EFETIVIDADE DOS ÓLEOS ESSENCIAIS NO CONTROLE DO AEDES AEGYPTI: UMA PERSPECTIVA PROMISSORA NA SUPRESSÃO DO MOSQUITO

EFFECTIVENESS OF ESSENTIAL OILS IN AEDES AEGYPTI CONTROL: A PROMISING PERSPECTIVE IN MOSQUITO SUPPRESSION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10462217


Aline Soares de Santana Dutra1
Rafael Filipe Ferreira Dutra2
Rodrigo Sobral3
Camila Melo da Silva Dutra4
Daniela do Rêgo Cordeiro Ferrão5
Kleberson de Oliveira6
Bruna Vladima Souza Pessoa7
Gabriel Lucas Magalhães Machado Costa8
Ednei Pereira Parente9
Sidney Guerreiro de Souza10


RESUMO

Introdução: O Aedes aegypti, vetor de Dengue, Chikungunya e Zika, prevalece em climas tropicais, apresentando desafios no Brasil devido ao crescimento desordenado e à estrutura social precária. Os danos neurológicos irreversíveis resultam em prejuízos econômicos, com destaque para a ameaça do Zika Vírus e sua associação com a microcefalia. O controle químico tradicional enfrenta resistência e impactos ambientais, levando ao surgimento de mosquitos resistentes. A alternativa promissora é o uso de plantas medicinais, oferecendo menor toxicidade e redução de impactos ambientais. Metodologia: Essa revisão abrangeu estudos de 2014 a 2022 sobre o uso de óleos essenciais contra Aedes aegypti, obtidos por busca em bancos de dados (Pubmed, Science Direct, Scielo). Dos 150 artigos encontrados, 28 foram incluídos após a aplicação de critérios, explorando a bioatividade adulticida e repelente desses óleos. Resultados e Discussões: Esses estudos ressaltam a diversidade de compostos em diferentes partes de plantas, como folhas, botões florais, frutos e rizomas, com atividades contra mosquitos. A identificação desses compostos é crucial para explorar alternativas naturais no controle de vetores. Além disso, destacam a importância de técnicas como destilação a vapor, hidrodestilação e cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa na identificação e caracterização desses compostos vegetais. Conclusão: A pesquisa sobre produtos naturais de plantas para combater o Aedes aegypti é crucial e necessita de mais estudos. Compreender novas substâncias derivadas de plantas capazes de controlar as populações do mosquito é essencial para reduzir a disseminação de doenças por esse vetor. A bioatividade dos óleos essenciais, evidenciada nesta revisão, revelou efeitos repelentes e tóxicos em mosquitos adultos, apontando para o potencial desses óleos de diferentes plantas como alternativas promissoras no controle do vetor.

Palavras-chave: Aedes aegypti; Oléos essenciais; Resistência; Repelente.

ABSTRACT

Introduction: Aedes aegypti, the vector for Dengue, Chikungunya, and Zika, prevails in tropical climates, posing challenges in Brazil due to uncontrolled growth and precarious social structure. Irreversible neurological damage leads to economic losses, particularly with the Zika Virus threat and its association with microcephaly. Traditional chemical control faces resistance and environmental impacts, giving rise to resistant mosquitoes. A promising alternative is the use of medicinal plants, offering lower toxicity and reduced environmental impact. Methodology: This review encompassed studies from 2014 to 2022 on the use of essential oils against Aedes aegypti, retrieved through searches in databases (Pubmed, Science Direct, Scielo). Out of 150 articles found, 28 were included after applying criteria, exploring the adulticidal and repellent bioactivity of these oils. Results and Discussions: These studies underscore the diversity of compounds in different plant parts, such as leaves, floral buds, fruits, and rhizomes, with activities against mosquitoes. Identifying these compounds is crucial for exploring natural alternatives in vector control. Additionally, they emphasize the importance of techniques like steam distillation, hydrodistillation, and gas chromatography-mass spectrometry in identifying and characterizing these plant compounds. Conclusion: Research on natural plant products to combat Aedes aegypti is crucial and requires further studies. Understanding new plant-derived substances capable of controlling mosquito populations is essential to reduce the spread of diseases by this vector. The bioactivity of essential oils, highlighted in this review, has demonstrated repellent and toxic effects on adult mosquitoes, indicating the potential of these oils from different plants as promising alternatives in vector control.

