EFICÁCIA DA ANÁLISE COMPORTAMENTAL APLICADA (ABA) PARA O TRATAMENTO DE INDIVÍDUOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) EM PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR NA ESCOLA DE ENSINO REGULAR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10805559


Giane Demo
Orientador: Angel Olider Rojas Vistorte


RESUMO

O projeto de pesquisa intitulado Eficácia da intervenção Análise do Comportamento Aplicada (ABA) para o desenvolvimento de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista em processo de inclusão escolar no ensino regular, investiga a utilização da ciência da análise do comportamento aplicada em duas escolas da rede estadual de ensino do município de Sangão, em santa Catarina. A necessidade de detectar o grau de satisfação dos pais e dos profissionais sobre a aplicação da ciência ABA nos quesitos de inclusão escolar nas escolas de ensino regular, detectando as defasagens quanto ao entendimento da utilização da ciência da análise do comportamento para o ensino de habilidades de crianças com este transtorno. O objetivo principal é avaliar a eficácia da intervenção baseada em ABA para o tratamento de crianças em processo de inclusão escolar no sistema regular de ensino.  Observa-se que há pouca utilização da ciência ABA nas escolas com as crianças com TEA, mesmo, sendo a única que apresenta a eficácia no tratamento. A investigação metodológica é qualitativa com enfoque profissionalizante; apresenta as propostas de desenvolvimento utilizadas para as melhorias em todo o processo de adaptação das crianças, e durante a evolução do processo. A pesquisa é realizada a partir de questionários com profissionais da educação, coordenadores equipe pedagógica, professores e pais. O estudo e aprofundamento destas práticas ampliam os conhecimentos sobre a eficácia e a efetivação das práticas diretamente no ambiente de ensino regular, que uma vez aberto para o olhar terapêutico, tende a se tornar mais inclusivo e oferecer melhores condições as necessidades específicas das crianças com TEA. As soluções encontradas por esta pesquisa, contribuirão para uma ampliação da análise das práticas em ambientes escolares, que se estabelecem entre a teoria e a prática, o que se fala nas teorias, nas evidências científicas e a prática na sala de aula, ode deve ser feita a inclusão da criança com a contribuição da investigação científica.

Conceitos-chave: Autismo; Inclusão; Escola; ABA; Professor.

ABSTRACT

The research project entitled Effectiveness of the ABA intervention (Applied Behavior Analysis) for the development of individuals with Autistic Spectrum Disorder in the process of school inclusion in regular education, investigates the use of the science of applied behavior analysis in two schools in the state network schools in the municipality of Sangão, in Santa Catarina. The need to detect the degree of satisfaction of parents and professionals regarding the application of ABA science (Applied Behavior Analysis) in terms of school inclusion in regular schools, detecting gaps in understanding the use of the science of behavior analysis for teaching skills to children with this disorder. The main objective is to evaluate the effectiveness of the ABA-based intervention for the treatment of children in the process of school inclusion in the regular education system. It is observed that there is little use of ABA science in schools with children with ASD, even though it is the only one that presents efficacy in the treatment. The methodological investigation is qualitative with a professional approach; presents the development proposals used for improvements throughout the process of adaptation of children, and during the evolution of the process. The research is carried out based on questionnaires with education professionals, pedagogical team coordinators, teachers and parents. The study and deepening of these practices expand knowledge about the effectiveness and effectiveness of practices directly in the regular teaching environment, which, once opened to the therapeutic gaze, tends to become more inclusive and offer better conditions for the specific needs of children with ASD. The solutions found by this research will contribute to an expansion of the analysis of practices in school environments, which are established between theory and practice, what is said in theories, scientific evidence and practice in the classroom, what should be The inclusion of the child was made with the contribution of scientific research.

Key Concepts: Autism; Inclusion; School; ABA; Teacher.

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa surge das necessidades de implementação da aplicação da ciência ABA, nas escolas da rede estadual de ensino regular, na região sul de Santa Catarina, mais especificamente na região de Sangão, onde duas escolas foram pesquisadas, para levantamento de dados a respeito dos trabalhos realizados com alunos autistas através da inclusão no sistema de ensino regular.

A importância de falar sobre a ciência ABA e sua impementação nas escolas, se faz necessária em razão de muitas crianças estarem sendo incluídas nas escolas sem o devido conhecimento das vantagens da ciência, que efetivamente apresenta diversos resultados nas mudanças de comportamento de crianças portadoras do transtorno do espectro autista. A realidade hoje das metodologías de ensino, por estarem baseadas pricipalmente na filosofía sócio-interacionista e não na behaviorista, dificulta esta compreensão, visto que as aprendizagens científicamente comprobadas com o transtorno, são fundamentadas na filosofia behaviorista, o que debidamente já não oportuniza uma incluso debido aos pressupostos filosóficos do sistema de ensino. 

A temática escolhida aborda a eficácia do tratamento com ABA com as crianças e levanta dados se há o conhecimento das escolas da aplicação dos mesmos nas escolas estaduais.

O problema maior no processo de inclusão é a respeito dos manejos comportamentais e das formas de aprendizagem destas crianças, assim como das formas de regulação sensorial, dentre outras necessidades que elas apresentam, e os professores por sua vez, não tem conhecimento necessários para lidar com as mesmas. (Ferreira, 2017 & Khoury et al. 2014)

A realidade das escolas do ensino regular, hoje, é que recebem as crianças com a incumbência de incluir, e na verdade não tem as melhores ferramentas para a utilização neste processo complexo que é o manejo comportamental do indivíduo autista. Hoje a única ciência que efetivamente apresenta resultados no tratamento dos indivíduos autistas é a ABA e logo, as escolas que não tem como práticas as metodologias behavioristas, no caso de Santa Catarina, as filosofias são sócio-interacionistas, ficam muitas vezes não sabendo como agir, e não percebem o quanto é vantajoso para o aprendizado destas crianças o trabalho efetivo com as dificuldades das crianças enquadradas no espectro autista. (Khoury et al. 2014)

Este projeto identifica a oportunidade e apresenta uma proposta de intervenção escolar que contribui de forma científica com essas necessidades escolares, fundamentando as práticas de inclusão de crianças e com TEA na rede estadual de ensino regular.

A pesquisa parte de estudos sobre a história do autismo no Brasil, e no mundo, e de estudiosos que abordam as temáticas desde o que compreende o transtorno e como ele se manifesta sobre a vida do indivíduo, que são as maiores dificuldades e que geram uma discusão sobre o proceso de inclusão escolar, onde este indivíduo por direito, deve estar frequentando escolas regulares e se desenvolver socialmente mediante atenção familiar e social. (Grandin, 1018 & Petry, 2018) 

O contexto na qual as propostas de trabalho são apresentadas, se dá entre familiares, equipes de trabalho e de tratamento e escolas onde as crianças estão matriculadas, sendo que as mesmas recebem treinamento e conhecimentos específicos da eficácia da ciência para as necesidades das crianças com TEA.

Os objetivos buscam atender as maiores nessidades, que são mais urgentes desde a concepção do transtorno, compreensão do mesmos pelos familiares e profissionais das escolas, até o recebimento das famílias com a criança, a atenção na escola, contemplando a atenção voltada para o processo inclusivo. Os objetivos são seguidos de soluções que são apresentadas a partir do estabelecimento de atividades, de propostas que permitem acolher e modificar comportamentos indesejados e disruptivos em geral, e orientação dos profissionais, com manejos, espaços adaptados, materiais etruturados e materiais adaptados, através de uma concepção multidisciplinar de quem acompanha este aluno com necessidades nas escolas de ensino regular.

A aplicação do trabalho dar-se-á de forma prática através de palestras, oficinas, workshops explicativos e demonstrativos de como a inclusão deve acontecer na prática de acordo com as evidências científicas.

O projeto contemplará desde a história do transtorno do espectro autista, a evolução dos diagnósticos, os teóricos e as abordagens do behaviorismo e das evidências nos tratamentos e nas práticas escolares no que tange a aprendizagem efetiva destes individuos incluídos nas escolas da rede estadual de ensino que foram pesquisadas.

1.1 Delineamento do problema ou identificação de uma oportunidade
1.1.1 Descrição do problema ou da oportunidade

Identifica-se hoje nas escolas estaduais da região sul de santa Catarina diversas movimentações e implementações sobre a estruturação do ensino de crianças com autismo em proceso de incluso escolar. A oportunidade de contribuir com esta estruturação parte do conhecimento das evidências científicas que a ciencia ABA tem sobre o comportamento humano, e inclusive de pessoas com TEA. Hoje na realidade escolar, há uma defasagem nos conhecimentos, que tangem a aplicação da ciência ABA nas escolas, e esta necessidade, se faz urgente porque há diversos planos sendo implementados pelas necesidades oriundas da quantidade de crianças com laudo de TEA emergindo a cada ano gradativamente conforme pesquisas científicas.

1.1.2 Justificativa

O problema que se pretende investigar é como se faz a intervenção com a análise do comportamento aplicada na escola, através de um estudo de caso específico, em que os terapeutas juntamente com a escola, realizam um trabalho com a eficácia da ciência ABA no ambiente de ensino.

É importante estudar mais profundamente os casos em que as escolas abrem suas portas para a conversação e o diálogo entre os profissionais das crianças que trabalham diretamente com a análise do comportamento aplicada ao autismo. As experiências que são trocadas entre esses profissionais ampliam repertórios de sucesso no trabalho com crianças que são acometidas pelo transtorno do autismo.

A intenção de conhecer mais profundamente estas manifestações positivas, dá-se pela necessidade da ampliação desses resultados nas escolas, que ainda apresentam uma carência muito grande do entendimento da ciência da análise do comportamento, para o ensino de habilidades de crianças com este transtorno.

Esta problemática já foi evidenciada em algumas pesquisas, mas como o conhecimento da síndrome (conjunto de sintomas) do autismo, ainda está em estudo, e constantemente temse publicações a respeito da eficácia dos tratamentos, contundiu-se no aprofundamento e na ampliação dos estudos cada vez mais, devido também as demandas ampliando-se nas realizades escolares, de compreender melhor o quadro autítico e suas particularidades no desenvoimento escolar. As pesquisas têm sido ampliadas e estão crescentes as universidades apostando nos conhecimentos específicos dessa ciência que é aplicada ao tratamento das crianças, com as práticas baseadas em evidências.

Este projeto procura ampliar esta análise, sendo um estudo de caso sobre um trabalho específico que está sendo implantado através de mudanças do ambiente para os estudos nas salas de aula do ensino regular. O estudo e aprofundamento destas práticas ampliam os conhecimentos sobre a eficácia e a efetivação das práticas diretamente no ambiente de ensino regular, que uma vez aberto para o olhar terapêutico, tende a se tornar mais inclusivo e oferecer melhores condições as necessidades específicas das crianças com TEA.

As soluções encontradas por esta pesquisa, contribuirão para uma ampliação da análise das práticas em ambientes escolares, que se estabelecem entre a teoria e a prática, o que se fala nas teorias, nas evidências científicas e a prática na sala de aula, ode deve ser feita a inclusão da criança com a contribuição da investigação científica.

1.1.3 Objetivos

1.2.3.4 Objetivo geral

Avaliar a eficácia da intervenção baseada em análise do comportamento aplicada (ABA) para o tratamento do transtorno do espectro autista (TEA) com crianças em processo de inclusão escolar no sistema de ensino regular.

1.2.3.5 Objetivos específicos

  • Descrever a história da análise do comportamento aplicada e compreender a sua eficácia para os tratamentos do TEA, e suas contribuições para a inclusão escolar;
  • Relatar as análises do estudo de caso, com a descrição do processo e dos procedimentos utilizados, e contemplar com as teorías sobre a análise do comportamento, confrontando com as bases teóricas com as práticas em estudo;
  • Desenvolver uma proposta de implementação de um programa educacional baseado no estudo de caso estruturado.

1.2 Caracterização do contexto em que o problema ocorre/ se desenvolve ou a oportunidade é identificada

O contexto onde o problema ocorre é nas escolas da rede estadual de ensino do sul de Santa Catarina. Investiga-se o contexto no qual os alunos com TEA, estão em proceso de inclusão escolar, e como se dá a utilização da ciência ABA no proceso de ensino e inclusão escolar. A oportunidade é identificada para que se detecte as necessidades e se apresentem propostas de mudanças e implementações para uma prática inclusiva de maior qualidade.

2. MARCO TEÓRICO

2.1 Uma introdução teórica ao transtorno do espectro autista
2.1.1 Antecedentes históricos do autismo no Brasil

Em 1911, Eugène Bleurer criou a palavra autismo para descrever um sintoma da esquizofrenia, em 1943, Leo Kanner e Hans Asperger médicos austríacos referiram-se ao autismo pela primeira vez, porém somente em 1970, começaram a serem estudadas as possíveis causas do autismo, sendos seguidas pelos psicólogos Sigman e Ungerer em 1984 e por Rutter em 1996. (Kanner, 1943) 

Conforme descrito nas diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com TEA:

O trabalho de Sir Michael Rutter foi de fundamental importância para o desenvolvimento do conhecimento na área, pois trouxe uma contribuição relevante para a correta caracterização da síndrome em relação ao nível do desenvolvimento neuropsicomotor e cronológico, além de uma importante investigação sobre a coexistência (ou não) de retardo mental e de problemas neurológicos que só aparecem num período posterior, como as crises epiléticas … . Todo esse esforço contribui tanto para a definição de sinais clínicos e problemas correlacionados quanto para as diretrizes de educação e atendimentos especializados necessários. (Ministério da Saúde, 2014, p. 13)

De acordo com a historiadora Lopes (2017), há poucos registros sobre autismo no Brasil até a década de 1980. Na década de 1940, o trabalho do psiquiatra Leo Kanner, inseriu o autismo enquanto diagnóstico independente, enquanto no Brasil, em 1920, havia uma influência significativa da psicanálise no atendimento infantil. A ideia de que a causa do autismo era a falta de vínculo dos país com a criança (especialmente mães) surgiu com Kanner em 1948, e Bruno Bettelheim foi quem desenvolveu a teoría sobre essa vinculação nas décadas de 1950 e 1960.

