigo, se fazem necessárias. A fim de gerar dados que permitam um planejamento de mudança pautado em experimentação aplicada à necessidade da sociedade e meio ambiente.
4.2 TRANSFORMAÇÃO DO MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA EM ELÉTRICO
Para transformar o motor a combustão interna em elétrico foi utilizado um alternador o qual foi modificado, passando a ser alimentado por um conjunto de quatro baterias de 12 V cada, totalizando 48 V e 28 Amperes. Esse alternador foi controlado por um controlador de 48 a 64 V e 1500 Watts e um acelerador, mantendo a estrutura original da moto, sendo modificado apenas o motor o qual foi retirado a câmara de combustão e o cabeçote sendo substituído pelo motor/alternador.
Após a transformação foi observado que a carga do kit de baterias não é suficiente para alimentar o motor elétrico e as mesmas não suportam a carga. Sendo assim, não foi possível realizar as medições referentes ao desempenho da motocicleta movida a motor elétrico. No entanto, a partir deste resultado obtido podemos programar a próxima etapa do experimento, onde será necessária uma maior carga elétrica para que o motor funcione e assim possamos comparar os parâmetros obtidos por uma moto com motor à combustão interna em relação a uma utilizando motor elétrico.
O mercado de carros elétricos se mostra muito promissor. O desafio tecnológico que ele representa poderia gerar uma quantidade absurda de empregos, capital e inovações. Descobertas não só no campo dos automóveis, mas em tudo que está relacionado com eles, como baterias, motores, entre outros. A energia poupada e bem aproveitada evitaria o desperdício de recursos e de capital. O Brasil possui grande espaço territorial e uma quantidade vasta de recursos para gerar energia “limpa”. Sua malha rodoviária gigantesca, apesar de dificultar a implementação da infraestrutura necessária para atender esses veículos, favorece o uso desse tipo de locomoção e estimularia as vendas desses automóveis. A redução dos impostos, o incentivo tecnológico e as políticas de estímulo desse mercado poderiam gerar muito capital para a nação e torná-la um exemplo de progresso a ser seguido (Azevedo, 2018, p.44).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A eletromobilidade já é uma realidade em muitos países que estão se comprometendo com o desenvolvimento sustentável do planeta e que precisa ser praticada e estimulada no Brasil de forma mais eficaz. A utilização de formas de energia limpa como a eólica e solar além de reduzir as emissões de GEE ajudam a reduzir a necessidade de consumo de combustíveis fósseis em outras áreas também, valorizando esse tipo de energia que tem grande potencial de produção devido aos nossos recursos naturais. É necessário investimentos governamentais e implementação de políticas públicas afim de acelerar esse processo e tornar o Brasil um país mais comprometido com a sustentabilidade de suas atividades.
Pesquisas nessa área de engenharia elétrica, como o presente artigo, são de suma importância, pois contribuem com a geração de informações que servirão de base para outras pesquisas. Tais dados permitem que as tomadas de decisão sejam mais assertivas e fazem parte do caminho a ser seguido para o desenvolvimento de uma região, de um país.
A eletromobilidade precisa ser entendida como um caminho alternativo e promissor à despeito do que tem se praticado por décadas em termos de geração de energia a partir de combustíveis fósseis. No entanto, se faz necessário traçar um caminho alinhado com o desenvolvimento sustentável de modo a considerar todo ciclo de vida dos veículos elétricos: produção, uso e destinação final.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, M.H. Carros elétricos: viabilidade econômica e ambiental de inserção competitiva no mercado brasileiro. Monografia (Graduação em Engenharia de Controle e Automação) – Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto-MG. 54f. 2018.
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Manual do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica. 2012. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/Manual-PeD_REN-5042012.pdf> Acesso em 10 de Outubro de 2021.
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FVG PROJETOS 2014. “Cidades Inteligentes e Mobilidade Urbana”, Cadernos de projetos, 2014, NO 24: ISSN 19844883.
IBGE. Brasil em síntese, Rondônia,Panorama. 2021. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ro/panorama>. Acesso em: 10 deSetembro de 2021.
MALUF, A. “A eletromobilidade e as cidades do futuro.” Boletim de Conjuntura, Rio
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SANTOS, U. A. C.; FONSECA, R. A. L.; FROTA, L. A. C.; TASSIGNY, M. M. O Desenvolvimento da eletrificação dos transportes e a transformação da mobilidade urbana das cidades como instrumentos para efetivação do estado de direito ambiental. Revista Videre, Dourados, MS, v.11, n.22, jul./dez. 2019