Keywords: Aedes aegypti; Essential Oils; Resistance; Repellent.

 Introdução 

O Aedes aegypti, vetor da Dengue, Chikungunya e Zika, é prevalente em climas tropicais (Rosa et al., 2016, Cavalcanti et al., 2021). No Brasil, o crescimento desordenado e a precária estrutura social facilitam a propagação das arboviroses. Os sintomas podem causar danos neurológicos irreversíveis, gerando prejuízos econômicos juntamente com os esforços para erradicar as doenças. Em 2016, a OMS alertou sobre a ameaça, destacando o Zika Vírus e sua ligação com a microcefalia, sobrecarregando o sistema de saúde e perpetuando a pobreza no país (Rosa et al., 2016, Cavalcanti et al., 2021, Ribeiro et al., 2021). 

Atualmente, o controle do Aedes aegypti envolve a aplicação de produtos químicos, porém, o uso excessivo desses produtos tem levado ao surgimento de populações de mosquitos resistentes, além de causar danos significativos ao meio ambiente e à saúde humana (Gomes et al., 2016).    

  Visando essa problemática, tem surgido como alternativa o uso de plantas medicinais com propriedades inseticidas e larvicidas. A utilização de extratos de plantas oferece várias vantagens, incluindo menor toxicidade e uma redução dos impactos ambientais e econômicos, em contraste com os produtos químicos convencionais (Sousa et al., 2023).

O metabolismo secundário das plantas se destaca pela complexa composição química, evidenciando a presença de compostos bioativos como terpenos e fenilpropanoides. Embora os metabólitos secundários não desempenhem funções essenciais no ciclo de vida das plantas, os óleos essenciais, compostos por elementos voláteis encontrados em diversos órgãos vegetais, desempenham funções cruciais para a sobrevivência das plantas, desempenhando um papel fundamental na defesa contra microrganismos (OZAKI; DUARTE, 2006). Cientificamente, estudos estabeleceram que aproximadamente 60% dos óleos essenciais apresentam propriedades antifúngicas, enquanto 35% exibem propriedades antibacterianas. Essa constatação ressalta o potencial significativo desses compostos naturais na proteção das plantas contra agentes patogênicos (Oliveira et al., 2005). 

 Os óleos essenciais, como o óleo essencial de gengibre (Zingiber officinale) e lima comum (Citrus aurantifolia), emergem como estratégia eficaz no controle de vetores da dengue, graças às suas diversas propriedades biológicas, especialmente ação inseticida. Além disso, outros estudos destacam os óleos de diferentes plantas que demonstram potencial repelente, larvicida, ovicida e inseticida. Isso se deve ao fato de que os princípios ativos desses óleos podem atuar de forma independente ou potencializar uns aos outros, resultando em abordagens mais robustas e eficazes para o controle desses vetores (Borges et al., 2021).  

Entretanto, existe uma lacuna significativa nas pesquisas que abordam a aplicação de óleos essenciais no enfrentamento do Aedes aegypti. Nesse contexto, este estudo propõe-se a destacar a relevância das principais plantas medicinais empregadas no combate ao Aedes aegypti

Metodologia

Esta revisão da literatura foi realizada por meio de bancos de dados de pesquisa (Pubmed, Science Direct e Scielo), buscando estudos publicados sobre o uso de óleos essenciais contra o mosquito Aedes aegypti ao longo de um período de 8 anos (2014 a 2022). Os termos “Aedes aegypti” e “óleo essencial” (combinados) foram utilizados como descritores. A busca eletrônica retornou 150 artigos, sendo 28 artigos para inclusão nesta revisão.

Estudos que descreviam a bioatividade adulticida e repelente dos óleos essenciais contra Aedes aegypti foram incluídos nesta revisão. Foram excluídos estudos que não descreviam as partes das plantas usadas para extrair o óleo ou indicavam aquisição comercial do óleo. Pesquisas cujos objetivos eram apresentados por monografias, dissertações e teses não foram consideradas.