Neste contexto, Ministério da Saúde (2014, p. 11) esclarece:

A primeira definição de autismo como um quadro clínico ocorreu em 1943, quando o médico austríaco Leo Kanner, que na época trabalhava no Hospital Johns Hopkins (em Baltimore, nos EUA), sistematizou a cuidadosa observação de um grupo de crianças com idades que variavam de 2 e 8 anos, cujo transtorno ele denominou de distúrbio autístico de contato afetivo. Embora o termo autismo já houvesse sido introduzido na psiquiatria de Plouller, em 1906, como ítem descritivo do sinal clínico de isolamento … a criteriosa descrição de tais anormalidades por Kanner, permitiu uma diferenciação do quadro de autismo de outros como a esquizofrenia e psicoses infantis. O trabalho de Kanner foi de fundamental importância para formar as bases da Psiquiatria da Infância nos EUA.

No Brasil, as primeiras publicações jornalísticas sobre autismo eram formadas de matérias traduzidas por agências de notícias de países como os Estados Unidos e Reino Unido e caracterizavam o diagnóstico enquanto doença.

Sob o ponto de vista de Gaiato (2018, p. 4):

o autismo é um transtorno global do desenvolvimento infantil que se manifesta antes dos 3 anos de idade e se prolonga por toda a vida. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo são acometidas pelo transtorno … . Caracteriza-se por um conjunto de sintomas que afeta a área da socialização, comunicação e do comportamento, e, dentre elas, a mais comprometida é a interação social. No entanto, isso não significa dizer, em absoluto, que a pessoa com autismo não consiga e nem possa desempenhar seu papel social de forma bastante satisfatória.

O campo profissional responsáveis pelos atendimentos eram com a psiquiatria infantil e responsáveis pela detecção da deficiência infantil. Em 1956, era criada a Associação Paulista de Psiquiatria Infantil e Higiene Mental, e em 1965 a Associação Brasileira de Deficiência Mental. Na cidade de Porto Alegre, surgiu em 1963 a Comunidade Terapêutica Leo Kanner. 

Conforme consta nas diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com TEA cita:

na mesma época em que Kanner publicou seu trabalho (em uma revista científica já extinta), Asperger (1944) descreveu o quadro clínico de quatro meninos de 7 a 11 nos que, apesar de guardar semelhanças com o quadro de Kanner, definiu outro quadro clínico, hoje conhecido como Síndrome de Asperger. A descrição de Asperger, apesar de também detalhada, deixou de levar em consideração casos semelhantes já descritos na literatura da época. Cabe lembrar que estamos falando de um período na qual a troca de informações, eram muito mais lentas em relação aos dias de hoje. Kanner trabalhava nos EUA, suas publicações foram feitas em inglês, o que conferiu maior difusão do seu trabalho. (Ministério da Saúde, 2014, p. 12)

Os atendimentos de autistas ocorriam em instituições não especializadas, como a Sociedade Pestalozzi, fundada em 1932, e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), organizada em 1962 em todo o país. Em 1970, ampliam-se as discussões sobre o autismo no Brasil que começam a intensificar e em 1970. Surge o Centro de Estudos da Casa de Saúde Dr. Eiras, no Rio de Janeiro, que promoveu um debate sobre o diagnóstico a partir de um filme, citado posteriormente.

Algumas propostas ocorreram pelo país, entre elas, rodas de conversas baseadas em filmes sobre o autismo, palestras, congressos e cursos promovidos por profissionais nacionais e internacionais da psiquiatria e de outros campos do conhecimento, e também as publicações das primeiras pesquisas nacionais sobre o autismo e nos jornais começaram a mencionar mais frequentemente a contribuição familiar no tratamento do autismo. 

Desse modo, Facion (2013, p. 21) afirma que:

foi a partir das décadas de 1970 e 1980 que muitos autores – dentre eles Michael Rutter, Lorna Wing, Edward M. Ornitz, Edwrad R. Ritvo e, especialmente no Brasil, o psiquiatra Chistrian Gauderer – deixaram de conceber o autismo como um tipo específico de psicose. … Essa é uma desordem comportamental e emocional que se deve a algum tipo de comprometimento orgânico cerebral, não tendo, pois, origem psicogênica. Ele define, entre suas características, uma diminuição do ritmo do desenvolvimento psiconeurológico, social e linguístico, bem como a presença de reações anormais e sensações diversas, como ouvir, tocar, ver, sentir, equilibrar e degustar. A relação com pessoas, objetos ou eventos é realizada de maneira não usual, levando a crer que haja um comprometimento orgânico do sistema nervoso central.

No Rio de Janeiro, em 1978, foi fundada a Casa Azul, provavelmente a primeira organização de atendimento terapêutico exclusivo à crianças autistas no Brasil, com influência psicanalítica. No mesmo ano e na mesma cidade, também foi fundado o Centro de Educação Especial Casarão por uma mãe de uma criança autista.

A partir da década de 80 começam a se consolidar no Brasil os movimentos, e entre 1980 e 1993 surgem as primeiras associações e movimentos de familiares, especialmente algunas mães, descontentes com a culpa recebida pela condição dos filhos, começaram a se organizar para conseguir acesso a serviços de saúde. Especialmente em grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, familiares passaram a escrever cartas para grandes jornais, como o Jornal do Brasil, e chamar a atenção do poder público para a causa do autismo. (Ministério da Educação e do Desporto, 1993)

Em abril de 1980, a Rede Globo exibiu o filme Son-Rise: a Miracle of Love, que foi um sucesso de audiência e motivou a emissora a reprisá-lo várias vezes ao longo da década, e familiares de autistas afirmaram que o filme, teria sido um marco para o conhecimento do autismo na década. O referido filme, destaca um programa terapêutico chamado Son-Rise, que ao longo dos anos foi demonstrado como ineficaz no tratamento do autismo, por não ter evidências científicas, apenas realizado por observações de relatos de uma mãe com seu filho. (Jordan, 1979) 

A primeira associação de autismo do Brasil legalizada foi a Associação de Amigos do Autista (AMA), fundada em 1983 por Marisa Fúria e Ana Maria Ros de Melo e formada por clientes do médico Raymond Rosenberg, que tinham em comum a angústia de não ter informações mais aprofundadas sobre o diagnóstico e tratamento de seus filhos. As primeiras reuniões se deram no consultório de Rosenberg e, pouco tempo depois, a organização mantinha uma escola cujo funcionamento se dava no quintal de uma Igreja Batista. Também há relatos de familiares ativistas de que, no mesmo período, em cidades como Belo Horizonte e Rio de Janeiro já existiam associações de autismo sem registro legal. 

Wolf (2004 citado por Ministério da Saúde (2014, p. 14) acrescenta que:

No início dos anos 1980, o trabalho de Asperger recebeu bastante atenção, cujo foco de investigação se trata dos indivíduos “de alto funcionamento”, o que impulsionou o campo para o conceito de espectro do autismo, que se mostrou útil tanto no campo clínico, quanto no âmbito das pesquisas genéticas

A partir da segunda década de 1980, as organizações pioneiras de autismo tinham, como característica em comum, uma busca pela internacionalização e também pela divulgação do autismo em território nacional. A AMA conseguiu o apoio do ator Antônio Fagundes, que gravou gratuitamente em 1987 um comercial televisivo de circulação nacional sobre o diagnóstico. Neste período, familiares ativistas viajavam para países do exterior para aprenderem novas formas de tratamento e buscar recursos. Os pais tinham vários pesquisadores referenciais. Um deles era Bernard Rimland. Além disso, o trabalho de Ole Ivar Lovaas com a Análise do comportamento aplicada também começou a ser disseminado. 

Originalmente, o movimento do autismo esteve concentrado na figura de mães e pais de autistas, uma tendência que se seguiu ao longo das décadas. Outros fenômenos também começaram a contribuir para a fomentação do cenário do autismo no Brasil durante a criação da Nova República, como a criação do Sistema Único de Saúde com a Constituição Brasileira de 1988 e a reforma psiquiátrica. 

Em 1988, era fundada em Belo Horizonte a Associação Brasileira de Autismo (Abra), com a adesão inicial de pequenas organizações de seus estados do Brasil com o objetivo de consolidar um movimento de representação nacional. Sob este mesmo caráter unificador, a Associação Terapêutica Educacional para Crianças Autistas (Asteca) promoveu em 1989 o I Congresso Nacional de Autismo juntamente com outras organizações (com um público de cerca de 1.300 pessoas).  

Até 1988, já existiam 23 associações de autismo no país. Em 1991, a segunda edição do congresso contou com mais de 2000 pessoas, palestrantes nacionais e figuras internacionais como o psiquiatra e psicanalista René Diatkine e também Eric Schopler, criador do programa TEACCH. Durante o evento, Schopler, com base nas pesquisas da época, promoveu críticas ao uso da psicanálise para tratamento de autismo. Na tabela 1 apresenta-se a classificação das instituições que atendem autistas no Brasil:

A AMA implantou TEACCH pelos anos subsequentes, com a supervisão de profissionais estrangeiros. 

Além das associações de autismo, familiares começaram a produzir materiais diversos para conscientização do autismo. No Rio, a Associação de Pais de Autistas do Rio de Janeiro (Aparj) lançou em 1989 a Autismo em Revista, a primeira publicação do gênero do Brasil. Além disso, eram frequentes a disseminação de artigos e livros estrangeiros traduzidos, bem como palestras para auxiliar as famílias. 

Neste mesmo período, o pediatra Christian Gauderer lançou o livro Autismo, década de 80, um referencial frequente para pesquisadores e pais. A AMA, por sua vez, passou a ter núcleos em vários estados do Brasil em toda as regiões. No seu libro há dados citados que de acordó com dados internacionais, produzidos na época, 5 a cada 10.000 nascidos eram autistas. (Gauderer, 1987) 

Entre 1994 e 2008 houve uma expansão e reconhecimento nacional na história global do autismo, a década de 1990 foi caracterizada pelas mudanças de classificação de diagnóstico do autismo, e pelo papel central da internet no ativismo e, no Brasil, o período é marcado pelo desenvolvimento de políticas educacionais. (Ministério da Saúde, 1994).

Durante o governo do presidente Itamar Franco, a educação especial foi reestrurada, o que coincidiu com a Declaração de Salamanca. As organizações pioneiras seguiram suas atividades, ora com problemas financeiros, ora com a adesão de novos membros. Neste contexto, a AMA ganhou em 1998, por meio do então presidente Fernando Henrique Cardoso, o Prêmio Direitos Humanos da Unesco daquele ano. (Organizçaão das Nações Unidas, 1998)

Em 13 de dezembro de 1998, era inaugurada uma lista de discussão sobre o autismo no Yahoo!, site da internet. Durante certo período, foi o mais influente espaço de interação virtual no Brasil acerca do autismo, em que pais compartilhavam histórias e dúvidas sobre o diagnóstico. Uma das características destas interações virtuais, segundo a historiadora Lopes (2017), era a solidariedade entre mães, a interação com pessoas de todo o país e uma nova caracterização do ativismo do autismo, apesar da precariedade da conexão à internet na época, marcada pela conexão discada. O grupo permaneceu ativo e produtivo durante anos, com até a distribuição de materiais informativos sobre autismo. 

Em 2006, membros do grupo chegaram a lançar uma versão traduzida de um manual de treinamento em ABA e parte de seus membros fundaram várias associações pelo Brasil, entre elas a Associação de Familiares e Amigos da Gente Autista (Afaga). (Instituto Autismo, 2021)

Em meados de 2004, ativistas no Distrito Federal, promoveram uma blitz informativa sobre o autismo, que se tornaria mais tarde a organização Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab). Em 2005, Brasília foi sede de um dos eventos do Dia do Orgulho Autista, cujo lema foi “Aceitação, não cura”. Foi a primeira vez que o tema neurodiversidade adentrou as discussões sobre autismo no Brasil. (Movimento Orgulho Autista no Brasil, 2022)

Em 2008, em por Direitos das Pessoas com autismo (Abraça), fundada pelos responsáveis pela instituição terapêutica Casa da Esperança, com a colaboração de ativistas e de outras organizações, como o Moab e a Afaga.

A história a partir de 2009 surge com Legislações e ativismo autista e no final de 2009, um grupo de familiares de autistas, pertencentes a organizações começaram a se articular com deputados e senadores em Brasília. Segundo Berenice Piana, o ativista Ulisses Batista estava em comunicação com Cristovam Buarque, solicitando uma audiência pública sobre autismo. Ela, por sua vez, conheceu Paulo Paim, responsável por encaminhar à Comissão de Direitos Humanos a realização de uma audiência. O evento ocorreu em 24 de novembro de 2009, e se desenvolveu ao longo dos anos em direção a se tornar uma política pública. O texto da lei começou a ser escrito com a participação de vários ativistas. Segundo Piana, o texto estava pronto em março de 2010, e desta forma protocolado. A aprovação na comissão se deu em 2011, indo ao plenário em junho daquele ano. (Senado Federal, 2022)

Em 27 de dezembro de 2012, durante o governo de Dilma Rousseff, foi instituída a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, pela qual autistas foram classificados como pessoas com deficiência. A política também ficou conhecida como Lei Berenice Piana, por sugestão do então senador Paulo Paim. 

Segundo dados demográficos brasileiros o autismo tem se tornado cada vez mais observável e diagnosticável, através de profissionais treinados para identificar o mais rápido possível os traços autísticos e então inicar precocemente os tratamentos para maiores resultados do desenvolvimento das crianças acometidas pelo transtorno. (Ministério da Saúde, 2016). Na Tabela 2 observa-se a epidemiologia do autismo no Brasil:

Quanto aos trabalhos acadêmicos, muitos estudos tem origem nos EUA, porém o Brasil tem apresentado grandes interesados em ampliar os conhecimentos nas áreas acadêmicas, promovendo eventos de formação e de expansão dos conhecimentos sobre o TEA, principalmente através dos estudos da ciência ABA.

Segundo hipóteses etiológicas existem diferentes modelos de entendimentos para o transtorno do espectro autista, seguem a seguir apresentadas por Dr Facion.

Facion (2013, p. 38) esclarece que:

Optamos por dar ênfase a três, que são os relacionados a seguir: 1.Ao nascer a criança apresenta-se mental e fisiologicamente saudável, mas no decorrer da vida, ou por má conduta dos pais, ou devido a traumas que não foram bem estruturados, ou ainda em função de outras vivências negativas, ela pode desenvolver autismo; 2. A criança nasce com uma predisposição congênita ao autismo, ocasionando seu desenvolvimento, independente das circunstâncias do meio no qual ela esteja inserida; 3. A criança, sem predisposição ao transtorno sofre uma lesão exógena (externa) cerebral. Isso pode ocorrer na fase de vida uterina, perinatal ou pós-natal até o trigésimo mês.

