EFICÁCIA DO DRY NEEDLING NO TRATAMENTO DA DOR MIOFASCIAL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202505272136


Patrícia Panzenhagen Magnus¹; Vanessa Rodrigues Alvares²; Marivane da Silva Mohnschmidt³; Marlene Miranda Almeida⁴; Jéssica Quadros Rohr⁵; Orientador(a): Prof. Laura de Moura Rodrigues; Co-orientador(a): Fabricio Vieira Cavalcante; Co-orientador(a): Luiz Erostildes Aver.


RESUMO

O dry needling (DN) tem sido amplamente estudado como intervenção terapêutica para disfunções musculoesqueléticas, especialmente no manejo de pontos-gatilho miofasciais (PGMs) e condições associadas à dor crônica. Esta revisão analisou estudos recentes para avaliar a eficácia do DN no tratamento da dor miofascial. O objetivo foi sintetizar as evidências sobre os efeitos do DN na redução da dor, melhora funcional e parâmetros estruturais, além de compará-lo a métodos como eletrólise percutânea (END), estimulação elétrica intramuscular (IMES) e medicamentos. A metodologia consistiu na análise de ensaios clínicos randomizados publicados entre 2020 e 2025, focando em desfechos como intensidade da dor, limiar de dor à pressão (LDP), amplitude de movimento e qualidade de vida. Os resultados demonstraram que o DN é eficaz na redução significativa da dor (p < 0,001 em múltiplos estudos), com benefícios superiores quando combinado a exercícios ou alongamentos. Comparado ao diclofenaco, o DN mostrou maior durabilidade nos efeitos (6 meses) e menos eventos adversos. Em PGMs ativos, houve melhora clínica sustentada, apesar de piora inicial transitória. Técnicas como IMES e END apresentaram vantagens em parâmetros específicos (fluxo sanguíneo, qualidade de vida), mas o DN destacou-se pela simplicidade e acessibilidade. Como considerações finais, o DN é uma opção viável e segura para o tratamento de disfunções musculoesqueléticas, com potencial para reduzir o uso de medicamentos. Futuros estudos devem padronizar protocolos e investigar mecanismos neurofisiológicos para otimizar sua aplicação clínica.

Palavras-chave: dry needling; myofascial pain; Physiotherapy.

ABSTRACT

Dry needling (DN) has been extensively studied as a therapeutic intervention for musculoskeletal disorders, particularly in managing myofascial trigger points (MTrPs) and chronic pain conditions. This review analyzed recent studies to evaluate DN’s efficacy in treating myofascial pain. The objective was to synthesize evidence on DN’s effects on pain reduction, functional improvement, and structural parameters, while comparing it to methods like percutaneous electrolysis (PEN), intramuscular electrical stimulation (IMES), and medications. The methodology included analysis of randomized clinical trials published between 2020-2025, focusing on outcomes such as pain intensity, pressure pain threshold (PPT), range of motion, and quality of life. Results showed DN significantly reduces pain (p<0.001 in multiple studies), with enhanced benefits when combined with exercises or stretching. Compared to diclofenac, DN demonstrated longer-lasting effects (6 months) and fewer adverse events. For active MTrPs, sustained clinical improvement occurred despite transient initial worsening. While techniques like IMES and PEN showed advantages in specific parameters (blood flow, quality of life), DN proved superior in simplicity and accessibility. In conclusion, DN is a viable, safe treatment for musculoskeletal disorders with potential to reduce medication dependence. Future research should standardize protocols and investigate neurophysiological mechanisms to optimize clinical application.

Keywords: dry needling; myofascial pain; Physiotherapy.

1. INTRODUÇÃO

 A síndrome da dor miofascial (SDM) é uma condição clínica caracterizada pela formação de pontos-gatilho miofasciais (PGMs), que consistem em regiões localizadas de hiperirritabilidade nos músculos esqueléticos. Esses pontos são frequentemente associados a um nódulo palpável e extremamente sensível, inserido em uma banda muscular tensionada (TRAVELL; SIMONS, 1983). 