Após a análise dos estudos, os dados foram tabulados com o nome científico da planta, parte utilizada para extrair o óleo essencial, método de extração, técnica analítica, principais componentes e  bioatividade.

Resultados e Discussões

Os artigos que não mencionaram a atividade biológica e o efeito repelente dos óleos essenciais, assim como artigos que estão fora do período (de 2014 a 2022) foram excluídos.

O estudo identificou doze famílias e 32 espécies, no qual Myrtaceae e Lamiaceae são as famílias com maior número de amostras (Tabela 1).

Quadro 1 – Relação da família e as espécies.

1. Família ZingiberaceaeAlpinia zerumbet, Zingiber nimmonii e Zingiber officinale  
2. Família AnnonaceaeAnnona mucosa
3. Família AnacardiaceaeAstronium fraxinifolium
4. Família AnnonaceaeCananga odorata e Xylopia aromática
5. Família LauraceaeCinnamomum zeylanicum, Litsea cubeba e Litsea salicifolia  
6. Família RutaceaeCitrus aurantifolia, Piper umbellatum e Plectranthus amboinicus
7. Família CleomaceaeCleome spinosa
8. Família ConnaraceaeConnarus suberosus
9. Família FabaceaeCrotalaria pallida
10. Família EuphorbiaceaeCroton heliotropiifolius, Croton sonderianus e Croton tetradenius  
11. Família PoaceaeCymbopogon nardus
12. Família MyrtaceaeEucalyptus globulus, Eucalyptus nitens, Myrcia sylvatica, Syzygium aromaticum eMelaleuca leucadendron  
13. Família LamiaceaeHyptis suaveolens, Mentha piperita, Ocimum sanctum e Plectranthus amboinicus  
14. Família AsteraceaePluchea carolinensis, Sphaeranthus indicus e Vanillosmopsis arborea  

Fonte: Elaborada pelos autores, 2023.

Quase todas as partes das plantas foram utilizadas para extração de óleo, como sementes, raizes, rizomas, troncos, folhas, frutos, cascas e flores, utilizando principalmente métodos de extração por hidrodestilação e destilação a vapor A principal técnica analítica utilizada para identificação dos componentes do óleo essencial foi a cromatografia gasosa combinada com espectrometria de massas (GC-MS), revelando a principal composição química, composta principalmente por terpenos (Tabela 2).

Quadro 2: Espécies de plantas, parte utilizada, método de extração, técnica analítica, compostos principais, bioatividade e autor.