Considerando que as crianças necessitam aprender para a vida e com isso, se consideram os fatores cognitivos em geral, Leon afirma a seguir que temos que compreender as questões que afetam a cognição da criança, para compreender os eventos, sentimentos e os objetos com os quais está criança mantém contato e se relaciona com seu meio ambiente.

Leon (2016, p.13) defende que:

Precisamos entender como os TEA afetam na cognição da criança. O conceito de cognição é um conceito abrangente. A cognição é o sistema que nos permite conhecer os eventos, os objetos e os sentimentos. Todo o processo de conhecer depende do nosso sistema cognitivo, que é formado pelas habilidades cognitivas de memória, de pensamento, de ser capaz de fazer interferências, de organizar, de planejar, de construir conceitos.

Para isso são necessárias que hajam compreensões de teorias, como a Teoria da Mente que compreende os processos pelos quais a criança demonstra empatia e o conhecimento do outro para que possa se relacionar socialmente, o que é uma das necessidades apresentadas por crianças com TEA.

Khoury et al. (2014, p. 20-21) alegam que:

outras habilidades afetadas no TEA, que são alvos de estudo mais recentes, incluem: Teoria da Mente; Atenção compartilhada; Iniciação de respostas sociais e comportamento de solicitação. … Crianças com TEA têm dificuldades em compreender intenções, pensamentos ou comportamentos de outras pessoas e/ou de se colocar no lugar delas. Prejuízos em habilidades de teoria da mente podem afetar as relações interpessoais e a aprendizagem, pois interferem na compreensão e na interpretação de textos, no entendimento de comportamentos sociais, assim como na interpretação de instruções dadas por professores.

2.1.2 A ciência ABA – Análise do Comportamento Aplicada e seus precursores 

Partindo dos estudos da psicologia experimental, há diversos autores que fazem alusão ao tratamento do Transtorno do Espectro Autista com a ABA, por esta ser embasada em pressupostos cientificamente comprovados, e oferecer bibliografias a serem largamente utilizadas por profissionais da psicologia, psiquiatria, educação, entre outros, como base para o desenvolvimento das crianças, ou indivíduos em geral com TEA. 

Neste contexto, Facion (2013, p.17) afirma que:

muitas descrições e revisões científicas foram realizadas a respeito dos conceitos de AUTISMO e psicose na criança ao longo da história da psicopatologia. Em 1943, o psiquiatra Leo Kanner, observou e descreveu 11 crianças que apresentavam um quadro clínico peculiar: o principal sintoma era uma incapacidade para se relacionarem com outras pessoas e situações. Entre as características observadas, destacaram-se a ausência de movimento antecipatório, falta de aconchego ao colo e alterações na linguagem, como ecolalia, descontextualização do uso das palavras e inversão pronominal, dentre outras. Problemas como distúrbios na alimentação, repetição de atividades e movimentos (estereotipados), grande resistência a mudanças – mesmo que pequenas – e limitação da atividade espontânea também foram observadas.

Após diversos estudos dos primeiros cientistas nas observações dos comportamentos autísticos, surge o aprofundamento no que diz respeito as limitações de ordem peculiar que acontecia com esses indivíduos observados.

Kanner (1971 citado por Facion (2013, p. 18) afirma que o autismo foi nomeado incialmente como:

distúrbio autístico do contato afetivo, foi concebido como um distúrbio primário semelhante ao descrito para a esquizofrenia. A diferença estava no fato da criança com autismo não realizar um fechamento sobre si mesma, mas buscar estabelecer uma espécie de contato bastante particular e específico com o mundo. Ele distinguia os dois quadros, ainda que relacionasse a natureza básica do autismo à esquizofrenia infantil, a qual se enquadraria nos casos cujos quadros clínicos se configuraria mais tarde, pois se trata de uma desestruturação da personalidade subsequente a uma fase de desenvolvimento aparentemente estável.

A análise do comportamento fundamenta em suas pesquisas e evidencia o tratamento do autismo, com bases na psicologia experimental, onde são compreendidas as contingências comportamentais, e o comportamento então é observado em um conjunto que significa que toda resposta emitida, parte de um contexto específico, que há um antecedente, uma resposta (comportamento) e em seguida uma consequência. (Skinner, 2003)

A Análise do Comportamento Aplicada ou análise comportamental aplicada, conhecida por sai sigla em inglês ABA (apllied behavior analysis) é aplicação da psicologia comportamental que ficou conhecida no Brasil por sua adaptação para o tratamento de crianças com diagnóstico do transtorno do espectro autista. A análise do comportamento aplicada é uma aplicação científica devotada a entender e melhorar o comportamento humano. Como aplicação científica, a análise do comportamento aplicada pode ser descrita como uma abordagem sistemática para entender comportamentos com relevância social. A história da ABA está profundamente enraizada nos trabalhos de Edward L. Thorndike, John B. Watson, Ivan Pavlov e B.F. Skinner, no entanto se atribui a criação da ABA e a fundação do periódico mais importante na área (Journal of Applied Behavior Analysis) à Baer, Wolf e Risley em 1968. (Skinner, 2003)

A ciência então da ABA, passa a ser aplicada aos estudos e tratamentos de indivíduos com TEA, de forma sistemática e intensiva para melhorias do comportamento humano em geral, visto que já era utilizada para comportamentos humanos em geral. Segundo Gomes e Silveira (2016, p. 29-30) a Análise do Comportamento é uma ciência complexa, que está em constate transformação, e que é composta por diversos princípios e conceitos. A ciência estuda as repostas comportamentais no tríplice contingência (antecedente/ comportamento e consequência), sendo que a análise faz uma leitura minuciosa de elementos atuantes nestas respostas comportamentais.

Gomes e Silveira (2016, p. 30) sustentam que:

contexto no qual um comportamento acontece, chamamos de contingência. A contingência de um comportamento operante é composta por três aspectos: a resposta, o que acontece antes da resposta e o que acontece após a resposta. O que acontece antes da resposta nós chamamos de estímulo antecedente e o que acontece após a resposta é chamado de consequência.

Dessa forma, a aprendizagem de comportamentos adequados, é chamada de condicionamento operante, visto que não há seres humanos que nasçam sabendo se comportar, ou seja, os comportamentos são aprendidos, e uma vez condicionados, instalam-se no repertório do sujeito aprendente, logo, o comportamento foi mensurado e estudado em frequência e intensidade.

Bee e Boyd, (2011, p.40) complementam que:

segundo tipo principal de aprendizagem é muito frequentemente chamado de condicionamento operante, embora também possa se encontrar referências a ele como condicionamento instrumental. O condicionamento operante é processo através do qual a frequência de um comportamento aumenta ou diminui devido às consequências que o comportamento produz. Quando um comportamento aumenta, diz-se que ele foi reforçador, quando diminui, diz-se que o comportamento foi punido. 

Os estudos de Skinner foram enriquecedores para que indivíduos pudessem ser monitorados e mapeados nos seus repertórios comportamentais, e estudando animais, pode concluir e comprovar que utilizando de reforçadores ou de punição, poderiam controlar os comportamentos humanos, aumentando ou diminuindo a frequência e a intensidade dos comportamentos operantes.

Skinner foi um grande teórico da educação, sua teoria comportamentalista, baseia-se no condicionamento que se dá pelo estímulo-resposta. A base do trabalho de Skinner refere- se à compreensão do comportamento humano através do comportamento operante (Skinner dizia que o seu interesse era em compreender o comportamento humano e não de manipulá-lo). Skinner (2003)

Skinner criou o método de ensino programado, ensino que poderia ser praticado sem a intervenção do professor através de livros, apostilas ou máquinas. A caixa de Skinner foi utilizada nas escolas para moldar o comportamento dos alunos através de matérias cuidadosamente sequenciadas e pelo fornecimento de recompensas ou reforços apropriados a aprendizagem, a aprendizagem programada e a máquina de ensinar eram meios apropriados para realizar a aprendizagem escolar. Para Skinner, existiam duas formas de aprendizagem:

  • Condicionamento Respondente (reflexo ou involuntário) é controlado por um estimulo precedente. 
  • Condicionamento Operante (voluntário) é controlado por consequência, estímulos que seguem a resposta exemplo: 

No ensino: Skinner percebia a deficiência nos métodos utilizado para ensino, os exemplos são de coação, humilhação, retirada de privilégios, meios utilizados para obrigar o aluno a fazer o que não deseja esses ainda são utilizados nos dias atuais uma vez que não há alternativas eficazes para a melhoria de técnicas de ensino. Nas técnicas de ensino seus métodos aplicados à educação são simples e direta. Skinner, (2003)

2.1.2.1       Pontos importantes da Teoria de Aprendizagem segundo Skinner.

A palavra chave da teoria de Skinner é comportamento”. Para ele, a aprendizagem concentra-se na capacidade de estimular ou reprimir comportamentos, desejáveis ou indesejáveis. 

Na sala de aula, a repetição mecânica deve ser incentivada, pois esta leva à memorização e assim ao aprendizado. O ensino é obtido quando o que precisa ser ensinado pode ser colocado sob condições de controle e sob comportamentos observáveis. A aprendizagem ocorre através de estímulos e reforços, de modo que se torna mecanizada.

Os comportamentos são obtidos punindo o comportamento não desejado e reforçado ou incentivado o comportamento desejado com um estímulo, repetido até que ele se torne automático. Skinner, (2003)

Segundo Skinner (2003), a aprendizagem concentra-se na aquisição de novos comportamentos. De acordo com a teoria de Skinner, os alunos recebem passivamente o conhecimento do professor.

Em sua visão, conhecida como Behaviorismo, os comportamentos são obtidos pelo reforço – estímulo do comportamento desejado.

O papel do professor é criar ou modificar comportamentos para que o aluno faça aquilo que o professor deseja, logo representa uma proposta que é adequada para cursos técnicos, especialistas e treinamentos ou em atividades que visam ensinar conteúdo e tarefas que se apoiam na memorização e fixação dos conhecimentos, ainda hoje muito frequentes na educação.

A compreensão do comportamento humano apoia-se em seu comportamento operante. Skinner atacou a psicologia cognitivista, afirmando que a educação é um modelo que se dá do meio para o indivíduo, e não o contrário.

O modelo Behaviorista de Skinner, em sua unidade conhecida como Behaviorismo Radical, é ainda muito popular, crescendo anualmente em relação ao número de estudiosos. Segundo ela, os fenômenos mentais devem ser discutidos como padrões de comportamento. Todo comportamento é fruto de um condicionamento, e assim não existem habilidades inatas nos organismos. Skinner, (2003)

O psicólogo B. F. Skinner (1904-1990 citado por Matos, 1991):

descobriu os princípios do condicionamento operante em uma série de estudos com animais. Ele acreditava que esses princípios influenciam fortemente o desenvolvimento humano. O reforço ocorre quando uma consequência resulta em um aumento na frequência de um determinado comportamento. Com reforço positivo, um estímulo adicionado ou consequência ou aumenta um comportamento. … O reforço negativo, aumenta um comportamento porque envolve o término ou a remoção de um estímulo desagradável. As técnicas de aprendizado operantes usadas na intervenção da ABA para crianças com TEA são basicamente: Reforço positivo: uso de prêmio, lanche, comida, brinquedos para aumentar comportamentos desejáveis; Moldagem: recompensa por aproximações ou componentes de um comportamento desejável, até que esse comportamento almejado seja alcançado; Desvanecimento: redução de instruções para aumentar a independência; Extinção: remoção de reforço, mantendo um problema comportamental; Punição: aplicação de estímulo indesejável para reduzir problemas comportamentais; Reforço diferencial: reforço de uma alternativa socialmente aceitável ou a falta de um comportamento.

As condições para que um indivíduo conviver socialmente, ele necessita expressar-se seja através de gestos ou de palavras e o estudo do comportamento verbal, foi descrito por Skinner para elencar todas as habilidades necessárias para a estruturação desses comportamentos. Segundo o autor, as habilidades, ou seja, os pré-requisitos dos comportamentos verbais, necessitam estar bem estruturados para que a fala ou a expressão aconteçam, e que desta forma os indivíduos possam socializar. Então Skinner, subdivide nos seguintes operantes verbais: mando (pedido), ecoico (imitação), tato (nomeação) e intraverbal (diálogo, perguntas e respostas, completar frases).

Vargas (2007, p.177) explica que nos escritos de Skinner sobre comportamento verbal, aconteceram durante muitos anos, em ambientes diferentes e com revisões contínuas. Mas antes de tudo ocorreram dentro do modelo implícito na sua teoria comportamental, primeiramente baseado no processo de seleção comportamental.

Os domínios dos operantes verbais seriam uma estrutura para a consolidação do comportamento humano de sobrevivência, que levaria os indivíduos ao processo de seleção comportamental. Esta análise experimental, de forma rigorosa, estabelece uma ordem dos fatores de aprendizagens que encadeiam as habilidades até que se estruturem em uma forma de linguagem, e ele, receptiva (ouvinte) ou expressiva (falante/atuante). Skinner (1967 citado por Vargas, 2007, p. 11) a presente extensão do comportamento verbal é mais um exercício de interpretação do que a extrapolação quantitativa de resultados experimentais rigorosos. … a ênfase está na disposição ordenada de fato conhecidos, de acordo com a formulação do comportamento derivado de uma análise experimental de uma forma rigorosa.

A observação de um plano de contingências comportamentais nada mais é que a compreensão de uma organização de elementos sociais, que serão então analisadas na correlação entre elas e as repostas que o indivíduo em que nela está inserido emite à uma situação na sociedade. Vargas (2007, p. 178) salienta que o termo contingênciaaparece apenas mais tarde, após o trabalho na sua tese, Skinner enfatizou correlação, mas não a correlação no sentido estatístico e sim relação correlativaentre (dois ou mais) eventos. 