Os PGMs podem ser classificados clinicamente em ativos e latentes, conforme sua relação com os sintomas apresentados pelo paciente. Essa distinção é fundamental para o diagnóstico e o planejamento terapêutico adequados. Um PG ativo é definido como uma área hiperirritável que, quando pressionada, desencadeia dor local e referida, reproduzindo total ou parcialmente os sintomas que o paciente já vivencia. Nesses casos, o indivíduo reconhece imediatamente a sensação dolorosa como algo familiar, associado às suas queixas cotidianas. Além disso, PGs ativos frequentemente causam limitação funcional, fraqueza muscular e alterações autonômicas. Por outro lado, um PG latente também é uma região sensível e palpável, mas sua ativação não reproduz a dor habitual do paciente. Embora possa gerar desconforto local ou referido, o indivíduo não identifica essa sensação como parte de seu quadro clínico (FERNÁNDEZ-DE-LAS-PEÑAS et al., 2023), (TRAVELL; SIMONS, 1983). 

Nos volumes originais do Manual de pontos-gatilho, Travell e Simons (1983) defenderam que a maioria das pessoas terá pontos dolorosos de gatilho miofascial.Pesquisas recentes de prevalência e incidência confirmam que os PGs são, de fato, muito comuns em uma ampla gama de condições.

A origem da SDM ainda não é totalmente compreendida pelos especialistas da área de saúde humana até hoje em dia em termos de investigação científica realizada sobre o assunto médico em questão. Acredita-se que substâncias provocadoras de dor sejam liberadas durante processos inflamatórios assépticos e que essas substâncias ativem as terminações nervosas responsáveis pela percepção sensorial do corpo humano comum com problemas neste contexto específico de dor crônica. Desta maneira, o edema resultante desses processos inflamatórios acaba por comprimir os tecidos moles circundantes ao local afetado pelo processo patológico decorrente dessa condição clínica. Posturas inadequadas mantidas por longos períodos temporais prejudiciais comprometem a circulação sanguínea periférica levando à oxigenação deficiente nos tecidos cutâneos, contribuindo para o acúmulo de metabólitos indesejáveis que acabam por afetar negativamente a função dos nervos periféricos envolvidos nesse mecanismo fisiopatológico, gerando assim a sensação incômoda e desagradável  conhecida como dor referida dentro do contexto médico atualmente aceito no meio científico especializado em semelhante assunto clínico (KORKMAZ; MEDIN CEYLAN, 2022).

Adicionalmente são desencadeadas outras manifestações dolorosas como alodinia e hiperalgesia que evidenciam ainda mais a complexidade do problema clínico enfrentado pelos pacientes com tal condição médica específica localizada no campo das doenças musculoesqueléticas. Terapias sugeridas para abordagem terapêutica desta síndrome incluem anti-inflamatórios não esteroidais recomendados mediante receita médica adequada para cada caso individualizado, exercícios fisioterapêuticos específicos direcionados à reabilitação funcional dos tecidos musculoesqueléticos envolvidos nesse processo patológico crônico, infiltrações locais esterilizadas visando aliviar os sintomas locais e modalidades fisioterapêuticas prescritas por profissionais qualificados na área da saúde física especializados no tratamento da SDM exclusivamente (KORKMAZ; MEDIN CEYLAN, 2022).

Entre as diversas técnicas de recuperação destacam-se a melhora da postura corporal e da amplitude de movimento articular, o fortalecimento do sistema cardiovascular e os exercícios para aumentar a força e flexibilidade muscular que têm demonstrado ser eficientes no alívio da SDM. Os exercícios de alongamento, em especial, são essenciais no tratamento inicial da SDM, ajudando na liberação das fibras musculares contraídas e na normalização das funções neuromusculares. Com o passar dos anos, a técnica de Dry Needling (DN) tornou-se amplamente reconhecida como um método terapêutico muito popular no campo da fisioterapia manual. Hoje em dia, esta abordagem está sendo cada vez mais adotada por fisioterapeutas e outros profissionais da área da saúde em várias partes do mundo e vem se mostrando uma ferramenta essencial no tratamento de pacientes com dor miofascial e problemas relacionados a PGM (DOMMERHOLT, 2011). 