PlantaParte utilizadaMétodo de extraçãoAnálise da Composição QuímicaComponente MajoritárioBioatividadeAutor
Alpinia zerumbetFolhasHidrodestilação(CG-EM) e (CG-FID)EucaliptolInseticidaKerdudo, A. et al. (2017)
Annona mucosa  Sementes  HidrodestilaçãoNCNCLarvicidaRodrigues et al, (2021)  
Astronium fraxinifoliumFolhasHidrodestilaçãoNCNCLarvicidaSilva et al. (2017)
Cananga odorataFloresNCNCNCInseticidaMayura Soonwera (2015)
Cinnamomum zeylanicum  FolhasHidrodestilação  (CG-EM)  Eugenol  LarvicidaSantos et al, (2020)
Citrus aurantifoliaFolhas e CascasHidrodestilação(CG-EM)citral e o limonenoOvicida, Larvicida e AdulticidaSarma et al. (2019)
Cleome spinosaFolhasHidrodestilaçãoNCNCLarvicidaSilva et al. (2017)
Connarus suberosus  Raízes  HidrodestilaçãoNCNCLarvicidaSilva et al, (2020)  
Crotalaria pallida  Folhas  NC(CG-EM)NCLarvicidaTakagi et al, (2020)  
Croton heliotropiifoliusFolhasHidrodestilaçãoNCNCLarvicidaSilva et al. (2017)
Croton sonderianusFolhasHidrodestilaçãoNCNCLarvicidaSilva et al. (2017)
Croton tetradeniusFolhasHidrodestilação(CG-EM) e (CG-FID)cânforaInseticidaCarvalho et al. (2016)
Cymbopogon nardusFolhasHidrodestilaçãoNCNCLarvicidaVeloso et al. (2015)
Eucalyptus globulusFolhasHidrodestilaçãoNCNCRepelênciaLalthazuali & Mathew (2017)
Eucalyptus nitensNCHidrodestilação(CG-EM)1,8-cineolRepelente e LarvicidaCosta et al. (2017)
Hyptis suaveolensFolhasHidrodestilaçãoNCNCLarvicidaSilva et al. (2017)
Lippia MicrophyllaFolhasHidrodestilaçãoNCNCLarvicidaSilva et al. (2017)
Litsea cubebaFrutosHidrodestilaçãoNCNCRepelênciaNoosidum et al. (2014)
Litsea salicifoliaFrutosHidrodestilaçãoNCNCRepelênciaNoosidum et al. (2014)
Melaleuca leucadendronFrutosHidrodestilaçãoNCNCRepelênciaNoosidum et al. (2014)
Mentha piperitaFolhasHidrodestilaçãoNCNCRepelênciaLalthazuali & Mathew (2017)
Myracrodruon urundeuvaFolhasHidrodestilaçãoNCNCLarvicidaSilva et al. (2017)
Myrcia sylvaticaFolhasHidrodestilação(CG-EM)(E)-cariofilenoNCRosa et al. (2016)
Ocimum sanctumFolhasHidrodestilaçãoNCNCRepelênciaLalthazuali & Mathew (2017)
Piper umbellatum  Folhas  HidrodestilaçãoNCNCInsenticidaOliveira et al, (2021)  
Plectranthus amboinicus  FolhasHidrodestilação  (CG-EM)  Carvacrol  LarvicidaSantos et al, (2020)
Plectranthus amboinicusFolhasHidrodestilaçãoNCNCRepelênciaLalthazuali & Mathew (2017)
Pluchea carolinensisFolhas e FloresNC(CG-EM) e (CG-FID)selin-11-en-4α-olInseticidaKerduno et al. (2016)
Sphaeranthus indicusFolhasDestilação a vapor(CG-EM)3,5-di-terc-butil-4-hidroxibenzaldeídoLarvicidaChellappandian et al. (2018)
Syzygium aromaticumBotões floraisHidrodestilação(CG-EM)eugenolLarvicidaGomes et al. (2017)
Vanillosmopsis arboreaFolhasHidrodestilaçãoNCNCLarvicidaSilva et al. (2017)
Xylopia aromática  FolhasHidrodestilação(CG-EM)  NCRepelênciaSilva et al, (2022)  
Zanthoxylum limonellaFrutosHidrodestilação(CG-EM)limonenoAdulticida, Larvicida e Dissuasor da oviposiçãoSoonwera, M & Phasomkusolsil, S (2017)
Zingiber nimmoniiRizomasHidrodestilação(CG-EM)β-CaryophylleneRepelênciaGovindarajan et al. (2016)
Zingiber officinaleRizomasHidrodestilação(CG-EM)α-zingibereno (sesquiterpeno)LarvicidaGomes et al. (2016)

Fonte: Elaborada pelo autores, 2023.

CG: Cromatografia Gasosa; EM: Espectrometria de Massa; CG–EM: Cromatografia Gasosa–Espectrometria de Massa; CG–FID: Cromatografia Gasosa–Detector de Ionização por Chama. NA: Não Consta.

A utilização de produtos químicos como inseticidas e larvicidas tem sido uma prática comum na agricultura e no combate a doenças transmitidas por insetos, como a malária e a dengue. No entanto, o uso excessivo desses produtos pode ter efeitos negativos no meio ambiente e na saúde humana. Por isso, buscar alternativas naturais e menos agressivas torna-se cada vez mais necessário.