Toda a leitura dos comportamentos, na ciência, advinha de uma função, ou seja, se alguém emite um comportamento é porque ele tem uma função. O termo “função” ocupa um lugar especial na análise de comportamento verbal de Skinner. Ele não atribuiu intenção ou padrão ou qualquer outro tipo de tom doutrinário. Ele mesmo afirma mais tarde… a força do comportamento foi determinada pela pelo que já havia acontecido, do que pelo que iria acontecer no futuro. (Vargas, 2007, p. 178)

3. AS INTERVENÇÕES COM ABA (ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA) NOS TRATAMENTOS DO AUTISMO

3.1 A Importância do diagnóstico diferencial

Para que os tratamentos de indivíduos com TEA seja assertivo e eficaz, primeiramente, necessita-se que haja uma observação dos sintomas característicos do transtorno bem analisada e claramente definida. Uma vez que o quadro do TEA é composto por um conjunto de sintomas, e historicamente o autismo ainda está em constante observação e evolução diagnóstica, faz-se necessária uma minuciosa análise com instrumentos de avaliação de precisão para que assim, os profissionais possam estabelecer critérios de tratamento para os indivíduos diagnosticados. Percebe-se que no ano de 2013, cerca de vinte anos atrás, Mahler (2002 citado por Facion, 2013, p. 19) que definiu o autismo como psicose Simbiótica, atribuindo a causa da doença ao mau relacionamento entre mãe e filho. Logo, esta ideia, oriunda dos estudos psicanalíticos deixaram muitas mães preocupadas com a concepção do transtorno.

A professora, Temple Grandin, diagnosticada na infância com autismo, defende que:

o diagnóstico de autismo é de 1943, quando Leo Kanner, médico, da Universidade de Johns Hopkins e pioneiro da psiquiatria infantil, o propôs em um artigo. Alguns anos antes ele recebera uma carta de um pai preocupado chamado Oliver Triplett Jr., um advogado de Forest, no Mississipi, ao longo de 33 páginas que descrevia detalhadamente deus 5 primeiros anos de vida de seu filho Donald. … Em seguida

Mary e Oliver levaram o filho para que Kanner o examinasse. (Grandin, 2018, p. 13)

Em se tratando de diagnóstico, Facion (2013) e Grandin (2018) chamam a atenção para a importância do diagnóstico diferencial, e ressaltam que os detalhes fazem a diferença para os procedimentos no tratamento destes indivíduos diagnosticados. 

Em se tratando de padrão de comportamento e habilidades em autistas, Teixeira (2017, p. 78)discorre sobre o trabalho do médico Hans Asperger:

Hans Asperger nasceu na Áustria em 1906. Estudou medicina na Universidade de Viena, colou grau em 1931 e se tornou diretor do setor de educação especial da clínica infantil universitária em 1932. Em 1944, Asperger publicou um artigo em que descrevia quatro garotos com um padrão peculiar de comportamentos e habilidades. Eles apresentavam dificuldade para ter empatia, pouca habilidade para fazer amigos, interesses sobre assuntos específicos ou especiais e problemas ao tentar manter um diálogo. Asperger chamou essas crianças pequenas de pequenos professores, devido a habilidade delas de conversar sobre seus assuntos prediletos com grande riqueza de detalhes e uma linguagem formal incomum para suas idades. O médico faleceu em 1980, antes de seu trabalho ser internacionalmente reconhecido.

Historicamente, seus arquivos, como artigos, foram perdidos ou destruídos durante a Segunda Guerra Mundial e o por serem escritos em alemão, cientistas e pesquisadores tiveram dificuldades em traduzir e entender. O termo de Asperger foi introduzido ao vocabulário médico pela psiquiatra inglesa Lorna Wing, onde ela fazia alusão em um artigo aos escritos de Hans Asperger, o médico austríaco, e a pesquisa da médica, levou sucessivas publicações que logo foram traduzidas para o inglês. (Teixeira, 2017).

Facion (2013, p. 63) explica que:

segundo o DSM-IV-TR: as características essenciais do transtorno de Asperger consistem num comprometimento grave e persistente na interação social … e no desenvolvimento de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividade … o Transtorno de Asperger é o quadro mais leve dos transtornos invasivos do desenvolvimento. Essa síndrome caracteriza-se por altas funções comportamentais, principalmente na área de interação social e na área da comunicação. A linguagem desenvolve-se de forma normal, o que permite diferenciar esse transtorno dos demais, nos quais há atrasos e até mesmo a perda da fala.

Para que os tratamentos sejam eficazes é necessário antes de tudo identificar os posicionamentos em que estão as crianças em relação aos seus marcos do desenvolvimento. Quando algumas aparentemente são normais porque não apresentam atraso de fala, podem apresentar sérios problemas na adolescência com relacionamentos, que são os casos dos ditos enquadrados na síndrome de Asperger, o nível 1 do TEA na consideração do DSM-V.

Teixeira (2017, p. 78) refere-se as crianças de Asperger:

A incidência da síndrome de Asperger é de aproximadamente 0,3% das crianças e adolescentes em idade escolar, sendo bem mais prevalente em meninos do que em meninas. O desenvolvimento da criança parece normal a princípio, pois ela demonstra inteligência e não há atraso significativo na aquisição da linguagem; contudo, no decorrer dos anos seu discurso torna-se monótono e peculiar, e esse padrão diferente de fala pode dar a impressão de que a criança se comunica de maneira muito formal, sem utilizar gírias ou vícios de linguagem, preferindo palavras consideradas difíceis e rebuscadas.

As dificuldades apresentadas por adolescentes com síndrome de Asperger, se não tratadas desde e infância podem comprometer e muito os relacionamentos e possíveis transtornos sociais podem evoluir a partir dos problemas que surgirão por falta de habilidades sociais e treinos específicos.

Khoury et al. (2014, p.10) fazem alusão ao DSM-IV esclarencendo que: 

… o Transtorno de Asperger é apresentado como um transtorno que ocasiona de leves a graves prejuízos na interação social, restrição de interesses e atividades, adesão aparente inflexível a rotinas e rituais, alteração da prosódia (entonação da fala) e comportamentos repetitivos. Uma diferença clínica que existe entre o transtorno de asperge reo transtorno autista é que, nesse último, geralmente tem sido identificados atrasos da linguagem e atrasos expressivos nas habilidades de cognitivas e de autocuidados.

Segundo o DSM-V, o autismo é enquadrado nos Trasntornos globais do desenvolvimento (TGD), sendo que há a síndrome de Rett, o Transtorno desintegrativo da infância (TDI), síndrome de Asperger e o Transtorno invasivo sem outra especificação (TID-SOE), e a diferença para o CID – 10, acrescenta-se o deficiência intelectual/ retardo mental (DI) e autismo atípico e o DSM-V explicita os graus de acometimento, onde os quadros são: leve, moderado e severo, e eles compreendem a fala e as relações sociais. Na Tabela 3, mostrase a classificação do autismo de acordo com os códigos intenacionais de doenças:

Algumas mudanças já estão sendo apresentadas pelo CID – 11 que agregam se há DI (deficiência intelectual e prejuízos de linguagem). Segundo Facion (2013, p. 36), segue a representação das mudanças do CID -10 para o CID – 11, conforme Tabela 4. 

A utilização de instrumentos padronizados para fins de avaliação dessa síndrome tem sido cada vez mais necessária como recurso alternativo que complemente as informações previamente adquiridas. Dentre esses instrumentos, destaca-se diversos questionários, checklists (lista de observações de comportamento), escalas e inventários especialmente desenvolvidos para esta finalidade.

Na compreensão de Teixeira (2017, p.51) o diagnóstico do autismo é clínico, depende de uma minuciosa avalição comportamental da criança e de entrevista com os pais. Caso a criança já esteja inserida em um programa educacional, a avaliação pedagógica escolar também será muito importante. Como descrito nas Diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com (TEA), não se deve fazer diagnóstico precipitado sob o risco de que a natureza da condição do bebê seja ofuscada pela suposta possibilidade de prever seu quadro de TEA. As consequências do diagnóstico precipitado podem vir a ser ruins para a família e para o desenvolvimento do bebê. (Ministério da Saúde, 2014, p. 16)

Teixeira (2017, p.18-19) corrobora ao afirmar que:

apesar de todos os diagnosticados exibirem esses sintomas, o quadro clínico apresenta níveis de severidade muito distintos. Indivíduos com o mesmo diagnóstico podem ter manifestações clínicas muito diferentes, vem daí o termo “espectro”. Esse fato comumente confunde pais e até mesmo profissionais experientes, sendo fundamentalmente resultado de diferenças no nível intelectual e na linguagem dos indivíduos afetados pelo transtorno. É evidente que pacientes com sintomas mais leves são mais difíceis de serem diagnosticados, pois seu desenvolvimento é mais próximo do esperado. 

Na sequência, alguns exemplos de instrumentos que servem para detectar aspectos comportamentais e realizar diagnósticos diferenciais:

  • SAB-2 – Questionário composto de 130 itens aplicado às mães, para avaliar retrospectivamente os sintomas de autismo de seus filhos antes dos 2 anos de idade (Dahlgren e Gillberg, 1989 cidado por Facion, 2013, p. 36);
  • IBSE – Behavioral Summarized Evaluation Scale – escala de observação composta por 19 itens para uso em crianças de seis a 48 meses de idade (Barthélémy et al., 1992, cidado por Facion, 2013, p. 36);
  • CHAT – Checklist for Autism in Toddlers – utilizado quando a criança por volta de 18 a 36 meses (Baron-Cohen, Allen e Gillberg, 1992 cidado por Facion, 2013, p. 36);
  • CARS – Childhood Autism Rating Scale – instrument mais validado para um diagnóstico ao longo do espectro do autism, baseado em observações comportamentais e entrevistas, podendo ser aplicado em indivíduos de todas as idades (Schopler, Reichler e Renner, 1988, cidado por Facion, 2013, p. 36);
  • ADIR-R – Autism Diagnostic Interview-Revised – entrevista padronizada e semiestruturada que visa identificar desvios qualitativos de atrasos de desenvolvmento, podendo ser aplicada em crianças, a partir dos 18 meses de idade (Lecouter et al., 1989, cidado por Facion, 2013, p. 36)

Teixeira (2017, p. 53-54) sugere as seguintes escalas de avaliação, que padronizadas podem ser utilizadas durante o processo de avaliação da criança. As quatro escalas mais conhecidas são descritas a seguir:

  • CARS – Childhood Autism Rating Scale (Escala de Avaliação do Autism na Infância) é uma escala com 15 itens que auxiliam no diagnóstico e na identificação de crianças com autismo, além de ser sensível na distinção entre o autismo e outros atrasos no desenvolvimento.
  • M-CHAT – Modifiec Checklist for Autism (Lista Modificada para Autismo em Crianças Pequenas) é uma escala de rastreamento que pode ser utilizada em todas as crianças durante visitas pediátricas, como o objetivo de identificar traços de autismo em crianças de idade precoce. Deve ser aplicada nos pais ou cuidadores da criança, sendo autoaplicável e simples. 
  • ABC – Autism Behavior Checklist (Lista de Comportamento Autista) é um questionário constituído por 57 itens elaborados para avaliação de comportamentos autistas em pessoas com deficiência intelectual e que ajuda na identificação de diagnóstico diferencial de autismo.
  • PEP-R – Psychoeducational Profile Revised (Perfil Psicoeducacional Revisado) é um instrumento de medida de idade de desenvolvimento de crianças com autismo ou com transtornos correlatos da comunicação. Este instrumento surgiu em função da necessidade de identificar padrões irregulares de aprendizagem, visando a subsequente elaboração do planejamento psicoeducacional, segundo os princípios do Modelo TEACCH (Treatment and Education of Autistic ans Communication handicapped Children)

Facion (2013, p. 31) cita que os diagnósticos são formulados sempre a partir da observação de um conjunto de sintomas apresentados pela pessoa. Para a National Society for Autistic Children e a Psychiatric Association, os sintomas devem incluir:

  • Anormalidades no ritmo do desenvolvimento e na aquisição de habilidades físicas, sociais e de linguagem;
  • Respostas anormais aos sentidos (visão, audição, olfato, equilíbrio, dor e paladar); a maneira como a criança equilibra o seu corpo também pode ser inusitada;
  • Ausência ou atraso de fala ou de linguagem, embora possam existir algumas capacidades específicas de pensamento;
  • Modo anormal de relacionamento com pessoas, objetos, lugares ou fatos.

O autor faz alusão a necessidade de análise dos sintomas cardeais, que servem para o reconhecimento do transtorno do espectro autista, pois ainda que o transtorno autista possa vir associado a diversos problemas neurológicos e/ou neuroquímicos, não existe ainda nenhum exame específico capaz de detectar sua origem.

Os sintomas cardeais para o reconhecimento do transtorno autista, seriam necessários pelo menos a apresentação de cinco desses sintomas que seguem.

Para o autor e uma pessoa apresentar pelo menos cinco dos sintomas elencados, de forma persistente e em idade inadequada, s família deve ser orientada a buscar um médico especialista para orientar o caso que possivelmente é autismo.

Segundo Facion (2013, p. 32), seguem os 14 sintomas cardeais:

  1. Não se relaciona com outras crianças; 
  2. Age como se fosse surdo;
  3. Resiste ao aprendizado;
  4. Não demonstra medo de perigos reais;
  5. Resiste a mudanças de rotina;
  6. Usa pessoas como ferramentas;
  7. Manifesta risos e movimentos não apropriados;
  8. Resiste ao contato físico;
  9. Apresenta acentuada hiperatividade física;
  10. Não mantém contato visual;
  11. Tem apego não apropriado a objetos;
  12. Gira objetos de maneira bizarra e peculiar;
  13. Às vezes é agressivo e destrutivo;
  14. Apresenta comportamento indiferente e arredio.

Os sintomais cardeais caracterizam-se pela apresentação de pelo menos 5 desses sintomas de modo persistente e em idade inadequada, pode-se suspeitar da hipótese de autismo e a família deve buscar ajuda profissional, no caso um neuropediatra e, logo em seguida, as terapias especializadas, como a fonoaudiológica, psicológica e ocupacional, por exemplo, assim que seja diagnosticado.

Segundo Frith (1989 citado por Facion, 2013, p. 24):

Há a citação de que o prejuízo da teoria da mente na criança com autismo, estaria relacionado a um déficit das funções cerebrais ligadas a metarrepresentações (processos de refletir sobre representações de estados mentais), o que provocaria uma mudança nos padrões mais básicos da interação social. Por apresentarem esse déficit sobre conceitos e crenças a respeito de estados mentais dos outros (sentimentos, necessidades, desejos e emoções alheias), a possibilidade de prever comportamentos alheios ficaria muito reduzida.

