EFICÁCIA DA ADENOTONSILECTOMIA NA MELHORA DA APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO EM CRIANÇAS 

EFFICACY OF ADENOTONSILLECTOMY IN THE IMPROVEMENT OF OBSTRUCTIVE SLEEP APNEA IN CHILDREN

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202506281128


Luanna Eugênia Camargo1; Thaís Antônia dos Anjos Ramos2; Carlos Eduardo Dantas de Menezes3; Amábille de Oliveira Martins4; Walquiria Gelinski Henicka5


RESUMO 

Introdução: A apneia obstrutiva do sono (AOS), definida pela obstrução repetida das  vias aéreas superiores ao longo do sono, afeta cerca de 5% do público infantil. Quando  não é tratada, essa condição pode provocar impactos significativos no comportamento,  no desenvolvimento físico e cognitivo, além de comprometer o bem-estar geral. A  abordagem inicial mais utilizada para tratar a AOS em crianças é a remoção cirúrgica das  amígdalas e adenoides, uma vez que seu aumento costuma provocar obstrução ou  colapso parcial das vias aéreas superiores, resultando em ronco e episódios de apneia e  hipopneia. Objetivo: Avaliar a eficácia da adenotonsilectomia (AT) na melhora dos  sintomas da AOS em crianças, identificando os principais desfechos clínicos, critérios de  indicação cirúrgica e impacto na qualidade de vida (QV) dos pacientes. Metodologia: Foi  realizada uma revisão narrativa com busca nas bases PubMed e BVS, usando descritores  padronizados relacionados à adenotonsilectomia e apneia do sono em crianças. Foram  incluídos estudos publicados entre 2015 e 2025, em português, inglês ou espanhol, com  texto completo disponível. Aplicou-se o protocolo PRISMA 2020 para análise e  organização dos dados. Resultados e Discussão: Foram incluídos nove estudos. A  adenotonsilectomia demonstrou melhora significativa na QV e em sintomas clínicos de  crianças com AOS, especialmente nos casos moderados a graves, embora nem todos  apresentem resolução completa. Os resultados variam conforme a técnica cirúrgica e a  gravidade da doença, sendo recomendada uma abordagem individualizada. Estudos  apontam benefícios mesmo em casos leves, além de efeitos positivos sobre outros tipos  de apneia, com destaque para o uso de tecnologias como endoscopia e plasma. Conclusão: A literatura constata que a AT é uma intervenção eficaz na maioria dos casos  de AOS pediátrica, promovendo alívio dos sintomas, melhora da QV e, em muitos casos,  normalização dos índices respiratórios. Contudo, a heterogeneidade dos casos, a  possibilidade de persistência da síndrome e a necessidade de métodos cirúrgicos  personalizados apontam para uma abordagem centrada no paciente, baseada em  evidências e com acompanhamento contínuo no pós-operatório. 

Palavras-chave: Adenoidectomia, Amigdalectomia, Adenotonsilectomia, Apneia do  Sono, Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, Transtornos do Sono, Criança, Pediatria.

ABSTRACT 

Introduction: Obstructive sleep apnea (OSA), defined by repeated obstruction of the  upper airway during sleep, affects approximately 5% of the pediatric population. When left  untreated, this condition can significantly impact behavior, physical and cognitive  development, and overall well-being. The most common initial approach to treating  pediatric OSA is the surgical removal of the tonsils and adenoids, since their enlargement  often leads to airway obstruction or partial collapse, resulting in snoring and episodes of  apnea and hypopnea. Objective: To evaluate the effectiveness of adenotonsillectomy  (AT) in improving OSA symptoms in children, identifying key clinical outcomes, surgical  indication criteria, and its impact on patients’ quality of life (QoL). Methodology: A  narrative review was conducted with searches in the PubMed and BVS databases using  standardized descriptors related to adenotonsillectomy and pediatric sleep apnea. Studies  published between 2015 and 2025, in Portuguese, English, or Spanish, with full-text  availability, were included. The PRISMA 2020 protocol was applied for data analysis and  organization. Results and Discussion: Nine studies were included. Adenotonsillectomy  showed significant improvement in QoL and clinical symptoms in children with OSA,  particularly in moderate to severe cases, although complete resolution was not observed  in all patients. Outcomes varied according to surgical technique and disease severity,  supporting an individualized approach. Studies also reported benefits in mild cases and  positive effects on other types of apnea, with notable advantages from technologies like  endoscopy and plasma-assisted surgery. Conclusion: The literature confirms that AT is  an effective intervention in most pediatric OSA cases, leading to symptom relief, improved  QoL, and, in many cases, normalization of respiratory indices. However, case variability,  the possibility of persistent OSA, and the need for personalized surgical methods highlight  the importance of a patient-centered, evidence-based approach with continuous  postoperative follow-up. 

