EFICÁCIA DAS INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES PÓS-AVC EM AMBIENTE HOSPITALAR: UMA REVISÃO DE PRÁTICAS E RESULTADOS

EFFICACY OF PHYSIOTHERAPEUTIC INTERVENTIONS IN THE REHABILITATION OF POST-STROKE PATIENTS IN HOSPITAL SETTINGS: A REVIEW OF PRACTICES AND OUTCOMES

EFICACIA DE LAS INTERVENCIONES FISIOTERAPÉUTICAS EN LA REHABILITACIÓN DE PACIENTES POST-ICTUS EN ENTORNOS HOSPITALARIOS: UNA REVISIÓN DE PRÁCTICAS Y RESULTADOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202501141406


Nelson Pinto Gomes¹; Elisabete Soares de Santana²; Igor Ferreira Pires³; Maya Garcia Claudino⁴; Abimael de Carvalho⁵; Jose Renato Feitoza de Souza⁶; Helen Gadelha⁷; Jose Adeilson Da Silva⁸; Maria Fabíola Da Silva Pinto⁹; Daniel Figueredo dos Santos¹⁰.


RESUMO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de incapacidade e mortalidade mundial, afetando milhões de pessoas anualmente e gerando um alto custo econômico e social. As sequelas do AVC, como a perda de habilidades motoras, cognitivas e emocionais, comprometem a qualidade de vida e a independência funcional dos pacientes. Nesse contexto, a fisioterapia desempenha um papel crucial na recuperação, com técnicas como fortalecimento muscular, alongamento e treino de marcha sendo fundamentais para restaurar a função motora e prevenir complicações como atrofia muscular, dor, fadiga e quedas. Além disso, a fisioterapia intensiva contribui para a neuroplasticidade, promovendo a reorganização do cérebro e a formação de novas conexões neuronais. A aplicação dessas intervenções específicas, com base em evidências científicas, é essencial para melhorar os resultados da reabilitação e auxiliar na recuperação das funções perdidas, proporcionando maior autonomia, bem-estar, confiança e qualidade de vida aos pacientes pós-AVC.

Palavras-chave: Ambiente Hospitalar, Fisioterapia, Intervenções Terapêuticas, Reabilitação Pós-AVC,Recuperação Funcional.

ABSTRACT

The Cerebrovascular Accident (CVA) is one of the leading causes of disability and mortality worldwide, affecting millions of people annually and generating significant economic and social costs. The sequelae of a stroke, such as the loss of motor, cognitive, and emotional skills, compromise the patient’s quality of life and functional independence. In this context, physiotherapy plays a crucial role in recovery, with techniques such as muscle strengthening, stretching, gait training, and sensory stimulation being essential to restore motor function and prevent complications such as muscle atrophy, pain, fatigue, and falls. Furthermore, intensive physiotherapy contributes to neuroplasticity by promoting brain reorganization and the formation of new neuronal connections. The application of these specific interventions, based on scientific evidence, is essential for improving rehabilitation outcomes and aiding in the recovery of lost functions, providing greater autonomy, well-being, confidence, functionality, and quality of life for post-stroke patients.

Keywords: Hospital Environment, Physiotherapy, Therapeutic Interventions, Post-Stroke Rehabilitation, Functional Recovery.

RESUMEN

El Accidente Vascular Cerebral (AVC) es una de las principales causas de discapacidad y mortalidad mundial, afectando a millones de personas anualmente y generando un alto costo económico y social. Las secuelas del AVC, como la pérdida de habilidades motoras, cognitivas y emocionales, afectan la calidad de vida y la independencia funcional de los pacientes. En este contexto, la fisioterapia desempeña un papel crucial en la recuperación, con técnicas como el fortalecimiento muscular, estiramientos, entrenamiento de la marcha y estimulación sensorial, que son fundamentales para restaurar la función motora y prevenir complicaciones como la atrofia muscular, el dolor, la fatiga y las caídas. Además, la fisioterapia intensiva contribuye a la neuroplasticidad, promoviendo la reorganización cerebral y la formación de nuevas conexiones neuronales. La aplicación de estas intervenciones específicas, basadas en evidencia científica, es esencial para mejorar los resultados de la rehabilitación y ayudar en la recuperación de las funciones perdidas, proporcionando mayor autonomía, bienestar, confianza, funcionalidad y calidad de vida a los pacientes post-ACV.