O DN é uma técnica terapêutica cuja eficácia se baseia em três mecanismos principais: mecânico, neurofisiológico e bioquímico. O efeito terapêutico primário ocorre através da ruptura física do PG pela inserção da agulha, que promove o alongamento dos sarcômeros contraídos no interior da fibra muscular, permitindo que estas estruturas retornem ao seu comprimento normal de repouso. Em nível neurofisiológico, a técnica estimula especificamente as fibras nervosas A-delta, desencadeando uma resposta analgésica natural através da liberação de opioides endógenos. Do ponto de vista bioquímico, o DN modula a concentração de substâncias algogênicas como bradicinina, substância P e o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), que estão diretamente associados aos processos de contração muscular e geração de dor na SDM. Um efeito adicional relevante da técnica é sua capacidade de modificar a dinâmica circulatória muscular. Ao induzir uma microlesão controlada, o DN estimula o fluxo sanguíneo local, facilitando a remoção de metabólitos inflamatórios e melhorando a oxigenação tecidual, o que contribui para o processo de recuperação (KORKMAZ; MEDIN CEYLAN, 2022).

Realizar uma revisão bibliográfica detalhada sobre os efeitos do DN é crucial para estabelecer fundamentos científicos sólidos sobre essa forma de intervenção terapêutica. Ao examinarmos de forma crítica os estudos publicados nesse campo específico, conseguimos identificar padrões consistentes nos resultados obtidos, avaliar o rigor metodológico das pesquisas e confirmar se os achados podem ser reproduzidos em diferentes cenários clínicos. Esse procedimento nos capacita a discernir entre evidências confiáveis e conclusões preliminares ou isoladas, fornecendo aos profissionais de saúde e aos pesquisadores uma visão confiável das verdadeiras aplicações dessa técnica. Além disso, ao comparar os estudos realizados identificam-se brechas no conhecimento que devem ser abordadas em futuras pesquisas científicas para orientar o avanço de novos estudos clínicos nesse campo específico. 

O estudo da literatura assume uma importância especial ao possibilitar comparações sistemáticas entre o DN e outras formas de tratamento para o controle da SDM. Ao examinarmos de forma crítica os estudos controlados disponíveis podemos definir critérios objetivos sobre em que situações o DN demonstra vantagens em comparação com métodos como terapia manual ou exercícios terapêuticos ou ainda eletroterapia e outras intervenções são mais efetivas perante determinadas condições específicas.  Essas comparações são especialmente úteis na prática clínica baseada em evidências ao ajudar os profissionais a escolher as intervenções mais adequadas para cada tipo de paciente. Isso leva em conta não só a eficiência, mas também fatores como segurança do paciente, custo-benefício e das preferências do paciente.   Analisando os diferentes estudos disponíveis na literatura científica é possível desenvolver protocolos de aplicação mais sólidos e embasados. Durante essa análise é viável identificar os parâmetros de tratamento que apresentam melhores resultados como por exemplo os critérios para escolha dos pontos de aplicação adequados, profundidade ideal para inserção das agulhas, frequência das sessões, duração do tratamento, métodos para manipulação das agulhas, adotados e critérios claros para avaliar os resultados obtidos. É fundamental seguir essas diretrizes para garantir que a técnica seja aplicada corretamente na prática médica com o objetivo de maximizar seus benefícios enquanto se minimizam os riscos envolvidos. Além disso, a revisão da literatura contribui para o desenvolvimento de diretrizes clínicas fundamentadas em evidências que servem como base tanto para a formação de novos profissionais quanto para a atualização daqueles que já estão trabalhando na área.

Esta revisão tem como objetivo analisar as informações científicas disponíveis sobre os benefícios do DN no tratamento da SDM através de uma análise bibliográfica abrangente para fortalecer a base teórica, usos clínicos e restrições.

Pesquisar como o DN atua conforme mencionado na literatura científica. Especialmente focar nos impactos mecânicos, neurofisiológicos, e bioquímicos que ele provoca. Comparar a eficiência da técnica de DN com outras abordagens terapêuticas tradicionais no tratamento da dor musculoesquelética. Encontrar áreas de conhecimento científico que precisem de estudos adicionais para melhorar a aplicação de práticas baseadas em evidências.

2. METODOLOGIA

Este estudo envolve uma análise abrangente da literatura sobre os benefícios do DN no alívio da SDM. A escolha desse método possibilitou uma avaliação minuciosa das evidências científicas provenientes de vários tipos de estudos.

Para alcançar os objetivos desta pesquisa, utilizamos o método de revisão integrativa da literatura. Esse método é vantajoso porque nos permite organizar e analisar criticamente o conhecimento científico já existente sobre o tema que estamos estudando.