A dificuldade também observada na teoria da mente, indica para prejuízos que necessitam de atenção ao espectro autista, pois há falhas sobre os estados mentais e suas representações, o que vem a interferir na interação social, na compreensão social do outro, no processo de socialização.

Khoury et al. (2014, p. 19) complementam que:

crianças com TEA podem apresentar graus variados de deficiência intelectual (leve, moderado ou severo). Geralmente as crianças não verbais apresentam indicadores de deficiência intelectual moderada e severa. Há indivíduos com TEA sem deficiência intelectual que podem apresentar habilidades cognitivas preservadas, como por exemplo, habilidades visuoespaciais. Por outro lado, pessoas na mesma condição apresentam dificuldades ou déficits em habilidades de memória de trabalho, dificuldade para organizar e processar informações e para estabelecer prioridades para a execução de tarefas.

Kouri (cidado por Facion, 2013) faz alusão a deficiência intelectual e seus graus de acometimento (leve, moderado e severo) e sobre as falhas na função executiva, que caracterizam a memória de trabalho e execução de tarefas, que seriam necessárias para a sobrevivência básica.

Desse modo, Facion (2013, p. 52) esclarece que:

a pessoa com transtorno autista, por muitas vezes não responder ao estímulo auditivo, pode ser diagnosticada como deficiente auditiva. No exame audiológico, normalmente, apresenta resultados incongruentes ou de grande oscilação, diferindo, assim do diagnóstico da surdez, cuja probabilidade para a pessoa com autismo é a mesma que para uma criança da população em geral. Aliás existe até a suspeita de uma hiperacusia (hipersensibilidade acústica) em vários casos do transtorno. Os movimentos estereotipados (repetitivos) de braços e mãos de uma criança com autismo, que se assemelham à gesticulação da criança deficiente visual, podem ser confundidos com a cegueira congênita. A diferença é que a criança cega mostra interesse em estabelecer interação com o ambiente e as demais pessoas, o que nem sempre ocorre com a criança autista.

Falando sobre os inventários de desenvolvimento geral e de sinais de alerta para os problemas, que são um importante material para instrumentalizar as equipes de saúde na tarefa de identificação desses casos.

Desde a detecção dos sinais até o diagnóstico propriamente dito, são necessários o acompanhamento e a intervenção. Para isso apresentam-se a seguir um rol de sinais e problemas do desenvolvimento em um rol de característica sugestivas de TEA. Isso não quer dizer que todas as crianças que os apresentarem necessariamente receberão tal diagnóstico. (Bair et al., 2006, citado por Ministério da Saúde, 2014) 

O local e o âmbito (serviço de atenção especializada) de detecção e intervenção serão decididos em função da especificidade do caso e da sua disponibilidade no território onde a família vive.

Na relação de indicadores do desenvolvimento e de sinais de alerta, os autores destacam: a interação social, a linguagem, as brincadeiras e a alimentação. Na sugestão eles explicitam o que confere a cada idade, separadas em semestres, de competência as fases do desenvolvimento o que cada uma compreende. No quadro, eles explicitam quais seriam os comportamentos necessários e quais servem de alerta ao TEA, caso a criança ainda não os apresente.

3.2 Os princípios básicos da análise do comportamento

Em relação ao repertório básico dos alunos, Windholz (2017), discorre sobre as instalações comportamentais, sobre a graduação em que se trabalha para a aquisição de habilidades e comportamentos desejados.

Windholz, (2017, p. 68) afirma que:

quando um determinado comportamento desejável não existe no repertório do aluno, pode ser – e geralmente é – necessário instalá-lo gradualmente. Será preciso promover e reforçar comportamentos que se aproximem sucessivamente, da forma como é esperado que ocorra. Para isso, o educador poderá: propiciar ajudas para que o aluno de respostas corretas, facilitando a aquisição de um comportamento novo (Procedimentos de ajuda); aceitar inicialmente comportamentos parciais que se assemelhem ao comportamento desejável, na aparência e/ou na função (Modelagem); dividir o comportamento em unidades menores e ensiná-las sequencialmente (encadeamento).

Os comportamentos desejáveis referem-se aos socialmente necessários para que este indivíduo esteja adequado para a convivência social, na qual terá que aprender para poder conviver em sociedade. A autora supracitada aborda sobre processos de ensino e cita uma das ciências ABA, o encadeamento, que significa sequenciar os ensinamentos de habilidades.

3.3 Os protocolos de intervenção da ABA (Análise do Comportamento Aplicada)

Teixeira (2017, p. 39) faz referência a escala Milestones e a importância dos marcos evolutivos:

o que existem são marcos evolutivos importantes do desenvolvimento infantil, também chamados de development child milestones, que precisam ser conhecidos, respeitados e avaliados cuidadosamente, quando alterados. Claro que não se trata de uma ciência exata. Entretanto, na identificação de atrasos importantes no desenvolvimento da criança, precisamos acender o sinal de alerta e iniciar uma investigação detalhada. Portanto pais, pediatras e familiares responsáveis, precisam estar atentos para alguns sinais de alerta para a possibilidade do transtorno do espectro autista.

Cada habilidade mapeada, permite que se observe onde está localizada a habilidade a ser desenvolvida, quais habilidades este indivíduo já possui, já adquiriu, e quais ainda faltam para adquirir, segue o quadro, representando uma das habilidades (ouvinte), que corresponde a linguagem receptiva e os requisitos comportamentais descritos ao lado de cada marco do desenvolvimento.

Logo, as habilidades a serem desenvolvidas devem constituir o PEI (plano de ensino individualizado), documento que serve como metas a serem alcançadas e revisadas constantemente. Teixeira (2017, p. 55) cita ainda que: primeiro passo para o tratamento do autismo é a criação do Plano Individual de Tratamento (PIT). Esse PIT consiste em um projeto de tratamento que leva em consideração todas as necessidades especiais da criança com autismo. Lembre-se de que o transtorno do espectro autista engloba uma série de possibilidades e cada paciente apresenta necessidades diferentes do outro.

Considerando a importância dos mapeamentos, Teixeira (2017) explica que:

tão importante quanto o PIT, o PEI (Plano Individual de Tratamento) é fundamental para que a criança esteja inserida em um programa educacional que estimule sua aprendizagem e seu desenvolvimento. Isso pode ser realizado a partir da criação do PEI. Esse plano educacional levará em consideração as necessidades particulares do estudante e terá como objetivo estruturar o ambiente escolar para promover a aprendizagem acadêmica e social, sempre respeitando as limitações individuais e estimulando as potencialidades da criança. A estrutura do PEI é de reponsabilidade da coordenação pedagógica e dos orientadores educacionais, mas deve contar com a ajuda da equipe terapêutica que acompanha o tratamento do jovem estudante.

Grandin (2018, p. 15) afirma que:

Kanner foi diversas vezes mal interpretado, como tendo dito que “’e tudo culpa dos pais”. Queixou-se também de que os críticos haviam descartado sua preferência original pela explicação biológica. Ele não era fã de Sigmund Freud; escreveu em um livro publicado em 1941: “se você quiser continuar venerando o Grande Deus Insconsciente se suas intérpretes arrogantes, não há nada que o impeça. Mas ele era um produto de sua época, e seus anos mais produtivos coincidiram com o surgimento do pensamento psicanalítico nos Estados Unidos. Quando analisou os efeitos do autismo, Kanner deve ter dito a si mesmo que possivelmente tinha origem biológica, mas ainda assim, conseguiu encontrar uma causa psicológica.

Segundo Grandin (2018), para que exista aprendizagem, e quando se fala de aprendizagem, requer-se conquista de habilidades, que advém da exposição a determinados estímulos anteriores, que devem ser planejados pelo professor, tanto para sua classe, quanto de forma singular, adaptado aos alunos em regime de inclusão na escola regular.

Estas adaptações, requerem um cuidado que demanda planejamento, criatividade e documentações anteriores, como os mapeamentos citados acima, por exemplo o VBMapp, que ajudam a detectar as dificuldades e assim organizar um PEI (plano de ensino individualizado) específico para aquele indivíduo e suas necessidades mais emergentes.

No entendimento de Leon, (2013, p.17): 

para que haja aprendizagem, a criança com TEA precisa ser exposta àquele estímulo ou àquela habilidade que se quer desenvolver sob a forma de aprendizagem explícita. Não se pode depender de uma compreensão implícita a respeito dos eventos, pois ela está significativamente diminuída. Se algo precisa ser aprendido, deve ser demonstrado com toda clareza possível. 

As escolas necessitam de documentos que norteiem seu plano de ação com cada criança, independente do grau do seu acometimento. Leon afirma que quanto mais as crianças estiverem expostas a estímulos, maior e mais efetiva será esta aprendizagem, e esta compreensão deve ser explícita, pois nada que seja implícito ou abstrato é de fácil compreensão para quem está no espectro.

Conforme Windholz (2017, p. 73): 

nossa experiência e os princípios de atuação em Análise do Comportamento destacam a observação e registro do processo de ensino-aprendizagem como fundamentais para a avaliação dos alunos e dos próprios programas de treino. Observar e registrar o ensino e a aprendizagem implica em notar e anotar dados sobre o que foi feito pelo educador, sobre as reações e o desempenho do aluno, sobre materiais e itens adotados no treino, etc. Os dados que fomos percebendo como importantes para cada programa foram sendo sistematizados em folhas de registro, aperfeiçoadas a cada oportunidade de aplicação.

O registro é o que fará a diferença nos estudos da ABA, pois a ciência referida usa de anotações e registros diários de comportamentos para que os mesmos sejam analisados e observados para efetivamente poder se estabelecer um trabalho de análise comportamental, baseada em dados, em evidências e não em achismos. Comportamentos são mensuráveis e podem ser analisados em quantidade, intensidade e frequência, logo, a autora quando refere-se aos registros, ressalta que para haver um trabalho eficaz e mais assertivo, necessita-se das abordagens de ciência, quer nas clínicas, quer nas escolas ou em casa.

Os registros merecem atenção especial, pois são indispensáveis, e os dados oferecidos por eles que servirão de base para processos de intervenção e de modificações comportamentais. As folhas de registro podem ser feitas de diversas maneiras, dependendo do que se deseja analisar. 

Sendo assim, a coleta de dados, será a base para a criação de programas de ensino específicos que então serão utilizados para processos de ensino através de diferentes planos de ensino. Um programa de ensino necessariamente passa pelos registros e pelo planejamento do programa de ensino.

Gomes e Silveira (2016. p. 52) argumentam que:

quando a criança finaliza um programa de ensino é importante manter as habilidades aprendidas para que ela não se esqueça delas. Esse protocolo tem a função de auxiliar na manutenção das habilidades aprendidas e permite marcar se a criança acertou (sem auxílio) ou se ela errou (ou fez com ajuda), que também é considerado como erro; o educador escreve V para certos e X para erros.

Os autores enfatizam que as habilidades já aprendidas devem ser mantidas através de programas de manutenção comportamental, e as habilidades novas que necessitam serem instaladas, merecem atenção nos registros, sendo que precisam ser registrados de forma que apontem se o aluno realizou as mesmas sem ajudas, com ajudas parciais ou se com ajudas totais.

Há várias formas de registrar estas aprendizagens e diversos autores como os citados anteriormente fazem modelos diversos que ajudam na compreensão destes registos.

3.4 Currículo de habilidades básicas e o tratamento acompanhado

No processo e ensino estão interligados vários profissionais e diversos meios de comunicação que permitem uma maior compreensão do trabalho interdisciplinar e multidisciplinar.

Os profissionais quando tem o trabalho integrado, conseguem melhores resultados, pois as discussões levam a um processo dialógico que amplia a compreensão do problema e o levantamento de propostas torna-se mais dinâmico e focado.

Segundo Facion (2013, p. 53):

O trabalho interdisciplinar, realizado de forma integrada, faz-se sempre necessário. Os profissionais das áreas envolvidas devem usar procedimentos e técnicas em comum, discutindo com os pais sobre as necessidades da criança e sobre o que ela consegue entender e executar. Para isso, sugerimos eleger um profissional de apoio, com o objetivo de organizar e orientar o tratamento, assim como analisar a evolução do quadro do paciente.

A Figura 1 apresenta a ordem dos estudos do comportamento estudado pela ciência ABA (Análise do Comportamento Aplicada) como representado no organograma:

Moreira e Medeiros (2019, p. 75) abordam que o comportamento operante é aquele que produz modificações no ambiente e é afetado por elas. Chamamos tais modificações no ambiente de consequências do comportamento.

Estudos de aprendizagem pelas consequências do comportamento, necessitam que comportamentos sejam reforçados, e que estas apresentações comportamentais, resultam no aumento ou na manutenção da probabilidade destes comportamentos voltar a ocorrer.

Alguns autores que vivenciaram o processo educacional, propuseram formas de analisar o desenvolvimento das crianças através de registros e observações que a ciência ABA propõe, a autora citada tem uma obra vasta e fundamentada em evidências que organiza uma prática tanto escolar, quanto de vivência clínica ou familiar, que permite o entendimento da atuação da ciência no cotidiano de cada indivíduo com necessidades específicas.

Segundo Windholz (2017, p. 60):

o propósito dos programas neste Guia Curricular é o de propiciar o aparecimento de comportamentos considerados desejáveis no repertorio do aluno e/ou fortalecimento de comportamentos já existentes, mas cuja frequência, intensidade e /ou duração se quer aumentar. Assim, analisamos aqui, em especial, questões relativas à consequenciação de comportamentos, estratégias básicas de fortalecimento de respostas (reforçamento, extinção e punição) e procedimentos de facilitação para a aprendizagem de novas habilidades (procedimentos de ajuda).

As consequências dos comportamentos, produzem influência na ocorrência futura, e de forma geral, pode-se dizer que o comportamento é controlado pelas próprias consequências.

Grandin (2018, p. 210) afirma que:

estamos muito distantes do tempo em que os médicos diziam aos pais de crianças com autistas que não havia saída e a única opção humana era a condenação a passar a vida em uma instituição. Ainda há um longo caminho a percorrer, á claro, a ignorância e as interpretações incorretas sempre são difíceis de superar quando passam a fazer parte do sistema de crenças de uma sociedade.

Apesar de recentes, os estudos sobre a ABA e sobre autismo, tem sido ampliado, e ao tocante médico, já consegue ver resultados de médicos mais envolvidos com as causas do autismo, nada ainda é muito estruturado, mas as tendências apontam para interpretações mais assertivas e estruturadas, sendo que as orientações de pais com prognósticos positivos tem sido ampliadas, o que resulta em busca por alternativas de minimização de sintomas para seus filhos através do tratamento precoce.