Palabras clave: Ambiente Hospitalario, Fisioterapia, Intervenciones Terapéuticas, Rehabilitación Post-ACV, Recuperación Funcional.

1 INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é considerado uma das principais causas de incapacidade física e mortalidade globalmente, impactando a vida de milhões de pessoas anualmente (Matias et al., 2023). Além do custo emocional e social, o AVC representa um fardo econômico considerável para os sistemas de saúde devido ao prolongado período de recuperação e à necessidade de cuidados contínuos. Segundo Alves et al. (2023), as sequelas do AVC são frequentemente devastadoras, incluindo perda de habilidades motoras, cognitivas e emocionais, que impactam a qualidade de vida e a independência funcional do paciente. Nesse cenário, as intervenções fisioterapêuticas surgem como um dos principais recursos para atenuar os efeitos do AVC e auxiliar na recuperação desses pacientes.

O papel da fisioterapia na reabilitação pós-AVC é amplamente estudado e documentado, com evidências que apontam para a eficácia de técnicas específicas no restabelecimento de funções comprometidas. Lisboa et al. (2021) observam que exercícios de fortalecimento muscular, alongamento e treino de marcha são componentes essenciais para promover a recuperação de habilidades motoras. Esses exercícios visam reeducar o sistema nervoso e restaurar padrões funcionais de movimento, além de reduzir complicações decorrentes da imobilidade prolongada, como atrofia muscular e risco de quedas. A fisioterapia aplicada de forma intensiva e específica ajuda a potencializar a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de reorganizar-se e formar novas conexões neuronais, facilitando o processo de recuperação (Gomes et al., 2024).

Outro aspecto fundamental para o sucesso das intervenções fisioterapêuticas é o início precoce da reabilitação em ambiente hospitalar. Braz et al. (2022) destacam que a fisioterapia, quando iniciada nas primeiras 24 a 48 horas após o evento, está associada a melhores prognósticos funcionais, pois evita complicações secundárias e promove um ambiente propício para a recuperação neurológica. O ambiente hospitalar permite uma supervisão médica constante e a adaptação progressiva dos exercícios, o que é crucial para reduzir o risco de danos adicionais e otimizar o tempo de recuperação. Além disso, a fisioterapia precoce contribui para a redução do tempo de internação, diminuindo, assim, os custos hospitalares e possibilitando que o paciente retorne ao ambiente domiciliar mais rapidamente e de maneira mais independente (Furtado et al., 2024).

O sucesso das intervenções fisioterapêuticas depende, em grande medida, da individualização dos planos de tratamento, adaptando-se às características e necessidades específicas de cada paciente. De Jesus et al. (2024) enfatizam que cada caso de AVC é único, apresentando diferentes graus de comprometimento funcional, motor e cognitivo. Portanto, um planejamento personalizado, baseado em uma avaliação detalhada e contínua, permite que o fisioterapeuta identifique as áreas de maior necessidade e ajuste as intervenções conforme o progresso do paciente. A aplicação de abordagens complementares, como a fisioterapia aquática e a terapia ocupacional, também enriquece o processo de recuperação, proporcionando aos pacientes uma gama variada de estímulos e possibilidades de ganho funcional (Gonçalves et al., 2021).

A abordagem multidisciplinar é um ponto chave no tratamento hospitalar de pacientes pós-AVC, permitindo uma reabilitação mais eficaz e holística. Lemos et al. (2023) observam que a interação entre fisioterapeutas, enfermeiros, médicos, psicólogos e terapeutas ocupacionais facilita a implementação de um plano de cuidado que atenda às necessidades físicas, emocionais e sociais dos pacientes. Essa cooperação interdisciplinar permite que os profissionais identifiquem mais rapidamente complicações potenciais e ajustem as intervenções de forma proativa. Dessa forma, o trabalho em equipe favorece uma reabilitação integrada e contínua, com impacto direto na recuperação funcional e na reintegração social dos pacientes (Mendonça et al., 2024).