A revisão integrativa foi realizada em seis etapas: (1) formulação da pergunta de pesquisa; (2) definição dos critérios de inclusão e exclusão; (3) escolha dos dados a serem extraídos; (4) avaliação crítica dos estudos selecionados; (5) interpretação dos resultados encontrados; e (6) síntese e organização das informações.

 Os termos que utilizamos na pesquisa foram: “dry needling”, “myofascial pain” e ” Physiotherapy”. Todos os detalhes da estratégia de busca estão na Tabela 1.

Para garantir a qualidade da revisão integrativa, definimos critérios claros para a inclusão e exclusão de estudos. Em relação aos critérios de inclusão, decidimos focar em estudos publicados em inglês para termos acesso às principais pesquisas internacionais sobre o tema, apenas estudos com humanos, na íntegra e gratuitos. A pesquisa na base de dados PEDro foram filtrados apenas estudos com pontuação mínima de 7 na escala PEDro. Também estabelecemos um recorte temporal, selecionando apenas trabalhos publicados nos últimos 5 anos, entre 2020 e 2025, para garantir que as evidências científicas analisadas sejam atuais e relevantes. A busca foi realizada nos meses de Abril/2025 e Maio/2025.

Em relação aos critérios de exclusão, foram excluídos artigos duplicados, de revisão sistemática e meta-análise. Todo o processo de triagem e seleção dos artigos, desde a busca inicial até a aplicação dos critérios de elegibilidade, está descrito em detalhes e pode ser visualizado no fluxograma da Figura 1, que ilustra claramente as etapas seguidas na formação da amostra final desta revisão integrativa da literatura.

Tabela 1: Descritores utilizados na busca em bases de dados. 

Base de dados Termos de busca
PubMed “dry needling”, and “myofascial pain” and “Physiotherapy” 
PEDro“dry needling”, “myofascial pain”
Fonte: Autores: MAGNUS, Patrícia; ALVARES, Vanessa; MOHNSCHMIDT, Marivane; ALMEIDA, Marlene; ROHR, Jéssica (2025)


As informações coletadas foram organizadas de forma a facilitar uma síntese clara, ajudando na interpretação dos resultados. O foco incluiu não apenas as evidências quantitativas, mas também as qualitativas, buscando investigar a eficácia da técnica estudada.

               FIGURA 1. Fluxograma para as etapas de Identificação, triagem e seleção dos estudos.

Fonte: Autores: MAGNUS, Patrícia; ALVARES, Vanessa; MOHNSCHMIDT, Marivane; ALMEIDA, Marlene; ROHR, Jéssica (2025)

3. RESULTADOS

 Os estudos foram publicados entre 2020 e 2025 (Tabela 2) e incluíram um total de 617 participantes. Quatro estudos avaliaram músculos da região cervical e trapézio superior

(KORKMAZ; MEDIN CEYLAN, 2022; MARTIN-SACRISTÁN, L. et al. 2022; GARCIA-DE-MIGUEL et al., 2020; LEE et al., 2023), um estudo avaliou a musculatura da coluna lombar (DELGADO ÁLVAREZ et al., 2022), um estudo avaliou a musculatura do quadril (CEBALLOS-LAITA et al., 2020), três estudos avaliaram musculaturas dos MMII incluindo Joelho (MA et al., 2023), Pé (AL-BOLOUSHI et al., 2020) e gastrocnêmico (BENITO-DE-PEDRO et al., 2021), e um estudo avaliou a musculatura do MMSS, mais especificamente  o bíceps braquial (CHEN et al., 2024).

Tabela 2: Síntese dos estudos incluídos na revisão.

Fonte: Autores: MAGNUS, Patrícia; ALVARES, Vanessa; MOHNSCHMIDT, Marivane; ALMEIDA, Marlene; ROHR, Jéssica (2025)

Tabela 3: Tabela de Evidência dos estudos incluídos na revisão.