Teixeira (2017, p. 59) refere-se aos métodos como sendo:

a tentativa de tratamento a partir de métodos considerados controversos pela medicina moderna, os tratamentos alternativos são considerados perigo à vista. Algumas das modalidades são dietas especiais, reposições vitamínicas, homeopatia, acupuntura, suplementação com sucos e ervas medicinais, quelação (suposta retiradas de metais pesados do organismo), além de outros tratamentos sem comprovação científica de eficácia. Dependendo da intervenção podem colocar em risco a vida e a saúde da criança.

Quanto ao tratamento medicamentoso, Facion (2013, p. 53) explica que:

… passa a ser importante, principalmente quando a pessoa com autismo apresenta problemas de comportamento de difícil controle. Muitos pais oferecem uma forte resistência a esse tratamento por temerem reações adversas e por não receberem orientações e informações mais precisas. No entando, vários tipos de medicamentos já comprovaram alguns benefícios recompensadores, ajudando a melhorar a convivência familiar, a diminuir a hiperatividade, assim como os comportamentos autoagressivos, as obsessões, etc. Esse tratamento poderá servir de complemento, beneficiando as terapias diversas.

Marques (2016, p. 38) ao discorrer sobre os relatos de sua mãe, afirma que:

…, ela mencionou que a nota mais baixa do filho era na disciplina de Educação Física, pois ele sempre inventa uma desculpa para não participar das atividades. Esse resultado vem ao encontro do nosso estudo para desmitificar o conceito errôneo de que o aluno com altas habilidades/superdotação é bom em tudo que faz. … esse é um dos mitos mais dominantes no que diz respeito a superdotação e explica que o indivíduo superdotado pode apresentar maior destaque em uma ou mais áreas de habilidades, demonstrando traços consistentemente superiores em relação a uma média, porém o indivíduo pode demonstrar dificuldades em áreas específicas.

Segue a discussão de Teixeira (2017, p. 60) alerta: ainda não existe cura para o autismo, portanto, desconfie de intervenções terapêuticas “mágicas” que prometam eliminar sintomas ou curar o autismo. Sempre que tiver dúvidas sobre o tratamento, procure orientação do médico especialista de seu filho.

Sobre as modalidades terapêuticas, Teixeira (2017, p. 60) utiliza-se da seguinte argumentação:

o tratamento moderno para os transtornos do espectro autista é baseado em estudos científicos controlados realizados há décadas em diversos centros de pesquisa das mais respeitadas e renomadas instituições acadêmicas dos Estados Unidos, Canadá e Europa. Intervenções conjuntas englobando psicoeducação, suporte e orientação de pais, terapia comportamental, fonoaudiologia, treinamento de habilidades sociais, medicação, dentre outras modalidades que ajudam na melhoria da qualidade de vida da criança. Proporcionando uma melhor adaptação ao meio em que ela vive. 

Dentro deste contexto, Teixeira (2017, p. 60) destaca quinze principais intervenções utilizadas no tratamento:

  1. Orientação familiar e psicoeducação;
  2. Enriquecimento do ambiente;
  3. Medicação
  4. Terapia cognitivo-comportamental;
  5. Treinamento em habilidades sociais;
  6. Método ABA;
  7. Fonoaudiologia;
  8. Terapia Ocupacional;
  9. Terapia de Integração Sensorial;
  10. Método Teacch;
  11. Método Floortime;
  12. Mediador escolar;
  13. Método PECS;
  14. Esportes;
  15. Grupos de Apoio.

Outro ensinamento que Teixeira (2017) apresenta é o método de tratamento comportamental conhecido como Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Segundo ao autor supracitado esse método tem ganhado destaque ultimamente pelo sucesso de suas intervenções:

Neste sentido, Teixeira (2017, p. 66) explica que:

… O método ABA é praticado por psicólogos experientes e consiste no estudo e na compreensão do comportamento da criança, de sua interação com o ambiente e com as pessoas com quem se relaciona. Para corrigir os comportamentos problemáticos e estimular os assertivos e práticos, são desenvolvidos treinamentos e estratégias específicos a partir da compreensão e do funcionamento global da criança. A utilização de reforços positivos é uma estratégia amplamente utilizada para auxiliar no sucesso do método. O progresso da criança pode ser mesurado e estudado de forma detalhada.

A mensuração comportamental ajuda a traçar metas e caminhos para os programas de ensino, que uma vez fundamentados em análises quantitativas conseguem maiores resultados de ordem qualitativa.

Notbohm (2014, p. 147) afirma que:

A capacidade de assumir uma perspectiva pode atingir o seu ponto mais alto ou mais baixo diante das exigências que o autismo de uma criança impõe a um adulto. Eu gostaria de entender por que alguns pais e familiares conseguem se mobilizar para enfrentar os desafios que o autismo coloca diante deles, de encarar o autismo da criança como um catalisador e uma oportunidade de crescimento pessoal para todos, enquanto outros desistem, viram as costas e amargam o resto das vidas, existindo mas não vivendo, esperando que algum milagre transforme a criança num adolescente ou adulto realizado social, emocional e cognitivamente. 

Referente a educação inclusiva, Serra e Bianco (2019, p. 35) afirmam que, para fazer algo não basta deter os conhecimentos. Há de se ter as habilidades e atitudes necessária, alicerçadas em capacidades específicas. Falando do mediador escolar ela refere-se ao professor como um medianeiro entre a criança e o conhecimento.

4. OS INDIVÍDUOS COM TEA: AS POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO E O PAPEL DA ESCOLA NESTE PROCESSO

Tanto o empenho da ciência, quanto o amor dos familiares e a atenção da sociedade, tem contribuído muito para o desenvolvimento de indivíduos com TEA. 

Segundo Hans Asperger (1944, citado por Teixeira, 2017, p. 7): 

Nós estamos convencidos de que as pessoas autistas têm seus espaços na comunidade. Elas preenchem seu papel bem, talvez melhor que qualquer outra pessoa conseguiria, e nós, estamos falando de pessoas que quando crianças apresentavam as maiores dificuldades e causavam preocupações nos seus cuidadores.

Considera-se em virtude dos estudos até então sobre o transtorno, que quanto mais assertivo for o diagnóstico, e cita-se o diagnóstico diferencial, mais assertividade terão os tratamentos das pessoas com TEA. No entendimento de Teixeira (2017, p. 57-58) um dos grandes problemas no tratamento do autismo é a demora na identificação dos sintomas e o consequente atraso para se fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento. Hoje sabe-se que o autismo é um transtorno do comportamento que possui “janelas de oportunidades” para intervenção. Isso significa que se esperamos para agir, perderemos chances ímpares de promover a melhora desse paciente e limitaremos sua chance de obter sucesso no tratamento de determinados sintomas.

Cada indivíduo tem suas características próprias e a partir do diagnóstico diferenciado pode-se traçar um plano de intervenção específico nas dificuldades identificadas. Observase e cita-se o caso de Nadia, que apresentava ausência de linguagem: 

Gardner (1994, p. 164) afirma que:

evidências apoiam que essa linha de raciocínio, baseia-se no fato  de que, quando Nadia realmente começou a falar, por volta dos nove anos, seus desenhos declinaram substancialmente em quantidade, e segundo os terapeutas, em qualidade também. Tal observação não está isolada: outras crianças autistas talentosas também renunciaram seus talentos no processo de livra-se de seus sintomas mais virulentos. Um crítico foi tão longe a ponto de sugerir que os que ensinaram Nadia a falar eram culpados de um crime, que já solaparam o único talento genuíno que ela possuía.

O caso de crianças prodígio não são comuns e demandam de maiores estudos, o caso de Nadia mereceu estudos específicos para sua alta habilidade nos desenhos e na falta de comunicação funcional, os talentos evidenciados nos desenhos de Nadia apontam para uma extrema habilidade viso motora, sendo que apontam para uma habilidade extrema de observação.

A falta de habilidade para falar de Nadia chegou a ser defendida como uma forma de expressão para as artes, e críticos fizeram alusão ao estímulo da fala como processo invasivo para a criatividade da menina.

Grandin (2018, p. 11) que inicia seu livro citando que: 

tive a sorte de nascer em 1947. Se tivesse nascido dez anos depois, minha vida como alguém com autismo, teria sido bem diferente. Em 1947, o diagnóstico de autismo tinha apenas 4 anos. Quase ninguém sabia do que se tratava. Quando minha mãe percebeu que eu tinha sintomas do que hoje se rotula de autista – comportamento destrutivo, incapacidade de falar, sensibilidade ao contato físico, fixação em objetos giratórios, etc. fez, o que lhe pareceu correto. Levou-me a um neurologista.

Temple Grandin é hoje, professora PhD na univeridade do Colorado nos EUA, onde desenvolveu e desenvolve ainda na atualidade diversas propostas de criação para os negócios com animais – criação de gado de corte.

Grandin (2018, p. 93) sobre a menção em um artigo:

o artigo que mencionei, “World Changing Too Fast” o mundo está mudando rápido demais, trazia diversos exemplos da vida real de adultos com autismo, inclusive de minha autoria. Afirmei que o sintoma autista comum de evitar o contato visual “pode não ser nada além de intolerância ao movimento os olhos da outra pessoa”. Perguntei as crianças: por que você olha pelo canto dos olhos? E elas responderam: “Porque assim vejo melhor”. Não sei como elas podem ver melhor assim. Porque o mundo se move rápido demais. “Ela falava muito rápido e eu tinha dificuldade de entendê-la.” A autora autista Donna Williams, sempre gostou da expressão “pare o mundo que eu quero descer”.

Assim como há diversas crianças no espectro autista com muitas dificuldades, não muito diferentes, há os prodígios, que também estão enquadrados dos transtornos globais do desenvolvimento (TDG) e que apresentam grandes facilidades para algumas coisas e muitas dificuldades para a realização de outras.

Conforme Gardner (1994, p.172):

a nossa criança autista. Essa infeliz criatura serve como um exemplo de um indivíduo com um dom inato fantástico no domínio da percepção e da recordação musical. Esse dom é a única razão pela qual a criança é capaz de aprender e de cantar peças inteiras após uma única audição. No entanto, ele se desenrola em grande parte separado de um contexto cultural. Ele é simplesmente um “computador bem-preparado” desenvolvendo-se em grande velocidade – possivelmente devido a grandes poderes de concentração a á ausência de estímulos concorrentes. Enquanto a criança permanecer autista, será incapaz de beneficiar-se do aprofundamento psicológico que comumente ocorre durante a juventude. De fato, a menos que a orientação seja radicalmente alterada, ela está destinada a produzir (ou reproduzir) obras que, embora hábeis tecnicamente, não podem ser consideradas genuinamente artísticas. Elas carecerão daquele senso de originalidade, daquela tensão essencial, daquela gama emocional que associamos aos desempenhos mais valorizados. O dote genético não é suficiente.

Ele segue explicando sobre a cultura de inserção da seguinte forma: coloque essa criança em uma família e em uma cultura que se importem com tal meio específico, que ofereçam a criança abundância de oportunidades para explorar e dominar o meio.

Na região sul de Santa Catarina, é de conhecimento o caso de Marcos Petry, diagnosticado com problemas de ordem neurológica que impediria sua motricidade global e sua fala, e por falta de diagnóstico de precisão, impediu que seus pais pudessem visualizar seu desenvolvimento, sendo que com esforço familiar conseguiram superar todos os problemas e na atualidade, ele realiza palestras falando de sua condição desde o diagnóstico.

Segundo Petry (2018, p. 84):

foi no silêncio que senti o voo solo começar e, de conversa em conversa, angariei a amizade de quem tinha menos energia. Logo, senti a liberdade para ir aonde nunca fora, comer ao lado daqueles que até então me causavam pavor! Aprendi a reconhecer muitos traços de personalidade: o desgosto, a alegria, o desconforto…Aprendi a reconhecer regras grupais e de afinidade. Mas voar não seria assim tão fácil! … ponderei, “quem voa, pode também cair”.

Analisando o processo de conhecimento do transtorno, é possível afirmar que a ciência está sempre em busca de melhorias para a condição da vida humana e que através de evidências científicas, as políticas públicas sociais encontram meios de ajudar as famílias das pessoas que recém o diagnóstico e lida com as dificuldades diárias. 

Corroborando com o exposto, no documento elaborado pelo Ministério da Saúde (2014, p. 5-6) encontra-se o seguinte esclarecimento:

Ainda em consonância com a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, o governo brasileiro instituiu a Política Nacional e Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo … segundo a qual o indivíduo com TEA deve ser considerado uma pessoa com deficiência para todos os direitos legais. Esse processo é resultado da luta de movimentos científicos e sociais, entre os quais entidades e associações de pais e pessoas com transtornos do espectro do autismo, que – passo a passo – vêm conquistando direitos e, no campo da Saúde, ajudando a construir equidade e integralidade nos cuidados às pessoas com TEA.

4.1 A mediação escolar e a inclusão – competências entre o saber e o fazer

O ambiente escolar é o espaço onde a criança pode socializar com outras crianças da mesma idade e é na escola que se criam as primeiras relações sociais.

Serra e Bianco (2019, p. 39) mencionam:

O relatório da Unesco intitulado Educação um Tesouro a Descobrir” realizado pela Comissão internacional sobre Educação para o Século XXI, presidida por Jacques Delors, apresenta quatro pilares da educação ao longo da vida, a saber: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprendera conviver, aprender a ser. Como aprender a conhecer entende-se como a obtenção de uma cultura geral, mas com a possibilidade de se aprofundar em determinado assunto ao longo da vida. Seria aprender-a-apender para poder se apropriar dos conhecimentos na medida em que eles evoluam. Isso é basilar para quem lida com crianças com TEA, uma vez que a cada dia surgem novas técnicas de interação e os conhecimentos sobre autismo se avolumam.

Grande parte do tratamento de crianças com autismo é realizado nas escolas, sendo muitas vezes contabilizados como horas terapêuticas, em virtude, de que na escola a criança pode realizar diversas atividades que necessitam de grupos e de cognição para serem eficazes no seu desenvolvimento.