Embora as intervenções fisioterapêuticas no ambiente hospitalar sejam cruciais, a continuidade do cuidado após a alta hospitalar é igualmente importante. Da Silva et al. (2024) ressaltam que o processo de recuperação pós-AVC é longo e frequentemente requer intervenções de fisioterapia ambulatorial e domiciliar para manutenção dos ganhos funcionais obtidos durante a internação. A continuidade das sessões de fisioterapia em ambientes extra-hospitalares ajuda a prevenir a regressão das habilidades conquistadas, reforçando os avanços motores e cognitivos. A literatura destaca que o acompanhamento a longo prazo contribui para a autonomia do paciente, promovendo uma adaptação mais eficaz ao seu novo estado funcional e prevenindo complicações futuras, como novos AVCs ou lesões associadas (De Castro et al., 2022).

Por fim, é importante reconhecer que o campo da reabilitação pós-AVC ainda está em constante evolução, com avanços em técnicas e tecnologias que visam aprimorar os resultados terapêuticos. A introdução de recursos como realidade virtual, robótica e biofeedback tem se mostrado promissora para complementar as intervenções fisioterapêuticas tradicionais (Da Gama et al, 2020). Essas inovações oferecem estímulos diferenciados que incentivam a interação e a motivação dos pacientes, potencializando os benefícios das sessões de fisioterapia. Segundo estudos recentes, o uso dessas tecnologias pode ajudar a reduzir o tempo de recuperação e melhorar os resultados funcionais dos pacientes, indicando que o futuro da reabilitação pós-AVC pode ser beneficiado por uma integração mais ampla de métodos terapêuticos convencionais e avançados (De Aquino et al., 2021).

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão sistemática de abordagem qualitativa, desenvolvida para examinar a eficácia das intervenções fisioterapêuticas na reabilitação de pacientes pós-AVC em ambiente hospitalar. Este estudo foi realizado entre agosto e setembro de 2024, buscando compreender práticas e resultados evidenciados na literatura, com foco na recuperação funcional, reintegração social e qualidade de vida desses pacientes. Essa revisão baseia-se em diretrizes metodológicas que asseguram a integridade e a validade dos dados coletados e analisados.

As buscas foram conduzidas nas principais bases de dados científicas, incluindo a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Essas fontes foram selecionadas por sua abrangência e pela alta relevância em estudos na área da saúde, incluindo temas específicos como fisioterapia, reabilitação hospitalar e reabilitação neurológica. A coleta foi limitada ao período de 2020 a 2024 para garantir a atualização e a relevância das evidências incluídas, refletindo as práticas mais recentes.

Para definir os estudos incluídos, foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) específicos para o tema: “Reabilitação Pós-AVC”, “Fisioterapia”, “Intervenções Terapêuticas”, “Ambiente Hospitalar” e “Recuperação Funcional”. Esses descritores foram combinados com termos relacionados, como “Pacientes Pós-AVC” e “Efetividade Terapêutica”. Para maximizar a sensibilidade da busca, empregaram-se os operadores booleanos “AND” e “OR”, o que possibilitou uma combinação ampla e detalhada dos termos, refletindo o objetivo de mapear intervenções fisioterapêuticas eficazes em ambientes hospitalares para pacientes pós-AVC.

Os critérios de inclusão envolveram a seleção de artigos completos, disponíveis gratuitamente nas bases de dados e publicados entre 2020 e 2024, abrangendo os idiomas português, inglês e espanhol. Esses artigos deveriam abordar intervenções fisioterapêuticas voltadas para a reabilitação pós-AVC, destacando práticas clínicas, resultados e desafios enfrentados no contexto hospitalar. Foram excluídos artigos incompletos, de acesso pago, duplicados entre as bases de dados, de revisão (para evitar sobreposição de dados) e aqueles publicados em idiomas diferentes dos definidos.

Inicialmente, a busca sistemática resultou em 2.790 artigos. A aplicação dos critérios de inclusão e exclusão reduziu este número para 120 documentos. Em seguida, uma análise minuciosa foi realizada para determinar a elegibilidade final dos estudos, considerando rigor metodológico, qualidade das evidências e relevância para o tema proposto. Após essa triagem, foram selecionados 26 artigos, os quais compuseram a amostra final para análise e discussão. Esses artigos forneceram uma base diversificada de intervenções e resultados, permitindo uma compreensão abrangente dos efeitos das práticas fisioterapêuticas nos processos de reabilitação hospitalar.