Fonte: Autores: MAGNUS, Patrícia; ALVARES, Vanessa; MOHNSCHMIDT, Marivane; ALMEIDA, Marlene; ROHR, Jéssica (2025)

4. DISCUSSÃO

Nos estudos pode se observar que o DN é eficaz na redução significativa da dor em pacientes com PGMs ativos ou latentes, tanto em curto quanto em médio prazo. Por exemplo, Korkmaz et al. observaram que a combinação de DN com exercícios foi superior à terapia isolada com exercícios na redução da dor e na normalização de parâmetros ultrassonográficos do músculo trapézio. Da mesma forma, Martín-Sacristán et al. destacaram que o DN aplicado em PGMs ativos resultou em maior redução da dor cervical crônica após uma semana, apesar de uma piora inicial imediata. Esses achados sugerem que o DN pode induzir uma resposta terapêutica duradoura, mesmo que acompanhada de desconforto transitório.

Quando comparado a outras técnicas, como a eletrólise percutânea por agulha (END) ou a estimulação elétrica intramuscular (IMES), o DN mostrou resultados semelhantes em alguns aspectos. Por exemplo, Al-Boloushi et al. não encontraram diferenças significativas entre DN e END na redução da dor plantar no calcanhar pois ambos foram eficazes na redução da dor, mas destacaram que a END teve vantagem na qualidade de vida em longo prazo. Por outro lado, Hadizadeh et al. observaram que a IMES foi superior ao DN em parâmetros ultrassonográficos e funcionais, como amplitude de movimento e fluxo sanguíneo, embora ambos os métodos tenham sido eficazes no alívio da dor. Esses resultados indicam que a escolha entre DN e outras técnicas deve considerar os objetivos terapêuticos específicos, como analgesia imediata versus melhora funcional.

O impacto em condições específicas, em pacientes com osteoartrite (OA) de quadril ou joelho, o DN demonstrou benefícios adicionais, como a redução do sofrimento psicológico e o aumento do LDP (Ceballos-Laita et al.; Ma et al.). Além disso, Ma et al. relataram que o DN combinado com alongamento foi mais eficaz e durável que o diclofenaco oral no tratamento da OA de joelho, com menos efeitos adversos. Esses achados reforçam o potencial do DN como alternativa aos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), especialmente em pacientes com contraindicações a esses medicamentos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 Os estudos analisados nesta revisão demonstram a eficácia do DN no tratamento de diversas condições musculoesqueléticas, com destaque para a redução da dor, melhora funcional e alterações estruturais em músculos e tendões. A síntese dos resultados revela que o DN é uma intervenção promissora, especialmente quando combinada com outras terapias, como exercícios ou alongamentos, e comparada a tratamentos convencionais, como medicamentos anti-inflamatórios ou técnicas de eletroterapia. No entanto, a seleção da técnica deve ser customizada para cada paciente, levando em consideração seu perfil e as finalidades do tratamento. No campo futuro, devem-se desenvolver protocolos padronizados para estudar as bases biológicas, melhorando a aplicação do DN da forma clínica. Paralelamente, os profissionais de saúde devem identificar o DN como tratamento ainda mais seguro e eficaz de um estilo de intervenção aditivos para disfunções musculoesqueléticas multimodais.

 Os estudos sugerem que o DN atua não apenas por meio da desativação mecânica dos PGMs, mas também por modulação neurofisiológica e melhora da vascularização local. No entanto, algumas limitações foram observadas, como a falta de padronização nos protocolos de tratamento e a variabilidade na resposta clínica entre os pacientes. Por exemplo, a presença de respostas de contração local (LTRs) nem sempre se correlacionou com a eficácia clínica (Martín-Sacristán et al., 2022), indicando a necessidade de mais pesquisas para elucidar os mecanismos subjacentes.

6. REFERÊNCIAS

1. TRAVELL, J. G.; SIMONS, D. G. Myofascial Pain and Dysfunction: The Trigger Point Manual. Vol. 1. Baltimore, MD: Williams & Wilkins, 1983.

2. FERNÁNDEZ-DE-LAS-PEÑAS, C.; NIJS, J.; CAGNIE, B.; GERWIN, R. D.; PLAZA-MANZANO, G.; VALERA-CALERO, J. A.; ARENDT-NIELSEN, L. Myofascial Pain Syndrome: A Nociceptive Condition Comorbid with Neuropathic or Nociplastic Pain. Life, Basel, v. 13, n. 3, p. 694, mar. 2023. DOI: 10.3390/life13030694.

3. TÜZÜN, E. H.; GILDIR, S.; ANGIN, E.; TECER, B. H.; DANA, K. Ö.; MALKOÇ, M. Effectiveness of dry needling versus a classical physiotherapy program in patients with chronic low-back pain: a single-blind, randomized, controlled trial. Journal of Physical Therapy Science, Kyoto, v. 29, n. 9, p. 1502-1509, set. 2017. DOI: 10.1589/jpts.29.1502. PMID: 28931976. PMCID: PMC5599809.

4. KORKMAZ, M. D.; MEDIN CEYLAN, C. Effect of dry-needling and exercise treatment on myofascial trigger point: A single-blind randomized controlled trial. Complementary Therapies in Clinical Practice, v. 47, p. 101571, maio 2022. DOI: 10.1016/j.ctcp.2022.101571. PMID: 35272249.

5. DOMMERHOLT, J. Dry needling – peripheral and central considerations. Journal of Manual & Manipulative Therapy, v. 19, n. 4, p. 223-227, nov. 2011. DOI: 10.1179/106698111X13129729552065. PMID: 23115475. PMCID: PMC3201653.

6. MARTÍN-SACRISTÁN, L. et al. Dry needling in active or latent trigger point in patients with neck pain: a randomized clinical trial. Scientific Reports, v. 12, n. 1, p. 3188, 24 fev. 2022. DOI: 10.1038/s41598-022-07063-0.

7. CEBALLOS-LAITA, L. et al. Effects of dry needling on pain, pressure pain threshold and psychological distress in patients with mild to moderate hip osteoarthritis: Secondary analysis of a randomized controlled trial. Complementary Therapies in Medicine, v. 51, p. 102443, jun. 2020. DOI: 10.1016/j.ctim.2020.102443.

8. MA, Y. T. et al. Agulhamento seco em pontos-gatilho miofasciais latentes e ativos versus diclofenaco oral em pacientes com osteoartrite de joelho: um ensaio clínico randomizado. BMC Musculoskeletal Disorders, v. 24, n. 1, p. 36, 18 jan. 2023. DOI: 10.1186/s12891-02206116-9.

9. AL-BOLOUSHI, Z.; GÓMEZ-TRULLÉN, E. M.; ARIAN, M.; FERNÁNDEZ, D.; HERRERO, P.; BELLOSTA-LÓPEZ, P. Comparação de duas intervenções de agulhamento seco para dor plantar no calcanhar: um ensaio clínico randomizado. BMJ Open Sport & Exercise Medicine, v. 6, n. 1, p. e000772, 2020. DOI: 10.1136/bmjopen-2020-038033.

10. GARCIA-DE-MIGUEL, S. et al. Efeitos de curto prazo da PENS versus agulhamento seco em indivíduos com dor cervical mecânica unilateral e pontos-gatilho miofasciais ativos no músculo levantador da escápula: um ensaio clínico randomizado. Journal of Clinical Medicine, v. 9, n. 6, p. 1665, 2020. DOI: 10.3390/jcm9061665.

11. ÁLVAREZ, S. D. et al. Effectiveness of Dry Needling and Ischemic Trigger Point Compression in the Gluteus Medius in Patients with Non-Specific Low Back Pain: A Randomized Short-Term Clinical Trial. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 19, n. 19, p. 12468, 30 set. 2022. DOI: 10.3390/ijerph191912468.

12. CHEN, I.-W. et al. Melhora da dor, função e derrame peritendíneo após agulhamento seco em pacientes com tendinopatia da cabeça longa do bíceps braquial: um ensaio clínico randomizado simples-cego. Annals of Medicine, v. 56, n. 1, p. 2391528, 2024. DOI: 10.1080/07853890.2024.2391528.

13. HADIZADEH, M. et al. A comparative study of sonographic and clinical parameters in patients with upper trapezius muscle trigger point following dry needling and intramuscular electrical stimulation: a randomized control trial. Chiropractic & Manual Therapies, v. 33, n. 1, p. 14, 14 abr. 2025. DOI: 10.1186/s12998-024-00567-8.

14. BENITO-DE-PEDRO, M. et al. Avaliação eletromiográfica da eficácia do Deep Dry Needling versus a técnica de compressão isquêmica no gastrocnêmio de triatletas de média distância. Sensors, v. 21, n. 9, p. 2906, 2021. DOI: 10.3390/s21092906.


¹RGM 27436951;
²RGM 27966895;
³RGM 27601927;
⁴RGM 27808106;
⁵RGM 28726341.