Nesse contexto, a Alpinia zerumbet, também conhecida como colônia, é uma planta que tem despertado grande interesse devido às suas propriedades inseticidas. Um estudo realizado por (Kerdudo et al., 2017) demonstrou que a hidrodestilação das folhas dessa planta resulta na obtenção de um composto chamado eucaliptol. Esse composto foi analisado por meio de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG-EM) e cromatografia gasosa acoplada à detecção por ionização de chama (CG-FID), revelando sua eficácia como inseticida.

Outra planta que apresenta potencial larvicida é o Astronium fraxinifolium. Silva et al. (2017) realizaram hidrodestilação das folhas dessa planta e comprovaram sua ação larvicida. Embora não tenham sido identificados compostos específicos nas análises realizadas, a atividade larvicida foi evidenciada, mostrando que essa planta pode ser uma opção viável no controle de insetos.

A Cananga odorata, conhecida popularmente como Ylang-Ylang, é uma planta que também possui propriedades inseticidas. Um estudo realizado por Mayura Soonwera em 2015 investigou os efeitos dessa planta sobre insetos, demonstrando seu potencial como inseticida. No entanto, não foram especificados os componentes ativos na planta nem a forma de obtenção do extrato utilizado.

O Citrus aurantifolia, ou limão, é uma fruta amplamente conhecida por suas propriedades terapêuticas. Um estudo realizado por Sarma et al. (2019) analisou a hidrodestilação das folhas e cascas dessa planta, identificando os compostos citral e limoneno por meio de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG-EM). Esses compostos mostraram-se eficazes como ovicida, larvicida e adulticida.

O estudo realizado por Silva et al. (2017) investigou o potencial larvicida de quatro espécies de plantas, sendo elas Cleome spinosa, Croton heliotropiifolius, Croton sonderianus e Croton tetradenius. As folhas das plantas foram submetidas a um processo de hidrodestilação para obtenção dos extratos. Os resultados mostraram que todos os extratos das folhas das plantas tiveram atividades larvicidas significativas, ou seja, foram capazes de eliminar as larvas de mosquitos testados. Essas descobertas indicam que essas plantas podem ser potenciais fontes de compostos bioativos com atividade larvicida.

Outro estudo relevante foi realizado por Carvalho et al. (2016), que investigaram as propriedades inseticidas de Croton tetradenius. Além da utilização da hidrodestilação para obtenção do extrato, eles também utilizaram técnicas de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG-EM) e cromatografia gasosa com detector de ionização de chama (CG-FID) para identificar os compostos presentes no extrato. Os resultados mostraram que a cânfora foi o principal componente encontrado e que o extrato apresentou atividade inseticida significativa. Esses resultados sugerem que a cânfora pode ser responsável pela atividade inseticida observada e que o extrato de Croton tetradenius pode ser uma potencial fonte de inseticidas naturais.

Um estudo realizado por (Veloso et al., 2015) investigou as propriedades larvicidas de Cymbopogon nardus. Assim como nos estudos anteriores, o extrato das folhas foi obtido por hidrodestilação. Os resultados mostraram que o extrato apresentou atividade larvicida significativa contra as larvas de mosquitos testadas. Esses resultados indicam que Cymbopogon nardus pode ser uma potencial fonte de compostos bioativos com atividade larvicida.

Além das propriedades larvicidas, também é importante considerar o potencial de repelência dos extratos de plantas. Um estudo realizado por Lalthazuali & Mathew (2017) investigou as propriedades repelentes de Eucalyptus globulus. Os resultados mostraram que o extrato das folhas apresentou atividade repelente significativa contra mosquitos. Esses resultados sugerem que Eucalyptus globulus pode ser uma alternativa natural para repelir insetos.

Outro estudo foi realizado por (Costa et al., 2017), que investigaram as propriedades repelentes e larvicidas de Eucalyptus nitens. Assim como no estudo anterior, a hidrodestilação foi utilizada para obtenção do extrato, e a análise por CG-EM foi utilizada para identificação dos componentes. Os resultados mostraram que o composto 1,8-cineol foi o principal encontrado e que o extrato apresentou atividade repelente e larvicida significativa. Esses resultados sugerem que o 1,8-cineol pode ser responsável pelas propriedades repelentes e larvicidas observadas e que Eucalyptus nitens pode ser uma potencial fonte de compostos bioativos com atividade repelente e larvicida.