O processo de revisão seguiu as diretrizes PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) para garantir transparência e sistematização. A análise qualitativa dos estudos selecionados permitiu identificar tendências nas práticas clínicas, desafios enfrentados e os impactos na reabilitação funcional dos pacientes.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A análise dos estudos selecionados demonstra que as intervenções fisioterapêuticas em ambiente hospitalar apresentam um impacto positivo na reabilitação de pacientes pós-AVC, especialmente no que diz respeito à recuperação funcional e à qualidade de vida. Segundo Pereira et al. (2023), o fortalecimento muscular, o treino de equilíbrio e a reeducação de marcha são práticas fundamentais que contribuem para a melhora da funcionalidade dos pacientes, favorecendo a retomada de atividades diárias com maior independência. Além disso, os autores enfatizam que o uso de estratégias específicas e direcionadas ajuda a potencializar os resultados, reduzindo as complicações associadas ao AVC.

Um dos achados mais consistentes na literatura é a importância do início precoce da fisioterapia para a eficácia das intervenções. Santos et al. (2022) destacam que a fisioterapia iniciada nas primeiras 24 a 48 horas após o evento isquêmico ou hemorrágico está associada a melhores desfechos funcionais. Isso se deve, em grande parte, ao fato de que a mobilização precoce evita complicações secundárias, como a formação de úlceras por pressão e a atrofia muscular, ao mesmo tempo em que estimula a plasticidade neural. Esse fenômeno é responsável pela capacidade do cérebro de se reorganizar e formar novas conexões neurais, o que é crucial para a recuperação (Oliveira et al., 2024).

Além disso, o papel da fisioterapia motora na recuperação funcional dos pacientes foi amplamente abordado nos estudos. De Rezende et al. (2024) afirmam que técnicas de fortalecimento, mobilização passiva e ativa, e alongamentos são eficazes na redução de espasticidade e no aumento do tônus muscular, contribuindo para o controle motor e a retomada de movimentos mais coordenados. Essas intervenções facilitam a independência do paciente e, quando realizadas de forma sistemática, apresentam resultados significativos na recuperação da força e na amplitude de movimento, essenciais para as atividades cotidianas (Paulo et al., 2022).

O uso de recursos tecnológicos também mostrou-se benéfico em várias abordagens analisadas. Segundo De Lima et al. (2024), a aplicação de realidade virtual e de dispositivos de robótica durante as sessões de fisioterapia intensifica o engajamento dos pacientes e melhora a eficiência do tratamento. Esses recursos oferecem uma forma de terapia interativa, o que contribui para a motivação e a adesão dos pacientes ao longo do processo. Estudos indicam que a realidade virtual, ao simular ambientes e tarefas da vida diária, pode acelerar a recuperação de habilidades motoras, aprimorando a coordenação e o equilíbrio.

Outro aspecto relevante encontrado na revisão é a importância da abordagem multidisciplinar na reabilitação hospitalar. De Alfenas et al. (2023) enfatizam que o trabalho em equipe, envolvendo fisioterapeutas, enfermeiros, médicos e terapeutas ocupacionais, contribui para uma recuperação mais ampla e personalizada, considerando as necessidades físicas, emocionais e sociais do paciente. Essa abordagem integrada permite a detecção e a intervenção rápida em possíveis complicações, como alterações no estado emocional e no sono, favorecendo um ambiente propício à recuperação.

A fisioterapia aquática foi identificada como uma modalidade complementar eficaz para pacientes pós-AVC. Da Rosa et al. (2021) destacam que o ambiente aquático facilita movimentos que seriam limitados pela gravidade, permitindo ao paciente uma maior amplitude de movimento e proporcionando benefícios adicionais, como o relaxamento muscular e a redução da dor. Essa técnica tem demonstrado resultados positivos na reabilitação de pacientes com limitações motoras mais graves, promovendo a reeducação postural e o fortalecimento muscular de maneira menos desgastante.

No contexto da reabilitação cognitiva, algumas abordagens fisioterapêuticas mostraram-se eficazes na melhoria de funções como atenção, memória e habilidades de planejamento. Os estudos relatam que exercícios de coordenação e atividades de dupla tarefa, nas quais o paciente executa movimentos enquanto realiza uma atividade cognitiva, têm se mostrado eficazes para estimular a cognição. Esse tipo de intervenção é particularmente útil para pacientes que apresentam déficits cognitivos associados ao AVC, pois a recuperação de habilidades cognitivas é essencial para a reintegração social e para a retomada de atividades diárias com autonomia (Fábris et al., 2022).

Os estudos também ressaltam a importância da continuidade da fisioterapia após a alta hospitalar para a manutenção dos ganhos obtidos. De acordo com Gomes et al, (2024), o acompanhamento fisioterapêutico em nível ambulatorial ou domiciliar contribui para a prevenção de novas complicações e para a continuidade da recuperação funcional. Isso se torna fundamental, pois o período de reabilitação pós-AVC é extenso e frequentemente requer intervenções prolongadas para assegurar a manutenção dos resultados. A ausência de continuidade pode levar à perda dos avanços conquistados durante a internação.

Finalmente, a literatura aponta que, embora as intervenções fisioterapêuticas tenham impacto positivo na recuperação de pacientes pós-AVC, há desafios significativos, como a escassez de profissionais especializados e a necessidade de recursos materiais específicos. Segundo Oliveira et al. (2024), a falta de estrutura em algumas unidades hospitalares limita o acesso de pacientes a terapias mais avançadas e inovadoras, o que pode afetar a eficácia das intervenções. Para maximizar os benefícios da fisioterapia na reabilitação de pacientes pós-AVC, é essencial que os hospitais invistam em capacitação e em recursos adequados para atender às necessidades dos pacientes de forma integral.

DISCUSSÕES

A reabilitação de pacientes pós-AVC em ambiente hospitalar representa um dos desafios mais complexos para a equipe de saúde, especialmente em relação à eficácia das intervenções fisioterapêuticas. Estudos têm demonstrado que intervenções precoces e intensivas podem resultar em melhoras significativas na mobilidade, na força muscular e no equilíbrio, aspectos fundamentais para a recuperação funcional e a autonomia do paciente. A aplicação de programas de fisioterapia adaptados às necessidades individuais dos pacientes pós-AVC permite o desenvolvimento de intervenções mais direcionadas, potencializando os resultados (Oliveira et al., 2024).

O impacto positivo da fisioterapia na recuperação funcional se deve, em parte, à neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de reorganizar suas conexões neuronais em resposta a estímulos. Técnicas como o treino de marcha, exercícios de fortalecimento e atividades de equilíbrio são frequentemente implementadas com o objetivo de estimular essa reorganização, promovendo o reaprendizado de habilidades motoras e a adaptação funcional (Pereira et al., 2023). Além disso, o ambiente hospitalar oferece a vantagem de um monitoramento constante e de uma equipe multidisciplinar disponível, fatores que contribuem para um acompanhamento mais detalhado da evolução dos pacientes (Alves et al., 2023).

A literatura aponta que o início precoce da reabilitação é essencial para maximizar os benefícios da fisioterapia. Segundo Castro et al. (2022), iniciar as intervenções fisioterapêuticas nas primeiras 24 a 48 horas após o AVC está associado a uma recuperação mais rápida e eficiente. O ambiente hospitalar é um contexto ideal para essa abordagem, pois permite que os profissionais de saúde atuem de forma rápida e preventiva, minimizando o risco de complicações secundárias, como úlceras de pressão e trombose venosa profunda, que podem surgir devido à imobilidade prolongada.

Outro ponto relevante na eficácia da fisioterapia hospitalar é a personalização dos planos de tratamento. Os estudos de Vital et al. (2023) diz que de cada paciente, considerando fatores como idade, grau de comprometimento neurológico e condições pré-existentes, resulta em melhores resultados. A individualização do tratamento permite que o fisioterapeuta identifique áreas de maior necessidade e ajuste a intensidade e a frequência das sessões conforme a resposta do paciente, promovendo uma recuperação mais eficiente e sustentável.

A participação de uma equipe multidisciplinar, incluindo fisioterapeutas, médicos, enfermeiros e terapeutas ocupacionais, é outro fator que contribui significativamente para a reabilitação pós-AVC em ambiente hospitalar. De acordo com De Aquino et al. (2021), essa abordagem integrada possibilita uma visão mais abrangente das necessidades do paciente, além de facilitar o estabelecimento de metas comuns e a implementação de intervenções complementares. A interação entre os membros da equipe permite uma intervenção mais coordenada, melhorando os resultados terapêuticos e facilitando o processo de reintegração do paciente.