Keywords: Adenoidectomy, Tonsillectomy, Adenotonsillectomy, Sleep Apnea,  Obstructive Sleep Apnea, Sleep Disorders, Child, Pediatrics.

1. INTRODUÇÃO 

A apneia obstrutiva do sono (AOS), definida pela obstrução repetida das vias  aéreas superiores ao longo do sono, afeta cerca de 5% do público infantil. Quando não é  tratada, essa condição pode provocar impactos significativos no comportamento, no  desenvolvimento físico e cognitivo, além de comprometer o bem-estar geral (Gourishetti et al., 2021). 

Estima-se que a condição afete entre 1% e 3% das crianças. O diagnóstico é feito  com base em uma avaliação clínica detalhada, incluindo histórico médico, exame físico  e exames específicos do sono, sendo a polissonografia o exame mais preciso e confiável  para identificar e medir a gravidade do distúrbio. A principal causa da AOS na infância é  o aumento das amígdalas e adenoides, especialmente entre os 2 e 6 anos de idade, fase  em que essas estruturas costumam estar mais desenvolvidas (Sukumaran; Sunanda;  George, 2024) 

A abordagem inicial mais utilizada para tratar a AOS em crianças é a remoção  cirúrgica das amígdalas e adenoides, a adenotonsilectomia (AT), uma vez que seu  aumento costuma provocar obstrução ou colapso parcial das vias aéreas superiores,  resultando em ronco e episódios de apneia e hipopneia. Esses eventos respiratórios  interrompem o fluxo normal do sono, reduzindo tanto sua profundidade quanto sua  duração reparadora, ao causar despertares frequentes, transições para fases mais leves  do sono ou até mesmo períodos de vigília (Hartmann et al., 2021). 

O índice que mede quantas vezes a criança para ou tem dificuldade para respirar  durante o sono ajuda a entender a gravidade da apneia do sono, sendo classificado  assim: normal (0 a 1 evento por hora), leve (1 a 5), moderado (5 a 10) e grave (acima de  10). Esse número é obtido por exames como a polissonografia, que é mais completa, ou  a poligrafia respiratória, que é mais rápida, mas pode não identificar bem os casos leves.  Mesmo com essas diferenças, ambos os exames ajudam os médicos a escolherem o  melhor tratamento, especialmente quando o problema é muito leve ou muito grave (Demarchi et al., 2024). 

Considerando que a AT é o tratamento mais indicado para a AOS em crianças,  este estudo busca avaliar sua eficácia na melhora dos sintomas da AOS pediátrica, identificando os principais desfechos clínicos, critérios de indicação cirúrgica e impacto  na qualidade de vida (QV) dos pacientes. 

2. METODOLOGIA 

2.1 Seleção e busca dos estudos  

Para investigar a eficácia da adenotonsilectomia na melhora da apneia obstrutiva  do sono em crianças, foi realizada uma revisão narrativa com base em artigos científicos  publicados. A busca ocorreu nas bases PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),  utilizando descritores padronizados do MeSH e DeCS.  

∙ BVS: (“Adenoidectomia” OR “Amigdalectomia” OR “Adenotonsilectomia”) AND  (“Apneia do Sono” OR “Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono” OR “Transtornos  do Sono”) AND (“Criança” OR “Pediatria”)  

∙ PubMed: (“Adenoidectomy”[MeSH] OR “Tonsillectomy”[MeSH] OR  adenotonsillectomy) AND (“Sleep Apnea, Obstructive”[MeSH] OR “Sleep  Disorders”[MeSH] OR obstructive sleep apnea) AND (“Child”[MeSH] OR  “Pediatrics”[MeSH] OR children). 

2.2 Critérios de inclusão e exclusão  

Foram selecionados estudos publicados entre 2015 e 2025, contemplando  estudos clínicos, observacionais, prospectivos, transversais, diretrizes e relatos de caso, em português, inglês ou espanhol, com acesso ao texto completo. Foram excluídos  materiais duplicados, revisões e trabalhos que não abordassem diretamente o tema  proposto.  

2.3 Análise e organização dos dados  

A coleta e organização das informações seguiram as diretrizes do protocolo  Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) 2020, garantindo rigor na seleção e na extração dos dados relevantes, como autores, objetivos,  tipos de estudo e amostras. Os dados foram sistematizados para permitir uma análise  clara e comparativa entre os diferentes achados.  

Por se tratar de pesquisa de revisão sem contato direto com participantes, não  houve necessidade de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. 