Sobre esse aspecto Windholz (2017, p. 11) ao falar de seu livro, explica que:

Passo a passo, partiu-se de uma proposta que visava unir uma filosofia de ação à Metodologia derivada da análise comportamental, na medida em que, cada vez mais, pesquisas e trabalhos foram realizados fora do país, mostravam os resultados positivos obtidos através da aplicação da análise do comportamento ao ensino do excepcional. Embora partilhando dos mesmos sentimentos de dor, que acompanham e acompanharão todos aqueles, pais, familiares ou educadores que lidam com a criança especial, a equipe também alimenta sentimentos de esperança: acreditávamos e hoje temos a confirmação disto – que o problema do educador depende muito mais da descoberta do “o que” e “como” ensinar à população-alvo, do que da “incapacidade” desta de aprender. Sabemos que existem limites … cada qual poderá seguir um caminho que o leve a uma maior independência na sua vida diária, a uma maior participação social e que, apenas trabalhando sistematicamente, podemos ampliar o limite que cada um pode alcançar.

O referido material é uma proposta de intervenção que pode ser realizada nas escolas, pois tem bases da análise do comportamento aplicada ao TEA e sua linguagem é de fácil compreensão, sendo que leigos, conseguem compreender o que a ciência do comportamento pode contribuir de maneira estruturado no processo de desenvolvimento da criança. 

Segundo a Lei número 7.853/89: dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social. Define como crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou privado. Planalto, 27 de dezembro, 2012 – Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. (Brasil, 1989)

Tough (2017, p. 230) afirma sobre os pais:

Os pais são um excelente veículo para tais intervenções, mas não o único. A ajuda transformadora, também parte regularmente desde assistentes sociais, professores, padres e pastores, pediatras e vizinhos. … os proponentes de uma nova maneira de pensar as questões das crianças e das desvantagens muitas vezes fundamentam seus argumentos em termos econômicos. 

Apostando em investir nos menores, o estudioso da Harvard, apresenta argumentos que seguem: Tough (2017, p. 230) Jack Shonkoff, diretor do Centro de Desenvolvimento Infantil de Harvard, apresenta fortes argumentos de que um programa eficaz de apoio aos pais de crianças pobres, quando estas ainda são pequenas seria muito mais oneroso e mais eficaz do que o método atual de bancar turmas de recuperação e treinamento profissional. Este pensamento, faz com que haja uma projeção de como será vislumbrada essa criança até que alcance a maioridade e necessite empregar-se no mercado de trabalho.

Sabe-se que no Brasil, os acessos a planos de saúde e educação ainda são restritos a poucas pessoas, e as de baixa renda não conseguem ter acesso a alguns serviços particulares em função do preço. 

Esta constatação pode ser observada e confirmada nas diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com transtorno do espectro do autismo (TEA) conforme segue: 

O cuidado à pessoa com TEA exige da família extensos e permanentes períodos de dedicação, provocando, em muitos casos, a diminuição das atividades de trabalho, lazer e até de negligência aos cuidados à saúde dos membros da família. Isso significa que estamos diante da necessidade de ofertar, também aos pais e cuidadores, espaços de escuta e acolhimento, de orientação e até de cuidados terapêuticos específicos. (Ministério da Saúde, 2014, p. 67):

O desejo das famílias é de que seus filhos cresçam e tornem-se autônomos, tendo habilidades diversas para sobreviverem na sociedade. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), no 9.394/96, no Capítulo III, art. 4º, inciso III, diz que é dever do Estado garantir o “atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”. (Brasil, 1996)

Windholz (2017, p. 11):

As atividades deveriam, de um lado, capacitar esses alunos quanto á sua independência na vida diária, à aquisição de habilidades básicas e , sempre que possível, introduzir atividades ditas pré-acadêmicas, acadêmicas e atividades ocupacionais. De outro lado, queira-se oferecer a eles um ambiente carinhoso e alegre, entremeando a programação com atividades de recreação, música e educação física. Terapias também tinham que ser incluídos na programação, pois muitos alunos requeriam atendimento específico, seja de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicoterapia.

A autora supracitada fala da importância do ambiente estruturado proposto melo método Teacch, que garante uma maior organização de espaços e materiais que facilitam os estudos e as aprendizagens das crianças com dificuldades oriundas do TEA.

Schopler (1994, citado por Fonseca e Ciola (2016, p. 20) explicam que :

… a importância de recorrer a um ensino estruturado para alunos com perturbações do espectro do autismo. Preparar o ambiente para a vida independente, a partir das orientações visualmente mediadas e das estratégias de automonitoramento. O ensino estruturado inclui a utilização de uma rotina de trabalho individualizada, buscando compensar os déficits cognitivos, sensoriais, sociais, comunicativos e comportamentais presentes no TEA e interferentes no desenvolvimento, como por exemplo. O ambiente de ensino nets análise, deve ser um espaço com áreas claras.

A Lei Federal 12.764/12, ao instituir a Política de Proteção dos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista, garantiu, nos casos de comprovada necessidade, o direito da criança acometida pelo TEA e matriculada em escola regular (pública ou particular) de possuir acompanhante especializado em sala de aula. (Brasil, 2012)

A função e formação necessária do acompanhante especializado em sala de aula, é amparada pela presença de um Atendente Terapêutico em sala de aula que utilize a terapia ABA. O acompanhante especializado é um profissional de Educação Especial próprio para lidar com crianças especiais introduzidas no contexto escolar da educação regular, podendo exercer a função de tutor, mediador ou professor auxiliar, dependendo da necessidade da criança.O Atendente Terapêutico é um aplicador ABA, em geral; um profissional da área de saúde, especializado em Análise do Comportamento (ABA), que faz parte de uma Equipe Multidisciplinar que acompanha a criança em seu tratamento médico/terapêutico.

Dentro dos direitos conquistados através da Lei Berenice Piana (nº 12.764/12) está o direito a um acompanhante especializado em sala, para o aluno com TEA que demonstre dificuldades acentuadas de convívio social e manejo comportamental:

Segue a lei, conforme o “Art. 3o São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista: Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado”. (Brasil, 2012)

A referida lei, ao instituir a Política de Proteção dos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista, garantiu, nos casos de comprovada necessidade, o direito da criança acometida pelo TEA e matriculada em escola regular (pública ou particular) de possuir acompanhante especializado em sala de aula. Embora no momento da sua publicação a lei não tenha definido quais as deveriam ser as funções do acompanhante especializado ao qual a lei se refere, o Decreto 8.368/14 esclareceu esta dúvida acerca deste profissional que deve estar integrado ao contexto escolar e possuir domínio no acompanhamento de crianças deficientes e com TEA, dentro da escola. (Brasil, 2012 e Brasil, 2014)

A Lei Federal 12.764/12 complementada pelo Decreto 8.368/14 determinaram que a atuação do acompanhante especializado é obrigatória quando o autista apresenta dificuldades nas atividades escolares desenvolvidas, cabendo ao profissional ministrar e intervir sempre que surgirem necessidades próprias no âmbito escolar. Vale lembrar que os custos financeiros decorrentes da contratação e manutenção desse profissional devem recair sob a responsabilidade exclusiva da escola, ficando a família absolutamente isenta de qualquer despesa neste sentido. (Brasil, 2012 e Brasil, 2014)

A assistência à criança autista não resta resumida ao acompanhamento escolar especializado. Embora não haja determinação legal, outro profissional é de grande importância no acompanhamento da criança autista em sala de aula, sendo este um profissional de saúde, integrante da equipe Multiprofissional de tratamento da criança e responsável por aplicar a intervenção ABA. 

5. METODOLOGIA

5.1 Delineamento da pesquisa

A proposta para obtenção dos dados será quantitativa e qualitativa, através de técnicas e instrumentos utilizadas com questionários, entrevistas, depoimentos de pais e análise da realidade escolar.

O modelo de intervenção propõe a viabilidade de instaurar nas escolas de ensino regular, sendo que através das práticas baseadas em evidências, há modelos de solucionar diversos problemas ainda enfrentados nos processos de inclusão com programas de treinamentos específicos para familiares e escolas. Este modelo poderá propor elementos de solução e definir o processo de inclusão escolar com mais bases evidenciadas cientificamente. 

O problema que se pretende investigar é como se faz a intervenção com a análise do comportamento aplicada (ABA) na escola, através de um estudo de caso específico, em que os terapeutas juntamente com a escola, realizam um trabalho com a eficácia da ciência aba no ambiente de ensino.

É importante estudar mais profundamente os casos em que as escolas abrem suas portas para a conversação e o diálogo entre os profissionais das crianças que trabalham diretamente com a análise do comportamento aplicada ao autismo. As experiências que são trocadas entre esses profissionais ampliam repertórios de sucesso no trabalho com crianças que são acometidas pelo transtorno do autismo.

A intenção de conhecer mais profundamente estas manifestações positivas, dá-se pela necessidade da ampliação desses resultados nas escolas, que ainda apresentam uma carência muito grande do entendimento da ciência da análise do comportamento para o ensino de habilidades de crianças com este transtorno.

Esta problemática já foi evidencia em algumas pesquisas, mas como o conhecimento a síndrome do autismo, ainda está em estudo e constantemente tem-se publicações a respeito da eficácia dos tratamentos. As pesquisas têm sido ampliadas e estão crescentes as universidades apostando nos conhecimentos específicos dessa ciência que é aplicada ao tratamento das crianças, com as práticas baseadas em evidências.

Este projeto procura ampliar esta análise, sendo um estudo de caso sobre um trabalho específico que está sendo implantado através de mudanças do ambiente para os estudos nas salas de aula do ensino regular, que é uma novidade para a região, visto que na maioria das escolas não há nenhum trabalho específico ainda implantado nesta área, e que desta forma soluciona vários problemas de ordem comportamental, com os quais as escolas lidam com diversas dificuldades diariamente nos manejos de crianças com o transtorno do espectro autista. 

O estudo e aprofundamento destas práticas ampliam os conhecimentos sobre a eficácia e a efetivação das práticas diretamente no ambiente de ensino regular, que uma vez aberto para o olhar terapêutico, tende a se tornar mais inclusivo e oferecer melhores condições as necessidades específicas das crianças com TEA.

As soluções encontradas por esta pesquisa, contribuirão para uma ampliação da análise das práticas em ambientes escolares, que se estabelecem entre a teoria e a prática, o que se fala nas teorias, nas evidências científicas e a prática na sala de aula, ode deve ser feita a inclusão da criança com a contribuição da investigação científica. Faz-se urgentes que sejam desenvolvidos, estas propostas com ajuda das bases da ciência ABA, pois é a única que efetivamente apresenta resultados para o desenvolvimento de crianças com este transtorno, e esta pesquisa surge desta necessidade e oportunidade.

Os resultados desta pesquisa irão gerar impactos positivos para a redução de indicadores negativos, o que atua diretamente na melhoria do desenvolvimento das crianças nas escolas regulares de ensino, tanto no desempenho comportamental, quanto no cognitivo.

5.2 População e amostra

A população estudada compreende o estudo de indivíduos com o transtorno do espectro autista, matriculados nas escolas de ensino regular de ensino, da rede estadual de esdicação e a amostra compreende o total de dez crianças em idade escolar em processo de inclusão escolar em algumas escolas na região sul de Santa Catarina.

5.3 Instrumentos e técnicas de pesquisa

Quantos aos instrumentos de medição foram utilizados questionários aos pais, aos professores e aos coordenadores escolares, construídos de perguntas referentes às suas ocupações e as suas responsabilidades. 

O questionário aplicado com ao pais investigou a relação de acompanhamento dos filhos na escola e nas terapias, a busca de informação sobre a ciência ABA e sua contribuição na vida do seu filho, aspectos da inclusão escolar e como se dá seu processo, assim como relação com a escola e relação com a sociedade e a observação do desenvolvimento do filho.

O questionário aplicado com os coordenadores investigou a relação do profissional com os demais profissionais da escola, a relação com os pais, a formação, a busca de alternativas necessárias, o conhecimento a ciência ABA e do relacionamento família/ escola e terapias e o processo de inclusão escolar visto da parte organizacional da escola, a satisfação com o sistema educacional onde trabalha, o conhecimento da ciência ABA para aplicar com crianças autistas.

O questionário aplicado com os professores, investiga a formação dos profissionais, os investimentos na busca de conhecimentos, o empenho no trabalho com o aluno, como acontece a inclusão escolar e a satisfação com o sistema escolar de ensino.

5.4 Procedimentos e análise estatística

O projeto será realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica sobre a ciência ABA, identificando desde os precursores até os resultados obtidos com o tratamento com a análise do comportamento aplicada para os indivíduos com o transtorno do espectro autista. Serão realizadas observações a partir das modificações da compreensão do quadro sintomático do transtorno ao longo do tempo através dos códigos de doenças e estudada a inclusão escolar da pessoa com o transtorno e como esta está acontecendo nas escolas através do acompanhamento de um caso em processo de instalação, com estudo de caso específico que será feito com os pais e professores da criança/indivíduo com TEA em uma escola situada na região de Tubarão no estado de Santa Catarina.  A partir destas análises será proposta uma intervenção para que as escolas possam a partir do caso estudado, implementar o processo de inclusão escolar.

6. RESULTADOS

A coleta de dados através de entrevistas e questionários demonstraram que há muita necessidade de ampliar os conhecimentos da análise do comportamento nas escolas, e que esta necessidade faz com que que as escolas muitas vezes não consigam incluir as crianças e contribuir de maneira mais eficaz nas aprendizagens em razão de não obter informações devidas para a eficácia do processo de inclusão.

Hoje a realidade do ensino na região de Santa Catarina baseia-se nos pressupostos filosóficos sócio-interacionistas, e as escolas trabalham com propostas curriculares baseadas nas filosofias de Jean Piaget e Vigostky principalmente. Logo, a filosofia da ABA baseia-se no Behaviorismo, de Frederick Skinner e compreender a ação de ensino- aprendizagem baseados nessa filosofia carece de conhecimentos e treinamentos bastantes específicos.

Apesar das escolas tentarem incluir as crianças da melhor maneira no processo de ensino regular, esbarram justamente nesta falta de conhecimento, onde muitos alegam nas respostas que apenas tiveram abordagens nas faculdades onde se formaram para serem professores, porém não há aprofundamentos para que sejam praticadas essas metodologias específicas com crianças com TEA, e mesmo sabendo que esta ciência é eficaz no tratamento do autismo, não há conhecimento e nem práticas suficientes para alcançarem resultados expressivos com mais assertividade.