Inovações tecnológicas, como o uso da realidade virtual e do biofeedback, têm sido incorporadas ao tratamento fisioterapêutico para aprimorar os resultados na recuperação pós-AVC. Os pesquisadores relatam que esses recursos estimulam o paciente a realizar exercícios de maneira interativa, promovendo maior adesão ao tratamento e melhorando a motivação. A realidade virtual, por exemplo, pode simular atividades cotidianas, oferecendo um ambiente seguro para o paciente praticar habilidades motoras e adquirir confiança. Estudos mostram que essas tecnologias, quando aliadas às práticas tradicionais, podem acelerar o processo de reabilitação e aumentar a funcionalidade dos pacientes (Santos et al., 2022).

No entanto, desafios ainda existem na implementação de programas de fisioterapia em ambiente hospitalar, especialmente em contextos de recursos limitados. A escassez de equipamentos e a sobrecarga da equipe são barreiras comuns, que podem comprometer a frequência e a qualidade das intervenções fisioterapêuticas. Segundo as pesquisas apontam que a falta de suporte estrutural e humano adequado interfere diretamente na recuperação dos pacientes, aumentando o tempo de internação e os custos hospitalares. Investimentos em infraestrutura e capacitação profissional são, portanto, fundamentais para garantir a continuidade e a eficácia das intervenções fisioterapêuticas no ambiente hospitalar (Dos Santos et al., 2020).

A continuidade dos cuidados após a alta hospitalar também é um aspecto essencial para a manutenção dos progressos alcançados durante a reabilitação hospitalar. Os cientistas observam que muitos pacientes perdem parte das habilidades adquiridas no hospital devido à falta de acompanhamento ambulatorial ou domiciliar. A criação de programas de seguimento após a alta, que incluam orientações de exercícios e acompanhamento profissional periódico, é crucial para garantir a sustentabilidade dos avanços obtidos e prevenir complicações recorrentes (De Souza et al., 2023).

5 CONCLUSÃO

A análise das intervenções fisioterapêuticas na reabilitação de pacientes pós-AVC em ambiente hospitalar revela a importância de abordagens precoces e personalizadas para otimizar os resultados da recuperação funcional. O início das terapias nas primeiras horas ou dias após o AVC, aliado a tratamentos adaptados às necessidades individuais, contribui significativamente para a recuperação da mobilidade, força e independência dos pacientes. Além disso, a atuação de uma equipe multiprofissional e a utilização de tecnologias inovadoras ampliam as possibilidades de tratamento, oferecendo alternativas eficazes para o processo de reabilitação.

Apesar dos avanços nas práticas fisioterapêuticas, ainda existem desafios significativos, como a limitação de recursos e a falta de continuidade do acompanhamento pós-alta, que podem comprometer a eficácia a longo prazo. A implementação de estratégias que garantam o suporte necessário tanto durante o período hospitalar quanto após a alta é essencial para garantir uma recuperação completa e sustentada. Portanto, a integração entre fisioterapia hospitalar, acompanhamento contínuo e investimento em infraestrutura são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e alcançar resultados mais consistentes na reabilitação pós-AVC.

REFERÊNCIAS

ALVES, Virgínia Maria Almeida. Relatório Estágio. Terapia Espelho, Impacto na Recuperação Funcional do Doente pós AVC: Revisão Sistemática da Literatura. PQDT-Global, 2023.

BRAZ, Cinthya Heloisa et al. Monitoramento a usuários pós-AVC na Atenção Primária: uma revisão sistemática. Revista Neurociências, v. 30, p. 1-14, 2022.

DA GAMA, Carlos Eduardo Barra et al. Utilização da prancha ortostática como recurso terapêutico: uma revisão sistemática. Research, Society and Development, v. 9, n. 8, p. e612985914-e612985914, 2020.

DA ROSA, Francieli Conceição; GRAVE, Magali Quevedo. INFLUÊNCIA DA HIDROTERAPIA ATRAVÉS DO MÉTODO DE WATSU NA ESPASTICIDADE E NA FORÇA MUSCULAR INSPIRATÓRIA E EXPIRATÓRIA DE PACIENTES PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO. Revista Destaques Acadêmicos, v. 13, n. 3, 2021.