3. RESULTADOS 

Foram encontrados 2.112 estudos na base PubMed e 1.973 na BVS. Após a  primeira triagem, foram excluídos 2.120 estudos por estarem fora do recorte temporal e  85 por estarem em outros idiomas. Com isso, restaram 1.880 estudos para triagem.  Desses, 778 foram excluídos por serem duplicados, resultando em 1.102 estudos para  análise. Durante a análise, foram excluídos 672 estudos indisponíveis e 330 com títulos  irrelevantes ao tema, restando 100 estudos avaliados de forma íntegra para elegibilidade. 

Por fim, 91 estudos foram excluídos por não responderem à questão de pesquisa. Assim,  o total de estudos incluídos na revisão foi de nove.

Figura 1 – Seleção dos artigos.

Fonte: PRISMA, 2020.

Quadro 1 – Resumo dos estudos selecionados.

Fonte: Autores, 2025.

4. DISCUSSÃO 

A amostra avaliada nesta pesquisa evidencia que a AT promove uma melhora  significativa na QV e nos parâmetros clínicos de crianças acometidas pela AOS, embora  com variações nos desfechos de acordo com a gravidade da AOS e os métodos  cirúrgicos utilizados.

De acordo com Geißler et al. (2025) a pesquisa demonstrou que crianças  submetidas à AT apresentaram melhora significativa em diversos subdomínios da escala  G-TAHSI, especialmente nos aspectos de alimentação/deglutição, halitose e  desempenho funcional, ainda que outros como infecções e respiração noturna tenham  permanecido estáveis. Esses resultados indicam que os principais ganhos se concentram  na qualidade de vida relacionada à função orofaríngea, sendo observadas melhorias já  nos primeiros três meses após a cirurgia. 

Da mesma forma, a pesquisa realizada por Smith et al. (2018) encontrou  melhora significativa nas pontuações do questionário OSA-18 e na escala de Brouillette  após procedimentos como AT, tonsilotomia ou adenotomia. Os autores relatam que a  tonsilotomia e a adenotomia isoladas produziram efeitos semelhantes e, em alguns  casos, superiores à AT completa em termos de QV, sugerindo que a abordagem cirúrgica  deve ser individualizada com base na gravidade e nas estruturas obstrutivas envolvidas. 

Em relação à eficácia em casos leves, o ensaio clínico randomizado realizado por  Redline et al. (2023) apontou que, apesar da AT não ter promovido mudanças  significativas na função executiva ou na atenção em crianças com DRS leve, houve  melhora importante nos sintomas, comportamento e pressão arterial reforçando seu valor  em desfechos secundários que impactam a saúde geral da criança. 

Complementando esse achado, o estudo de Fehrm et al. (2020) também apontou  vantagens da AT frente à espera vigilante, especialmente em crianças com AOS  moderada. Embora a diferença no índice de apneia-hipopneia (IAH) tenha sido modesta,  a QV foi significativamente melhor no grupo cirúrgico, o que corrobora o benefício clínico  da intervenção mesmo em casos não graves, desde que selecionados corretamente. 

No entanto, nem todos os pacientes apresentam resolução completa da AOS com  a AT. O consenso de especialistas de Ishman et al. (2023) destaca a persistência da AOS  em determinados subgrupos pediátricos, enfatizando a necessidade de avaliação  cuidadosa no pré e pós-operatório. O estudo recomenda o uso de endoscopia do sono  induzido por medicamentos e reforça a importância do seguimento com polissonografia,  sobretudo em pacientes com obesidade ou com sintomas persistentes. 

A escolha da técnica cirúrgica também influencia os resultados. Em estudo  realizado por Qiao e Chen (2021), a amigdalectomia assistida por plasma de baixa temperatura, associada à adenoidectomia, apresentou resultados superiores na redução  do IAH e melhora da saturação de oxigênio, além de menor incidência de dor e  complicações pós-operatórias. Tais achados apontam para o avanço tecnológico como  um fator positivo no manejo da SAHOS infantil. 

Em crianças com AOS muito grave, Isaiah et al. (2017) demonstraram que, embora  a AT reduza expressivamente o IAH, a resolução completa da síndrome ocorre em  apenas um terço dos casos. O grau de hipoxemia e hipercapnia no pré-operatório foi um  preditor importante da persistência da doença, reiterando a necessidade de protocolos  individualizados para o acompanhamento desses pacientes. 

Além das apneias obstrutivas, Antunes et al. (2024) evidenciaram que a AT  também promove melhorias significativas nos índices de apneia mista (MAI) e central  (CAI), sugerindo que sua eficácia vai além das obstruções mecânicas clássicas e pode  afetar positivamente o controle neurológico da respiração em algumas crianças. 

Em consonância, estudos como o de Smith et al. (2024) destacam o papel das  cirurgias orientadas por endoscopia do sono induzido por medicamentos na abordagem  de casos complexos, como apneia associada à base da língua. A melhora significativa  do IAH nesses pacientes reforça a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e  tecnológica em casos refratários à AT convencional. 

5. CONCLUSÃO 

Dessa forma, a literatura constata que a AT é uma intervenção eficaz na maioria  dos casos de AOS pediátrica, promovendo alívio dos sintomas, melhora da QV e, em  muitos casos, normalização dos índices respiratórios. Contudo, a heterogeneidade dos  casos, a possibilidade de persistência da síndrome e a necessidade de métodos  cirúrgicos personalizados apontam para uma abordagem centrada no paciente, baseada  em evidências e com acompanhamento contínuo no pós-operatório.

REFERÊNCIAS 

ANTUNES, Joselina et al. Central and mixed apneas in children with obstructive sleep  apnea: effect of adenotonsillectomy. European Archives of Oto-Rhino-Laryngology,  v. 281, n. 6, p. 3125-3130, 2024.  

DEMARCHI, María V. et al. Estudio de la vía aérea superior frente a apneas  obstructivas del sueño persistentes en pediatría. Archivos argentinos de pediatría, v.  122, n. 1, p. 10-10, 2024. 

FEHRM, Johan et al. Effectiveness of adenotonsillectomy vs watchful waiting in young  children with mild to moderate obstructive sleep apnea: a randomized clinical trial.  JAMA otolaryngology–head & neck surgery, v. 146, n. 7, p. 647-654, 2020. 

GEIßLER, Katharina et al. Quality of life after combined adenoidectomy and laser  tonsillotomy for pediatric sleep-disordered breathing: A prospective observational cohort  trial. International Journal of Pediatric Otorhinolaryngology, p. 112402, 2025.  

GOURISHETTI, Saikrishna C. et al. Baseline apnea-hypopnea index threshold and  adenotonsillectomy consideration in children with OSA. International Journal of  Pediatric Otorhinolaryngology, v. 151, p. 110959, 2021. 

HARTMANN, Simon et al. Cyclic alternating pattern in children with obstructive sleep  apnea and its relationship with adenotonsillectomy, behavior, cognition, and quality of  life. Sleep, v. 44, n. 1, p. zsaa145, 2021. 

ISHMAN, Stacey L. et al. Expert consensus statement: management of pediatric  persistent obstructive sleep apnea after adenotonsillectomy. Otolaryngology–Head and Neck Surgery, v. 168, n. 2, p. 115-130, 2023.  

ISAIAH, Amal et al. Very severe obstructive sleep apnea in children: outcomes of  adenotonsillectomy and risk factors for persistence. Otolaryngology–Head and Neck  Surgery, v. 157, n. 1, p. 128-134, 2017. 

QIAO, Yi; CHEN, Jie. Efficacy of low-temperature plasma-assisted unilateral/bilateral  tonsillectomy and adenoidectomy in children with obstructive sleep apnea hypopnea  syndrome. Medical Science Monitor: International Medical Journal of Experimental  and Clinical Research, v. 27, p. e930792-1, 2021.  

REDLINE, Susan et al. Adenotonsillectomy for snoring and mild sleep apnea in children:  a randomized clinical trial. Jama, v. 330, n. 21, p. 2084-2095, 2023. 

SMITH, E. et al. Quality of life in children with obstructive sleeping disorder after  tonsillectomy, tonsillotomy or adenotomy. Laryngo-Rhino-Otologie, v. 87, n. 7, p. 490- 497, 2018.

WILLIAMSON, Adrian et al. Cirurgia de base da língua e apneia obstrutiva do sono  pediátrica. Otorrinolaringologia – Cirurgia de Cabeça e Pescoço , v. 168, n. 4, p.  839-847, 2023.


1Médica residente em Otorrinolaringologia pelo Hospital Otorrino de Cuiabá, Cuiabá, MT. Email:luanninhacamargo@hotmail.com, ORCID: https://orcid.org/0009-0008-5643-359X

2Médica residente em Otorrinolaringologia pelo Hospital Otorrino de Cuiabá, Cuiabá, MT.
Email: thaisramos0@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0009-9475-122X

3Médico residente em Otorrinolaringologia pelo Hospital Otorrino de Cuiabá, Cuiabá, MT.
Email: dantaseduardodr@outlook.com ORCID: https://orcid.org/0009-0008-5982-1264

4Médica residente em Otorrinolaringologia pelo Hospital Otorrino de Cuiabá, Cuiabá, MT.
E-mail: aamabillemartins@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0009-0007-2731-5415

5Médica residente em Otorrinolaringologia pelo Hospital Otorrino de Cuiabá, Cuiabá, MT. 
E-mail: walquiriahenicka@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7057-9212