Outro estudo relevante é o de Silva et al. (2017), que analisaram os efeitos do óleo essencial de Hyptis suaveolens e Lippia Microphylla. Ambos os extratos foram obtidos através do processo de hidrodestilação. Embora os autores não tenham identificado compostos específicos, os resultados evidenciaram atividade larvicida para ambas as plantas. Esses achados mostram o potencial desses extratos como alternativas naturais aos métodos convencionais de combate a larvas de mosquitos.

Os frutos das plantas Litsea cubeba, Litsea salicifolia e Melaleuca leucadendron também foram objetos de estudo quanto à sua capacidade de repelência por Noosidum et al. (2014). Após a hidrodestilação, os pesquisadores não encontraram compostos específicos, mas confirmaram a presença de propriedades repelentes nestes extratos. Esses resultados são promissores, uma vez que a busca por repelentes naturais é uma demanda cada vez maior da população.

Outra planta que apresentou atividade repelente foi o Mentha piperita, como relatado por Lalthazuali & Mathew (2017). A análise do óleo essencial obtido por hidrodestilação não identificou compostos específicos, mas a presença de propriedades repelentes foi comprovada. Esses resultados reforçam a utilização dessa planta como uma opção natural para repelir insetos.

Um estudo realizado por Silva et al. (2017) investigou os efeitos do óleo essencial de Myracrodruon urundeuva em relação à atividade larvicida. A hidrodestilação das folhas da planta revelou atividade larvicida, o que indica o potencial desta planta para controle de larvas de mosquitos.

Rosa et al. (2016) estudaram o óleo essencial de Myrcia sylvatica e identificaram o composto (E)-cariofileno por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM). Embora os autores não tenham especificado a atividade desse composto, a presença de (E)-cariofileno sugere capacidade repelente. O óleo essencial de Ocimum sanctum foi analisado por Lalthazuali & Mathew (2017) que, assim como os estudos anteriores, evidenciou atividade repelente. No entanto, os autores não identificaram compostos específicos, mas ressaltaram a importância dessa planta como repelente de insetos.

O estudo realizado por Kerduno et al. (2016) investigou os efeitos do extrato de Pluchea carolinensis nas folhas e flores em relação à atividade inseticida. A análise realizada por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM) e cromatografia gasosa acoplada a detector de ionização de chama (CG-FID) identificou a presença do composto selin-11-en-4α-ol. Esses achados sugerem que o extrato dessa planta possui propriedades inseticidas.

Um estudo realizado por Chellappandian et al. (2018) investigou as propriedades larvicidas das folhas de Sphaeranthus indicus. A destilação a vapor foi utilizada para extrair os compostos, e a técnica de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG-EM) foi usada para identificar os compostos presentes. O estudo revelou a presença de 3,5-di-terc-butil-4-hidroxibenzaldeído nas folhas, um composto que demonstrou atividade larvicida contra larvas de mosquitos.

Outro estudo interessante foi conduzido por Gomes et al. (2017), que analisou as propriedades larvicidas dos botões florais de Syzygium aromaticum. A hidrodestilação foi utilizada para extrair os componentes das amostras, que foram então analisadas por CG-EM. O eugenol, um composto encontrado nos botões florais, mostrou-se eficaz no controle de larvas de mosquitos.

Silva et al. (2017) investigaram as propriedades larvicidas das folhas de Vanillosmopsis arborea. A hidrodestilação foi utilizada para extrair os compostos voláteis das folhas. Embora os compostos presentes não tenham sido identificados nesse estudo, foi demonstrado que as folhas de Vanillosmopsis arborea exibem atividade larvicida contra larvas de mosquitos.

O limoneno, um composto encontrado nos frutos de Zanthoxylum limonella, mostrou-se eficaz como adulticida, larvicida e dissuasor da oviposição em um estudo realizado por Soonwera e Phasomkusolsil (2017). A hidrodestilação e a CG-EM foram utilizadas para extrair e identificar os compostos presentes nos frutos.

Govindarajan et al. (2016) investigou as propriedades repelentes do β-Caryophyllene, um composto encontrado nos rizomas de Zingiber nimmonii. Os rizomas foram submetidos à hidrodestilação e os compostos voláteis foram identificados por CG-EM. Foi demonstrado que o β-Caryophyllene possui atividade repelente contra mosquitos.

Gomes et al. (2016) investigou as propriedades larvicidas dos rizomas de Zingiber officinale. A hidrodestilação foi utilizada para extrair os compostos dos rizomas, e a CG-EM foi utilizada para identificar os componentes. Foi descoberto que o α-zingibereno, um sesquiterpeno presente nos rizomas, possui atividade larvicida.

A obtenção do óleo essencial a partir das folhas de Plectranthus amboinicus mediante o método de hidrodestilação resultou na identificação do componente carvacrol por meio da Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM). A expressiva atividade larvicida demonstrada pelo carvacrol sugere o potencial desta planta como uma fonte promissora de agentes inseticidas, conforme evidenciado no estudo conduzido por Santos et al. (2020).

No estudo de Takagi et al. (2020), foi revelada a atividade larvicida das folhas de Crotalaria pallida. Embora o componente ativo específico não tenha sido especificado, a eficácia larvicida observada destaca o potencial significativo desta planta como uma fonte promissora de agentes para o controle de larvas.

A extração por hidrodestilação das raízes de Connarus suberosus resultou em um extrato exibindo atividade larvicida. Este achado sugere a presença de compostos bioativos nas raízes, apontando para possíveis aplicações no controle de larvas, conforme indicado por Silva et al. (2020).

A análise por hidrodestilação das folhas de Xylopia aromática seguida por Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM) revelou a presença de um extrato com notável atividade repelente. Este resultado destaca o potencial desta planta como uma fonte de compostos repelentes, os quais podem ser explorados em formulações de produtos repelentes, conforme observado por Silva et al. (2022).

A hidrodestilação das folhas de Piper umbellatum resultou em um extrato exibindo atividade inseticida. Este achado sugere a presença de compostos bioativos nas folhas, os quais apresentam potencial para investigações mais aprofundadas visando o desenvolvimento de agentes inseticidas, como observado por Oliveira et al. (2021).

Finalmente, a extração por hidrodestilação das sementes de Annona mucosa resultou em um extrato demonstrando atividade larvicida. Este resultado sugere a presença de compostos nas sementes com potencial para o controle efetivo de larvas, conforme evidenciado no estudo conduzido por Rodrigues et al. (2021).

Esses estudos destacam a diversidade de compostos presentes em diferentes partes de plantas, como folhas, botões florais, frutos e rizomas, que possuem atividades larvicidas, inseticidas, adulticidas, repelentes e dissuasoras da oviposição contra mosquitos. A identificação desses compostos e o entendimento de suas atividades podem ser úteis na busca por alternativas naturais para o controle de vetores de doenças. Além disso, esses estudos também demonstram a importância da utilização de técnicas como destilação a vapor, hidrodestilação e cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa para a identificação e caracterização dos compostos presentes nas plantas.

 Essas descobertas abrem caminho para o desenvolvimento de produtos naturais e menos agressivos, contribuindo para a sustentabilidade e a saúde humana. No entanto, mais pesquisas são necessárias para explorar todo o potencial dessas plantas e garantir sua eficácia e segurança.

Conclusão

A investigação que aborda a utilização de produtos naturais provenientes de plantas para combater o mosquito Aedes aegypti é de extrema importância e requer uma ampliação nos estudos. O entendimento acerca de novas substâncias derivadas de plantas, com a capacidade de controlar as populações de Aedes aegypti, é crucial, uma vez que isso pode contribuir para a diminuição da disseminação de doenças por meio desse vetor. Conforme evidenciado nesta revisão, a bioatividade dos óleos essenciais contra o Ades aegypti demonstrou efeitos repelentes e tóxicos em mosquitos adultos. Assim, os óleos essenciais de diferentes espécies vegetais têm o potencial de se tornar alternativas promissoras no controle desse vetor.

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