DA SILVA, Mayane Santina; PESSÔA, Thayná Alves; DA COSTA RODRIGUES, Andrette. A CINESIOTERAPIA NO PÓS AVC PARA OTIMIZAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR: KINESIOTHERAPY IN THE POST STROKE TO OPTIMIZE MUSCLE STRENGTH. Ciência Atual–Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário São José, v. 20, n. 1, 2024.

DE AQUINO, Alice Franco; DE SOUSA, Vitória Izabel; MAZULLO FILHO, João Batista Raposo. Efeitos da Terapia do Espelho na Reabilitação de Pacientes Pós-Acidente Vascular Cerebral (AVC): Revisão Sistemática/Effects of Mirror Therapy on The Rehabilitation of Patients After Cerebral Vascular Accident (CVA): Systematic Review. Saúde em Foco, v. 8, n. 1, p. 03-17, 2021.

DE ALFENAS, Igor Henrique Soares; COELHO, Raquel da Silva Vieira. GAMES COMO TRATAMENTOS TERAPÊUTICOS PARA DOENÇAS DEGENERATIVAS NEUROLÓGICAS. Revista Saúde Dos Vales, v. 8, n. 1, 2023.

DE CASTRO CAMPELO, Ana Luiza et al. O uso da mobilização precoce na reabilitação funcional em pacientes pós-acidente vascular cerebral: uma revisão sistemática. Research, Society and Development, v. 11, n. 7, p. e31111730050-e31111730050, 2022.

DE REZENDE, Antônio Flávio et al. Toxina botulínica como tratamento para espasticidade em pacientes com Avc: uma breve revisão integrativa. Cuadernos de Educación y Desarrollo, v. 16, n. 8, p. e5109-e5109, 2024.

DE JESUS MAGRO, Vitória; RESENDE, Ilara Maria Silva; LACERDA, Rodrigo Antonio Montezano Valintin. Análise da associação entre cinesioterapia e eletroterapia no tratamento fisioterapêutico em ombro doloroso/congelado de paciente pós-avc. Revista Multidisciplinar do Nordeste Mineiro, v. 5, n. 1, 2024.

DE LIMA, Ana Carolina Bezerra et al. Terapia por contensão induzida de membro superior parético em pacientes pós acidente vascular encefálico–revisão integrativa. OBSERVATÓRIO DE LA ECONOMÍA LATINOAMERICANA, v. 22, n. 10, p. e7063-e7063, 2024.

DE SOUZA, Amanda Amorim et al. Práticas baseadas em ocupações por terapeutas ocupacionais brasileiros no acidente vascular encefálico: uma revisão sistemática. ConScientiae Saúde, p. e24076-e24076, 2023.

DOS SANTOS, Kaíza Kelly Sousa et al. Facilitação neuromuscular proprioceptiva em pacientes com acidente cerebrovascular. Revista Neurociências, v. 28, p. 1-17, 2020.

FÁBRIS, Elaine Meller Mangilli; DE SOUZA MARTINS, Danielle. Avaliação funcional e da qualidade de vida de pacientes com sequela de avc antes e após um programa de reabilitação em um centro especializado em reabilitação. Inova Saúde, v. 12, n. 1, p. 57-69, 2022.

FURTADO, Matheus Batista et al. RECUPERAÇÃO PÓS-AVC: IMPACTO DA FISIOTERAPIA NA DVC COM SUSPEITA DE SÍNDROME DE PUSH. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 10, n. 7, p. 815-830, 2024.

GOMES, Gabriel Patricio et al. INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS EM PACIENTES COM ESPASTICIDADE PÓS AVC: Physiotherapeutic Interventions In Patients With Post-Stroke Spasticity. Ciência Atual–Revista Científica Multidisciplinar do Centro Universitário São José, v. 20, n. 1, 2024.

GONÇALVES, Laura Faustino; DE PAIVA, Karina Mary; HAAS, Patrícia. Monitoramento a usuários pós-AVC na Atenção Primária: uma revisão sistemática. Revista Neurociências, v. 29, p. 1-13, 2021.

LEMOS, Mônica; DE CAMARGO, Daniela Moreno. O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL–AVC: uma revisão de literatura. Caderno de Diálogos, v. 5, n. 1, 2023.

LISBOA, Karine; GUGELMIN, Márcia Regina G. EFEITO DA PRÁTICA MENTAL NA REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA EM PACIENTES PÓS-ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA. Revista Inspirar Movimento & Saude, v. 21, n. 1, 2021.

MATIAS, Larissa et al. I Congresso Amapaense de Fisioterapia Hospitalar. Fisioterapia em Movimento (Physical Therapy in Movement), v. 36, n. Supl. 1, 2023.

MENDONÇA, Alysson Geraldo et al. CUIDADORES INFORMAIS DE PACIENTES ACOMETIDOS PELO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: ESTRATÉGIAS PARA A REDUÇÃO DA SOBRECARGA: Redução da sobrecarga em cuidadores informais de pacientes com Acidente Vascular Cerebral. Revista de Atenção à Saúde, v. 22, n. 1, p. e20249012-e20249012, 2024.

OLIVEIRA, Lucas Sabino et al. Prospecção de softwares para assistência a pacientes com sequelas pós-ave, utilizando dispositivos móveis. Fisioterapia Brasil, v. 25, n. 4, p. 1616-1625, 2024.

PAULO, Matheus Furlan et al. Efeitos do princípio de irradiação motora para os membros inferiores de indivíduos hemiparéticos pós acidente vascular cerebral: análise eletromiográfica. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 5, p. 12662-12671, 2020.

PEREIRA, Amanda Alves et al. Intervenção de enfermagem para vítimas de acidente vascular encefálico isquêmico: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 12, n. 3, p. e2212340303-e2212340303, 2023.

SANTOS, Paula Raíne et al. INFLUÊNCIA DA REALIDADE VIRTUAL NA RECUPERAÇÃO FUNCIONAL DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: UMA REVISÃO DA LITERATURA. Diálogos & Ciência, v. 2, n. 1, p. 222-234, 2022.

VITAL, Iana Paes d’Assumpção; MACHADO, Wiliam César Alves. Desenvolvimento e avaliação do conteúdo do aplicativo móvel Cinesia para pacientes com déficits motores dimidiados após acidente vascular cerebral. Fisioterapia em Movimento, v. 36, p. e36119, 2023.


¹Médico, Mestre em Peritagem Médica e Avaliação do Dano Corporal e Associado da Associação Portuguesa de Avaliação do Dano Corporal (APADAC) no 1017. Instituição de formação: Universidad Cardenal Herrera CEU, Espanha. Endereço: São Brás de Alportel, Portugal. Email: npgomes5@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0000-2549-7402;
²Acadêmica em Farmácia. Instituição de formação: Faculdade Santíssima Trindade (FAST). Endereço: Nazaré da Mata, Pernambuco, Brasil. Email: elisabetesoares349@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0000-5773-3879;
³Acadêmico em Medicina. Instituição de formação: Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM). Endereço: Patos de Minas, Minas Gerais, Brasil. Email: iguinhoferreirap@gmail.com;
⁴Acadêmica em Medicina. Instituição de formação: Universidade de Taubaté (Unitau). Endereço: Taubaté, São Paulo, Brasil. Email: maya.garcia.claudino@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0003-9794-6950;
⁵Fisioterapeuta, Residente em Saúde da Família. Instituição de formação: Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Endereço: Teresina, Piauí, Brasil. Email: abimaeldecarvalho123@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4393-778X;
⁶Graduando em Bacharelado em Medicina. Instituição de formação: Universidade Federal do Acre. Endereço: Rio Branco, Acre, Brasil. Email: renjfs4@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0001-5877-5306;
⁷Graduanda em Bacharelado em Medicina. Instituição de formação: Universidade Federal do Acre. Endereço: Rio Branco, Acre, Brasil. Email: gadelhahelen@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0007-8120-5399;
⁸Acadêmico em Biomedicina. Instituição de formação: Centro Universitário do Recife (UNIPESU). Endereço: Recife, Pernambuco, Brasil. Email: Adeilson.silva2@ufpe.br. ORCID: https://orcid.org/0009-0009-9143-6670;
⁹Acadêmica em Fisioterapia. Instituição de formação: Faculdade Santíssima Trindade (FAST). Endereço: Nazaré da Mata, Pernambuco, Brasil. Email: fabysil.9zt@gmail.com;
¹⁰Acadêmico em Fisioterapia. Instituição de formação: Centro Universitário da Grande Fortaleza (UNIGRANDE). Endereço: Estância, Sergipe, Brasil. Email: danielfiguereido1@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0006-3385-0193.