Na Figura 2 está descrito a categorização das respostas elaborado a partir das respostas dos coordenadores das escolas pesquisadas, em relação à informação sobre a eficácia da ciência ABA no tratamento de alunos com TEA:

Percebe-se que há profissionais AEE (assistentes educacionais especializados) porém carentes de projetos na área e de treinamentos recebidos. A maior parte dos coordenadores sabe que necessitam de maiores estudos para melhorar o trabalho, e que este estudo tem que serem fundamentando em treinamentos específicos, visto que os dados qualitativos da análise do comportamento partem de análises quantitativas e que este treinamento de registros de dados os professores acabam não realizando por não terem recebido treinamentos específicos.

Quanto à satisfação com o sistema de ensino, há uma reclamação geral na falta de diálogos entre os profissionais, que não conseguem ao longo do ano realizarem as conversações necessárias para que sejam avaliados e reavaliados os planos de trabalho e de ensino. Logo, gera um sentimento de incapacidade dos gestores escolares por não conseguirem contemplar, mediante as tentativas de reuniões ou de diálogos com as equipes multiterapêuticas, a avaliação de desmpenho do aluno, e acabam por cada um fazer sua parte sem um fechamento do trabalho avaliativo de resultados.

Surgem várias observações relacionadas dificuldades escolares em relação a inclusão escolar que seguem na Figura 3.

Ambas as escolas representam as mesmas necessidades com poucas variações de respostas visto que todas apontam para as necessidades de mais formação na área, para obtenção de mais informação e de mais especialistas. A presença dos pais não é representa um problema para as escolas, mas a falta de informação, de formação pedagógica e de especialistas acabam sendo interferentes para o processo de inclusão das crianças com necessidades especiais.

Grande parte dos entrevistados desconhecem os protocolos de intervenção e de suas contribuições para as aprendizagens. Outros profissionais citaram as dificuldades de diálogos entre terapeutas e equipe de tratamento da criança.

Na Figura 4 verifica-se que os profissionais citam as fontes de onde retiraram as informações sobre ABA ou autismo, visto a falta de formação/informação:

Os dados de busca de informação aparecem na sua maioria na internet até porque citam que o autismo está em evidência e que nunca ouviram tantos comentários e tantas crianças com laudos médicos nas escolas como estão vendo na atualidade, logo buscam da forma mais rápida e prática saber algo sobre e então a internet, livros e conversas com pessoas, seriam as formas de busca de informação que procuram.

Pais e professores não conseguem muitas vezes entender-se, pois a linguagem do tratamento na maioria das vezes, se torna difícil, visto que são necessárias equipes multidisciplinares e interdisciplinares, que não conseguem entrar em um consenso.

As formações de profissionais, na área do autismo ainda é escassa, e na maioria das vezes não são de qualidade, o que é insuficiente nas práticas escolares e nos manejos comportamentais.

Quantos as pesquisas realizadas com os pais, a insatisfação com sistema regular de ensino é relevante e não há quem esteja satisfeito. A maioria dos pais relata que não há o acompanhamento devido e que as escolas não conseguem contemplar o que é necessário para o desenvolvimento da criança por diversos motivos, conforem observa-se na Figura 5 :

Os motivos levantados necessitam de diversas coisas que com o aumento de crianças com necessidades especiais nas escolas, não foi suprida ainda, como por exemplo, as salas sem distratores, os espaços sensoriais para regulação das crianças em crises, os materiais estruturados e adaptados necessários para a aprendizagem, que não seriam apenas cadernos e apostilas comuns ao ensino.

Os professores regentes e professores 2, sentem-se com diversas limitações, pois os pais querem a melhor formação e atendimento para os filhos, mas os profissionais não recebem treinamentos para crises de crianças com TEA por exemplo, e não conseguem manejar diversos comportamentos, o que interfere na educação das crianças.

Abordam que a carência de informação específica da ciência ABA ocasiona diversas limitações também, visto que a maioria sabe, até porque a Fundação catarinense de educação especial disponibiliza um material muito rico em informação, mas que não sabem executar por que os treinamentos são poucos e agora que estão iniciando, neste ano que propuseram alguns cursos na área de autismo, e inclusive criaram escolas polos para um profissional atender as demandas de alunos com TEA, mas todos, estão em fase de treinamento, logo, ainda não conseguem atender as latas demandas de conhecimento e de manejos comportamentais e de aprendizagem nas escolas estaduais.

Os profissionais intitulados professores 2, tem muita dificuldade em trabalhar em conjunto com professores regentes, visto que estes, tem a turma toda para compreender as diversidades e ainda necessitam estarem em sintonia com as dificuldades dos alunos com TEA, sendo que as trocas entre as práticas de professores 2 e professores regentes ainda ficam em defasagem.

Hoje a realidade aponta para que o professor ainda não consiga executar seu papel como professor de turma, mas apenas para os alunos com necessidades especiais nas salas, e referem-se na maioria das vezes como cuidadores que não conseguem na maioria das vezes executar seu papel como professores de turma juntamente com o regente, e isso gera um problema discutido pelos coordenadores/gestores, que abordaram a falta de diálogos entre estes profissionais inclusive que eles não executam planos de aula condizentes com os necessários pela BNCC (base nacional curricular), que acabam por não fazerem de acordo com o que o professore regente executa. 

Os coordenadores abordam que há muita falta de compreensão dos profissionais professores 2, que devem adequar e adaptar os planos de ensino e os conteúdos de acordo com os dos alunos típicos, logo esbarra-se na falta de planejamento por falta de compreensão da verdadeira função que ocupam.

Quanto as terapias das crianças, a maior parte diz que realiza terapias coma ciência ABA, mas há indícios pelas colocações dos pais que não há sistemas de registros associados e que muitos profissionais dizem praticar a ciência, mas como os pais não compreendem, quando se fala em registros, em análises, os pais não sabem responder e muitos alegam nuca terem visto registros e nem análise de dados e gráficos comportamentais. Logo, analisa-se que há ainda muita distância entre os feitos evidenciados cientificamente e o que se pratica em muitas clínicas terapêuticas ou escolas, alegando ser as práticas da Análise do Comportamento, o que se percebe uma grande negligência profissional.

Em relação ao profissional de educação em casa, professor particular há indícios de que a minoria teve acesso a esse profissional em casa, assim como assistentes terapêuticos para ajudar na aplicação das terapias.

7. PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA E APROVEITAMENTO DE OPORTUNIDADE

7.1  Modelo geral da proposta para resolver o problema ou aproveitar a oportunidade

A proposta de melhorias surge de um programa de modificação de diversas necessidades escolares, a iniciar pelo modelo que seria uma escola inclusiva, desde a recepção dos pais na escola, o espaço adaptado, as mudanças estruturais dos espaços (ambientes), pois estes exercem influências no comportamento, principalmente nos aprendizes visuais de TEA.

Uma vez pensadas essas modificações estruturais e de atendimento (recepção e preparação) de todos os profissionais para quando quando se recebe uma família de um aluno com TEA. As outras problemáticas já estariam mais amenizadas uma vez que a recepção desse aluno já seria mais preparada o que se chama de acolhimento do aluno atípico. Em seguida, seria oportunizada para uma proposta de treinamento dos profissionais para manejos e suportes sensoriais, visto que todos, inclusive os alunos típicos necessitam estarem atentos as necessidades das crianças com TEA. As questões de manejos, poderia ser realizada com profissionais da área de cuidados, especialistas, médicos e até mesmo os familiares, que já tem uma convivência necessária para apresentar sobre as condições de manejos com a criança.

A oportunidade estaria aberta para que diversos profissionais fizessem palestras, treinamentos, conversas com todos os alunos das escolas, visto a oportunidade de apresentarem seus trabalhos com as crianças com TEA, sendo assim, todos os alunos em geral, aprenderiam sobre profissões e estariam em contato com o campo vocacional, somando experiências.

As práticas profissionais, seria a parte mais delicada, pois cada aluno é único e precisaria de um contato inicial, de planejamentos já pré-estabelecidos, para que a escola consiga dar continuidade a partir do que o aluno já sabe (conhecimentos instalados) e as capacidades que estão em treinamento e outras em que a escola poderia contribuir para o desenvolvimento de novas habilidades.

O trabalho profissional/pedagógico, deveria ter um aprimoramento específico sobre a ciência ABA (Análise do comportamento aplicada) para que sejam efetivadas as condições de registro e aprendizagens, de anotações necessárias para estruturar a proposta de ensino baseada no que a ciência já tem de evidências. Este treinamento ampliaria as aprendizagens dos professores regentes e professores 2 sobre como se dá o processo de ensino de novas habilidades para os alunos com autismo, a partir dos materiais já elaborados pelo Estado de Santa Catarina para os profissionais da educação.

7.2 Atividades específicas e estratégias práticas da proposta

As atividades compreendem uma prática escolar que segue paralela ao ensino regular, sendo que as práticas com o suporte do PEI (plano de ensino individualizado) darão suporte as aprendizagens da criança com TEA, com o uso de materiais estruturados e aplicação de registros e acompanhamento diário da família e escola pautados no desenvolvimento diário da criança com a utilização da ciência ABA em todo processo de aprendizagem.

As estratégias compreendem um sequenciamento de práticas escolares pautadas em propostas pré-planejadas, mapeadas e definidas como aprendizagens necessárias para o aluno de acordo com seu posicionamento nos marcos do desenvolvimento.

7.3 Indicadores ou critérios de medição dos resultados esperados mediante a proposta elaborada

As práticas de ensino baseadas na ciência ABA compreendem sistemas específicos de registro de dados, que partem de pontos detectados de déficits antecipadamente mapeados, de ondem partem as práticas de ensino para que as habilidades subsequentes sejam avaliadas nas aprendizagens.

De acordo com as práticas escolares, a equipe profissional da escola escolheria formas de registro em consenso com analistas do comportamento ou profissionais que acompanham a criança, que serão organizados com gráficos medidores do desenvolvimento.

7.4 Projetos de continuidade à proposta apresentada

As práticas baseadas em evidências científicas apontam para o êxito nas práticas escolares, e com a aplicação da pesquisa nas escolas referidas, e o progresso na evolução do processo de ensino com as crianças, pretende-se ampliar a experiência através de reuniões, de socialização das práticas aplicadas, de workshops para apresentação dos trabalhos e de mostras das práticas realizadas.

8.   CONCLUSÕES

A oportunidade de apresentar a relevância do projeto, e suas propostas de intervenção para o desenvolvimento de crianças com TEA, apontam soluções que amenizam diversos problemas para as escolas que recebem uma criança com TEA e não estão devidamente preparadas para a inclusão.

A proposta aqui apresentada, releva diversas oportunidades onde podem ser instaladas as formas cientificamente comprovadas de melhorias para a vida de crianças com TEA, sendo que a eficácia, vem da ciência ABA e suas evidências com crianças que estão no espectro autista.

Esta oportunidade vem ao encontro de soluções, que oportunizam melhorias para que o processo de inclusão através da ciência ABA, contribuindo para a autonomia e desenvolvimento das pessoas no espectro.

8.1  RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES DA PESQUISA
8.1.1 Recomendações para implementação da proposta realizada

O problema detectado nas pesquisas é a falta de informação sobre a Análise do Comportamento Aplicada e sua efetividade no tratamento do TEA.

Grande parte dos profissionais não compreende o que a ciência é capaz de prestar serviços ao tratamento do transtorno. Os problemas entre a realidade das famílias e a escola causam um distanciamento da maioria dos pesquisados, pois na sua maioria, as famílias buscam tratamento com evidência científica, enquanto as propostas escolares ainda são mais gerais, de inclusão social, de filosofia sócio-interacionista, Vygotskiana e não aplicam a ciência ABA por não saberem as formas de fazê-las. 

A relevância deste estudo dá-se de modo que as famílias, na sua maioria já recebem treinamentos para os programas de intervenção no tratamento das crianças, o que aproxima os resultados da intervenção às práticas inclusivas nas escolas, reduzindo o distanciamento entre teoria e prática.

O modelo escolhido para solucionar este problema com este projeto de trabalho, é qualitativa, de ordem profissionalizante, evidenciando as práticas clínicas e aproximandoas das práticas escolares, para que haja generalização das propostas de tratamento comportamental.

8.2  Limitações na implementação da proposta 
  • Modificação das estruturas escolares para adaptações visuais com apoios visuais;
  • Preparação/adaptação de espaços para regulação sensorial dos alunos;
  • Modificação de comportamento de alunos típicos para manejos e práticas inclusivas com alunos com TEA;
  • Trabalho social com à comunidade escolar para a inclusão escolar;
  • Montagem de planos de treinamento para profissionais das escolas estaduais para aprimoramento e aprofundamento da utilização da ciência ABA através de estudos da teoria comportamental de aprendizagem behaviorista, sendo que as escolas utilizam da filosofia sócio-interacionista;
  • Atendimento as famílias com apresentação de registros e resultados baseados na ABA.
8.3. Atividades específicas relacionadas à estratégia prática proposta 

As propostas específicas para o desenvolvimento do projeto podem ser verificadas na Tabela 5 a seguir:

Na tabela 6 observa-se o plano de controle

8.4. Projetos de continuidade à proposta apresentada

As propostas apresentadas e passíveis de continuidade poderiam ser efetuadas através de projetos de extensão à comunidade municipal e outras escolas da região, que contemplassem as mesmas abrangências e cuidados com a atenção à inclusão dos alunos com TEA. Esta proposta seria essencial para que caso o aluno necessite ser transferido de uma escola à outra, evitasse ao mínimo os impactos com as rotinas, necessárias para que estejam bem regulados, para seu funcionamento não seja afetado pelas modificações dos ambientes. 

Toda a comunidade escolar necessita estar atenta às necessidades das crianças atípicas, e precisam usar a mesma linguagem, terem as mesmas propostas e manejos, assim a sociedade se prepara de uma forma mais organizada para atender ás particularidades que o transtorno do espectro autista impacta nos indivíduos.

Trabalhamos para a evolução e desenvolvimento de alunos que uma vez preparados irão para a sociedade exercer sua cidadania de forma autônoma e no máximo, usar as suas capacidades aprendidas. Ao longo de uma vida escolar, oferecemos tempo suficiente para que estas oportunidades ganhem sustentação e cada vez mais provem sua eficácia.

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ANEXOS


Dissertação para obtenção do grau de:Mestre em Intervenções Psicológicas no Desenvolvimento e na Educação apresentado por: